2021/09/08

Honra aos Pais

Domingo passado falamos sobre a responsabilidade conferida aos pais de educar os filhos na instrução do Senhor e batalhar por seus filhos. Nessa noite vamos aprender a batalhar pela família honrando os  nossos pais.

O apóstolo Paulo escreveu: "Honra teu pai e tua mãe", este é o primeiro mandamento com promessa: "para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra" (Efésios 6.2,3).

No Brasil, existem medalhas de honra oferecidas a pessoas ou soldados que tenham desempenhado algum serviço extraordinário, digno de honra, em favor de seu país. Uma forma de agraciar aqueles que merecem honra e respeito.

Devemos agir desta forma com nossos pais. Não oferecendo medalhas, mas sim respeitando, obedecendo e honrando em ações e atitudes. Os pais são pessoas que oferecem um serviço especial dia após dia, tomando decisões e fazendo sacrifícios no melhor interesse de seus filhos. Isso é o que a Bíblia orienta aos pais. "Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles." (Provérbios 22.6)

Neste estudo, veremos como podemos entrar no combate por uma família saudável, oferecendo honra aos nossos pais.

O apóstolo Paulo escreveu: "Honra teu pai e tua mãe", este é o primeiro mandamento com promessa: "para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra" (Efésios 6.2,3).

Em uma cultura que honra a juventude, "honra teu pai e tua mãe" (Êxodo 20.12a) não faz sentido algum.

A nossa cultura tolerante tem tolerância zero para com o envelhecer, o que produziu um culto à juventude perpétua. Como resultado desse frenesi por parecer jovem, é que milhares de pessoas no mundo gastam bilhões em cosméticos, uma pesquisa revelou que os norte-americanos gastam anualmente com procedimentos cosméticos o suficiente para alimentar e vestir cinquenta e quatro milhões de crianças famintas.

Honrando com devoção a superficialidade da aparência, a cultura vigente olha com desejo para a juventude – e com desprezo para a velhice e a maturidade. Desesperadamente nos recusamos a crescer e a desistir das coisas próprias de menino (1 Coríntios 13.11b), assim, em vez de demonstrar honra para com os mais velhos, nós os desdenhamos.

Desonrar a maturidade, contudo, não é problema apenas da nossa cultura jovem obcecada pela imagem. Vendo semelhante tendência na Genebra do século XVI, João Calvino advertiu do seu leito de morte: "Que os jovens continuem a ser modestos, sem o desejo de se colocarem em evidência demais; pois há sempre um caráter jactancioso em pessoas jovens … que se apressam em desdenhar dos outros".

De modo perverso, a nossa cultura transforma em virtude o "apressar-se em desdenhar dos outros", especialmente dos pais. Em nosso contexto atual vemos cada vez mais a desvalorização dos pais, por parte dos filhos.

A palavra honra aparece 43 vezes no Novo Testamento, sempre com o mesmo significado. Essa palavra (Timê, em grego) significa  re verenciar, estimar e valorizar, grande respeito.

 Honrar é dar respeito não apenas pelo mérito, mas pela posição.

E aqui está a dificuldade de muitas pessoas  em cumprir esse mandamento, pelo simples fato de não conseguirem dissossiar honra do mérito... Pastor você nem imagina que tipo de pais eu tive na vida. Eles não merecem minha honra...  ok eu entendo sua dor. Mas somos chamados a honrar não porque merecem, mas pela posição que eles ocupam.

Por exemplo, algumas pessoas podem não concordar com as decisões de seu presidente, mas ainda devem respeitar sua posição como líder de seu país. Seme lhantemente, filhos de todas as idades devem honrar seus pais, quer  seus pais mereçam ou não.

Paulo, quando relembra que devemos honrar pai e mãe, não coloca nenhuma condição para que se honre. Por exemplo: "Honre seu pai e sua mãe que sempre te apoiaram". Não! Ele simplesmente diz: "Honre"

Apenas corações que foram aproximados de Deus em Cristo podem verdadeiramente honrar pai e mãe, até mesmo pais que agiram de modo desonroso. Assim como "filhos, obedecei vossos pais" não inclui obedecer nenhuma ordem pecaminosa, também "honra teu pai" não inclui honrar o seu comportamento desonroso.

Claramente, se Pedro podia instar os crentes do primeiro século a honrarem a todos, inclusive o imperador Nero "Tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei." 1 Pedro 2:17

 então a ordem de honrar os pais não é anulada pelo fato de ter um pai desonroso, do mesmo modo como a ordem de amar o nosso próximo não é anulada quando temos um vizinho que arremessa latas de cerveja por sobre nosso muro. As ordenanças de Deus ainda se aplicam num mundo quebrado de vizinhos imperfeitos e pais desonrosos; elas nos foram dadas pelo nosso gracioso Pai celeste como dons apropriados exatamente para este mundo.

Mas será que vivemos e agimos dessa forma?  Precisamos pedir orientação a Deus para que nos ajude a viver.

A decisão

Deus nos exorta a honrar pai e mãe. Isso é tão importante para ele, que esse princípio se encontra entre os 10 Mandamentos (Êxodo 20.12) e novamente no Novo Testamento (Efésios 6.1−3).

No Velho Testamento, isso era muito bem observado. Falar con tra os pais ou não aceitar seus ensinos resultava em punição .

"E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto". (Êx 21:17).

"O que ferir a seu pai, ou a sua mãe, certamente será morto". (Êx 21:15).

"Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, Então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar; E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá". (Dt 21:18-21).

O interessante é que a punição para quem desonrasse os seus pais era igual a que era aplicada a quem desonrasse o nome de Deus (Lv 24:16). Isso significa que Deus considera a autoridade dos pais como uma autoridade delegada por ele.

 No entanto, aqueles que honrassem seus pais seriam abençoados. Veja Provérbios 1.8−9: "Ouça, meu filho, a instrução de seu pai e não despreze o ensino de sua mãe. Eles serão um enfeite para a sua cabeça, um adorno para o seu pescoço.".

Convocados por Deus, devemos honrar nossos pais através de nossas ações e atitudes. Em Mateus 15.3−9, Jesus relembra os fariseus da ordem dada por Deus de honrar pai e mãe. Eles estavam obedecendo à Lei (Conforme lemos em Êxodo 21.15,17), porém a tinham colocado  debaixo de suas próprias tradições.

Os fariseus pensaram ter estabelecido definitivamente a cláusula de exceção quanto a honrar os pais. Eles haviam elaborado uma tradição segundo a qual, uma vez declarado que seus recursos eram uma oferta a Deus, eles estavam livres de guardar o quinto mandamento. Jesus expôs a fraude: "E, assim, invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição. Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mateus 15.6-8)

Não a cumpriam, somente adaptaram segundo suas intenções.

Enquanto eles honravam seus pais com palavras, as suas ações mostravam o verdadeiro motivo do coração. Honrar é mais do que meras palavras, não deve ser da boca para fora.

Em muitas passagens do Novo Testamento o ensino apostólico tinha como alvo questões relacionais dentro da igreja. Na carta aos Efésios, capítulos 5 e 6, após usar uma analogia matrimonial para ilustrar seus argumentos doutrinários, Paulo exorta pais e filhos sobre como proceder um para com o outro. Filhos devem reconhecer a autoridade dos pais e obedecer-lhes, no Senhor. O resultado dessa obediência é a justiça.

Honrar pai e mãe, na cultura bíblica, vai além do mero respeito ou admiração; tem o sentido de 'manter o sustento da casa'. No Antigo Testamento, o compromisso de manter a casa era majoritariamente do chefe de família e o meio de subsistência era basicamente agrícola. Naquele contexto, quando o provedor sofria um acidente, incapacitando-o para o trabalho, a responsabilidade pela manutenção da casa era passada ao filho mais velho, o qual assumia o status de arrimo da casa, cuja tarefa principal era preservar a integridade do lar.

 Percebe-se neste procedimento, além do respeito, um profundo senso de responsabilidade e compromisso com a preservação da vida de todos os integrantes da família. Era assim que um filho honrava os pais!

Certamente, respeito e admiração caracterizam a honra, mas o senso de preservação da família tem muito a nos dizer. Na antiguidade, o nome da família era mais importante do que a individualidade de cada membro da casa. Infelizmente, em nossa cultura, o indivíduo é estimulado desde muito cedo a ser um "sujeito de direitos", sem levar em consideração praticamente nenhum de seus deveres.

Por conta dessa formação, muitos filhos são seduzidos pela norma cultural e abandonam o princípio bíblico do amor, como aquele elemento que dá liga a toda relação.

Nas palavras de Paulo: "O amor seja sem fingimento. Odiai o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos de coração uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros." (Rm 12.9-10).

De algum modo fomos acostumados a pensar que o cumprimento da promessa contida no quinto mandamento tem a ver apenas com o prolongamento dos dias de vida dos filhos, quando estes obedecem ou admiram seus pais, sem demonstrar nenhuma atitude prática de amor em relação a eles.

A promessa se realiza quando a justiça é aplicada, neste caso, no cuidado dos filhos para com seus pais, pelo compromisso de conservar a integridade da família com máxima diligência. Não é difícil perceber que todos os membros da família são abençoados, especialmente, como no ilustração que trouxemos de exemplo, quando a fonte de provisão familiar (geralmente o pai) fica impossibilitada, por algum motivo, de dar sustentação à ordem da casa e passam a ser amparados (honrados) pelos filhos.

"Ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus." 1 Coríntios 10:31 nos diz que qualquer coisa que façamos deve ser feita para a glória de Deus. Devemos procurar honrar nossos pais da mesma forma que cristãos tentam trazer glória a Deus em nossos pen samentos, palavras e ações.

Devemos lembrar também do nosso débito de gratidão por nossa criação. O nosso tratamento dos pais em necessidade é uma forma de "recompensar" ou reembolsá-los.

 Como nós os tratamos quando precisam de nós diz muito sobre se verdadeiramente valorizamo-los em nossa criação. A avareza para com nossos pais revela uma ingratidão egocêntrica.

 À medida que os nossos pais envelhecem, há uma reversão no papel de oferecer cuidado. Deveríamos ver isso como uma honra de recompensá-los pelo cuidado que nos deram como crianças. Maria, irmã de Marta, uma vez honrou a Cristo ungindo os Seus pés. Nicodemos e José de Arimatéia honraram-no enterrando Seu corpo com o que era uma pequena fortuna em mirra e aloés.

Algumas vezes nosso maior método de honrar nossos pais pode envolver demonstrações físicas, embora diferentes. Honrar um pai frágil e necessitado é um amadurecimento final do nosso relacionamento com eles, pois é o nosso último papel como filho que devemos cumprir. E devemos entender que o papel de um filho não termina na maioridade, mas sempre existe enquanto os pais viverem. É honroso mostrar aos nossos pais o quanto aprendemos deles.

Promessa

O mandamento de Deus para honrarmos nossos pais é o único com uma promessa: "para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra" (Efésios 6.3). Honra gera honra. Deus honrará aqueles que obedecem aos seus mandamentos. Se desejamos agradar a Deus e sermos abençoados, devemos honrar nossos pais.

Honrar não é fácil, não é sempre divertido e, com certeza, não é possível apenas com nossas próprias forças. É preciso depender de Deus.

Precisamos sempre lembrar que os seres humanos são falhos e estão debaixo do pecado. Isso muitas vezes faz com que decepções, amarguras e conflitos apareçam. No entanto, precisamos buscar e depender de Deus.

Nossos pais não são perfeitos, assim como nós também não somos. Eles erraram e continuarão a errar por diversas vezes. Mas sempre serão nossos pais. Deus lhes deu autoridade e responsabilidade sobre nossas vidas. Então, "Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor." (Colossenses 3.20).

A honra ao pai e à mãe é demonstrada através de palavras e ações que surgem de uma atitude interior de estima e respeito pela posição que ocupam.

 Quero concluir com três aplicações para nós.

 1-O respeito e a honra que demonstramos pelos nossos pais naturais são uma ilustração da honra que devemos prestar ao nosso Deus.

2-Diante de tudo que ouvimos, devemos fazer uma reflexão, pois certamente todos nós de um modo ou de outro temos quebrado esse mandamento!

3-O Senhor Jesus foi o nosso maior exemplo, pois honrou a Deus perfeitamente (Fl 2:8) "E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz". Nisso ele também foi o nosso representante! 

 

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