Série Deus é: Generoso

 

"Que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento."

(1 Timóteo 6.17)

 

Queridos antes de falarmos sobre a generosidade de Deus precisamos desfazer falsas narrativas sobre Deus.

Alguns anos atrás (contar sobre o crente raivoso). Esse rapaz tinha uma narrativa clara. Deus está furioso com você por causa do seu pecado, e o seu pecado acabará levando-o a queimar para sempre no inferno.

Mas esse rapaz nunca mencionou o amor de Deus. Não havia nenhuma referência à graça de Deus. Ele pregou contra o pecado, mas apenas no que tange ao castigo que ele acarreta. Não mencionou o dano que ele causa na alma da pessoa.

Narrativa falsa: Obtendo favor

Meus irmãos, embora a narrativa desse homem seja extrema, não é incomum. Em geral, não é expressa em linguagem tão feroz, tão Preto no Branco, ou de maneira tão simplista. Sua narrativa dominante é a do merecimento do favor de Deus, profundamente arraigado em nossa cultura e na cultura de muitas das nossas igrejas.

Essa narrativa prega o seguinte: o amor e o perdão são produtos de altíssima qualidade trocadas por desempenho. O amor, aceitação e o perdão de Deus precisam ser merecidos por meio de uma vida correta. E o que Deus mais quer, é que não pequemos, mas que em vez disso pratiquemos o bem.

Essa narrativa está enraizada, como estão todas as falsas narrativas em uma meia a verdade.

As narrativas da cultura do merecimento

Essa narrativa está arraigada em nosso mundo, no qual o merecimento é o meio pelo qual obtemos coisas.

Desde pequenos aprendemos que o amor dos nossos pais é pelo nosso bom comportamento; que nossas notas na escola são dadas com base em nosso desempenho acadêmico; que afeição nos é oferecida com base em nossas atividades; que a rejeição, a solidão e o isolamento são as consequências do fracasso.

Quando todas as pessoas, em todas as situações, e todos os dias da nossa vida nos tratam com base em nossa aparência, nossas ações e nosso desempenho, é difícil não projetar isso em Deus.

 No entanto, Deus é maior que nossos pais, é mais sensível que as figuras de autoridade e enxerga mais do que nossos amigos mais próximos são capazes de perceber.

A equivocada narrativa bíblica de merecimento

Não somente nosso mundo e nossa cultura, mas também a própria Bíblia é usada para dar suporte a narrativa de merecer favor.

Por exemplo: Os israelitas foram punidos enviados ao exílio por causa da sua desobediência. A filha ilegítima de Davi morreu presumivelmente porque foi concebido em um ato de adultério. E só com esses dois versículos os religiosos cristãos já devem estar pensando é isso mesmo. Tá certo!!!

Mas quero contrapor essa narrativa falsa dizendo o seguinte: Que há uma narrativa maior que deve guiar nossa compreensão nessas histórias.

·         Israelitas foram escolhidos por Javé sem nenhuma razão aparente e foram libertos do cativeiro levados a uma terra de leite e mel, a despeito de não ter feito nada para merecer.

·         O adultério de Davi devia ter resultado em sua própria morte, mas em vez disso, ele se tornou um homem segundo o coração de Deus Ato13:22

·         Davi teve outro filho Salomão, gerado pela mesma mulher com que ele havia cometido adultério e Salomão tornou-se sábio, poderoso e rico.

Dizer que o pecado tem consequências é diferente de dizer que por causa do nosso pecado Deus nos rejeita inteiramente.

Embora possamos encontrar algumas narrativas de merecimento em passagens bíblicas selecionadas, não há cobertura suficiente para uma teologia baseada na culpa e no medo.

A narrativa mais ampla da história bíblica é uma imensa tapeçaria da Graça e Generosidade. Deus providencia roupas para os recém caídos Adão e Eva.

Deus escolhe um povo queixoso e adúltero bando de nômades que frequentemente segue outros deuses e apesar disso nunca desisti dele.

O salmista proclama a mais profunda verdade sobre Deus "o seu amor dura para sempre". A palavra Hebraica que traduzimos por amor é (Hesed) ela ocorre 147 vezes em Salmos, sempre para descrever a natureza de Deus.

Dêem graças ao Deus dos céus. O seu amor dura para sempre! Salmos 136:26

Imagine a seguinte ilustração em sequência o garoto encontra a garota e garoto perde a garota e garoto recupera garota, se você isolasse uma sessão o garoto perde a garota, tentando explicar a história toda com um único episódio, seu entendimento estaria limitado e distorcido certo?

O mesmo é verdadeiro quando tomamos uma história isolada como por exemplo relato sobre Ananias e Safira em Atos 5 ignoramos a narrativa maior.

Se tomarmos uma história com versículo isolado por exemplo "ameia Jacó e aborreci Esaú." Romanos 9.13 e tentarmos construir nossa doutrina de Deus sobre ela, seremos acusados de cometer negligência bíblica.

Passagens isoladas não devem extrapolar sua posição em relação a narrativa mais ampla. A narrativa dominante da Bíblia e a história da graça imerecida de um Deus cujo amor não é demovido pela pecaminosidade humana e de um Cristo que morre pelos pecadores.

Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores. Romanos 5:8

As narrativas menores são parte da ambiguidade de todas as histórias épicas e a metanarrativa da Bíblia é a história do amor de Deus que combina na encarnação, morte e ressurreição de Deus em benefício de um mundo rebelde.

Por essa razão que devemos interpretar a Bíblia como um todo e cada uma das suas partes à luz de Jesus. Vale destacar que cada vez que Paulo cita a História da Bíblia Hebraica ele interpreta a luz de Jesus.

Paulo não reconta a história de Abraão por si só. Ele incorpora a história de Abraão a história de Jesus. A fé que Abraão tinha como a fé que temos em Cristo que nos torna justificados a parte da Lei.

 A queda de Adão não foi a última palavra. O pecado de Adão foi vencido pela não pecaminosidade e pelo auto sacrifício de Jesus. As narrativas menores precisam ser interpretadas à luz da narrativa principal da Bíblia é a graça e o amor imerecido.

A NARRATIVA DE JESUS: O DEUS GENEROSO

Nosso Senhor Jesus está sempre abençoando, e nem por um só instante recolhe Sua mão. Enquanto houver um vaso de graça que não esteja cheio até a borda, o óleo não cessará.

·         Ele é um sol sempre brilhando;

·         Ele é o maná sempre caindo no campo ao redor;

·         Ele é a rocha no deserto, sempre expelindo ribeiros de vida de sua face golpeada;

·         A chuva de Sua graça está sempre caindo;

·         O rio de Sua generosidade está sempre fluindo,

·         E a fonte do Seu amor está sempre transbordando.

Como o Rei nunca pode morrer, assim Sua graça nunca pode falhar. Diariamente nós colhemos Seu fruto, e diariamente Seus galhos curvam-se ante nossas mãos com um fresco estoque de misericórdia.

·         Quem já voltou de Sua porta sem ser abençoado?

·         Quem já levantou de Sua mesa insatisfeito, ou de sua intimidade sem sentir-se num paraíso? Suas misericórdias são novas a cada manhã e frescas a cada noite.

·         Quem pode conhecer o número de Seus benefícios, ou recontar a lista de Suas generosidades?

·         As asas das horas são cobertas com a prata de Sua benignidade, e com o dourado ouro da Sua afeição.

·         O rio do tempo carrega da montanha da eternidade as areias douradas de Seu favor. As incontáveis estrelas são ainda como os símbolos condutores de uma mais inumerável hoste de bênçãos.

·         Quem pode contar a poeira dos benefícios que Ele concedeu a Jacó, ou dizer o número da quarta parte de Sua misericórdia para com Israel?

·         Como minha alma exaltará aquele que diariamente nos supre com benefícios, e que nos coroa com amável benignidade?

Deus além de Bom e digno de confiança é extremamente Generoso e sua generosidade pode ser reconhecida a todo momento. Vamos ver algumas situações porque Deus é generoso.

1. Deus é generoso. Porque Foi generoso ao criar. O salmista exclama: "Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Fizeste todas elas com sabedoria; a terra está cheia das tuas riquezas" (Sl 104.24).

 Você já parou pra pensar na variedade de alimentos, frutas, animais, vegetação, personalidades, nações, estrelas, constelações, galáxias, enfim é algo inimaginável, a multiforme graça de Deus está espalhada pela criação.

2. Deus é generoso no cuidado pela criação. O salmista afirma que os olhos de todos os seres vivos esperam em Deus e que ele, a seu tempo, lhes dá o alimento (Sl 145.15).

Nesta mesma linha, Jesus dirige nosso olhar para as aves do céu, que não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros. "No entanto", diz Jesus, "o Pai de vocês, que está no céu, as sustenta" (Mt 6.26).

Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? Mateus 6:26

 Deus é sustentador de seus filhos não só no que diz respeito à matéria, mas também das emoções do coração da alma.

3. Deus é aquele que a todos dá com generosidade e sem reprovações.

Se, porém, algum de vocês necessita de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá com generosidade e sem reprovações, e ela lhe será concedida. Tiago 1:5

Por isto, se alguém necessita de sabedoria, deve pedi-la a Deus. Este é um dos poucos textos bíblicos em que o termo "generosidade" é conectado com a ação de Deus. O tema da generosidade divina aparece também na parábola dos trabalhadores na vinha, em Mateus 20.15. Ali, o dono da vinha (que representa Deus em Cristo) pergunta: "Será que não me é lícito fazer o que quero com o que é meu? Ou você ficou com inveja porque eu sou bom?".

4. Deus é generoso porque sua generosidade é sacrificial.

"Jesus Cristo, "sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que, por meio da pobreza dele, vocês se tornassem ricos" 2Co 8.9

O termo "generosidade" não é usado, mas cabe perguntar se haveria generosidade maior do que um rico se tornar pobre para enriquecer os outros? Num contexto em que Paulo fala sobre o recolhimento de fundos para ajudar os cristãos pobres da Judeia, a metáfora do Cristo rico que se fez pobre é mais do que apropriada.

"o qual entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos livrar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai," Gálatas 1:4

"o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou para a nossa justificação." Romanos 4:25

A generosidade é um atributo de Deus. Podemos vê-la agindo em cada pessoa da Trindade. O maior ato de generosidade da história aconteceu quando nosso Deus e Pai entregou o Seu único filho como pagamento pelos nossos pecados (Jo 3.16), para também nos receber como filhos amados. Em resposta, Jesus Cristo, o Filho de Deus, se entregou voluntariamente (Jo 10.18) em nosso lugar.

"Ninguém tira a minha vida; pelo contrário, eu espontaneamente a dou." João 10:18

Da mesma maneira, o Espírito Santo de Deus se derrama graciosamente sobre todos, sem levar em conta os nossos pecados, e gera vida em nós.

Nosso Deus, é sempre Generoso. Tudo que temos é um presente. Fomos criados sem nenhum esforço de nossa parte. Respiramos um ar que não merecemos. O sol se levanta e aquece graciosamente nosso planeta e, junto com a chuva imerecida, alimenta a terra, produzindo frutos e grãos deliciosos.

É tudo Maná, a provisão imerecida dada por um Deus generoso e amoroso. Nunca estivemos e nunca estaremos em posição de poder virar-nos para Deus e dizer: "o senhor está em dívida comigo eu mereço isto".

Nós não merecemos nada que nos tenha sido dado, apesar disso Deus continua a dar. E isso não porque Deus está interessado no que podemos fazer por ele. Deus está interessado em algo muito mais importante que as nossas boas obras.

A principal coisa que Deus quer de nós, não é que exibimos um comportamento moral melhorado até porque isso de qualquer forma virá, mas amá-lo... porque ele mesmo nos amou primeiro. Deus quer que você o conheça e o ame. Deus quer ver você sorrir por saber o quanto ele o ama.

Ah pastor você quer dizer então que não importa a vida que eu leve, posso viver uma vida de pecado e é só amar a Deus que está tudo certo? Não meu querido. Não se deixe iludir por falsas narrativas. Eu estou apresentando um Deus que é amoroso e misericordioso, cujo desejo é amar e ser amado. Isso, de modo algum, nega o fato de que Deus é inflexível e absolutamente contrário ao pecado. Deus odeia o pecado porque ele prejudica seus filhos. Mas Deus ama profundamente seus filhos.

O catecismo maior de Westminster escrito em 1648 começa com uma questão e uma resposta:

Questão: Qual é o propósito principal e mais Sublime do ser humano?

Resposta: O propósito principal e mais Sublime do ser humano é glorificar a Deus e agradar-lhe inteiramente para todo sempre.

 Perceba o conceito de agradar inteiramente a Deus para todo sempre, você pensa que Deus quer que você O agrade?

Embora muitas pessoas não acreditem nisso, meus irmãos, acho que é isso, o que Deus mais deseja. A maior honra que podemos dar a Deus é viver alegremente pelo conhecimento do seu amor. Deus se deleita em mim independentemente do meu desempenho, a minha resposta imediata é sentir amor em troca. E fazendo isso estou cumprindo o maior de todos os mandamentos.

"De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam." Hebreus 11:6

Deus expressa sua generosidade a todos aqueles que o buscam. Esse versículo fala de duas coisas irmãos;

Primeiro que aquele que se aproxima de Deus precisa crer que Ele Existe;  Segundo porque quem se aproxima de Deus precisa crer que ele é galardoador dos que o buscam. Ou seja, aquele que se aproxima de Deus precisa reconhecer dois grandes fatos acerca de Deus.

Sua existência e a Sua generosidade.

Ao buscar a Deus o pecador recebe perdão ou moribundo do recebe misericórdia e o caído recebe restauração. Deus é Generoso...