2011/08/21

Aprendendo com um leproso

Esse homem com certeza já havia ouvido falar de Jesus, a fama de Jesus e suas curas milagrosas o precedia a onde quer que ele fosse, o leproso creu nele sem ao menos telo visto apenas pelo que falaram a seu respeito. Ao contrario de hoje onde as pessoas precisam de um amuleto ou de algo palpável para colocar a sua fé. Não basta mais a palavra por si só é necessário ver
2. ELE FOI HUMILDE
O texto diz que o leproso se ajoelhou diante de Cristo (v.40). Ajoelhar-se diante de alguém é um ato de humil­hação, que demonstra humildade. Não há como receber um milagre sem se humilhar diante de Cristo. A Bíblia diz: "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes" (Tiago 4.6).
Ele não chegou exigindo nada. Colocou-se na absoluta dependência da vontade de Jesus:    "Se quiseres, bem podes tornar-me limpo!"
A afirmação - "Eu sei que O Senhor pode curar-me, se quiser" (1.40) é rica de conteúdo. Não são meras palavras de um desesperado ou de um condenado a prazo; não são palavras tornadas religiosas só porque a miséria bateu à sua porta. A afirmação do leproso está repleta de uma certeza que reside muito mais em Jesus do que nele mesmo. Ele sabe que só pode receber libertação do seu mal se Jesus quiser! Já não é um factor que se liberta da fé mas do querer, do desejar de Jesus. Ao contrário do que aconteceu noutros milagres, a afirmação do desejo foi de Jesus - "Sim, eu quero! Tu estás curado". E como não podia deixar de ser, O Jesus compassivo só podia querer beneficiar uma pessoa como o leproso, que tanta esperança Nele manifestou. O leproso baseou a sua cura no que sabia que O Mestre podia! Ele sabia que ainda que a fé fosse muita não seria suficiente para receber tamanha bênção. Era preciso transferir para Deus o querer para o impossível. Por outro lado, há nas palavras do leproso uma busca pela cura sim, mas também uma aceitação plena da sua condição caso Jesus não o quisesse curar. É de notar que o leproso não se baseia em promessa alguma, tal como acontece connosco hoje, e por isso, muitas vezes tratamos Deus como criado, escravo das Suas próprias promessas. O doente sabe que todo o poder para a sua libertação reside no homem que é Deus e arrisca o querer de Deus em sua vida. E sai libertado!
3. ELE TOCOU O CORAÇÃO DE DEUS
"Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo".
Muitas pessoas vão à igreja, mas, não cantam, não louvam, não adoram, não cultuam e, no fim, vão lá na frente pedir uma oração. Não é bem oração que eles estão buscando, estão atrás de uma espécie de "passe evangélico" que os ajude a ir para casa com a consciência menos pesada. Antes de ser tocado por Deus,  o verdadeiro adorador toca o coração de Deus, com sua vida, com suas atitudes, com sua humildade. Ele não tenta comprar, enganar ou manipular Deus. Antes, age como um filho amado que se coloca na presença do Pai, relata suas misérias e humildemente espera suas bênçãos.
As traduções mais modernas do versículo 41 dizem: "Jesus ficou com muita pena dele...' LHJ Jesus não teve pena do leproso! Jesus agiu em função do que Ele mesmo é! A Sua compaixão é a beleza da Sua Obra! Ele não soube ser outra coisa que não compassivo. Era o extrato da Sua Pessoa!
Mais impressionante é a rapidez com que tudo acontece também isso evidência das características particulares da cura. Jesus não pediu que o leproso fosse lavar-se ao tanque de Siloé ou que se banhasse 7 vezes como no caso do leproso Naamã. Diz Marcos: "No mesmo instante, a lepra desapareceu e ele ficou curado".
O cuidado que O Mestre manifestou para com o leproso é surpreendente. Jesus quer que ele seja feliz o resto da sua vida. Quer que ele volte ao seio da sua família e da sociedade, que obtenha declaração de cura perante o sacerdote. Este é também o objetivo da Obra de Deus a favor do pecador - que ele seja "bem-aventurado para sempre".
4. ELE NÃO CONSEGUIU FICAR CALADO   
Quando você toca o coração de Deus... Deus toca o seu coração à alegria do Senhor resplandece em sua vida... é algo incotrolavel..
Mesmo Jesus tendo-lhe instruído a não falar nada do milagre (pois, naquele momento do seu ministério, Jesus não queria este tipo de divulgação), ele não conseguiu se segurar.
É a reação que costumamos verificar nos novos convertidos, que não conseguem deixar de falar. Jesus o mandou calar; mas, ele falou.  Hoje, Jesus nos manda falar; mas, muitos de nós nos calamos.    Ele não conseguia calar. Muitos não conseguem falar.
Os Evangelhos fazem questão de registrar alguns episódios semelhantes de cura em que a ordem de silêncio não foi respeitada. Marcos diz que Jesus "ordenou duramente". Que eu saiba, dentre aqueles que não conseguiram silenciar a alma, apesar da ordem contrária de Jesus, a nenhum o Mestre procurou para os acusar de desobediência. A libertação que o leproso sentiu não conseguiu conter a verdade acerca Daquele que o tinha beneficiado. Há momentos na vida das pessoas, em que perante a evidência do trabalho de Deus, o espírito de partilha é mais forte que qualquer outra coisa. O que aconteceu no coração do leproso foi uma simbiose de reconhecimento, gratidão, libertação e transformação. E quando estas coisas acontecem em simultâneo a alma desprende-se em adoração, em louvor, em afirmação.
A proclamação do leproso a respeito do seu Salvador e da transformação que nele havia operado, obrigou Jesus a ficar retido fora da cidade por conveniência de missão. Mas isso não impediu que toda a gente viesse procurá-lO. Quem fala do que o transformou fala do que o pode transformar! E este é um privilégio dos transformados. Os discípulos de Cristo que partilharam da experiência da "estrada de Damasco", e deve haver uma "estrada de damasco" na vida de todos os discípulos de Cristo, sabem que para uns há mais intensidade de luz que para outros, conforme a necessidade da alma. Muitos podem recordar com ardor no peito os momentos seguintes à conversão da alma.
A transformação interior, libertadora, faz soltar todos os sentidos, a exemplo do coxo de Atos 3. O judeu, culturalmente, dava abertura à sua alegria, perpetrada em festas de arromba. A Bíblia Hebraica oferece-nos registros de abundantes festas onde o exercício dos sentimentos estava bem presente.
Os cristãos evangélicos deixaram que a sua história fosse carregada de um sentimento regulador quanto aos sentimentos de libertação e transformação. Acho que bebemos demasiado de uma influência romanizante, proveniente de um catolicismo a que a maior parte de nós fomos "resgatados". Somos, muitas vezes, obrigados a regular a nossa alegria porque ela é achada desenquadrada no tempo e no espaço que ocupamos. Cantar tornou-se quase a única forma de expressar sentimentos de fé.
Temos de compreender que a fé é muito mais que regras. Ela é para ser vivida a toda a extensão da vida. As obrigações religiosas não são as únicas que trazem prazer diante de Deus. Também as obrigações familiares, sociais, laborais, escolares, físicas. Precisamos ver os efeitos de transformação do que Jesus já efetuou em nós, retirar isso da moldura a que estamos presos, para encontrar a dimensão real da transformação que já aconteceu
Conclusão:
Com sua fé, humildade e atitudes, este leproso saiu curado da presença de Jesus, pois, os verdadeiros adoradores nunca saem da presença de Jesus do jeito que chegaram. E jamais deixam de testemunhar suas maravilhas.

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