2011/08/21

A Cruz e o Ego por Arthur W. Pink

"Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz, e siga-me" — (Mateus 16:24).
Antes de desenvolver o tema deste verso, comentemos os seus termos. "Se alguém": o dever imposto é para todos os que desejam se unir aos seguidores de Cristo e alistar sob a Sua bandeira. "Se alguém quer": o grego é muito enfático, significando não somente o consentimento da vontade, mas o pleno propósito de coração, uma resolução determinada. "Vir após mim": como um servo sujeito ao seu Mestre, um estudante ao seu Professor, um soldado ao seu Capitão. "Negue": o grego significa "negar totalmente". Negar a si mesmo: sua natureza pecaminosa e corrompida. "E tome": não passivamente sofra ou suporte, mas assuma voluntariamente, adote ativamente. "Sua cruz": que é desprezada pelo mundo, odiada pela carne, mas que é a marca distintiva de um cristão verdadeiro. "E siga-me": viva como Cristo viveu — para a glória de Deus.
O contexto imediato é mais solene e impressionante. O Senhor Jesus tinha acabado de anunciar aos Seus apóstolos, pela primeira vez, a aproximação de Sua morte de humilhação (v. 21). Pedro se assustou, e disse, "Tem compaixão de Ti, Senhor" (v. 22). Isto expressou a política da mente carnal. O caminho do mundo é a procura para si mesmo e a defesa de si mesmo. "Tenha compaixão de ti" é a soma de sua filosofia. Mas a doutrina de Cristo não é "salva a ti mesmo", mas sacrifica a ti mesmo. Cristo discerniu no conselho de Pedro uma tentação de Satanás (v. 23), e imediatamente a rejeitou. Então, voltando-se para Pedro, disse: Não somente "deve" o Cristo subir à Jerusalém e morrer, mas todo aquele que desejar ser um seguidor dEle, deve tomar sua cruz (v. 24). O "deve" é tão imperativo num caso como no outro. Mediatoriamente, a cruz de Cristo permanece sozinha; mas experiencialmente, ela é compartilhada por todos que entram na vida.
O que é um "cristão"? Alguém que sustenta membresia em alguma igreja terrena? Não. Alguém que crê num credo ortodoxo? Não. Alguém que adota um certo modo de conduta? Não. O que, então, é um cristão? Ele é alguém que renunciou a si mesmo e recebeu a Cristo Jesus como Senhor (Colossenses 2:6). Ele é alguém que toma o jugo de Cristo sobre si e aprende dEle que é "manso e humilde de coração". Ele é alguém que foi "chamado à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor" (1 Coríntios 1:9): comunhão em Sua obediência e sofrimento agora, em Sua recompensa e glória no futuro sem fim. Não há tal coisa como pertencer a Cristo e viver para agradar a si mesmo. Não cometa engano neste ponto, "E qualquer que não tomar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo" (Lucas 14:27), disse Cristo. E novamente Ele declarou, "Mas aquele (ao invés de negar a si mesmo) que me negar diante dos homens (não "para" os homens: é conduta, o caminhar, que está aqui em vista), também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus" (Mateus 10:33).
A vida cristã começa com um ato de auto-renúncia, e é continuada pela auto-mortificação (Romanos 8:13). A primeira pergunta de Saulo de Tarso, quando Cristo o apreendeu, foi, "Senhor, que queres que eu faça?". A vida cristã é comparada com uma "corrida", e o corredor é chamado para "deixar todo embaraço e o pecado que tão de perto nos assedia" (Hebreus 12:1), cujo "pecado" é o amor por si mesmo, o desejo e a determinação de ter o nosso "próprio caminho" (Isaías 53:6). O grande alvo, fim e tarefa posta diante do Cristão é seguir a Cristo — seguir o exemplo que Ele nos deixou (1 Pedro 2:21), e Ele "não agradou a si mesmo" (Romanos 15:3). E há dificuldades no caminho, obstáculos na estrada, dos quais o principal é o ego. Portanto, este deve ser "negado". Este é o primeiro passo para se "seguir" a Cristo.
O que significa para um homem "negar a si mesmo" totalmente? Primeiro, isto significa a completa repudiação de sua própria bondade. Significa cessar de descansar sobre quaisquer obras nossas, para nos recomendar a Deus. Significa uma aceitação sem reservas do veredicto de Deus que "todas as nossas justiças [nossas melhores performances], são como trapo da imundícia" (Isaías 64:6). Foi neste ponto que Israel falhou: "Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus" (Romanos 10:3). Agora, contraste com a declaração de Paulo: "E seja achado nEle, não tendo justiça própria" (Filipenses 3:9).
Para um homem "negar a si mesmo" totalmente, deverá renunciar completamente sua própria sabedoria. Ninguém pode entrar no reino dos céus, a menos que tenha se tornado "como criança" (Mateus 18:3). "Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!" (Isaías 5:21). "Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos" (Romanos 1:22). Quando o Espírito Santo aplica o Evangelho em poder numa alma, é para "destruir os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo" (2 Coríntios 10:5). Um moto sábio para o todo cristão adotar é "não te estribes no teu próprio entendimento" (Provérbios 3:5).
Para um homem "negar a si mesmo" totalmente, deverá renunciar completamente sua própria força. É "não confiar na carne" (Filipenses 3:3). É o coração se curvando à declaração positiva de Cristo: "Sem mim, nada podeis fazer" (João 15:5). Este é o ponto no qual Pedro falhou: : "Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei! " (Mateus 26:33). "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda" (Provérbios 16:18). Quão necessário é, então, que prestemos atenção à 1 Coríntios 10:12: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia"! O segredo da força espiritual reside em reconhecer nossa fraqueza pessoal: Isaías 40:29 : "Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!". Então, "fortifiquemo-nos na graça que há em Cristo Jesus" (2 Timóteo 2:1).
Para um homem "negar a si mesmo" totalmente, deverá renunciar completamente sua própria vontade. A linguagem do não-salvo é, "Não queremos que este Homem reine sobre nós" (Lucas 19:14). A atitude do cristão é, "Para mim, o viver é Cristo" (Filipenses 1:21) — honrá-Lo, agradá-Lo, servi-Lo. Renunciar sua própria vontade significa atender à exortação de Filipenses 2:5, "Que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus", o qual é definido nos versos que imediatamente seguem como de abnegação. É o reconhecimento prático de que "não sois de vós mesmos, porque fostes comprados por bom preço" (1 Coríntios 6:19,20). É dizer com Cristo, "Não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres" (Marcos 14:36).
Para um homem "negar a si mesmo" totalmente, deverá renunciar completamente suas luxúrias ou desejos carnais. "O ego do homem é um feixe de ídolos" (Thomas Manton, Puritano), e estes ídolos devem ser repudiados. Os não-cristãos são "amantes de si mesmos" (2 Timóteo 3:1); mas aquele que foi regenerado pelo Espírito diz com Jó, "Eis que sou vil" (40:4), "Eu me abomino" (42:6). Dos não-cristãos está escrito, "todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus" (Filipenses 2:21); mas dos santos de Deus está registrado,"eles não amaram a sua vida até à morte" (Apocalipse 12:11). A graça de Deus está "ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente" (Tito 2:12).
Esta negação do ego que Cristo requer de todos os Seus seguidores deve ser universal. Não há nenhuma reserva, nenhuma exceção feita: "Nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências" (Romanos 13:14). Deve ser constante, não ocasional: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me" (Lucas 9:23). Deve ser espontânea, não forçada, realizada com satisfação, não relutantemente: "Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens" (Colossenses 3:23). Ó, quão impiamente o padrão que Deus colocou diante de nós tem sido rebaixado! Como isso condena a vida acomodada, agradável à carne e mundana de tantos que professam (mas, de maneira vã) que eles são "cristãos"!
"E tome a sua cruz". Isto se refere não à cruz como um objeto de fé, mas como uma experiência na alma. Os benefícios legais do Calvário são recebidos através do crer, quando a culpa do pecado é cancelada, mas as virtudes experimentais da Cruz de Cristo são somente desfrutadas à medida que somos, de um modo prático, "conformados com a Sua morte" (Filipeneses 3:10). É somente à medida que realmente aplicamos a cruz às nossas vidas diárias, regulamos nossa conduta pelos seus princípios, que ela se torna eficaz sobre o poder do pecado que habita em nós. Não pode haver ressurreição onde não há morte, e não pode haver andar prático "em novidade de vida" até que "carreguemos no corpo o morrer do Senhor Jesus" (2 Coríntios 4:10). A "cruz" é o sinal, a evidência, do discipulado cristão. É sua "cruz", e não o seu credo, que distingue um verdadeiro seguidor de Cristo do mundano religioso.
Agora, no Novo Testamento a "cruz" tem o significado de realidades definidas. Primeiro, ela expressa o ódio do mundo. O Filho de Deus veio aqui não para julgar, mas par salvar; não para punir, mas para redimir. Ele veio aqui "cheio de graça e verdade". Ele sempre esteve à disposição dos outros: ministrando aos necessitados, alimentando os famintos, curando os enfermos, libertando os possessos pelo demônio, ressuscitando os mortos. Ele era cheio de compaixão: gentil como um cordeiro; inteiramente sem pecado. Ele trouxe com Ele felizes notícias de grande alegria. Ele procurou os perdidos, pregou aos pobres, todavia, não desdenhou dos ricos; Ele perdoou pecadores. E, como Ele foi recebido? Que tipo de recepção os homens Lhe deram? Eles O "desprezaram e rejeitaram" (Isaías 53:3). Ele declarou, "Eles Me odeiam sem uma causa" (João 15:25). Eles tiveram sede de Seu sangue. Nenhuma morte ordinária os apaziguaria. Eles demandaram que Ele deveria ser crucificado. A Cruz, então, foi a manifestação do ódio inveterado do mundo pelo Cristo de Deus.
O mundo não mudou, não mais do que o etíope pode mudar sua pele ou o leopardo suas manchas. O mundo e Cristo ainda estão em aberto antagonismo. Por conseguinte, está escrito: "Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). É impossível andar com Cristo e comungar com Ele, até que tenhamos nos separado do mundo. Andar com Cristo necessariamente envolve compartilhar Sua humilhação: "Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial, levando o seu vitupério" (Hebreus 13:13). Isto foi o que Moisés fez (veja Hebreus 11:24-26). Quanto mais próximo eu andar de Cristo, mais eu serei mal-entendido (1 João 3:2), ridicularizado (Jó 12:4) e detestado pelo mundo (João 15:19). Não cometa engano aqui: é extremamente impossível continuar com o mundo e ter comunhão com o Santo Cristo. Portanto, "tomar" minha "cruz" significa, que eu deliberadamente convido a inimizade do mundo através da minha recusa em ser "conformado" a ele (Romanos 12:2). Mas, o que importa o olhar carrancudo do mundo, se estou desfrutando os sorrisos do Salvador?
Tomar minha "cruz" significa uma vida voluntariamente rendida a Deus. Como o ato dos homens ímpios, a morte de Cristo foi um assassinato; mas como o ato do próprio Cristo, foi um sacrifício voluntário, oferecendo a Si mesmo a Deus. Foi também um ato de obediência a Deus. Em João 10:18 Ele disse, "Ninguém a [Sua vida] tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou". E por que Ele o fez? Suas próximas palavras nos dizem: "Este mandato recebi de meu Pai". A cruz foi a suprema demonstração da obediência de Cristo. Nesta Ele foi o nosso Exemplo. Uma vez mais citamos Filipenses 2:5: "Que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus". E nos versos seguintes nós vemos o Amado do Pai tomando a forma de um Servo, e tornando-Se "obediente até a morte, e morte de cruz". Agora, a obediência de Cristo deve ser a obediência do cristão — voluntária, alegre, sem reservas, contínua. Se esta obediência envolve vergonha e sofrimento, acusação e perda, não devemos nos acovardar, mas por o nosso rosto "como um seixo" (Isaías 50:7). A cruz é mais do que o objeto da fé do cristão, ela é o sinal de discipulado, o princípio pelo qual sua vida deve ser regulada. A "cruz" significa rendição e dedicação a Deus: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Romanos 12:1).
A "cruz" significa serviço vicário e sofrimento. Cristo deu a Sua vida pelos outros, e Seus seguidores são chamados a estarem dispostos para fazerem o mesmo: "Devemos dar nossa vida pelos irmãos" (1 João 3:16). Esta é a lógica inevitável do Calvário. Somos chamados para seguir o exemplo de Cristo, para a companhia de Seus sofrimentos, e para ser participantes em Seu serviço. Assim como Cristo "a si mesmo se esvaziou" (Filipenses 2:7), assim devemos fazer. Assim como Ele "veio para servir, e não para ser servido" (Mateus 20:28), assim devemos ser. Assim como Ele "não agradou a si mesmo" (Romanos 15:3), assim devemos fazer. Assim como Ele lembrou dos outros, assim devemos lembrar: "Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados" (Hebreus 13:3).
"Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á" (Mateus 16:25). Palavras quase idênticas a estas são encontradas novamente em Mateus 10:39, Marcos 8:35, Lucas 9:24; 17:33, João 12:25. Certamente, tal repetição mostra a profunda importância de notar e prestar atenção a este dito de Cristo. Ele morreu para que nós pudéssemos viver "Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto" (João 12:24), e assim devemos fazer "Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna." (João 12:25). Como Paulo, devemos ser capazes de dizer "Em nada tenho a minha vida por preciosa" (Atos 20:24). A "vida" que é vivida para a gratificação do ego neste mundo, está "perdida" para eternidade; a vida que é sacrificada para os interesses próprios e rendida a Cristo, será "achada" novamente, e preservada durante toda a eternidade.
Um jovem universitário graduado, com prospectos brilhantes, respondeu ao chamado de Cristo para uma vida de serviço a Ele na Índia, entre a casta mais baixa dos nativos. Seus amigos exclamaram: "Que tragédia! Uma vida lançada fora!" Sim, "perdida", até onde diz respeito a este mundo, mas "achada" novamente no mundo porvir

TEMA: Tornado-se um Discípulo

TEXTO: Marcos 8. 33-34

"...Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará."
O que significa ser um discípulo? Talvez essa reposta para muitas pessoas seja muito simples, pois para muita gente ser discípulo de Cristo é uma questão de seguir as tradições, basta pertencer a uma família cristã que logo você será cristão e conseqüentemente um discípulo, ou então basta conhecer de cor as formulações doutrinarias. Quem pensa assim confunde a verdadeira vivência do cristianismo com uma tradição cultural.
A palavras traduzida na bíblia por discípulos transmitem a idéia de seguir, juntar-se, imitar. Discípulo é aquele que se identifica com o seu mestre, dispondo-se a segui-lo e praticar seus ensinos e atitudes. Ser discípulo de Cristo irmãos é segui-lo, é viver dia a dia ao seu lado em obediência e submissão, é cumprir a missão dada por ele, é muito mais do que mera tradição humana e não se limita apenas a conversão como muitos pensam, a conversão é apenas o inicio o ponto de partida, infelizmente essa verdade tem sido distorcida nos dias de hoje.
Queridos irmãos quando olhamos para o nosso país percebemos que há um intenso fervor religioso. É muita gente sedenta de Deus buscando crescer na graça e conhecimento de Cristo, tornando-se verdadeiros discípulos. Mas infelizmente percebemos também pessoas que estão em nosso meio que carregam consigo outras motivações. Por exemplo, há personalidades interessadas em atingir a mídia, fazer o seu marketing para melhorar a sua imagem pessoal, receber as bênçãos e favores etc.
Essa atitude é um problema antigo. Desde dos tempos de Cristo, há gente ao redor dEle, interessada nos benefícios pessoais. Como a fama de Cristo corria por todas as partes da terra, muita gente pretendia se aproveitar da religião da moda e andar próximo do controvertido Jesus de Nazaré.
Como fazia parte do ministério de Jesus desafiar as pessoas, houve momentos em que Ele confrontou os seus seguidores. Ele jamais falseou a sua mensagem para atrair adeptos. Se de um lado, Jesus curava, pregava, ensinava, em outros momentos, foi direto e objetivo para indicar as conseqüências de segui-lo: algo fascinante, mas que implica pagar o preço no texto a qual lemos diz "se alguém quer vir após a mim, tomo a sua cruz e siga-me" estar em Cristo é participar de um ministério glorioso, mas impõe um alto preço o preço do discipulado.
Jesus apresenta algo profundamente desafiador o discipulado através da Cruz. Muitas vezes cantamos "sim eu amo a mensagem da cruz!", mas em nosso dia a dia nem sempre carregamos a cruz. Para tornarmos discípulos precisamos do entendimento de alguns princípios:

1) Ser discípulo pressupõe compreender a mensagem da cruz
Irmãos desde o Éden no Antigo Testamento mencionava-se a vinda daquele que esmagaria a cabeça da serpente "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Gn 3.15. As profecias anunciavam a vinda e morte de Cristo. Isaias 53 narra com detalhes o sofrimento do Salvador. E sabemos que desde a eternidade, "estava escrito" que o filho do homem haveria de pagar com a própria vida, abrindo uma nova pagina na história da humanidade.
Jesus portanto, não poderia ser assassinado (como as pequeninas vitimas de Herodes), nem degolado como João Batista, nem apedrejado como Estevão, como parte do plano eterno de redenção humana, Jesus morreu numa cruz, entregou-se sacrificando o seu precioso sangue. E como ensinam as Escrituras em Leviticos como em Hebreus 9.22 "sem derramamento de sangue não há remissão" Jesus se encarnou, viveu, sofreu, morreu na cruz, por amor a mim e por amor a você. Esta é a mensagem escandalosa, mas gloriosa da cruz. Nela esta substanciada a redenção de toda a humanidade. E essa mensagem de escândalos para muitos, nada mais é do que uma mensagem de amor, de perdão de salvação, de vida eterna. E essa é e deve ser a mensagem prioritária da igreja. Um teólogo chamado Moltmann disse "que na Cruz se encontra toda a identidade Cristã e segundo ele por não colocar a cruz no centro do cristianismo que a Igreja tentou encontrar sua identidade nos ritos, nos dogmas e nas tradições". É por isso que temos vistos tantas igrejas hoje ensinando distorcidamente o evangelho, fiando-se em tradições e ritos de nenhum valor, tudo isso porque perderam sua identidade que esta na cruz de Cristo.
A principal mensagem do apostolo Paulo era cruz "mas nós pregamos a Cristo o crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios." 1 Co 1.23
Para muitos irmãos, só o ouvir a palavra cruz já movimenta todas as terminações nervosa da alma, se preparando para algum tipo de dor. Contudo queridos irmãos o conceito de cruz é muito mais abrangente e mais que importante, é essencial para todo o cristianismo.
A cruz tem poder de reconciliar "E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades." Ef 2.16;
efetuar a paz "E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus." Cl 1.20;
abolir a condenação "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. Cl 2.14;
triunfar sobre os principados e potestades "E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo." Cl 2.15.

2) Ser discípulo implica carregar a cada dia a cruz
Queridos irmãos Jesus exige um alto preço de seus seguidores "tome a sua cruz" quer dizer que não basta simplesmente confessar a Cristo como Senhor e Salvador. O discipulado impõe o preço da renúncia, da obediência, da abnegação.
Para o teólogo alemão Dietrich Bohoeffer "tomar a sua cruz" significa romper ligações com o mundo, significa também oferecer-se em favor de outros. E foi exatamente isso que Cristo fez, Ele que foi a cruz. Ele se dispôs a pagar o preço, mesmo sabendo que passaria pela morte. Neste aspecto irmãos nós que somos seguidores de Cristo sempre andamos no vale da sombra da morte e compartilhamos do sofrimento de Cristo, o nosso compromisso deve ser com o Pai, com a Missão, com a Vida.
Outro aspecto que aprendemos com Cristo é que Ele tomou a cruz em nosso lugar. Ele carregou a cruz e pagou preço do nosso pecado. Neste sentido tomar a cruz implica identificar-se com os pecadores, amá-los, assisti-los, solidarizar-se com suas necessidades MT 25.35 "Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me."
Ser discípulo é tomar a cruz, isto significa queridos irmãos que a semelhança de Cristo, devemos levar as cargas dos outros, oferencendo-nos para, se preciso for sofrermos junto ou em lugar de alguém Gl 6.2 "Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo."
Cruz é, portanto sofrimento por amor ao Cristo e ao próximo, ao mundo. Quantas vezes sofremos ao saber ou ver as desgraças que atingem nossos irmãos pelo mundo afora. Gente que à semelhança de Cristo, sofre e morre devido a maldade humana de pessoas cruéis. As páginas da história estão manchadas pelo sangue de tantos mártires. É gente que morreu carregando a cruz, gente por quem nós deveríamos também carregar a cruz, sofrendo junto ou ao lado Fp 1.29 "Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele."

3) Ser discípulo implica aceitar as conseqüências da Cruz
Viver em Cristo implica assumir as conseqüências da cruz. A cruz é motivo de escândalo, mas é sobre tudo motivo de glória disse o Apostolo "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo." Gl 6.14
Nos dias do apostolo Paulo, viver em Cristo muitas vezes significava assinar o próprio atestado de óbito. Muitos cristãos foram crucificados, serrados pelo meio, decapitados, queimados, apedrejados, devorados por feras por terem confessado a fé no Cristo ressurreto. A carta aos Hebreus faz referências a heróis da fé que sofreram torturas horrendas por causa da fé "homens dos quais o mundo não era digno"Hb 11.38
Queridos irmãos passam-se séculos e milênios. O mundo passa por transformações, porém, a mensagem da cruz é a mesma. Somo desafiados a carregar a cruz, assumindo as conseqüências de nossa opção. Semelhante ao discípulo chamado Pedro, ainda que de forma sutil, ainda hoje, muitos negam a Cristo. Quando nos recusamos a perdoar ou negarmos em compartilhar o amor de Deus, entre outras atitudes, negamos o seu sacrifício e não assumimos as conseqüências desta mensagem. Se vivemos em Cristo devemos honrá-lo, dignificá-lo, glorificá-lo em todas as nossas atitudes.
Contudo queridos irmãos convém lembrar que a despeito de todo o peso da cruz, Jesus promete aliviar a nossa carga, Ele ensinou "o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" MT 11.28-30. E é por meio da ação consoladora do Espírito Santo, sentimos motivação e encorajamento para prosseguir Rm 8.26-30 diz: "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos. E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito."
O Senhor promete estar sempre conosco e ajudar-nos em nossa fraqueza e fortalecendo-nos a cumprir fielmente a missão, somos provados e desafiados, mas nEle obteremos a vitória "Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou." Rm 8.37

4) Ser discípulo é entender que a cruz é a nossa coroa
Queridos irmãos o nosso maior exemplo sobre a cruz foi o próprio Cristo e quando olhamos para o texto de Paulo aos Filipenses temos uma noção do sentimento maior de Cristo diante dela.
"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz." Fp 2.5-8
Esse texto irmãos expressa vigorosamente a simbologia da cruz no auto esvaziamento e na dependência total de Deus. Mostra uma obediência irrestrita e uma negação extrema a sua própria vontade. Entretanto quero salientar neste versículo o emprego da palavra obediência.pois o contexto vivido pelos Filipenses, o escravo obediente e fiel ao seu senhor poderia ser recompensado com algum tipo de promoção social, segundo alguns estudiosos o caminho mais curto para um escravo chegar a libertação ou uma melhoria de status era o caminho da obediência.
Assim queridos o conceito de cruz e coroa não estão dissociados. Um escritor cristão chamado Francis Quales disse: "Aquele que nunca teve uma cruz, jamais terá uma coroa".
A cruz irmãos muito mais que um instrumento de dor é um instrumento de honra e glória é a nossa coroa, a continuação do versículo de Filipenses diz "Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai."
Infelizmente muitos que foram criados nas igrejas evangélicas desde pequenos e tiveram o conceito de cruz superdimensionados, e hoje vêem Deus como um carrasco, algo que nunca correspondeu com a verdade e nunca foi a imagem que Deus pretendeu que tivessem dEle.
Mas o fato irmãos é que a cruz labora, ou seja, trabalha como propulsor de honra para outras pessoas e não como um aniquilador de almas. Foi nesse sentido que Deus idealizou esses componentes tão importantes na dinâmica da redenção humana: Cruz e coroa. Foi por Jesus entender tão bem esse processo que se sentiu impulsionado a realizar a vontade do Pai sem , contudo vê-lo como carrasco. Podemos ver isso em suas próprias palavras
"Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse."
Para concluir irmãos eu quero dizer que o beneficio maior da cruz foi a reconciliação do homem com Deus, ou seja, a redenção e isso não se pode negar e todos concordamos, mas como uma das bênçãos secundarias temos que é ela que nos dá a coroa e nos honrará diante do Deus dos Deuses.
"Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam." Tg1.12

Criado para ser eterno

Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade....Deus tem [...] plantado a eternidade no coração humano. "...pôs na mente do homem a idéia da eternidade".
Eclesiastes 3.11
Queridos irmãos há duas semanas atrás eu trabalhei o tema Tudo começa com Deus nessa ocasião falei que você não é o foco, mas sim Deus, que tudo que veio a existir, só existe por conta da vontade e do propósito dEle e que esse propósito para a sua existência é muito maior que sua realização pessoal, sua paz de espírito ou mesmo sua felicidade. É muito maior que sua família, sua carreira ou mesmo seus mais ambiciosos sonhos e aspirações.
Também falei que você não pode chegar ao propósito da sua vida concentrando-se em si mesmo, olhando para o seu próprio "eu" e achando que tudo girar em torno de sua vida. Você deve começar com Deus, seu Criador, aquele que te fez. Você só existe porque Deus deseja que você exista. Você foi feito por Deus e para Deus.
No domingo passado o tema era Você não é um acidente reafirmando assim de uma maneira clara e apaixonante que você era aguardado por Deus, pois ele havia sonhado com o seu nascimento mesmo antes de você ser formado, decidindo então Deus como você nasceria. Independentemente das circunstâncias de seu nascimento, Deus tinha um plano ao criá-lo. Ou melhor alguns planos ou como queira alguns propósitos. Essa noite veremos um deles.
O texto de Eclesiastes nos revela qual o primeiro propósito de Deus para a sua criação a a eternidade, o ser humano anseia por ela "Deus certamente não teria criado um ser como o homem para existir somente por um dia! Não, não... o homem foi feito para a imortalidade." Abraham Lincoln
Esta vida não é tudo o que há. A vida é apenas um ensaio geral, antes da verdadeira produção. Você passará muito mais tempo do outro lado da morte — na eternidade — do que aqui. A terra é um lugar de preparação, a pré-escola, o vestibular para sua vida na eternidade. É o treinamento coletivo que ocorre antes do jogo; a volta de aquecimento antes do início da corrida. Esta vida é uma preparação para a próxima.
Você viverá no máximo cem anos sobre a terra, mas para sempre na eternidade. O seu tempo na terra é, como disse Thomas Browne, "apenas um parêntese na eternidade". Você foi feito para ser eterno.
A Bíblia diz que Deus tem [...] plantado a eternidade no coração humano. Você tem o impulso inato de ansiar pela imortalidade. Isso ocorre porque Deus o projetou à sua imagem, para viver eternamente. Embora saibamos que com o tempo todos morreremos, a morte sempre parece anormal e injusta. A razão pela qual sentimos que deveríamos viver para sempre é que Deus condicionou nossa mente com esse desejo!
Um dia, o nosso coração parará de bater. Então será o fim de seu corpo e de seu tempo na terra; mas não será o fim. Seu corpo terreno é apenas uma residência temporária de seu espírito. A Bíblia chama o nosso corpo terreno de "temporária habitação", mas se refere ao nosso futuro corpo como uma "casa". A Bíblia diz: Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
De fato, nós sabemos que, quando for destruída esta barraca em que vivemos, que é o nosso corpo aqui na terra, Deus nos dará, para morarmos nela, uma casa no céu. Essa casa não foi feita por mãos humanas; foi Deus quem a fez, e ela durará para sempre. 2 Co 5.1
Se a vida na terra oferece muitas opções, a eternidade nos oferece apenas duas: céu ou inferno. Seu relacionamento com Deus na terra, determinará seu relacionamento com Deus na eternidade. Se aprender a amar Jesus, o Filho de Deus, e confiar nele, você será convidado a passar o resto da eternidade com ele. Entretanto, se desprezar o amor, o perdão e a salvação
que ele oferece, você passará a eternidade separado de Deus. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. João 3:18
C. S. Lewis disse: "Existem dois tipos de pessoas: as que dizem a Deus 'Seja feita a sua vontade' e aqueles a quem Deus diz 'Então tudo bem, faça do seu jeito'". Tragicamente, muitas pessoas terão de suportar a eternidade sem Deus, pois escolheram viver sem ele aqui na terra. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mateus 13.5
Quando você compreender plenamente que há mais na vida que apenas o aqui-e-agora e perceber que a vida é apenas uma preparação para a eternidade, você começará a viver de forma diferente. Você começará a viver à luz da eternidade, e isso lhe dará nova perspectiva de como lidar com cada relacionamento, tarefa ou circunstancia. Subitamente, muitas atividades, metas e até mesmo problemas que pareciam importantes se mostrarão banais, insignificantes e indignos de sua atenção.
Quanto mais próximo você viver de Deus, menor todo o resto parecerá. Quando você vive à luz da eternidade, seus valores mudam. Você utiliza mais sabiamente seu dinheiro e seu tempo. Você passa a dar maior valor a sua personalidade e a seus relacionamentos, em vez de valorizar fama, riqueza, realizações ou mesmo prazeres. Suas prioridades são reorganizadas. Manter-se em dia com as tendências, modas e valores populares já não é tão importante. "Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo." Fp 3.7
Paulo disse: Antigamente eu pensava que todas essas coisas eram muito importantes, mas agora eu as considero sem valor algum por causa do que Cristo fez?
Se o seu tempo sobre a terra fosse todo voltado para sua vida, eu sugeriria que começasse a vivê-la imediatamente. Você poderia deixar de ser bom ou ético e não teria de se preocupar com as conseqüências de suas ações. Você poderia dedicar-se a si próprio de modo totalmente egocêntrico, porque suas ações não teriam conseqüências de longo prazo. Mas — e isso faz toda a diferença — a morte não é o fim para você! A morte não é o fim, mas a transição para a eternidade. Por isso, existem conseqüências eternas para tudo aquilo que você faz na terra. Cada ato de nossa vida toca um acorde que soará na eternidade. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Romanos 14:12
"Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal. 2 Coríntios 5:10"
O aspecto mais prejudicial da vida contemporânea é o raciocínio em curto prazo. Para tirar o máximo da vida, você deve manter sempre em sua mente a visão da eternidade e em seu coração, o valor que ela representa. Há muito mais na vida que apenas o aqui-e-agora! O que vemos hoje é apenas a ponta do iceberg. A eternidade é todo o resto que você não vê abaixo a superfície.
Como será a eternidade com Deus? Com toda a franqueza, nosso cérebro não é capaz de compreender a maravilha e a grandeza do céu. Seria como tentar descrever a Internet para uma formiga. É inútil. Não foram inventadas palavras que pudessem transmitir a experiência da eternidade. A Bíblia diz: "Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam";
Este é o significado das Escrituras que dizem que nenhum mero homem jamais viu, ouviu, nem mesmo imaginou, que coisas maravilhosas Deus preparou para aqueles que amam ao Senhor. 1 Co2.9
Entretanto, Deus nos dá vislumbres da eternidade em sua Palavra. Nós sabemos que, neste exato momento, Deus está preparando um lar eterno para nós. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. João 14: No céu, seremos reunidos com os crentes amados, libertos de toda dor e sofrimento, recompensados por nossa fidelidade na terra e designados para um trabalho que apreciaremos realizar. Nós não ficaremos recostados nas nuvens, com auréolas e tocando harpa! Desfrutaremos da contínua companhia de Deus, e ele se deleitará conosco para todo o sempre. Um dia Jesus dirá: Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. MT 25.34
C. S. Lewis captou o conceito de eternidade na última página de As crônicas de Nárnia, sua série de histórias infantis publicadas num só volume: "Para nós, este é o fim de todas as histórias [...] mas para eles foi apenas o início da história real. Toda a vida que tiveram neste mundo [...] foram apenas a capa e a primeira página. Agora, eles ao menos estavam começando o Primeiro Capítulo da Grande História, que ninguém no mundo jamais leu e a qual prossegue eternamente, cada capítulo melhor que o anterior".
Deus tem um propósito para sua vida na terra, mas ele não termina aqui. O plano envolve muito mais do que as poucas décadas que você passará neste planeta. É mais do que "a oportunidade de toda uma vida"; Deus lhe oferece uma oportunidade para além de toda uma vida. A Bíblia diz: O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração.
Mas o que o Senhor planeja dura para sempre, as suas decisões permanecem eternamente. Sl 33.11
O único momento em que as pessoas pensam a respeito da eternidade é nos enterros, e mesmo nessas ocasiões são pensamentos freqüentemente sentimentais e superficiais, baseados na ignorância.
Você pode sentir que é mórbido pensar a respeito da morte, mas na verdade não é saudável viver negando-a, sem a considerar inevitável. Somente um tolo passaria pela vida despreparado para o que todos sabemos que acabará acontecendo. Você deve pensar mais a respeito da eternidade, e não menos.
Assim como os nove meses que você passou no útero de sua mãe não tinham um fim em si, mas eram uma preparação para a vida, também a vida é uma preparação para o que vem a seguir. Se você possui um relacionamento com Deus por meio de Jesus, não é preciso temer a morte. Ela é a porta para a eternidade. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. 1 João 5:12
Será o último momento de seu tempo na terra, mas não será o fim. Em vez de ser o fim de sua vida, será o seu nascimento na vida eterna. A Bíblia diz: Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura.
Porque este mundo não é nossa pátria; nós estamos aguardando a nossa pátria eterna no céu. Hb13.14
Em comparação com a eternidade, nosso tempo na terra não passa de um piscar de olhos, mas as conseqüências durarão para sempre. Os atos desta vida definem o destino na próxima. Deveríamos compreender que cada instante que gastamos neste corpo terreno é tempo gasto longe de nosso lar eterno, no céu com Jesus. Portanto, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor.2Co5.6
O Mundo nega o conceito da eternidade. O ateu nega a eternidade. O homem natural planeja em termos de "amanha" ou "dia que vem".
Há alguns anos, uma frase popular encorajava as pessoas a viver cada dia, como "o primeiro dia do resto de sua vida". Na verdade, seria mais sábio viver cada dia como se fosse o último de sua vida. Matthew Henry disse: "É necessário que o assunto de cada dia seja preparar-se para o nosso último dia".

Aprendendo com um leproso

Esse homem com certeza já havia ouvido falar de Jesus, a fama de Jesus e suas curas milagrosas o precedia a onde quer que ele fosse, o leproso creu nele sem ao menos telo visto apenas pelo que falaram a seu respeito. Ao contrario de hoje onde as pessoas precisam de um amuleto ou de algo palpável para colocar a sua fé. Não basta mais a palavra por si só é necessário ver
2. ELE FOI HUMILDE
O texto diz que o leproso se ajoelhou diante de Cristo (v.40). Ajoelhar-se diante de alguém é um ato de humil­hação, que demonstra humildade. Não há como receber um milagre sem se humilhar diante de Cristo. A Bíblia diz: "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes" (Tiago 4.6).
Ele não chegou exigindo nada. Colocou-se na absoluta dependência da vontade de Jesus:    "Se quiseres, bem podes tornar-me limpo!"
A afirmação - "Eu sei que O Senhor pode curar-me, se quiser" (1.40) é rica de conteúdo. Não são meras palavras de um desesperado ou de um condenado a prazo; não são palavras tornadas religiosas só porque a miséria bateu à sua porta. A afirmação do leproso está repleta de uma certeza que reside muito mais em Jesus do que nele mesmo. Ele sabe que só pode receber libertação do seu mal se Jesus quiser! Já não é um factor que se liberta da fé mas do querer, do desejar de Jesus. Ao contrário do que aconteceu noutros milagres, a afirmação do desejo foi de Jesus - "Sim, eu quero! Tu estás curado". E como não podia deixar de ser, O Jesus compassivo só podia querer beneficiar uma pessoa como o leproso, que tanta esperança Nele manifestou. O leproso baseou a sua cura no que sabia que O Mestre podia! Ele sabia que ainda que a fé fosse muita não seria suficiente para receber tamanha bênção. Era preciso transferir para Deus o querer para o impossível. Por outro lado, há nas palavras do leproso uma busca pela cura sim, mas também uma aceitação plena da sua condição caso Jesus não o quisesse curar. É de notar que o leproso não se baseia em promessa alguma, tal como acontece connosco hoje, e por isso, muitas vezes tratamos Deus como criado, escravo das Suas próprias promessas. O doente sabe que todo o poder para a sua libertação reside no homem que é Deus e arrisca o querer de Deus em sua vida. E sai libertado!
3. ELE TOCOU O CORAÇÃO DE DEUS
"Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo".
Muitas pessoas vão à igreja, mas, não cantam, não louvam, não adoram, não cultuam e, no fim, vão lá na frente pedir uma oração. Não é bem oração que eles estão buscando, estão atrás de uma espécie de "passe evangélico" que os ajude a ir para casa com a consciência menos pesada. Antes de ser tocado por Deus,  o verdadeiro adorador toca o coração de Deus, com sua vida, com suas atitudes, com sua humildade. Ele não tenta comprar, enganar ou manipular Deus. Antes, age como um filho amado que se coloca na presença do Pai, relata suas misérias e humildemente espera suas bênçãos.
As traduções mais modernas do versículo 41 dizem: "Jesus ficou com muita pena dele...' LHJ Jesus não teve pena do leproso! Jesus agiu em função do que Ele mesmo é! A Sua compaixão é a beleza da Sua Obra! Ele não soube ser outra coisa que não compassivo. Era o extrato da Sua Pessoa!
Mais impressionante é a rapidez com que tudo acontece também isso evidência das características particulares da cura. Jesus não pediu que o leproso fosse lavar-se ao tanque de Siloé ou que se banhasse 7 vezes como no caso do leproso Naamã. Diz Marcos: "No mesmo instante, a lepra desapareceu e ele ficou curado".
O cuidado que O Mestre manifestou para com o leproso é surpreendente. Jesus quer que ele seja feliz o resto da sua vida. Quer que ele volte ao seio da sua família e da sociedade, que obtenha declaração de cura perante o sacerdote. Este é também o objetivo da Obra de Deus a favor do pecador - que ele seja "bem-aventurado para sempre".
4. ELE NÃO CONSEGUIU FICAR CALADO   
Quando você toca o coração de Deus... Deus toca o seu coração à alegria do Senhor resplandece em sua vida... é algo incotrolavel..
Mesmo Jesus tendo-lhe instruído a não falar nada do milagre (pois, naquele momento do seu ministério, Jesus não queria este tipo de divulgação), ele não conseguiu se segurar.
É a reação que costumamos verificar nos novos convertidos, que não conseguem deixar de falar. Jesus o mandou calar; mas, ele falou.  Hoje, Jesus nos manda falar; mas, muitos de nós nos calamos.    Ele não conseguia calar. Muitos não conseguem falar.
Os Evangelhos fazem questão de registrar alguns episódios semelhantes de cura em que a ordem de silêncio não foi respeitada. Marcos diz que Jesus "ordenou duramente". Que eu saiba, dentre aqueles que não conseguiram silenciar a alma, apesar da ordem contrária de Jesus, a nenhum o Mestre procurou para os acusar de desobediência. A libertação que o leproso sentiu não conseguiu conter a verdade acerca Daquele que o tinha beneficiado. Há momentos na vida das pessoas, em que perante a evidência do trabalho de Deus, o espírito de partilha é mais forte que qualquer outra coisa. O que aconteceu no coração do leproso foi uma simbiose de reconhecimento, gratidão, libertação e transformação. E quando estas coisas acontecem em simultâneo a alma desprende-se em adoração, em louvor, em afirmação.
A proclamação do leproso a respeito do seu Salvador e da transformação que nele havia operado, obrigou Jesus a ficar retido fora da cidade por conveniência de missão. Mas isso não impediu que toda a gente viesse procurá-lO. Quem fala do que o transformou fala do que o pode transformar! E este é um privilégio dos transformados. Os discípulos de Cristo que partilharam da experiência da "estrada de Damasco", e deve haver uma "estrada de damasco" na vida de todos os discípulos de Cristo, sabem que para uns há mais intensidade de luz que para outros, conforme a necessidade da alma. Muitos podem recordar com ardor no peito os momentos seguintes à conversão da alma.
A transformação interior, libertadora, faz soltar todos os sentidos, a exemplo do coxo de Atos 3. O judeu, culturalmente, dava abertura à sua alegria, perpetrada em festas de arromba. A Bíblia Hebraica oferece-nos registros de abundantes festas onde o exercício dos sentimentos estava bem presente.
Os cristãos evangélicos deixaram que a sua história fosse carregada de um sentimento regulador quanto aos sentimentos de libertação e transformação. Acho que bebemos demasiado de uma influência romanizante, proveniente de um catolicismo a que a maior parte de nós fomos "resgatados". Somos, muitas vezes, obrigados a regular a nossa alegria porque ela é achada desenquadrada no tempo e no espaço que ocupamos. Cantar tornou-se quase a única forma de expressar sentimentos de fé.
Temos de compreender que a fé é muito mais que regras. Ela é para ser vivida a toda a extensão da vida. As obrigações religiosas não são as únicas que trazem prazer diante de Deus. Também as obrigações familiares, sociais, laborais, escolares, físicas. Precisamos ver os efeitos de transformação do que Jesus já efetuou em nós, retirar isso da moldura a que estamos presos, para encontrar a dimensão real da transformação que já aconteceu
Conclusão:
Com sua fé, humildade e atitudes, este leproso saiu curado da presença de Jesus, pois, os verdadeiros adoradores nunca saem da presença de Jesus do jeito que chegaram. E jamais deixam de testemunhar suas maravilhas.

A Ceia do Senhor – por Luciano Subirá

Texto: 1 Coríntios 11.23-26
 O que é a Ceia do Senhor? Como e quando deve ser celebrada? Quem pode participar dela? Quero esclarecer um pouco desta ordenança de Jesus praticada em nossas igrejas…
A celebração da Ceia foi uma das ordenanças deixadas pelo Senhor (Mt. 26.26-30; I Co. 11.23-25). Os discípulos poderiam se envolver com outras atividades e esquecerem o principal, o valor da morte e ressurreição de Cristo. Por isso, para eles, bem como para nós hoje, a Ceia tem um significado rememorativo.
Os elementos da Ceia – o pão e o cálice – são símbolos do sacrifício do Cordeiro de Deus para a nossa salvação. O pão representa o Seu corpo (I Pe. 2.22-24) e o cálice simboliza o sangue do Senhor (Mc. 14.24). A Ceia deve ter observação contínua (Lc. 22.14-20) como o fizeram os primeiros discípulos (At. 2.42; 20.7; I Co. 11.26).
Com base em I Co. 11.21, depreendemos que, em Corinto, a Santa Ceia não era uma refeição simbólica apenas, como acontece em nosso meio nos dias atuais, mas uma refeição de verdade. Fica claro também pelo texto que cada um dos participantes levava uma porção de comida que era compartilhada uns com os outros.

UMA INSTITUIÇÃO DE CRISTO
"…o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes em que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha." (1 Coríntios 11.23-6)
Observando a expressão "fazei isto", percebemos que se trata de uma ordem de Jesus. É um imperativo, e fica ainda mais evidente ser uma ordenança para a Igreja, quando Jesus repete a expressão "todas as vezes que"… mostrando que este ato deveria ser parte da nossa prática cristã.
Mas é preciso que haja atenção em relação ao significado dessa celebração, o descaso e a irrelevância dada à Ceia é pecado com graves conseqüências (I Co. 11.30).
Recomendamos, por ocasião da Ceia do Senhor:
1) sinceridade na apreciação (Lc. 22.17-19);
2) auto-exame em reconhecimento dos pecados (I Co11.27-29);
3) comunhão com os irmãos (I Co 10.16-17); e
4) esperança quanto à manifestação do Senhor, no dia que Ele vier (I Co. 11.25,26).

UM MEMORIAL
Lugar algum das Escrituras menciona o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico do ato ao dizer: "fazei isto em memória de mim".
A ceia do Senhor é um momento de recordação do que ele fez por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados. Quando a celebramos, estamos anunciando a morte do Senhor Jesus até que Ele volte! Os elementos são, portanto, figurativos, e não literais.

UM RITUAL DE ALIANÇA
Os orientais davam muito valor à alianças, e as respeitavam. Quando Jesus institui exatamente o pão e o vinho como os elementos da ceia, ele sabia exatamente o quê estava fazendo. Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue, o mais alto nível de aliança a que alguém poderia se submeter.
Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a aliança NO SEU SANGUE, estabelecendo com isso, na ceia, um ritual de aliança.
No Velho Testamento vemos Abraão indo ao encontro de Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, e levando pão e vinho. O que era isto? Um ritual de aliança. Quando ceamos, estamos reconhecendo que realmente estamos aliançados com Cristo, e que nossas vidas estão misturadas, fundidas uma na outra "Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito." (1 Co.6.17).
Jesus deixou bem claro aos que o seguiam que não bastava apenas simpatizar-se com ele ou segui-lo pelos milagres que operava, mas que era necessário aliança, e aliança no mais elevado e sagrado nível que os judeus conheciam: a aliança de sangue.
Muitos não compreendem isto por não conhecer os costumes da época, mas era a este tipo de aliança que Jesus se referia ao proferir estas palavras:
"Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele." (João 6.53-56)
É óbvio que Jesus não falava sobre comer a carne literalmente, mas sim sobre aliança, sobre mistura de vida; isto fica claro quando o Mestre conclui dizendo que tal pessoa permaneceria nele e ele nesta pessoa. Este texto também não fala diretamente da ceia, mas sim da nossa aliança com Cristo; embora deixe claro qual é figura da ceia: um ritual de aliança onde testemunhamos comunhão entre nós e o Senhor Jesus Cristo.

UM TEMPO DE COMUNHÃO
No início do Cristianismo realizava-se uma refeição ritual conhecida como a "festa ágape" Estas festas do amor tinham aparentemente uma refeição completa, com cada participante trazendo os seus próprios alimentos, e com a refeição sendo comida em uma sala comum. Eles só não festejavam no domingo porque que ficou conhecido como o Dia do Senhor, para recordar a ressurreição, a aparição de Cristo aos discípulos na estrada de Emaús.
Judas e o apóstolo Paulo se referem a isto como "a festa do amor", por meio de advertência, o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na expressão "corpo" que encontramos no ensino bíblico da ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão. A mesa é um lugar de comunhão em praticamente quase todas as culturas e épocas, e a mesa do Senhor não deixa de ter também esta característica.

UM ATO DE CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS
Na epístola de Paulo aos coríntios, fica claro que a Ceia do Senhor tem conseqüências espirituais; ela será sempre um momento de benção ou de maldição para os que dela participam.

BENÇÃO
"Porventura o cálice da benção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?" (1 Coríntios 10.16)
Observe o termo "cálice da benção". Isto não é figurado, é real. A Ceia do Senhor traz bênçãos espirituais sobre aqueles que dela participam.
Um outro termo empregado neste versículo, que nos revela algo importante, é "comunhão"; quando ceamos, estamos pela fé acionando um poderoso princípio, temos comunhão com o sangue e com o corpo de Cristo! O que isto significa? Quando derramou seu sangue, Jesus o fez para a remissão de nossos pecados, logo, ao comungarmos o sangue, estamos provando que tipo de bênçãos? A purificação, e também a proteção, pois o diabo não pode transpor o poder do sangue para nos tocar.
"Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o SENHOR." (Ex 12.23)
E o que significa ter comunhão com o corpo? O corpo de Jesus foi moído porque ele tomou sobre si nossas enfermidades, e as nossas dores carregou sobre si, e pelas suas feridas fomos sarados
"Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." (Is 53.4-5).
A obra redentora de Cristo nos proporciona cura física, e na Ceia do Senhor é um momento onde podemos provar a benção da saúde a da cura. Muitos estavam fracos e doentes na igreja de Corinto por não discernirem o corpo do Senhor na Ceia.
Ao falar sobre comungarem com o corpo do Senhor, Paulo se referia não apenas ao corpo do Cristo crucificado por meio do qual somos sarados, mas também ao corpo ressurreto, no qual habita toda a plenitude da divindade e é fonte de vida aos que com ele comungam.
A Ceia do Senhor deve ser um momento especial de comunhão, reflexão, devoção, fé, e adoração. Tudo deve ser feito de coração e com reverência, pois é um ato de conseqüências espirituais.

MALDIÇÃO
A Bíblia não usa especificamente esta palavra, mas mostra que a maldição pode vir como um juízo de Deus para quem desonra a Ceia do Senhor. Depois de ter dito que ao participar da mesa do Senhor a pessoa está anunciando a morte de Jesus até que ele venha, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, traz a seguinte advertência:
"Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão porque há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo." (1 Coríntios 11.27-32)
Para muitas pessoas, a Ceia é algo que as amedronta; preferem não participar dela quando não se sentem dignas, para não serem julgadas. Mas veja que a Bíblia não nos manda deixar de tomar, e sim fazer um auto-exame antes, pois se houver necessidade de acerto devemos fazê-lo o mais depressa possível.
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." (1 Jo 1.9).
Deixar de participar da mesa do Senhor é desonrá-la também! Devemos ansiar pelo momento em que dela partilharemos, e não evitá-la. Mas há aqueles que querem fingir que estão bem, e participam sem escrúpulo algum do que é sagrado; para estes, não tardará o juízo.
Participar da mesa do Senhor tem conseqüências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é amaldiçoado. Não há meio termo; a refeição não é apenas um simbolismo; não se participa da Ceia do Senhor como se participa de uma cerimônia qualquer, pois é um momento santificado por Deus e de implicações no reino espiritual.

QUEM PARTICIPA
A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se, portanto, aos que já se encontram em aliança com Cristo; ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena comunhão com Deus. Há igrejas que só servem a Ceia para quem pertence ao seu rol de membros; consideramos isto um grande erro, pois a Ceia do Senhor é para quem o serve de todo coração, independentemente de tal pessoa congregar em nossa igreja local ou não; se a pessoa faz parte do Corpo de Cristo na terra, então deve participar da mesa.
Há ainda, aqueles que afirmam só poder participar da Ceia do Senhor quem já se batizou nas águas, mas não há sustentação bíblica para isto; desde o momento em que a pessoa se comprometeu com Cristo em sua decisão ela já está dentro da aliança firmada por Jesus na cruz. Entendemos que o novo convertido deva ser encaminhado para o batismo tão logo seja possível.
Os critérios básicos são: estar aliançado com Cristo, e com vida espiritual em ordem. Contudo, não proibimos ninguém de participar, apenas ensinamos o que a Bíblia diz, para que cada pessoa julgue-se a si mesma. Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado foi proibido por Jesus de participar da Ceia.
"Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze... Todavia, a mão do traidor está comigo à mesa. (Lc 22.3;21).
A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma, e não que seja examinada pelos outros. Portanto não examinamos ninguém, nem as proibimos, só instruímos. Se a pessoa insistir em participar de forma indigna colherá o juízo divino.

ONDE ACONTECE
Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia, onde quer que estejam reunidos os cristãos ela poderá ser feita.
No livro de Atos, lemos que o pão era partido de casa em casa (Atos 2.46), "Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração," o que nos deixa totalmente à vontade em relação a celebrá-la nas células; mas Paulo ao usar as seguintes palavras: "…quando vos reunis na igreja…" e "Se alguém tem fome coma em casa…" (1 Coríntios 11.18 e 34); revela que na cidade de Corinto a Ceia era praticada também num local maior de reunião para toda a igreja.
Portanto, como nos reunimos no templo e nas casas, à semelhança dos dias do Novo Testamento, também praticamos a Ceia do Senhor nos dois locais de reunião, sendo que a maior incidência se dá no templo quando reunimos todo o corpo local.

QUANDO ACONTECE
Entendemos que não há uma periodicidade definida pela Bíblia quanto à celebração da Ceia; Jesus apenas disse:
"…fazei isto, TODAS AS VEZES QUE o beberdes, em memória de mim" (1 Co 11.25b).
Esta expressão "todas as vezes que" nos dá liberdade de fazermos quando quisermos, mas sempre em memória do Senhor Jesus Cristo.
Em nossa igreja, celebramos a Ceia do Senhor mensalmente no templo, e não temos periodicidade definida nas casas.

Conclusão
Como presbiterianos, nós somos herdeiros da linha teológica do reformador João Calvino, ele defendia a presença espiritual de Cristo na Santa Ceia. Ele sempre dizia ("sursum corda", "elevemos os corações"), ele dizia que não era Cristo quem descia para tomar forma de pão e de vinho, mas era a Igreja quem era elevada espiritualmente aos céus para participar da Ceia na presença de seu Senhor (Calvino, Breve tratado sobre a Ceia do Senhor, § 51).
Segundo a nossa teologia, não acontece qualquer transformação interna no pão e do vinho, nem é repetido o sacrifício de Cristo na cruz. Mas sim, pela operação do Espírito Santo, todos quantos, com fé, comem e bebem e são alimentados fisicamente do pão e do vinho, também comem e bebem e são alimentados espiritualmente do Corpo e do Sangue de Cristo. O sacrifício do Senhor Jesus na cruz não é repetido, mas os benefícios da sua morte em nosso lugar são atualizados, trazidos para nós no presente pela ação do Espírito Santo.
(Calvino, As Institutas, IV.17.10; Confissão de Fé de Westminster, 39.7)
Quando comemos do pão e bebemos do cálice, diz o Apóstolo Paulo, anunciamos a morte do Senhor até que ele venha (I Co. 11.26). Quando participamos da Comunhão do Corpo e do Sangue do Senhor, nos é dada uma prévia, uma amostra e uma garantia do grande banquete que nos aguarda, quando Cristo finalmente vier buscar sua Noiva, que é a Igreja "Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro." (Ap. 19.9).
Portanto, a celebração da Santa Ceia, é um testemunho visível, palpável e do mistério da nossa fé, do motivo da nossa viva esperança, de que Cristo morreu e ressuscitou, e voltará na glória do seu reino eterno.
Deus nos conceda que, como testemunhas fiéis, que testemunham da verdade, possamos comunicar ao mundo a Verdade do Evangelho, para que, vendo o mundo nossa perseverança "na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações", "com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo" (At. 2.42, 46, 47), acrescente-nos o Senhor, dia a dia, os que serão salvos.