2019/02/24

Deus procura servos inúteis !!!

Texto: Lucas 17.7-10

 Boa Noite irmãos

Quero convidá-los nesta noite, a juntos pensarmos sobre essa parábola contada por Jesus. Quero ajudá-los a entender as parábolas que Jesus proferiu e escolhi pra essa noite a parábola do Servo Inútil,

 Aliás com certeza essa é uma parábola muito mal entendida, ainda mais nesse cristianismo em que estamos experimentando nestes dias, um cristianismo voltado para nós mesmos, voltado para o nosso bem estar, essa parábola soa como uma afronta para muitos e o verso 10 na concepção de alguns poderia ser apagado da bíblia.

Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: "Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever" (Lucas 17.10).

Jesus contou uma parábola sobre os funcionários que receberam uma tarefa a cumprir. No final da parábola, Jesus disse: "Será que ele agradecerá ao servo por ter feito o que lhe foi ordenado?

Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: 'Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever'." (Lucas 17:9-10).

Como assim? Servo inútil? Com quem ele pensa que está falando? Talvez essa seja a indagação de muitos ao lerem esses versos. Esse é um texto muito forte e mexe com o orgulho de muitos, sobre tudo da aqueles que acham que são alguma coisa em Deus.

O fato é que Deus procura servos inúteis. Fique tranquilo, você não entendeu errado. Foi isso mesmo o que acabei de dizer: "Deus procura servos inúteis".

E o motivo é bastante simples: o servo inútil é uma raridade, é como uma espécie em extinção nos dias de hoje, é um ser difícil de encontrar!

Talvez você esteja pensando que o servo inútil é aquela pessoa desastrada, que faz tudo errado e que não consegue cumprir à risca as ordens de seu Senhor, que é ineficiente, que não serve pra nada.

 Não é esse tipo de pessoa que a parábola está falando, até porque o texto diz "quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado", ele é um servo trabalhador.

 O servo inútil não confessa sua inutilidade por ser ele um desastrado, que faz tudo errado e que, por isso, é inútil. Pelo contrário, o servo inútil se diz "inútil" porque, antes de tudo, ele sabe que ele não é nada diante do seu Senhor e nem merecedor de alguma coisa. E sendo cônscio de sua miserabilidade diante do seu Senhor, ele confessa a sua inutilidade.

Essa parábola é uma advertência a cada um de nós cristãos, da real consciência que devemos ter de nosso trabalho na obra do Senhor. Ela fala de uma verdade que cada um de nós precisamos colocar em prática em nosso relacionamento com o nosso Deus.

Nestes dias, as pessoas cada vez mais estão sentido-se empoderadas e os egos estão mais inflados, as pessoas estão cheias de sí, cheias de razões e infelizmente essa postura tem corrompido a muitos cristãos, que acabam tendo uma visão de si mesmos dentro do evangelho distorcida.

E essa visão distorcida ela se desenrola em dois sentidos:  Primeiro achando que são melhores do que outros, essa visão distorcida de si mesmo faz com que você se ache melhor, ou mais especial do que o seu irmão que está ao seu lado.

O Apostolo Paulo escrevendo a igreja de Felipos exorta os irmãos dessa comunidade a cuidar com esse tipo de erro e combatê-lo, ordenando-os a considerarem à todos superiores a si mesmo.

cada um considere, com toda a humildade, as demais pessoas superiores a si mesmo.  Filipenses 2.3b

Diante de Deus todos somos iguais, ninguém é melhor do que ninguém e não devemos achar que somos melhores do que o irmão que está ao nosso lado.

Essa postura soberba não agrada a Deus. Se for pra achar algo então que venhamos nos considerar menor do que todos. É isso que a palavra nos ensina.

O próprio Jesus pronunciou-se sobre isso e rechaçou essa postura através de uma parábola criticando especificamente este pecado.

"Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.

O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado" (Lucas 18:8-14).

Esta parábola sobre dois pecadores foi contada pelo Senhor Jesus com o objetivo de atingir alguns homens que confiavam em si mesmos, se consideravam justos e desprezavam os outros. Jesus contou que os dois subiram ao templo com um único objetivo: orar.

Um dos homens (o publicano - conhecido também como cobrador de impostos), reconheceu que era pecador e se confessou diante de Deus. Enquanto isso, o outro (o fariseu - religioso ultra conservador) preferiu se gabar de sua própria justiça e omitiu seus pecados.

Essa parábola de Jesus fala de um homem que pensava ser bom, mas que foi rejeitado por Deus e de outro que reconheceu ser mau e foi alcançado pela misericórdia de Deus.

Vamos nos colocar dentro dessa parábola e seguir esses dois homens até o templo.

Enquanto um procura o melhor lugar para fazer suas orações, o outro, "de longe", fica praticamente na porta de saída. Enquanto um olhou só para o seu ego, o outro viu sua grande necessidade de salvação.

Os dois homens adoraram:

Um adorou a si mesmo; o outro adorou a Deus.

Um focou em seus méritos; o outro reconheceu que jamais poderia ser salvo pelos seus esforços.

Um desprezou os outros; e o segundo desprezou a si mesmo.

Um levantou um altar para si; o outro se colocou no pó.

Um implorou justiça do Senhor; o outro, misericórdia.

Ao analisar a postura do fariseu, vemos atitudes orgulhosas quando ele se aproxima de Deus: a primeira é demonstrada pela sua postura.

A Bíblia relata que ele estava em pé, não havia reverência ou demonstração de humildade, pelo contrário, ele queria que todos ouvissem suas palavras e o vissem como um grande homem.

Além disso, Jesus o descreve: "orava no íntimo", ou seja, ele orava só para si mesmo.

Aquele homem se achava tão santo e superior aos outros, que nem chegou a buscar a misericórdia de Deus. Ao escutarmos a sua oração, temos a impressão de que Deus tinha que ouvi-lo e aceitá-lo pelo que ele era e pelo que tinha feito.

Agora, voltando os nossos olhos para o publicano, vemos uma atitude de pura humildade. Ele estava em pé afastado, longe da multidão. Não havia desejo de ser ouvido por ninguém além de Deus.

Seu temor era tão grande que ele nem sequer levantava os olhos para o céu, antes, ele preferiu baixar a cabeça. Enquanto orava, esse homem batia em seu peito e clamava: "Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador".

Essa curta oração feita pelo cobrador de impostos tinha todos os ingredientes necessários para que Deus se voltasse para ele. Em suas poucas palavras, vemos que ele tinha a consciência de que, sem o perdão do Pai, não haveria salvação. Ao baixar a cabeça e bater em seu peito, esse homem reconheceu que era falho e que necessitava da mão poderosa de Deus na sua vida.

O fariseu deixou o templo se sentido justificado. Com certeza, ele saiu daquele lugar impressionado diante de sua grandeza; e a sua recompensa, porém, não veio de Deus, mas dos homens que devem ter ficado admirados com tanta "santidade".

 Já o publicano deixou o templo sem ser notado pelos homens, mas voltou para casa justificado por Deus, porque se humilhou.

E essa visão distorcida ela se desenrola em dois sentidos:  Primeiro achando que são melhores do que outros

O segundo sentido é que essa visão distorcida além de achar que somos melhores do que outros, achamos que temos algum direito em Deus,  e que por nossos serviços Ele nos deve favores. Queridos não podemos exigir nada de Deus

E essa parábola do Servo Inútil vem para por por terra qualquer pensamento de que temos direito e por isso podemos exigir alguma coisa de Deus.

O apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos, demonstra com muita eloquência a nossa insignificância.

Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: 'Por que me fizeste assim? ' " O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso? Romanos 9:20,21

Tem muita gente achando que está fazendo um favor para Deus, que está dando uma ajudinha pra Deus. A  parábola do Servo Inútil vem desconstruir de uma vez por todas frases de efeito como essa: "eu trabalho para Deus, Deus trabalha para mim... Eu cuido das coisas de Deus, Deus cuida das minhas coisas". Ei irmão Deus não é seu empregado é muito menos seu parceiro de negócios... Deus é Deus...

Frases e pensamentos vazios e desconectadas da palavra de Deus.

Essa Parábola é atual! É dirigida a uma igreja que se ilude, pensado que pode dizer frases do tipo: "Eu determino". eu mando...

Esses dias ouvi um testemunho de um pastor de uma dessas igrejas que tem muito tempo de televisão, contando um episódio que fiquei enojado, pela falta de temor a Deus.

Ele disse que foi expulsar o demônio de uma pessoa e ele mandou sair em nome de Jesus três vezes e o demônio não queria sair, dai o "espírito" lê falou expulsa em teu nome... dai ele disse eu meu nome eu te expulso demônio, e o demônio sai na hora... pior a igreja foi ao delírio... meu Deus quanta cegueira...

Voltando a parábola do servo inútil o propósito dessa parábola é repreender todas as noções de auto importância e mérito humano.

Depois que aquele servo tinha apascentado o rebanho e feito suas obrigações, o seu senhor não lhe diz: "Sente-se e eu vou esperar por você, porque eu estou profundamente em débito contigo."

Não, seu senhor lhe pede para preparar a refeição da noite e esperar por ele. Seus serviços são devidos. Ele só está fazendo o seu dever, ele não deve esperar ser recompensado com pagamento extra e humildes agradecimentos por ter feito aquilo que era a sua obrigação.

Essa parábola é uma repreensão a todos aqueles que pensam que fizeram o suficiente, que suportaram a fadiga do ministério, e por isso conquistaram algum direito sobre Deus.

Se nós concluirmos que temos realizado um bom e útil trabalho e que devemos ser convidados para ir para casa para descansar, o texto nos repreende.

Se sentimos desejo que o Senhor nos dê alguma recompensa presente para o que temos feito, o texto nos envergonha.

Os verdadeiros servos de Jesus querem fazer o que Deus quer que eles façam. Estamos apenas fazendo o nosso dever.

 E, como servos de Deus, precisamos lembrar que tudo o que temos é o que Deus nos empresta: nossa vida, nossa saúde, nossas carreiras, nossos ministérios, nossas posses, nossas famílias e nosso futuro. Tudo pertence a Deus.

É tudo cedido mediante a graça de Deus, é por isso que a Bíblia diz que temos que ser o bom mordomo de Cristo. Tudo é dEle.

Algumas pessoas só querem levar Jesus para um passeio em sua vida.

Mas Deus não quer ser o nosso copiloto.

Ele é o Mestre e nós somos os servos.

Ele é o Oleiro e nós somos o barro.

Quando você coloca sua fé em Jesus Cristo, você se torna d'Ele: "Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês." (1 Coríntios 6:19-20).

Nós não somos de nós mesmos, com essa verdade quero analisar outro princípio bíblico que a parábola levanta, mas que está encoberta para muitos leitores ela diz "Somos servos inúteis;

Este princípio bíblico encontra-se nesta palavra "Servos", a palavra aqui usada para servos é a palavra grega chamada doulos, esse é um elemento essencial da identidade do cristão, que ficou oculto a partir da tradução de muitas versões modernas da Bíblia.

Doulos (escravo) está presente 124 vezes no texto original do NT por motivos incertos, foi substituída por servo em vez de escravo.

Essa tradução incorreta acobertou o verdadeiro significado do termo escravo e trouxe grande perda para o ensino correto do evangelho, o qual ordena que os crentes se submetam a Cristo completamente, não apenas como servos contratados, mas como quem pertence inteiramente a Ele.

Nós não somos servos de Cristo, somos escravos de Cristo. Pastor, o que significa ser um escravo? Existe algumas características que definem um escravo:

Propriedade exclusiva.

Escravos são propriedades dos seus mestres. Como Paulo diz aos crentes claramente em 1 Coríntios 6.19-20: "Vocês não são de si mesmos. Vocês foram comprados por um preço." os cristãos não vivem em um mundo de livre autonomia.

Se você é crente, então você tem que viver e andar conforme a vontade do seu mestre e não sua própria vontade.

Nós não somos os donos do nosso destino, nem os capitães de nossas almas. Fomos comprados por um preço e por isso pertencemos Àquele que pagou esse preço. Ele riscou a cédula que era contra nós...

e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz" Colossenses 2:14

Propriedade exclusiva implica submissão completa. Se pertencemos a Cristo, se Ele é nosso dono, então o comando de nossa vida não é a nossa vontade, mas a vontade dEle, a vontade de nosso Mestre.

Devoção singular.

 Não temos vários deuses. Nenhum escravo se preocupava em obedecer outros mestres, sua principal preocupação era com a realização da vontade daquele a quem ele pertencia.

Tem muito crente hoje servindo conscientemente ou inconscientemente a outros deuses.

Seguir a sua própria vontade pode ser um deus em sua vida, o seu trabalho e estudo pode ser um deus em sua vida, o dinheiro pode ser um deus em sua vida, a sua própria opinião pode ser um deus em sua vida. Enfim tudo aquilo que é mais importante que Jesus o seu mestre, é um deus em sua vida.

Nosso Mestre, o próprio Senhor Jesus, nos lembra em Mateus 6.24: "ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro."

O evangelista século XIX George Müller capturou lindamente o espírito de escravidão a Cristo quando escreveu:

"Houve um dia em que morri, absolutamente morri, morri para George Müller e suas opiniões, preferências, gostos e vontade; morri para o mundo, sua aprovação ou censura; morri para a aprovação ou acusação de meus próprios irmãos e amigos, e desde então tenho estudado apenas para mostrar-me aprovado a Deus" George Müller (citado em Escravo).

Dependente.

O escravo também é marcado por uma total dependência – ele era completamente dependente de seu dono para a provisão das necessidades básicas da vida.

Da mesma forma, o cristão deve humildemente depender inteiramente da benevolência de nosso Mestre, e de nenhuma maneira de nós mesmos.

"buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" Mateus 6:33

E porque Ele é um Mestre amoroso e bondoso, todas as nossas necessidades são satisfeitas e nós somos livres para servir nosso Mestre sem obstáculos e com todo o entusiasmo e alegria.

Presta contas

O escravo era pessoalmente responsável perante seu mestre. E da mesma forma, Cristo é Aquele a quem vamos responder – Aquele a quem vamos prestar contas. E essa realidade será influenciada por como nos comportamos agora (2 Coríntios 5.9-10).

Por isso, temos o propósito de lhe agradar, quer estejamos no corpo, quer o deixemos. Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más. 2 Coríntios 5:9,10

É por isso que a parábola de que Jesus contou encerra dizendo "...apenas cumprimos o nosso dever"

Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: "Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever" (Lucas 17.10).

Somos escravos de Cristo. O status de escravo nem sempre era necessariamente desonroso. Ao invés disso, o status do escravo estava ligado ao status de seu mestre. Era uma grande honra ser considerado um escravo de César.

E da mesma forma, para os cristãos, ser escravos de Cristo é, como MacArthur diz, "não só uma afirmação de sua completa submissão ao Mestre, mas também uma declaração da posição privilegiada que cada cristão goza por estar associado ao Senhor. Nenhuma filiação poderia ser maior que essa" (Escravo, 97). 

Somos escravos por amor a Ele...

Existe uma velha história sobre Abraham Lincoln. A história diz que ele foi a um mercado de escravos para comprar de volta uma garota escrava.

Quando ela viu o homem branco oferendo lances, ela pensou que era outro homem branco, que ia comprá-la e, em seguida, abusar dela.

Ele venceu o leilão e quando ele estava indo embora com sua propriedade, ele disse: "Jovem, você está livre".

Ela disse: "O que significa isso?" "Isso significa que você está livre". "Isso significa que eu posso dizer o que eu quero dizer?"

Lincoln disse: "Sim, minha querida, você pode dizer o que você quer dizer". "Isso significa que eu posso ser o que eu quero ser?" Lincoln disse: "Sim, você pode ser o que você quer ser". "Isso significa que eu posso ir para onde eu quero ir?" Ele disse: "Sim, você pode ir para onde você quer ir" ...

A garota, com lágrimas escorrendo pelo rosto, disse: "Então eu escolho ir com você".

Somos escravos constrangidos por amor. O amor de Cristo nos libertou, nos deu uma nova esperança, nos deu uma nova vida, esse amor foi tão profundo que nos constrange a servi-lo voluntariamente

Minha pergunta: É esta sua identidade? Você aceita de bom grado este título:  SERVO inútil um escravo de Cristo?


Um comentário:

Nanda mota disse...

Obrigada pelas considerações. Deus continue te usando.