2021/09/08

Serie +1: Todos em missão+ Fora

Introdução a série

Jesus deixa claro que seu objetivo maior é chamar os pecadores a fim de que se arrependam dos seus pecados. Jesus investe tempo e treinamento àqueles com os quais caminha há tempos, aos que vivem a Palavra intensamente.

Depois que terminou de instruir seus doze discípulos, Jesus saiu para ensinar e pregar nas cidades da Galiléia. Mateus 11:1 Mas a caminhada com seus liderados se dá sempre no movimento + fora.

A Palavra é vivida pelos discípulos na sociedade, priorizando os que não fazem parte da cultura religiosa. Todos em missão, para fora, levando Jesus Cristo à sociedade.

Recapitulação

Nessa série tivemos a oportunidade de conversar sobre como a soma ou o "+" tem identificação com nossa vida cristã bem como a nossa missão. Somos chamados a + de Deus, m+ de nossa Família, + da revelação do Evangelho, + do compromisso em cumprir a missão. + intimidade, + temor, + Honra, + vida.

Conversamos na primeira semana sobre + Jesus, onde falamos do evangelho. Na segunda semana, falamos sobre + casa, onde conversamos sobre ir em direção ao outro. Na terceira semana, conversamos sobre + perto onde vimos como o acolhimento e cuidado figuram como nossas respostas ao amor de Deus por nós. Hoje vamos encerrar essa série.

Introdução ao tema

Geralmente, quando vamos dar um presente valioso, importante para nós, gostaríamos que quem o recebesse, fosse alguém que dê valor, alguém que com sua postura demonstrou ter seriedade e reverência para aceitar o valor daquilo que estamos dando. Temos em mente que tais presentes devam ser dados a alguém que "mereça".

Muitas vezes essa nossa mentalidade protetiva invade nossa concepção teológica e nos trava no compartilhar do tesouro mais importante que temos, o Evangelho. Jesus apresenta uma perspectiva interessando sobre isso:

Lucas 5:27-32 - 27Depois disso Jesus saiu e viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse: — Venha comigo. 28Levi se levantou, deixou tudo e seguiu Jesus. 29Então Levi fez para Jesus uma grande festa na sua casa. Havia ali muitos cobradores de impostos, e outras pessoas estavam sentadas com eles. 30Os fariseus e os mestres da Lei, que eram do partido dos fariseus, ficaram zangados com os discípulos de Jesus e perguntaram: — Por que vocês comem e bebem com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama? 31Jesus respondeu: — Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 32Eu não vim para chamar os bons, mas para chamar os pecadores, a fim de que se arrependam dos seus pecados. (NTLH)

Orar;

Esse é o texto que temos conversado nesse mês e hoje quero me ater a última parte dele. Essa fala de Jesus é a resposta a uma pergunta dos fariseus e mestres da lei: v. 30 "Por que vocês comem e bebem com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama?" NTLH

Esses fariseus e mestres da lei eram o tipo de pessoa que tinha convicção que estava obedecendo a Deus e estava no caminho certo (moralmente e espiritualmente). Eles estavam questionando os motivos de Jesus e de seus companheiros, de andarem com pessoas não dignas, pessoas que não mereciam sua companhia, que não se mostraram "dignas de um presente valioso".

Jesus veio para salvar pecadores. A tradição, as proibições culturais e as carrancas de alguns não importam quando o destino eterno de uma alma está em jogo. "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele" (João 3:17).

Jesus enxergava indivíduos, não apenas seus rótulos. Ele teve compaixão e procurou suprir as necessidades ao Seu redor. Ao compartilhar a palavra de Deus, Jesus comeu com os pecadores e passou um tempo com eles. Vendo tudo isso, os pecadores foram sem dúvida inspirados a conhecê-lO melhor. Eles reconheceram Jesus como um homem justo, um homem de Deus — os milagres que realizou testemunharam isso — e viram Sua compaixão e sinceridade.

Jesus não deixou que status social ou normas culturais determinassem o Seu relacionamento com as pessoas. Como bom pastor, Ele buscou as ovelhas perdidas onde quer que elas se afastassem. Quando Mateus organizou a refeição, Jesus aceitou o convite. Foi uma oportunidade maravilhosa de compartilhar as boas novas do reino com aqueles que mais precisavam ouvir (veja Mateus 4:23). Jesus foi criticado por suas ações pelos legalistas hipócritas de Seus dias, mas as críticas não o intimidaram.

Ao contrário dos fariseus, Jesus não exigia que as pessoas mudassem antes de virem a Ele. Ele as procurou, encontrou-as onde estavam e estendeu-lhes graça em suas circunstâncias. A mudança viria para aqueles que aceitassem a Cristo, mas seria de dentro para fora. A bondade de Deus leva os pecadores ao arrependimento (Romanos 2:4), e Jesus era cheio de bondade.

Jesus nos mostrou que não devemos deixar normas culturais ditarem quem evangelizamos. Os doentes precisam de um médico. Ovelhas perdidas precisam de um pastor. Estamos orando para que o Senhor da colheita envie trabalhadores ao campo (Lucas 10:2)? Estamos dispostos a irmos nós mesmos?

A resposta de Jesus vem como uma bomba no ambiente e revela alguns fatos importantes:

1-    O EVANGELHO É UM PRESENTE PARA QUEM PRECISA E NÃO PARA QUEM MERECE.

Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes

Jesus está mostrando em sua fala que os que já se consideram saudáveis ou dignos, não precisam do presente de sua companhia, não precisam da salvação que ele veio propor, não precisam da sua cura.

Se atentarmos para os Evangelhos e em seus relatos vamos perceber as inúmeras obras realizadas por Jesus enquanto estava aqui na terra. De fato, Ele esteve em atividade no seu ministério durante três anos e meio aproximadamente e nesse tempo, ensinou, pregou, curou, libertou, animou e ajudou pessoas incessantemente.

 Muitas delas, (eu me atrevo até a dizer a grande maioria), eram pessoas problemáticas, complicadas mesmo. Talvez, se alguns de nós as conhecêssemos hoje em dia, desacreditaríamos delas imediatamente, não teríamos a menor paciência ou desistiríamos delas automaticamente.

Quem não se lembra do complexo Pedro, discípulo que exigiu de Jesus paciência e perseverança em todo tempo?

De Zaqueu, homem nenhum pouco amado pelas pessoas naquela época, mas amado e salvo por Jesus em uma situação inusitada?

É impossível esquecer-se da mulher adúltera levada até ao Mestre e jogada ao chão em uma situação de profunda humilhação e vergonha, mas mais uma vez Ele amou, cuidou e perdoou.

Eu poderia citar inúmeras pessoas altamente cheias de problemas, traumas e complicações que foram definitivamente afetadas pela Graça de Deus através de Jesus.

Mas, Ele veio para os doentes, problemáticos e complicados mesmo. A graça de Deus se manifesta em diversas situações e com vários tipos de pessoas, inclusive em nós. Os relatos na Bíblia são preciosos, pois mostram a humanidade das pessoas e a chegada de Jesus trazendo paz, força, consolo e socorro diante das mais diversas necessidades de cada uma.

Desde a criação do homem existe a complexidade humana. Adão e Eva já tinham seus problemas, dilemas e situações das mais diversas. Mas, quantas vezes, nós pensamos que somos a pessoa mais complicada da face da Terra? Quantas vezes achamos que todo mundo é "normal", menos nós? Que apenas nós sofremos e somos angustiados?

A complexidade humana vista na ótica natural é difícil de lidar. No entanto, Jesus veio à Terra, conviveu com pessoas, humanas, naturais e Ele percebeu essa complexidade de perto, lidou com ela em vários momentos e não desistiu de ninguém.

Com cada pessoa Ele lidava de uma forma, com cada um podemos perceber a graça e o amor de Deus manifesto de tantas maneiras diferenciadas e os que se perderam foram os que desistiram, porque Jesus mostrou que não desistia de ninguém. Se olharmos os relatos vamos perceber que até o último instante de vida Jesus salvou, perdoou e compreendeu as pessoas.

Quem não se lembra de um dos ladrões na cruz?

Certamente esse homem era problemático e não esqueça que ali Jesus estava morrendo, sentindo muita dor, estava em seus últimos instantes, mas ainda respirava quando o problemático ladrão o abordou pedindo para ser salvo.

Jesus definitivamente afetou a vida daquele homem com a graça de Deus nos "45 minutos do segundo tempo".

Se você acha que não existe saída para as pessoas problemáticas que você conhece, está enganado. Jesus ama essas pessoas e está disposto a ajudá-las, mesmo que seja "aos 45 minutos do segundo tempo" de suas vidas.

O amor de Deus é incondicional, ainda bem, porque se só o recebêssemos se o merecêssemos seríamos os mais miseráveis da Terra. Se você é uma pessoa problemática, Jesus veio para lhe salvar. Mais que isso, Ele decidiu, amar você, quando você nem merecia.

É aos pés do Mestre que curamos nossas dores, traumas, decepções e frustrações. É para Ele que devemos correr quando estamos perdidos e sem força, carentes da graça e do cuidado que só Ele tem para nós.

A decisão dessas pessoas será respeitada por Deus Terão seu destino eterno ligados a decisão e postura de vida que tomaram aqui.

As pessoas que se julgam bons religiosos, que não tem mais nada a aprender, que já entenderam tudo de Deus e só aguardam a recompensa por ter uma vida santa e infalível, devem tomar cuidado. Eles podem estar caindo na mesma armadilha dos fariseus e mestres da lei.

2-    NOSSA TAREFA É LEVAR O EVANGELHO AOS QUE PRECISAM.

a fim de que se arrependam dos seus pecados. (NTLH)

Após a Ressurreição de Cristo e o envio do Espírito Santo, Jesus nos deixou esta ordem. É interessante notar que a recomendação vem no imperativo: "Ide"! Não se trata de uma possibilidade ou de um mero conselho.

A identidade de cristãos se fundamenta na sua vocação missionária. Todos nós somos missionários, ou seja, fomos enviados em missão. Qual é a missão? Pregar o Evangelho – a Boa Nova – a toda criatura. Antes de nós, uma multidão de cristãos cumpriu o seu papel; cada qual a seu modo e de acordo com a realidade de sua época. Agora cabe a nós dar continuidade à missão da Igreja.

Enquanto comunidade missionária, nós também temos tido ocasião de viver esta ordem de Jesus. Aplicando-a à realidade dos tempos atuais, podemos evangelizar através da pregação e do testemunho – essencialmente.

Há muitas pessoas que estão fora do nosso círculo íntimo que não se "encaixam" em nosso padrão. Não se encaixam por ter uma perspectiva de vida diferente, por pensarem diferente, por viverem diferente. Há muitas pessoas que estão gastando sua vida com coisas sem sentido (sem sentido para nós) e que estão em busca de sentido e significado, por isso ficam tentando várias coisas e batendo em várias portas. Algumas dessas pessoas até tem uma moral e ética duvidosas. Essas também fazem parte do grupo de pessoas que Jesus se refere como doentes. São para essas que ele veio.

O questionamento levantado pelos fariseus e mestres da lei é relevante pois na cultura judaica da época, os judeus não comiam e bebiam com qualquer um. Dividir uma refeição com alguém era o mesmo que dividir a vida. Logo quando Jesus dividia uma refeição com eles, estava dividindo a vida com eles. Na perspectiva dos fariseus e mestres da lei, Jesus estaria se contaminando, sendo um com eles. Eles se apoiavam na estrutura religiosa que dizia que se um impuro tocar no puro, o puro se tornaria impuro.

Jesus desmorona esse argumento e mostra na prática em Lucas 5, no caso da mulher com fluxo de sangue, que o "medico vem para curar os doentes e não o contrário". A mulher, considerada impura por conta do seu fluxo de sangue, toca nele e ela fica curada, pura e não o contrário.

O que quero dizer com isso é: precisamos nos aproximar e dividir a vida com essas pessoas para poder apresentar o presente valioso que temos para elas. Sem medo delas nos contaminarem, mas com a ousadia de ser luz.

3-    A TAREFA DEMANDA RELACIONAMENTO.

32Eu não vim para chamar os bons, mas para chamar os pecadores

O evangelho deve ser entregue, e uma das melhores forma de entregar é se relacionando com as pessoas que talvez não se enquadrem, que estejam fora nosso padrão aceitável.

Lembre-se que presente não se põe goela a baixo. Através de uma boa convivência podemos entregar esse presente de uma forma mais eficiente. Mas para isso, você precisa se expor.

O texto diz: v. 31 Eu não vim para chamar os bons, mas para chamar os pecadores, a fim de que se arrependam dos seus pecados.

É importante entendermos bem o que Jesus está dizendo aqui. Ele veio chamar os pecadores. Esses tais pecados dessas pessoas não são apenas atos reprováveis. Se trata de uma essência, a essência do ser humano desconectado de Deus.

[Evangelho] Quando Deus criou a humanidade ele tinha um propósito, que todos nós desfrutássemos de relacionamento uns com os outros e com ele. Para que essa criação fosse perfeita, ele teria que deixar um ponto de escolha para o ser humano. Então ele pôs uma árvore que representaria a sua decisão de permanecer vinculado e sobre suas orientações. Nas instruções Deus disse (parafraseando): "Você pode comer de toda a arvore do jardim, mas a árvore do conhecimento você não deve comer, se comer você morrerá, romperá sua relação comigo, não será mais dependente de mim."

Por um engano da serpente os nossos primeiros pais cobiçaram ser iguais a Deus, e serem autônomos, ter a prerrogativa de dizer o que era certo e errado para suas vidas e abolindo Deus do seu lugar.

Comeram do fruto e com isso se desconectaram de Deus. A morte entra no mundo (morte física, espiritual e eterna) e a humanidade passa a viver todas as dimensões da morte em suas vidas. E todos os seres humanos nascidos após esse evento, passam a carregar consigo o peso da decisão dos nossos primeiros pais, todos nascem desconectados de Deus por essência e vivenciam as dimensões da morte em suas vidas.

Nada de bom que o ser humano faça, pode atingir o mínimo da exigência da santidade do nosso Deus que é Santo.

Mas Deus é todo amor, e conciliando sua santidade, justiça e amor, ele envia Jesus, o Deus Filho para nascer de uma mulher em um nascimento especial, para que ele não nascesse desconectado como todos os seres humanos. Jesus nasce, cresce e vive uma vida sem pecado algum. Ele se torna o primeiro ser humano digno de receber a vida e não a morte "pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna..." Rm 6,23

Mas ele decide fazer algo que transformaria a humanidade para sempre, ele decide dar de "presente" sua vida em troca da morte de toda a humanidade.

Jesus nos substitui em sua morte, ele abdica do seu direito à vida para nos dar vida e nos livrar da morte, pagando a dívida que nossos primeiros pais contraíram com Deus. E toda pessoa que recebe a morte de Jesus como sendo sua, e se arrepende de viver uma vida longe de Deus, passa ter a salvação e Deus vem morar dentro dele, através do Deus Espírito Santo, o reconectando a Deus para sempre.

É esse presente que eu e você somos portadores, e esse presente deve ser dado com carinho pois é muito preciso, deve ser dado de forma que a pessoa entenda, no tempo dela e com muita atenção. Mesma atenção, carinho e cuidado que foi dispensado a nós quando o recebemos e tomamos consciência dele.

Jesus nos incumbiu de sermos os portadores dessa grande notícia, deste presente de Deus à humanidade, que deve ser dado às pessoas que talvez não se encaixem. Essa é nossa tarefa. Deus nos convoca a nos expor, a levar o evangelho com ousadia e amor, a ir + fora. 

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