2021/09/08

Serie +1:Todos em missão+ Perto

INTRODUÇÃO À SÉRIE

Deus é um ser relacional. Na criação do mundo, no livro de Gênesis, Deus toma as decisões no plural: "façamos".

Por toda a história, o Criador faz questão de manter relação próxima com a criação, sobretudo com o ser humano, mesmo este separado de Deus por condição de pecado.

O Evangelho intensifica apresentando o Filho de Deus que prioriza relacionamentos, diálogos, cuidado e empatia com as pessoas. Jesus veio chamar os pecadores: se movimentando a eles, acolhendo-os, ouvindo-os, amando-os. Jesus veio para que o Reino de Deus esteja + perto.

INTRODUÇÃO AO TEMA

É interessante notar que na vida cristã há um intenso movimento que o Evangelho nos proporciona à medida que vamos nos aprofundando no centro de sua proposta. Você pode perceber nas outras semanas que este movimento começa diretamente do coração de Deus: o Evangelho.

E este Evangelho, que é boa notícia, nos convida ao coração de nossa experiência social, a casa, a família, e nos move numa profunda e densa mudança de abertura ao coração/vida do outro (a): em acolhida e cuidado com aqueles e aquelas que como nós, precisam do amor do Abba.

Hoje iremos aprofundar nossa reflexão de Lucas 5. 27-32 com um olhar mais atento ao movimento que o Evangelho nos convida a viver em nossos relacionamentos profundos com Jesus e com aqueles que nos cercam e se aproximam de nós.

Lucas 5:27-32 - 27Depois disso Jesus saiu e viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse: — Venha comigo. 28Levi se levantou, deixou tudo e seguiu Jesus. 29Então Levi fez para Jesus uma grande festa na sua casa. Havia ali muitos cobradores de impostos, e outras pessoas estavam sentadas com eles. 30Os fariseus e os mestres da Lei, que eram do partido dos fariseus, ficaram zangados com os discípulos de Jesus e perguntaram: — Por que vocês comem e bebem com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama? 31Jesus respondeu: — Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 32Eu não vim para chamar os bons, mas para chamar os pecadores, a fim de que se arrependam dos seus pecados. (NTLH)

Orar

O capítulo 5 do Evangelho de Lucas inicia com o chamado dos discípulos seguido da cura de um leproso e um paralítico. Na sequência, Lucas relata que Jesus viu um publicano e fez o convite que mudou completamente sua vida. Se você já percebeu, estamos trabalhando no mesmo texto chave durante essa série.

Levi é convidado a se levantar e viver uma vida tanto autêntica quanto livre. Levi é impulsionado a levantar-se da coletoria, seguir a Jesus e acolher aqueles e aquelas que ninguém quer acolher. Em sua nova experiência social, ele é chamado a se deslocar do "eu" e ir ao encontro do outro(a) num movimento de acolhida, escuta, toque e amor.

 O desafio contido nesse movimento é para irmos:

1 - +PERTO PARA MOVER E ACOLHER

Jesus nos convida a sair da inércia e nos mover para acolher

v. 27 - "... Jesus saiu e viu um cobrador de impostos..."

A condição dos publicanos naquele tempo era de completo ódio e desprezo pelos judeus, além de serem considerados traidores do povo por servirem voluntariamente os opressores, pesava sobre eles também a fama de serem avarentos, corruptos e egoístas, e como se não bastasse, eram desprezados por questões religiosas, pois o trabalho de cobrador de impostos exigia contato frequente com povos gentios.

Os rabinos geralmente ensinavam seus discípulos que eles deveriam evitar a qualquer custo sentar- se à mesa com eles ou manter qualquer tipo de contato social.

O mestre de Nazaré traz uma boa notícia para Levi. Os verbos sair e ver do verso 27, indicam que há um movimento especial acontecendo naquele episódio:

Jesus não se deixa vencer pelas convenções humanas, pelos preconceitos e toda sorte de estigmas que são impostos.

Para acolher aquele que é alvo do amor do Pai, o mestre de Nazaré rompe o silêncio e a inércia e se move em direção daquele que sofre o peso do preconceito, da solidão e da pesada carga emocional que é ser rejeitado por outros.

A exemplo de Cristo, somos chamados a sair do conforto de nossas vidas cotidianas e romper a barreira relacional (a bolha) que estamos vivendo, para nos mover em acolhida daquele(a) que em nossas cidades sofrem o peso de uma vida sem sentido.

Este movimento é intencional! Jesus queria acolher e oferecer a Levi uma nova chance de vida. Não sei se você notou, mas apenas uma palavra, um convite de Jesus para Levi: "... Siga-me!...", conferiu mudança, sentido e salvação na vida do cobrador.

2 - +PERTO PARA DECIDIR E RELACIONAR

Jesus nos convida a decidir iniciar um novo relacionamento

v. 28 "...Levi se levantou, deixou tudo e seguiu Jesus."

Ao ser acolhido e convidado, o publicano toma uma decisão radical em sua vida: ele deixa tudo e se lança em um novo relacionamento. A proposta de Jesus de Nazaré encontrou eco em suas expectativas. Havia alguma coisa que não estava no lugar e agora foi consertado...

Podemos imaginar que os anos na coleta de impostos, os rótulos de traidor, avarento e pecador o fizeram acreditar que talvez ali seria seu lugar mesmo. Que ser um pecador mal afamado era o fim de sua jornada de vida. Mas naquele dia foi diferente...

Aquele homem lhe trouxe a chance de mudança. Uma outra condição, um novo jeito de viver estava sendo oferecido apenas por um movimento, um olhar, uma frase acolhedora.

Ele (Levi) era a prova de que Deus não nos deixa à sorte das nossas escolhas e fraquezas, mas se encontra conosco, se move em nossa direção e inicia um novo relacionamento que nos proporciona mais vida.

Havia duas decisões a tomar: aceitar o convite ou rejeitar? A resposta imediata diz muita coisa. O texto diz que o homem "levantou-se, deixou tudo e seguiu". Alguns comentaristas do texto chamam este episódio de "A vocação de Levi". Uma vocação que nasce de um convite, de uma proposta de relacionamento e de uma resposta imediata, sincera e aberta para novas descobertas.

A misericórdia de Deus não somente acolhe, mas vai em busca dos perdidos e os reintegra na comunidade de fé.

A exemplo de Levi, somos encontrados por Jesus em nossas crises e em nossos dramas diários. Este encontro gera em nós um conflito interessante: abrir-se para a nova possibilidade de viver mais vida ou continuar a jornada desconectado dEle?

Essa decisão mudará o presente e o futuro de cada um de nós. Como vimos no primeiro domingo, o Evangelho é uma ação de Deus se movendo em amor em nossa direção. Somos acolhidos pelo amor incondicional de Deus que nos constrange a nos deixar ser amados por ele.

Você está sendo convidado a se relacionar e a estar +Perto de Jesus, +Perto de Deus. Qual a sua decisão?

3 - +PERTO PARA CRIAR PONTES DE RELACIONAMENTO

O convite de Jesus nos leva a criar pontes de relacionamentos saudáveis

v. 29 – "Então Levi fez para Jesus uma grande festa na sua casa. Havia ali muitos cobradores de impostos, e outras pessoas estavam sentadas com eles."

O convite de Jesus ao publicano Levi gera uma releitura da experiência cotidiana, ou seja, uma ressignificação das coisas corriqueiras da vida.

Como um publicano corrupto, mal afamado e avarento pode, de forma quase instantânea, mudar seu comportamento, sua forma de relacionamento com os outros?

 No texto, encontramos a palavra "então" que sugere uma mudança de situação como consequência do encontro com Jesus. O publicano percebe que necessita estar +PERTO de Jesus de Nazaré, a boa notícia de Deus, e ao mesmo tempo, +PERTO do outro (a), que também é alvo do amor do Abba.

 O convite ao banquete é celebração alegre e simples de alguém que se sentiu acolhido, amado e que deseja responder ao chamado "...siga-me!...", não somente de forma teórica, mas se abre de forma prática para encontrar-se com o outro (a) na presença de Jesus de Nazaré.

Levi se torna ponte de ligação entre os "publicanos (cobradores de impostos) e outras pessoas" ao amor de   Jesus, seu mestre e senhor.

Um banquete se torna o lugar ideal para o encontro, não há mais a ostentação da riqueza ou qualquer outra intenção anterior, a reunião em sua casa é sinal de mudança e ressignificação da vida: gratidão, relacionamento e partilha da experiência com Deus.

A prática da vocação de Levi é desafiadora: responder a Graça com a Graça.

O amor cristão não pode ser seletivo; ele tem de ser amplo o suficiente para acolher e alcançar a todos (as), e até aqueles que a sociedade rotulou, descartou e cujo o aspecto não nos atrai, cuja a aparência nos impulsiona ao afastamento: "os pecadores e doentes" que faziam com que os publicanos e fariseus murmurassem naquele belo banquete. 

O banquete é sinal de mudança, de conversão e postura graciosa. O banquete é sinal de adoração e missão.

Missão! Sim, Missão! Missão de criar pontes intencionais para que outros (as) ouçam a mensagem do Evangelho e possam decidir se entregar ao amor do Abba.

v. 29 b. "Havia ali muitos cobradores de impostos, e outras pessoas estavam sentadas com eles."

Estamos vivendo em tempos de extrema conexão e desconexão...

As redes sociais geram a ilusória sensação de que não há mais fronteiras no mundo, que estamos todos irmanados por meio de provedores e plataformas digitais. A cada dia aumentam os casos de depressão, suicídio, separações e crises das mais variadas matizes.

O texto que lemos é um desafio ao movimento.

"Deus nos chama a todos para fora do esconderijo. Ele nos chama de onde quer que tenhamos ido para encontrar vida, chama-nos de volta para casa". Brennan Manning

Deus se movimenta até nós (em Jesus) e a nós nos convida a nos movimentarmos em sua direção em adoração sincera e livre. A consequência é uma experiência incrível de movimento em favor do outro (a) em acolhida graciosa e em relacionamento saudável.

Acolhida e cuidado sugerem mudança de vida, de ressignificação da experiência cotidiana e de um estilo de vida que se compromete a conectar pessoas a pessoas, e pessoas a Jesus de Nazaré, promovendo e realizando o reino de Deus. Chamamos isto de estilo de vida missional.

Estilo de vida em que lhe move a missão, ao +Evangelho; +Casa; + Perto e na próxima semana +Fora. Fique atento (a)!

A missão de Deus continua a mesma neste tempo de pandemia...

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