2021/09/08

Tema: Páscoa - Marcos 16.1-8

Páscoa ou Domingo da Ressurreição é uma festividade religiosa e um feriado que celebra a ressurreição de Jesus ocorrida ao terceiro dia após sua crucificação no Calvário, conforme o relato do Novo Testamento

 A morte por crucificação era uma das formas de punição da lei romana contra os criminosos. Era reservada para escravos e para crimes considerados graves, tais como insurreições contra o domínio romano. A maior crucificação de que se tem notícia ocorreu em 71 a.C., após o controle de uma revolta de 200.000 escravos. Em um só dia, foram crucificados cerca de 6.000 dos revoltosos vencidos.

Por que Jesus foi condenado à morte por crucificação? Os líderes religiosos dos judeus se reuniram e, apresentando diversas falsas testemunhas, tentaram condenar Jesus à morte. Como os testemunhos eram incoerentes e Jesus a nada respondia, permanecendo em silêncio, eles decidiram pressioná-lo, perguntando-lhe, explicitamente, se ele era o Cristo, o Filho de Deus bendito. Mediante a resposta positiva de Jesus, eles o acusaram de blasfêmia e o julgaram digno de morte (Marcos 14.55- 65).

Entretanto, como não podiam executar esse tipo de pena, tiveram que levar Jesus a Pilatos, governador romano na época, fazendo contra ele falsas acusações (subversão da ordem da nação, proibição de pagamento de impostos a César e declaração de ser o rei dos judeus, Lucas 23.2). Pilatos, contudo, após avaliar o caso, disse aos líderes religiosos dos judeus:

 "Vocês me trouxeram este homem como alguém que estava incitando o povo à rebelião. Eu o examinei na presença de vocês e não achei nenhuma base para as acusações que fazem contra ele. Nem Herodes, pois ele o mandou de volta para nós. Como podem ver, ele nada fez que mereça a morte. Portanto, eu o castigarei e depois o soltarei" (Lucas 23.14-16).

Após isso, sabemos que, mediante pressão popular e fraqueza de caráter da parte de Pilatos, Jesus foi entregue à morte por crucificação. Entretanto, a pergunta ainda permanece: Por que Jesus foi condenado à morte?

Ele disse, em João 10.17-18: "Eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la".

O apóstolo Paulo escreveu, em 1Coríntios 15.3: "Cristo morreu pelos nossos pecados".

João 3.16 diz: "Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".

Deus, por causa de seu amor pelo mundo e dos pecados da humanidade, entregou Jesus para ser morto na cruz, de modo que a pena devida aos pecados fosse paga e aqueles que crerem em Cristo e se entregarem a Ele sejam livres da condenação e voltem a se relacionar com Deus.

Hoje, quero falar com vocês sobre os benefícios da morte de Jesus na cruz. Que o Espírito Santo nos revele as riquezas da obra da cruz! Quais são os benefícios que essa morte pode nos dar? Para entendermos melhor isso, é necessário, antes, entendermos quais são os malefícios provocados aos seres humanos pelo pecado. São eles:

1.    Morte: Merecemos a morte como castigo pelos nossos pecados.

Romanos 3.23 diz: "Pois o salário do pecado é a morte".

Efésios 2.1 diz: "Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados";

2.    Ira de Deus: Merecemos receber a ira de Deus por causa dos nossos pecados.

 Romanos 1.18 diz: "A ira de Deus é revelada dos céus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça";

3.    Separação de Deus: Estamos separados de Deus por causa dos nossos pecados.

 Isaías 59.2 diz: "As suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá";

4.    Escravidão: Estamos escravizados ao pecado e ao reino de Satanás.

João 8.34 diz: "Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado".

Romanos 7.14 diz: "Sabemos que a Lei é espiritual; eu, contudo, não o sou, pois fui vendido como escravo ao pecado".

Para cada um desses malefícios, a morte de Jesus na cruz tem uma contrapartida de benefícios. Nisso consiste a salvação providenciada pela cruz à humanidade. Esses benefícios são:

1. Expiação

"Expiação" é uma palavra presente apenas no Antigo Testamento, principalmente nos livros de Levítico, Números e Êxodo, apesar de o seu conceito também estar presente no Novo Testamento. Ela estava associada aos sacrifícios de animais que eram feitos por causa dos pecados humanos.

 Um animal, ao ser sacrificado por causa de um pecado, estava substituindo um ser humano no recebimento do castigo devido. Desse fato é que se origina a atual expressão "bode expiatório", usada quando uma pessoa recebe a culpa e o castigo no lugar de outra. Após o sacrifício, simbolicamente, a pessoa estava livre da condenação merecida.

Jesus morreu na cruz recebendo o castigo que nós merecíamos receber por causa dos nossos pecados. Segundo Hebreus 10.4, era impossível que o sangue de touros e bodes tirasse pecados. Esses sacrifícios eram apenas símbolos do sacrifício perfeito de Cristo, o qual expiaria por completo os pecados da humanidade (Hebreus 9.26).

Mas agora ele apareceu uma vez por todas no fim dos tempos, para aniquilar o pecado mediante o sacrifício de si mesmo. Hebreus 9:26

2. Propiciação

"Propiciação" é uma palavra presente nos dois testamentos bíblicos. Ela está relacionada à ira manifestada por Deus por causa dos pecados da humanidade. Propiciar significa desviar a ira mediante uma oferenda. Para nos livrar da ira de Deus, Jesus morreu como propiciação pelos nossos pecados. Uma das reações de Deus ao pecado foi a ira, porque o pecado lhe foi uma ofensa. Mediante a oferta sacrificial de Jesus, a ira de Deus foi acalmada e satisfeita.

Moisés disse, em Êxodo 32.30: "Vocês cometeram um grande pecado. Mas agora subirei ao Senhor, e talvez possa oferecer propiciação pelo pecado de vocês".

 Paulo escreveu, em Romanos 3.25: "Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos".

1João 2.2 diz: "Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo".

3. Reconciliação

A humanidade está separada de Deus por causa de seus pecados, sem relacionamento com Ele. Através da morte de Jesus, por causa da expiação dos pecados humanos e da propiciação da ira.

 Romanos 5.11: "Nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação".

 Em 2Coríntios 5.18-19, está escrito: "Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação".

O conceito de reconciliação está presente nas três parábolas de Lucas 15: a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido. Todas essas histórias têm a idéia de algo que estava perdido (ou seja, distante) e foi encontrado (ou seja, reaproximado). Esse conceito está bem claro na história do filho perdido, o qual estava distante do pai e decidiu voltar para casa, reaproximando-se, assim, do pai e voltando a ter comunhão com ele.

4. Redenção

O significado de "redenção" pode ser bem expresso pela palavra "resgate". Quando uma pessoa é sequestrada, é exigido um resgate em troca dela. Igualmente, no mundo antigo, um escravo poderia ser resgatado, ou redimido, quando alguém pagasse por ele o devido preço.

Estando a humanidade escravizada a Satanás e ao pecado, para ser livre, um preço de resgate deveria ser pago. Isso foi feito através da morte de Jesus na cruz. O sangue de Jesus foi o preço pago por Deus a Satanás pela liberdade dos seres humanos cativos.

 Em Efésios 1.7, está escrito: "Nele temos a redenção por meio de seu sangue".

Colossenses 1.13-14 diz: "Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção".

Jesus disse: "Nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Marcos 10.45).

1Timóteo 2.5-6 diz: "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos".

A morte de Jesus na cruz proporcionou os seguintes benefícios aos seres humanos.

• Expiação do castigo devido aos pecados;

• Propiciação da ira de Deus devida aos pecados;

• Reconciliação com Deus;

• Redenção da escravidão ao pecado e a Satanás.

Entretanto, só recebe esses benefícios aquele que, pela fé, aceita e recebe o sacrifício de Jesus pelos pecados. João 3.16 diz: "Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".

Romanos 5.1-2 diz: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes".

 Jesus não apenas morreu na cruz por nossos pecados. Ele também ressuscitou! Os textos de Mateus 28.1-10, Marcos 16.1-8, Lucas 24.1-12 e João 20.1-9 nos contam essa história.

Apesar de a morte de Jesus, atualmente e no desenvolvimento da história da Igreja, ser mais mencionada e valorizada do que a ressurreição, isso não está correto.

A ênfase do testemunho da Igreja primitiva estava na ressurreição de Jesus e não em sua morte. Atos 1.22, referindo-se ao fato de os apóstolos estarem à procura de um homem que ocupasse o lugar de Judas Iscariotes no grupo, diz: "É necessário que um deles seja conosco testemunha de sua ressurreição".

Em sua grande primeira pregação, Pedro disse: "Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da morte, porque era impossível que a morte o retivesse. (...) Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos testemunhas desse fato" (Atos 2.24,32).

Atos 4.33 diz: "Com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus".

Por que a ressurreição de Jesus foi considerada tão importante pela Igreja primitiva? Quais os significados e consequências dessa ressurreição?

 1. A ressurreição de Jesus valida o seu sacrifício na cruz

Paulo escreveu em 1Coríntios 15.14,17: "Se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm. (...)

O que Paulo quis dizer com esse texto? Paulo quis dizer que a ressurreição de Jesus é o que autentica e valida o seu sacrifício, ou seja, se Jesus não tivesse ressuscitado dos mortos, sua morte na cruz teria sido inútil.

A ressurreição era uma sequência necessária à morte. Nesse sentido, Romanos 4.25 diz: "Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação".

A palavra justificação é sinônima de "salvação" e se refere a, em Cristo, sermos declarados justos por Deus.

Não apenas a obra de Jesus foi validada pela sua ressurreição. De acordo com o apóstolo Paulo, sua identidade como Filho de Deus também o foi. Ele escreveu, em Romanos 1.4: "Mediante o Espírito de santidade foi declarado Filho de Deus com poder, pela ressurreição dentre os mortos: Jesus Cristo, nosso Senhor".

2. A ressurreição de Jesus possibilita uma nova vida ao crente

Paulo escreveu, em 2Coríntios 5.17: "Se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!".

O experimentar de uma nova vida em Cristo só é possível porque Ele ressuscitou dos mortos.

1Pedro 1.3 diz: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos".

 Para Pedro, o cristão só pôde ser regenerado, ou seja, nascer de novo, por causa da ressurreição de Jesus.  

Nesse sentido, Romanos 6.4 diz: "Fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado; pois quem morreu, foi justificado do pecado. Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. Pois sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez: a morte não tem mais domínio sobre ele. Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus". Jesus, ao ressuscitar dos mortos, venceu a morte e o pecado. Assim, aquele que está nEle, ou seja, crê nEle, morreu para o pecado e ressuscitou para uma nova vida, conforme a vontade Deus.

3. A ressurreição de Jesus assegura a ressurreição do último dia

Por quatro vezes no capítulo 6 do Evangelho segundo João, Jesus se refere à ressurreição do último dia (João 6.39-40,44,54). Que ressurreição é essa? É a ressurreição dos mortos em Cristo que acontecerá quando Jesus voltar.

 Paulo fala sobre isso em 1Tessalonicenses 4.16: "Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro".

De acordo, também, com Paulo, essa ressurreição está assegurada por causa da ressurreição de Jesus.

1Coríntios 6.14 diz: "Por seu poder, Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará".

2Coríntios 4.14: "Sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, também nos ressuscitará com Jesus".

1Coríntios 15.20 diz: "De fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram".

O que significa Cristo ser "as primícias dentre aqueles que dormiram"? Significa que Ele foi o primeiro de muitos a ressuscitar dos mortos, ou seja, que assim como Ele ressuscitou, os demais filhos de Deus também irão ressuscitar.

A ressurreição do último dia, ainda de acordo com Paulo, em 1Coríntios 15.51-55, significará a vitória final e definitiva de Cristo sobre a morte e o pecado. Os filhos de Deus ressuscitarão em um corpo incorruptível, sem pecado e sem possibilidade do pecado, e os que estiverem vivos também receberão esse corpo. Assim, não haverá mais oportunidade para a morte e o pecado entre os filhos de Deus. Citando os profetas Isaías e Oséias, Paulo escreve:

 "A morte foi destruída pela vitória. Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?" (1Coríntios 15.54-55).

 Esse é um hino de vitória, de celebração e alegria pela ressurreição do Cristo e da Igreja. Porque Ele venceu, a Igreja também vencerá!

A ressurreição de Jesus:

• Valida o seu sacrifício e o seu status de Filho de Deus, mediante o que somos salvos;

• Possibilita uma nova vida, mediante o que somos santificados;

• Assegura a ressurreição do último dia, mediante o que seremos glorificados;

• Significa vitória sobre a morte e o pecado, pelo que devemos nos alegrar e celebrar.

Você crê na ressurreição de Jesus?

1. Da fé nessa ressurreição depende sua salvação, ou seja, não basta crer apenas que Jesus morreu por você. Ele morreu e ressuscitou;

2. Da fé nessa ressurreição depende sua santificação, ou seja, é essa vitória de Jesus sobre o pecado que te possibilita vencer o pecado hoje;

3. Da fé nessa ressurreição dependerá o seu futuro, pois Cristo foi a primeira das ressurreições dos filhos de Deus;

4. Da fé nessa ressurreição, surgirá uma grande alegria e desejo de celebrar em seu coração! Ele venceu a morte e o pecado!

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