2021/09/08

OBEDIÊNCIA: O VERDADEIRO CONCEITO DE AMOR

Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. (1 Samuel 15.22)

Todos nós conhecemos a história. O Rei Saul recebeu a ordem de não tomar despojos dos amalequitas, mas destruir tudo, incluindo os animais. Quando o profeta Samuel descobriu que Saul tinha poupado muitos animais para o seu próprio uso, ele o condenou firmemente por sua desobediência.

O Rei Saul tentou justificar suas ações dizendo que tinha guardado os melhores dos animais a fim de usá-los para as ofertas de sacrifício a Deus. Pouco impressionado, Samuel fala no lugar de Deus: "Obedecer é melhor do que o sacrificar". E como resultado Deus rejeitou Saul — seu reino seria tomado e dado a outro.

Mas observe as palavras de Samuel — Obedecer é melhor do que o sacrificar".  Saul tinha oferecido sacrifício ao Senhor — e isso é algo bom! Mas nessa ocasião Deus rejeitou o sacrifício. A adoração de Saul era inaceitável. Por quê? Porque a desobediência de Saul ao mandamento de Deus mostrou que sua "adoração" era uma farsa. Deus não aceitará a adoração do desobediente.

Dois pontos principais de aplicação emergem a partir disso.

Primeiro, Deus espera que o obedeçamos, e nos considera responsáveis aqui. Deus não oferece sugestões. Ele dá mandamentos. E nós, suas criaturas, somos obrigados a obedecê-lo. Não devemos selecionar e escolher — devemos obedecer!

Segundo, não devemos fingir que adoramos a Deus, se não obedecemos aos seus mandamentos. Podemos ir com a maré — ir na igreja, dar o dízimo, cantar os hinos, orar — mas se formos desobedientes, nossa adoração não será aceitável.

Isso é fascinante e de significado imenso, e é um corretivo muito necessário para o nosso pensamento natural.

Quando pecamos — desobedecemos à Palavra de Deus — nossa tendência, em vez de se arrepender, é justificar esse pecado envolvendo-nos ainda mais fortemente na adoração. Asseguramo-nos de ir à igreja. Cantamos os hinos de coração. Damos dinheiro extra na hora das ofertas. E, talvez inconscientemente, queremos pensar que tudo isso compensa o pecado, que de alguma forma nossa boa adoração compensará a nossa desobediência. Mas podemos estar certos que Deus não é tão facilmente enganado. Nem ele é tão facilmente subornado.

Mais tarde na história de Israel o profeta Isaías condenou a nação por sua adoração. Ele condenou seus sacrifícios e ofertas — tudo o que Deus ordenou! Mas era tudo uma farsa, um ritual vazio e insincero, pois eram um povo desobediente.

No Novo Testamento o apóstolo faz o mesmo. Ele diz aos coríntios que a sua observância da Ceia do Senhor tinha trazido sobre eles o desprazer e a disciplina de Deus. A forma como eles estavam tratando uns aos outros na congregação era pecadora, e assim, a adoração deles era indigna de Deus. Aqui novamente a adoração é de acordo com o mandamento de Deus, mas foi rejeitada por causa de desobediência.

Tudo isso para dizer que Deus espera sinceridade na adoração. Não ousemos brincar com ele. Não podemos selecionar e escolher quais leis obedeceremos. E tendo desobedecido a Deus, não finjamos adorá-lo. Deus exige sinceridade na adoração!

Se alguém quisesse resumir a mensagem da Bíblia, poderia fazê-lo dizendo: "crer e obedecer" ou "crer em Cristo e arrepender-se."

 O Catecismo Maior diz deste modo: "O que as Escrituras ensinam principalmente? As escrituras ensinam, principalmente, o que o homem deve crer sobre Deus, e quais deveres Deus requer do homem."1 Requer-se dos crentes não só crerem em todo o conselho de Deus (i.e., a Bíblia), mas eles devem também obedecer a todos estes preceitos.

O propósito principal do ministério de Cristo por meio de Paulo era "fazer obedientes os gentios" (Rm. 15:18).

Paulo recebeu seu apostolado "para a obediência da fé entre todas as nações" (Rm. 1:5; cf. 16:25-26).

Paulo escreveu aos crentes corintos para que vissem se estavam "obedientes em tudo" (2Co. 2:9).

Os cristãos são salvos para que obedeçam a Deus. "Pois somos feitura sua, criados em Jesus Cristo para as boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas" (Ef. 2:10).

Quando Israel afirmou a aliança com Deus eles disseram: "Tudo que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos" (Ex. 24:7).

Como Deus requer uma obediência perfeita e perpétua à Sua santa lei, devemos examinar o significado, a natureza e a motivação desta obediência. A palavra "obedecer" significa alguém se submeter a uma ordem ou ser dirigido.

Há diferentes palavras gregas para "obedecer" no Novo Testamento, com diferentes nuances. A palavra mais comum é upskouo. Ela significa simplesmente obedecer ou se submeter e está relacionada com a idéia de ouvir.

Em português, se você pede a uma pessoa que faça algo, a resposta às vezes é: "Eu vou ouvir você," que significa, "sim, eu irei obedecer ao seu comando." O verbo upskouo e o substantivo upskoa (obediência, conformidade, submissão), quando usados no contexto da fé bíblica, se referem àqueles que ouvem a Palavra de Deus e então agem de acordo com ela. Eles obedecem ao que Deus diz e se submetem à autoridade de Deus.

Jesus trás um novo significado a esse verbo quando o associa o verbo a outro verbo amar...

João 14.21ª "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama".

Para Jesus o verdadeiro amor tem a ver com ouvir sua palavra e guardá-la, ou seja, obedecê-la. Isso é amar a Deus.

A partir desse pequeno versículo, podemos perceber que, para Jesus, o amor passa pelas ações de ter e guardar os mandamentos que Ele deixou para seus discípulos.

1. Ter os mandamentos

Para se viver uma vida de obediência e, conseqüentemente, amar verdadeiramente a Cristo é necessário, primeiramente, ter os seus mandamentos.

 O verbo ter, nesse contexto, significa se apossar das vontades divinas registradas nas Escrituras Sagradas, através de uma assídua e interessada busca por elas. É ler e estudar a Bíblia, procurando conhecer as ordenanças de Deus para seus filhos.

Nossa fonte de conhecimento é a Palavra de Deus. Através dela o Senhor se dá a conhecer de um modo especial. Ela é o nosso objeto de estudo para conhecermos verdadeiramente quem é o nosso Deus, e qual a Sua vontade para todo ser humano.

1.    A Bíblia é nossa única fonte e regra de fé e prática.

·         Somente a Escritura Sagrada é autoridade absoluta.

·         Somente a Escritura Sagrada define minhas convicções doutrinárias.

·         Somente na Escritura Sagrada encontro a verdadeira sabedoria.

·         Somente a Escritura Sagrada rege as minhas decisões.

·         Somente a Escritura Sagrada molda o meu comportamento.

·         Somente a Escritura Sagrada determina os meus relacionamentos.

2.    A Bíblia é plenamente inspirada pelo Espírito Santo.

Cremos que a Escritura Sagrada é plenamente inspirada. [2] Isto significa que o Espírito Santo exerceu soberanamente uma influência suficiente e completa estendendo-se a todas as partes das Escrituras, conferindo-lhes uma revelação autorizada de Deus, de modo que as revelações vieram a nós por intermédio da mente e da vontade de homens, todavia, elas são no sentido estrito, a Palavra de Deus. Esta influência do Espírito Santo que envolveu os escritores sacros, estendeu-se não somente aos seus pensamentos gerais, mas também a todas as palavras que eles usaram, de modo que os pensamentos que Deus desejou revelar-nos foram conduzidos com infalível exatidão. Não foram inspirados apenas os seus pensamentos, mas cada palavra original que os autores usaram.

3.    A Bíblia é clara em suas declarações sobre salvação e santificação.

Não se nega que as Escrituras contenham muitas coisas de difícil entendimento. É verdade que elas requerem estudo cuidadoso. Todos os homens precisam da direção do Espírito Santo para o correto entendimento e obtenção da verdadeira fé. Afirma-se, porém, que em todas as coisas necessárias à salvação, elas são suficientemente claras para serem compreendidas mesmo pelos iletrados.

Toda verdade necessária para a nossa salvação e vida espiritual é ensinada tanto explícita como implicitamente na Escritura. Tudo o que é necessário para 'a salvação e uma vida de obediência é inteligível para qualquer pessoa, desde que iluminada pelo Espírito Santo (1 Ts 2:13; 1 Pe 1:22-25).

4.    A Bíblia é inerrante em todas as suas afirmações.

A Bíblia é a revelação verbal de Deus. É sua voz. Todas as palavras da Bíblia foram inspiradas e expiradas por Deus. Ele fez homens registrarem as palavras exatas que desejava usar para comunicar seus pensamentos.

A Escritura é coerente e consistente. É uma unidade. Cada documento é integralmente coerente, e todos os documentos concordam entre si. Ela não contém contradições lógicas, paradoxos ou antinomias reais ou aparentes. A percepção de uma aparente contradição significa que se trata apenas de uma ilusão — um produto da mente humana —, e não de uma característica do texto.

A Escritura é infalível e inerrante. Da mesma forma que Deus não mente nem erra, a Bíblia — que é a própria voz de Deus e cujas palavras são as próprias palavras de Deus — não mente nem erra. A Bíblia não pode conter, nem contém, erros, quer em relação a questões espirituais, históricas ou de outra natureza. Ela está certa em todas as suas afirmações e inferências. A pessoa que considera qualquer porção da Escritura falível ou errada não tem motivo para se dizer cristã. Depois de ser bastante admoestada e advertida, ela deve ser considerada réproba e excomungada.

5. A Bíblia é suficiente para nos ensinar tudo em matéria de fé.

Na Bíblia o homem encontra tudo o que precisa saber e tudo o que necessita fazer a fim de que venha a ser salvo, viva de modo agradável a Deus, servindo e adorando-O aceitavelmente (2 Tm 3:16-17; 1 Jo 4:1; Ap 22:18).

Não podemos acrescentar nada à Bíblia (Dt 4:2; 12:32; Pv 30:5-6; Ap 22:18-19). Deus quer que descubramos o que crer ou fazer segundo a sua vontade somente na Escritura Sagrada (Dt 29:29; Rm 12:1-21). Não existe nenhuma revelação moderna que deva ser equiparada à autoridade da Palavra de Deus. Somente a Bíblia é a nossa única fonte e regra de fé e prática e não novas profecias (Sl 119).

Mas porque a Bíblia tem toda esta autoridade? A resposta é simples: ela é a Palavra inspirada por Deus.

2.           Guardar os mandamentos

Ter os mandamentos é apenas o primeiro passo do processo de obediência. Há um segundo: o guardar. Esse verbo, nesse versículo, tem o sentido de obedecer, cumprir. Após tomar ciência das vontades divinas, a próxima ação é realizá-las.

Estando de posse dos mandamentos do Senhor, devemos nos apropriar ainda mais deles, deixando que eles caiam em nossos corações e interfiram em nossa maneira de viver. Eles devem fazer parte de nós e gerar a energia que vai impulsionar e motivar atitudes em obediência à vontade de Deus.

Tudo o que Deus requer de nós é obediência. Quando ouvimos a voz de Deus e temos o desejo de fazer Sua vontade, frequentemente queremos substituir por algo mais, algo que vem de nós mesmos e acabamos crendo que isso é algo bom. Em 1 Samuel 15:3 o Senhor ordenou a Saul através de Samuel: "Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes; porém matarás homem e mulher, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos". Essa foi a ordem de Deus e Saul foi.

Ele destruiu os amalequitas e os animais, mas salvou Agague, o rei dos amalequitas, e preservou o melhor das vacas e ovelhas (1 Samuel 15:15). Isto é, Saul obedeceu a Deus somente pela metade. A ordem era para que não poupasse a nada. Para Saul, não lhe pareceu certo destruir tudo o que é bom, por isso ele exerceu sua própria vontade. Saul respondeu a Samuel: "De Amaleque os trouxeram; porque o povo poupou o melhor das ovelhas e dos bois, para os sacrificar ao Senhor, teu Deus; o resto, porém, destruímos totalmente". Repare que essa foi a justificativa de Saul: tudo o que ele poupou serviria como sacrifício a Deus. Por fim, Samuel disse: "Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros" (1 Samuel 15:22). Aqui tem dois princípios muito importantes:

O obedecer é melhor do que o sacrificar. O atender é melhor do que a gordura de carneiros

Mesmo que a intenção de Saul fosse aparentemente boa (de poupar o melhor para oferecer como sacrifício a Deus), essa não era a ordem de Deus. Por que a obediência é melhor do que o sacrifício?

Porque, muitas vezes, no sacrifício ainda pode existir a nossa vontade própria e isso não agrada a Deus. Já na obediência, ela precisa ser colocada de lado. E por que o atender é melhor do que a gordura de carneiros? A gordura é a melhor parte do carneiro para ser queimada para Deus, mas Ele se agrada mais de alguém que atende a sua voz, do que alguém que sacrifica muito. Ele disse: "o atender é melhor do que a gordura de carneiros".

A ênfase de Jesus sempre foi à prática de sua Palavra nos mínimos detalhes de nossas vidas. O texto de Lucas 6.46-49 nos mostra essa verdade.

"Por que vocês me chamam 'Senhor, Senhor' e não fazem o que eu digo?

Eu lhes mostrarei a que se compara aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica.

É como um homem que, ao construir uma casa, cavou fundo e colocou os alicerces na rocha. Quando veio a inundação, a torrente deu contra aquela casa, mas não a conseguiu abalar, porque estava bem construída.

Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica, é como um homem que construiu uma casa sobre o chão, sem alicerces. No momento em que a torrente deu contra aquela casa, ela caiu, e a sua destruição foi completa". Lucas 6:46-49

Pergunta: No conceito de Jesus, é coerente alguém chamá-lo de Senhor e não fazer o que Ele ordena?

CONCLUSÃO

Vimos que amar a Deus é obedecê-lo e que isso passa pelo processo de ter e guardar os seus mandamentos. A partir disso, três tipos de pessoas podem ser identificadas:

1.           Aqueles que não têm e, conseqüentemente, não guardam os mandamentos;

2.           Aqueles que têm, mas não guardam os mandamentos;

3.           Aqueles que têm e guardam os mandamentos.

Perguntas:

1.           Em qual dos três grupos você se encontra?

2.           Em qual deles gostaria de estar?

O nosso amor a Deus não é manifestado apenas e principalmente quando, nos cultos dominicais ou de semana, levantamos as mãos e dizemos a Deus que o amamos. "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama".

O amor a Deus é demonstrado prioritariamente quando obedecemos aos seus mandamentos. Falar que amamos não é suficiente. Atitudes se fazem necessárias. Quanto a isso, Jesus disse o seguinte: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mateus 7.21).


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