2021/09/09

Série Deus é: Autossacrifício


 Meus irmãos quantas pessoas já ouviram centenas de sermões com uma mensagem sobre a importância e o verdadeiro significado da encarnação, morte e ressurreição de Jesus e quantos falharam em não entender e não compreender o significado do sacrifício de Jesus.

Talvez aqueles que usam o púlpito tenham falhado em comunicar com clareza. Se você perguntar para muitos cristãos sobre a cruz e pedir para eles darem uma explicação clara e articulada de porque Jesus se tornou humano, morreu e ressuscitou. Muitos cristãos não saberão dar essa explicação.

O fato é, meus queridos irmãos, que muitas pessoas não entendem a Cruz. Aliás, muitas se incomodam com o fato de Jesus ter precisado morrer. E é difícil entender porque Deus permitiu que Jesus morresse. Para muitos a cruz parece ser desnecessária. Porque segundo elas, Deus poderia ter facilmente "Perdoado o mundo" apenas declarando que o mundo estava perdoado, ou ensinando as pessoas a amar umas às outras. Assim Jesus não precisaria sofrer. Não haveria necessidade alguma de sangue.

Eu consigo entendê-las. A cruz de Jesus, de uma perspectiva, parece ser um evento misterioso e ameaçador; não obstante a isso, toda a Igreja Católica Romana tem um crucifixo uma cruz com o corpo físico de Jesus pregado nela; além disso a maioria das igrejas protestantes apresentam uma cruz sobre uma torre ou santuário. Muitos de nossos hinos são cânticos de louvor à cruz.

A morte de Jesus é o início e o centro da teologia Cristã, e apesar disso muitos de nós falhamos em compreender seu significado. Entender porque Jesus escolheu viver entre nós e morrer por nós, ajuda-nos a compreender melhor a natureza do nosso maravilhoso e bom Deus.

Deus traça o seu caminho até nós

 As falsas narrativas deste mudo como já vimos algumas durante esta série, falam-nos de um preço que nós temos que pagar para achegar-se a Deus. O fato, meus irmãos, é que Deus traça o seu caminho até nós através da cruz, por meio da sua morte e ressurreição.

Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros. Jo 15.16 ele nos interceptou em nossos caminhos escuros.

Atanásio Bispo de Alexandria em 296 -373 dC. Um dos pais da Igreja esteve presente no Concílio de Nicéia em 325 d.C no qual foi definida e padronizada a doutrina sobre a encarnação de Jesus, onde Jesus é totalmente Deus e Jesus é totalmente homem. Ali foi formulado o credo Niceno que é a compreensão ortodoxa da pessoa de Jesus e da natureza da Trindade.

Durante toda sua vida, Atanásio sustentou que as doutrinas estabelecidas em Nicéia estavam corretas e defendeu corajosamente sua posição contra as maiores oposições. Atanásio foi exilado cinco vezes por causa das suas crenças, hoje ele é reconhecido por ter ajudado a igreja a entender porque a encarnação (Deus tornando-se humano) a morte (a crucificação) e a ressurreição de Jesus, foram necessárias para reconciliação dos seres humanos com Deus. Jesus precisava morrer.

Quero convidá-los a junto comigo fazer uma viagem, quero que neste momento que você imagine que você tenha viajado junto comigo de volta ao tempo, lá em 325 d.C e encontrarmos com Atanásio.

E para tentar te explicar essa questão da Encarnação, da morte e da Cruz de Jesus, e da ressurreição, vamos abrir um diálogo com o próprio Atanásio e fazer algumas indagações e pedir que ele  responda algumas perguntas difíceis sobre a Encarnação,  Morte e Ressurreição de Jesus e vamos imaginar que ele está respondendo às nossas questões.

Atanásio, uma pergunta que as pessoas fazem habitualmente: porque Jesus precisou tornar-se um ser humano e sofrer e morrer na cruz? Porque Jesus simplesmente não nos ensinou a viver de um modo agradável a Deus?

 Atanásio: Isso funcionaria se a humanidade não tivesse caído em total corrupção. Se nós, humanos, tivéssemos apenas quebrado uma lei, poderíamos nos arrepender disso. Se nosso problema fosse a ignorância, a educação seria a solução. Mas o problema humano é muito mais profundo. Somos corruptos e depravados. É como uma doença que não pode ser curada por força de vontade ou por conhecimento.

Mas Atanásio como é que a gente se envolveu em uma situação tão difícil assim?

Atanásio: É uma longa história, mas vou resumi-la tanto quanto possível. Deus fez os seres humanos a sua imagem, o que significa que eles podem raciocinar e criar, e podiam conhecer a Deus. Adão e Eva foram criados em liberdade para serem amigos de Deus, embora tivessem recebido o único mandamento para demonstrar seu amor, sua apreciação e sua obediência a Deus: eles não poderiam comer da árvore do conhecimento do bem e do mal.

Essa árvore simbolizava o desejo de ser Deus, porque apenas Deus conhece verdadeiramente o bem e o mal. Eles foram advertidos: "não comam da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia que dela comer certamente você morrer Lá" Gênesis 2.17

Mas Atanásio, Deus não poderia simplesmente tê-los perdoado, certo?

Atanásio: Não, Deus não poderia voltar atrás em seu mandamento. Mas Deus também não poderia permitir que sua preciosa criação fosse destruída. Como Deus, sendo bom, deveria agir! Esse foi o dilema Divino.

Mas não havia uma maneira de os seres humanos salvarem a si mesmos? Deus não poderia ter apenas ordenado que eles se arrependessem?

Atanásio: Não. O arrependimento não mudaria sua natureza, que agora era corrupta. Mesmo que eles tivessem parado de pecar, o que não conseguiriam fazer, ainda seriam corruptos por dentro e estarão sujeitos à lei da morte.

Atanásio então o que poderia resolver o problema?

Atanásio: Não se trata do que, mas de quem era necessário para resolver o problema. Somente a palavra do próprio Deus que no princípio também tinha criado Todas As Coisas Do Nada, poderia resolver o problema humano. Para esse propósito, então, Deus, que não é limitado por um corpo físico e nem está sobre o poder do pecado, entrou em nosso mundo. Ele tomou para si um corpo humano semelhante ao nosso.

Mas porquê Atanásio? Deus não poderia ter aparecido de alguma outra forma, porque ele precisou assumir um corpo humano?

 Atanásio: Jesus tomou para si um corpo como o nosso, porque o corpo humano era suscetível à corrupção da Morte. Ele entregou seu corpo à morte no lugar de todos e ofereceu ao pai. Ele fez isso por causa do seu absoluto amor por nós, de modo que em sua morte todos poderiam morrer e a lei da morte seria por meio disso abolida. Dessa forma, ele faria a morte desaparecer tão absolutamente quanto a palha consumida pelo fogo

Então deixa eu ver se eu entendi Atanásio, ele assumiu um corpo para que eu pudesse morrer é isso?

Atanásio: Sim, a corrupção só poderia ser removida por meio da morte. Por essa razão, portanto, Jesus assumiu um corpo capaz de morrer. Foi entregue a morte o corpo que ele havia tomado, como uma oferta e um sacrifício livre de qualquer mancha. Foi assim que ele revogou a morte para seus irmãos e irmãs humanos pela oferta do equivalente. Ele realizou com a sua morte tudo o que era exigido.

Desculpa, eu não entendi essa oferta equivalente o que quer dizer?

Atanásio: A corrupção total, que é o estado dos seres humanos depois da queda, somente pode ser revertida pelo sacrifício da incorrupção total. Jesus era livre do pecado.

Mas o que isso representa para as pessoas e para mim Atanásio?

 Atanásio: Jesus reverteu a queda original fazendo por nós o que não podíamos fazer!!! Pelo sacrifício do seu próprio corpo, Jesus fez duas coisas: ele pôs um ponto final na lei da Morte que bloqueava nosso caminho e providenciou um novo começo de vida para nós dando-nos a esperança da ressurreição. Jesus, você sabe que destruiu a morte.

Deixe-me passar para outro tópico Atanásio: por que Jesus teve de morrer de modo pelo qual morreu na cruz? Ele não poderia ter morrido de outra forma e ainda sim ter alcançado o mesmo objetivo?

 Atanásio: Jesus teve de passar por uma morte real, pública, inegável, que todos pudessem ver. Se não houvesse testemunhas de sua morte, ninguém acreditaria em sua ressurreição. Ele poderia ser considerado um contador de histórias.

Mas por que ele precisou morrer daquele modo vergonhoso? A crucificação era a mais dolorosa e humilhante forma de execução que o mundo conheceu na época. Ele não poderia ter tido uma morte mais digna?

Atanásio: Eu sei que você abomina cruz, e deve abominar mesmo, Observe, porém, o seguinte: um maravilhoso e Poderoso paradoxo ocorreu, porque a morte que eles pensaram que infligiram em Jesus era desonra, desgraça se tornou O Glorioso monumento de sua vitória sobre a morte. Embora eles tivessem tentado matá-lo de modo vergonhoso, a cruz permanece por toda a eternidade como um símbolo da Glória de Deus.

E em último ponto: Como Jesus teria alcançado o mundo inteiro se não tivesse sido crucificado, já que é apenas na cruz que um homem morre com os braços estendidos?

Deus traça o seu caminho até nós. Deus, que é completamente livre, escolheu voluntariamente entrar no nosso mundo como uma criança vulnerável e suportar insultos, tortura e execução como um adulto. Deus não precisava fazer isso.

Atanásio está certo dizer que o único modo de resolver o problema humano (a corrupção, a separação de Deus, a perda imagem de Deus) era o próprio Deus interferir, isso ainda não significa que Deus precisasse fazer isso.

Meus irmãos não hão nada que tenha obrigado Deus a nos salvar dessa forma ao decidir salvarmos dessa maneira, Deus arriscou ter seu amor não correspondido. O que aconteceria se os seres humanos tivessem rejeitado o seu amor?

João nos diz "aquele que é a palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não receberam" João 1.10-11

Essa é uma passagem poderosa porque contém várias verdades essenciais:

Primeiro: o mundo foi criado por intermédio dele. Deus criou o mundo por meio de Jesus e é Ele que continua a manter o mundo inteiro coeso.

"Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste." Colossenses 1:15-17

Segundo:  Ele estava no mundo. Deus escolheu livremente entrar no nosso mundo, respiraram o nosso ar e submeter-se a toda dor e a todo sofrimento na vida humana.

Terceiro: O mundo não o reconhece. A glória da segunda pessoa da Trindade estava oculta. Deus fez isso por meio de extrema humildade e finalmente os seus não o receberam.

Meus irmãos o amor não correspondido talvez seja uma das mais dolorosas experiências humanas. Amar alguém e não ser amado em retribuição representa uma mágoa profunda, uma dor excruciante. Deus experimentou a dor do amor não correspondido.

Algumas pessoas contestam a ideia de que Deus poderia sentir dor ou sentir qualquer coisa que fosse, a narrativa das pessoas nos informa que Deus é impassível e que significa que ele não pode comover-se. Essa narrativa parece proteger o poder de Deus, no entanto, se ama os outros e a Bíblia diz que Deus amou o mundo de tal maneira, Ele necessariamente também sente a dor do amor não correspondido.

Observem as pessoas que têm dificuldade em acreditar que Deus poderia sentir dor ou alegria também tem dificuldade de acreditar que Jesus poderia sentir dor ou incerteza ou até mesmo alegria. Será que Jesus ria? Em algum local será que Ele se sentiu Inconveniente? Alguma vez teve seus sentimentos feridos? As escrituras declaram que Jesus experimentou a vida humana em sua plenitude então, ele sentiu todas essas coisas.

Creio que temos dificuldade com os sentimentos de alegria e de dor de Deus porque acreditamos que eles estão abaixo da natureza poderosa de Deus deixando Ele vulnerável e, pensamos, parecendo fraco. Mas isso não é verdade. Já parou pra pensar que essa vulnerabilidade que eles acham que Deus possui seja a verdadeira força. Sacrificar a si mesmo pelo bem de outra pessoa não é um sinal de fraqueza, mas o maior poder que o mundo já conheceu.

A glória de Deus reside em sua graça O auto sacrifício é o ato mais sublime. O grão precisa morrer para dar vida. Jesus disse João 15:13 "ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos."

Entregar-se a si mesmo é algo que se parece com a fraqueza, no entanto, é um aspecto do amor.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. 1 Coríntios 13:4-5

Muitos de nós convivemos com a falsa narrativa de que a força se encontra na Dominação e um controle. Essas, porém, não são as formas mais elevadas de poder.

"O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza" 2 Coríntios12.9

O poder da semente emerge apenas quando a semente morre, o poder de Deus é demonstrado mais claramente na cruz. Deus filho entra em nosso mundo na mais inferior de todas as condições, vive uma vida absolutamente comum durante 30 anos, experimenta o que nós também experimentamos, mostra o seu pai ao mundo por meio do seu ensino e de sua vida, e então voluntariamente realiza o sacrifício definitivo: entrega sua vida pelo mundo inteiro, o cordeiro de Deus tirando o pecado do mundo. "Eu me sacrificarei por seu bem" é o sentimento de Deus. E nós em nossos pequenos momentos de sacrifício sentimos algo do que Deus sente (Liberdade, libertação, regozijo, propósito, significado), mesmo que apenas por uns poucos momentos.

Mas existe um paradoxo no auto sacrifício. Quando Jesus deixou o seu trono Celestial e assumiu Nossa humanidade e finalmente enfrentou a própria execução, ele deixou de ser o mais poderoso para tornar-se o mais fraco, Paulo explica isso usando as belas palavras de um antigo hino cristão.

Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Filipenses 2:5-11

Esse é o paradoxo do auto sacrifício: ao esvaziar-se, humilhando-se e tornar-se obediente, Jesus foi "altamente exaltado". Quando os discípulos perguntaram a Jesus quem era o maior no reino de Deus, ele replicou "quem se faz humilde como essa criança esse é o maior no reino dos céus" Mateus 18.4

Os maiores são aqueles que servem, essa narrativa é diretamente oposta aos ensinos do reino deste mundo, no qual os maiores são aqueles que são servidos. Perdoar alguém nos parece uma atitude fraca e vulnerável, mas no fundo revela a força e poder.

Quando as vítimas perdoam, elas se tornam vencedoras, não sobre os outros, mas pelos outros. Nossa fraqueza nos impede de sermos capazes de perdoar. Nossos medos nos afastam de nos entregar e do sacrifício.

Mas as pessoas ele "em que Cristo habita" aprendem a viver e entregar-se como Jesus fez, Jesus não é apenas um modelo a imitar, ele é a fonte de força da qual podemos confiar. Nós podemos fazer todas as coisas por meio de Cristo que nos fortalece Filipenses 4 13.

Para concluir os irmãos, só quero dizer que essa mesa que você está vendo aqui na frente é representação máxima que o céu desceu e beijou a terra.

Jesus não teve de morrer... Jesus escolheu morrer....

O pai, o filho e o Espírito Santo trabalharam em harmonia para alcançar o mundo caído e fracassado e assim restaurá-lo. Deus fez por nós o que nunca poderíamos ter feito. A cruz é um símbolo do amor e do sacrifício de Deus.

 Jesus assumiu e curou nossa condição humana e ao fazer isso Ele demonstrou as profundezas do amor de Deus para com toda a criação. Aqui está o princípio chave do Reino de Deus.

O que deixamos ir não se perde, mas se torna algo belo.

Não é de surpreender que a manjedoura e a cruz sejam duas das mais belas imagens que esse mundo já viu. Por meio da Encarnação, Deus que criou milhões de galáxias rotantes escolheu tornar-se vulnerável ao fazer isso, o céu desceu e beijou a terra por meio da crucificação.

Deus, que não pode morrer, sujeitou-se à morte. Ao fazer isso atraiu o mundo inteiro a sua pessoa. E cada vez que olharmos para Cruz devemos dar graças a Deus filho por voluntariamente ter morrido por nós.

Ele estava certo quando nos profetizou "mas eu quando for levantado da terra atrairei todos a mim." João 12.32

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