2021/09/08

A URGENTE NECESSIDADE DE RESTAURAÇÃO - Salmo 126


Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho.

Então a nossa boca encheu-se de riso, e a nossa língua de cantos de alegria. Até nas outras nações se dizia: "O Senhor fez coisas grandiosas por este povo".

Sim, coisas grandiosas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres.

Senhor, restaura-nos, assim como enches o leito dos ribeiros no deserto.

Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão.

Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes. Salmos 126:1-6

O Salmo 126 registrado na galeria dos salmos dos degraus. Este salmo é um louvor a Deus pela restauração de Israel e retirada do cativeiro, pois é um salmo pós-exílio. O povo estava experimentando a tão sonhada libertação, depois do cativeiro na Babilônia.

O Salmo 126 foi escrito por um exilado judeu que experimento anos de deportação de Jerusalém para Babilônia. Qual o nome desse prisioneiro? Não se sabe. O que se sabe é que sua gratidão e louvor por ter retornado a Sião são e salvo, está registrada como um cântico de celebração ou um Cântico dos degraus.

E que degraus eram esses? Eram os degraus das subidas entre Jerusalém e a Babilônia (Esdras 7:9) e os degraus do templo de Jerusalém, onde, ano a ano peregrinos se reuniam para relembrar a libertação do cativeiro. Cada degrau um novo cântico, um novo Salmo. No total, são quinze os Salmos denominados "dos degraus ou das romagens" do 120 ao 134.

O Salmo 126 é tão belo quanto os demais e versa especialmente sobre restauração. O autor faz uso de três metáforas para expressar a alegria do retorno para casa: Um sonho agradável, as águas frescas das torrentes do Neguev e as festividades da colheita.

Lendo esse Salmo, logo no primeiro verso, encontro inúmeras lições que servem de referencial para os tempos de crises, de cativeiros enfrentados por nós em determinados momentos da vida.

O cativeiro Babilônico teve início em 598 a. C e nos livros dos profetas Ezequiel, Jeremias, Daniel, Ageu e Zacarias é possível constatar relatos da época, bem como dos propósitos de Deus para a nação de Israel que estava sob julgamento. No livro de Esdras há um rico relato do período de retorno da Babilônia, do mover de Deus sobre a nação de cativos que com arrependimento e choro retornaram para os seus lares.

Mas o que aconteceu com os cativos durante os 70 anos de crise? Como encontraram forças e ânimo para permanecerem esperançosos e confiantes de que tudo iria passar e Deus estava com eles? Não deve ter sido fácil porque a Babilônia procurou de todas as formas oprimir e roubar toda esperança do retorno.

E é da Babilônia que nos chegam revelações do que acontece no mundo espiritual em tempos de crise. Claro, nem toda crise é resultado do juízo de Deus sobre nós. Existe base Bíblica para afirmar que até mesmo homens justos e tementes a Deus, podem passar por cativeiros terríveis, foi o que aconteceu com Jó.

Se é difícil encontrar os porquês das crises, se não há unanimidade quanto a isso, porém, há unanimidade em outro aspecto das crises: elas confrontam nossa fé e força a todos, sem exceção, a lidarem com elas, de modo a não se deixar abater, naufragar.

Por esse motivo, é que olhar para o cativeiro nos ensina

. Eclesiastes 7:5 diz: "O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria." Então, vamos aprender com a casa do luto?

É nas dificuldades que crescemos, aprendemos, somos lapidados por Deus e transformados.

Algumas dificuldades vividas pelos cativos na terra da Babilônia:

I- Uma das primeiras investidas do exército da Babilônia (sob o domínio de Nabucodonosor II) contra os judeus foi: saquear as preciosidades do templo de Jerusalém. Tudo quanto havia em ouro, prata, metais preciosos foram levados embora (Jeremias 52).

O templo de Jerusalém era uma representação da presença de Deus, um elo entre Deus e o povo. Era lá que os sacerdotes se reuniam para transmitir a Palavra de Deus, manejar as ofertas sagradas. O templo saqueado indicava o início de um período de tristeza.

Consideremos que nós somos o Templo do Espírito Santo de Deus. Quando as crises vêm elas têm o objetivo de saquear esse Templo: roubar a alegria, o gozo, a comunhão com Deus, o que há de mais valioso em nossas vidas. O templo estava vazio, mas sua estrutura estava lá de modo que ainda era possível sonhar com um retorno, com as festas e as reuniões solenes. Não por muito tempo, porque os opressores também investiram para destruir essa esperança.

II- Sacerdotes e ferreiros estavam na primeira turma de cativos (Jeremias 24:1)

Sem sacerdotes e sem ferreiros o povo enfraquecia. Não havia direção de Deus, não havia armas para contra-atacar. Até mesmo no exílio essas funções foram proibidas de serem exercidas, em Lamentações de Jeremias se lê:

Lamentações 2: 9 - "As portas de Jerusalém já de nada servem. Todas as fechaduras e cadeados estão violados e partidos; foi ele mesmo quem os arrombou. Os seus reis e os nobres estão escravizados em terras desconhecidas e afastadas, sem um templo, sem leis divinas para os governarem, sem visão profética para os guiar."

Efésios 6:10-18 afirma que nas crises trava-se uma batalha espiritual. Os recursos espirituais estavam sendo roubados de Israel. Armas materiais não mais haveriam e as espirituais precisavam ser buscadas, de modo individual. os profetas da prosperidade haviam sido envergonhados, suas mensagens de paz e bênçãos não se cumpriram e aos cativos restava ouvir os profetas dos "ais" (Lamentações 2:14). e ouvindo os "ais" cada um deveria buscar a Deus em arrependimento.

O que aprendemos aqui? A salvação é individual. Romanos 14:12 diz: "De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus."

Desconfie de qualquer evangelho que não prega arrependimento e afastamento do pecado. Desconfie dos caminhos e portas largas que não exigem renúncia e comprometimento com Deus. Desconfie da ritualidade eclesiástica, porque o Evangelho é libertação, é relacionamento com Deus através de Jesus Cristo. Evangelho é restauração do Templo, é novo nascimento com retorno ao Criador para fazer a Sua vontade.

I Pedro 1:23 "Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.

Cada cativo precisava viver sua própria experiência, crescer pessoalmente na compreensão sobre Deus. Crises são aprendizados e não adianta querermos apenas culpar os outros pelo que não deu certo. É preciso fazer a nossa parte, refletir: onde preciso melhorar?

III- A cidade destruída e a batalha para reerguê-la.

Como voltar para os lares se a cidade estava em ruínas? Deus providencia o recomeço e instrui a Esdras para liderar a obra de restauração. Mas a Babilônia sabia que com os muros reerguidos e o templo em funcionamento, o retorno se tornaria possível, a esperança renasceria para os cativos que se tornariam mais fortes.

Esdras 4:4-5 "Todavia o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judá, e inquietava-os no edificar. E alugaram contra eles conselheiros, para frustrarem o seu plano, todos os dias de Ciro, rei da Pérsia, até ao reinado de Dario, rei da Pérsia."

Não é assim também conosco? A Babilônia não quer nos ver de pé e felizes, mas quando Deus ordena, seus planos não se frustram. Havia chegado a hora do retorno, as ruínas do passado precisavam dar lugar a uma cidade forte. Salmo 113:7 diz que "Deus Levanta o pobre do pó e do monturo levanta o necessitado."

Se estamos dispostos a mudar a direção de nossas vidas, os pecados serão perdoados. De vidas despedaçadas: por vícios, medos, abandonos, rebeldia...O que for, Deus junta os cacos e ergue fortalezas. Mas será preciso esforço, entrega.

Não se pode esperar que outros façam por nós o que só nós podemos fazer. Israel não tinha mais que confiar em templos, reuniões, sacerdotes da prosperidade, armamentos. Israel tinha que decidir andar com Deus, as bênçãos seriam consequências.

Para reconstruir Jerusalém, nem mesmo as pedras queimadas pelo fogo do incêndio provocado pelo exército inimigo foram descartadas. Elas serviram de alicerce para novas construções.  É isso mesmo, Deus é divinamente paciente para nos tratar com amor e perdão. Ele não quer nossa destruição, antes, porém, quer nosso crescimento e felicidade. E se para isso tiver que nos corrigir, assim seja. Sábio será o que aceitar a correção.

Hebreus 12:11 "E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela."

O Salmo 126 fala-nos exatamente da restauração de um povo que era escravo. Ele descreve três períodos na vida do povo de Israel que se compara perfeitamente com a nossa vida.

• O passado (v. 1-3) – Também temos uma história de salvação a contar, um passado de glória a agradecer. Deus já agiu em nossa vida.

• O presente (v. 4) – Temos um desafio presente a enfrentar, um presente de crise; áreas de nossa vida ainda secas precisam ser cheias da benção e vida de Deus.

• O futuro (v. 5,6) – Temos um investimento futuro a fazer: temos que semear o que vamos colher, crendo na promessa de Deus de que colheremos o que semeamos.

O mesmo Deus que restaurou no passado é o Deus que restaura no presente. O mesmo Deus que tirou o seu povo dos grilhões da escravidão e o restaurou à sua terra, é o mesmo que pode mudar a nossa sorte. Aprendemos alguns princípios importantes para vivermos um tempo de restauração:

1.           AS MARAVILHAS QUE DEUS FEZ ONTEM DEVEM NOS INSPIRAR A BUSCÁ-LO COM MAIS FÉ E FERVOR HOJE (V.1-3)

Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho. Então a nossa boca encheu-se de riso, e a nossa língua de cantos de alegria. Até nas outras nações se dizia: "O Senhor fez coisas grandiosas por este povo". Sim, coisas grandiosas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres. Salmos 126:1-3

O Evangelho não é apenas história, é uma realidade para hoje. Nós não vivemos do passado. O nosso Deus fez, faz e fará maravilhas. A intervenção de Deus é para hoje. Se restaurou Israel, pode restaurar nossa vida hoje também.

A intervenção de Deus foi maior que a expectativa deles (v.1): O povo tinha perdido a liberdade, a Pátria, o templo, a família, o culto, as festas. Passaram por fome, espada, vergonha e escravidão. Foram arrancados do lar ("Às margens dos rios da Babilônia"), seus vínculos foram quebrados. Perderam seus bens, família. Estavam onde não gostariam de estar. Além disso, foram tomados por apatia e desânimo: Nós nos assentávamos e chorávamos". 

Muitos hoje também são tomados por uma apatia e desanimo, e tem vontade de chorar e lamentar. O povo de Israel não cantava mais, nem sonhavam, e pior, não reagiam à crise. Ficavam só relembrando do passado ("lembrando de Sião"), amargos com o presente porque não largaram o passado. Eles dependuraram as harpas.

Mas Deus interviu na vida deles e isto produziu uma alegria enorme (v. 2) e um impacto na vida de tantos outros e tornou-se um poderoso testemunho entre as nações (v. 2b). Todos viram que grandes coisas que foram feitas; que foi o Senhor quem as fez.

A Palavra de Deus afirma que Deus é o mesmo, ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13.8). Então podemos crer que Ele vai agir além das nossas expectativas (como um sonho), trazendo restauração que produzirá em nós grande alegria e um testemunho para muitos, das grandes coisas que Deus tem feito.

2.           OS LUGARES SECOS DO AGORA PODEM SER FONTES ABUNDANTES DE VIDA AMANHÃ (V. 4)

Senhor, restaura-nos, assim como enches o leito dos ribeiros no deserto. Salmos 126:4

O Senhor restaurou a sorte deles, estão alegres pelas vitórias de ontem, mas ao olharem para o presente, a vida está como o deserto do Neguebe.  Por isso, não podemos viver no passado, pois as vitórias de ontem não são suficientes para hoje.

Temos que andar com Deus hoje. Temos que ser cheios do Espírito Santo hoje. Temos que evangelizar hoje. Temos que investir na família hoje.

 Não podemos apenas celebrar as vitórias do passado. Antigas bênçãos não são suficientes para a vida hoje, assim como antigas mágoas não devem estragar o presente. Sansão era um jovem cheio do Espírito Santo, mas cedeu ao pecado e terminou sua vida preso e cego. Davi era um homem segundo o coração de Deus, mas por não vigiar, adulterou, mentiu e assassinou.

Quem sabe ontem você foi uma pessoa cheia do Espírito Santo, uma bênção, mas o coração agora está murcho, seco e vazio.

Mas a principal lição deste salmo é que a sequidão hoje não é motivo de desânimo, mas para um clamor a Deus: Por favor, Senhor, restaura a minha vida! É tempo da igreja clamar como em Isaías 64.1: "Ah, se os céus fendessem e tu descesses!".

 É tempo da igreja fazer como Elias em 1 Reis 18.42-45 – subir à presença de Deus e meter a cabeça entre os joelhos para orar até chegar o tempo de restauração.

Toda obra de restauração é uma ação soberana de Deus ("Quando o Senhor restaurou...") e é também fruto da oração fervorosa. Quando a igreja orou o Espírito Santo foi derramado, Elias subiu ao monte e a chuva caiu.

O Neguebe é o maior deserto da Judéia. O deserto fica 11 meses seco, mas no mês das chuvas, as águas correm das montanhas e formam correntes de águas que abrem as areias do deserto e fertilizam aquela terra de forma impressionante. Onde tem água, toda a terra é terra boa.

Deus pode fazer os rios do Espírito brotarem no deserto da nossa vida e fazer de qualquer pessoa uma nova história, tornando-o feliz e frutífero.

Esse é um tempo de orarmos pela restauração da nossa família, dos nossos filhos, do nosso trabalho e da nossa nação.

3. A SEMEADURA COM LÁGRIMAS TEM A PROMESSA DE UMA COLHEITA ABUNDANTE (V.5,6).

Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão. Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes. Salmos 126:5,6

Deus promete que todo aquele que semeia, sempre colherá. Esta é uma lei espiritual. Mas toda semeadura tem uma dinâmica própria: ela exige que nós saiamos de onde estamos, andemos e choremos.

Isto fala de pagar um preço para alcançarmos a restauração de Deus. Fala de sair do conforto para o tempo de oração, fala de levar a semente do evangelho às pessoas, fala de envolvimento comprometido com a obra de Deus.

A verdade é que toda conquista precisa ser regada com lágrimas. Neste caso, o salmo afirma que a colheita é certa, feliz e abundante.

Muitos querem colher as bênçãos de Deus sem semear e investir em seu relacionamento com ele e em Sua obra. Este Salmo confirma que quem vive com fé e obediência, mesmo em meio a dificuldades, há de ver resultados maravilhosos da sua obra e de seu relacionamento com Deus..

No final o que foi plantado com choro, é colhido com alegria. Por que foi plantado com choro? Porque o terreno era trabalhoso, a caminhada era penosa, as sementes foram conseguidas com tanto esforço que mesmo andando e chorando o semeador não as soltou, não as desprezou. Pelo contrário, ele as sustentou com todo o zelo e acreditou que floresceriam.

Conclusão

 Que grande lição de fé nos dá esse Salmo!

O Salmo 126 nos mostra várias lições e ao mesmo tempo nos convida a redescobrir o sonho e a vivê-lo nas pequenas e grandes restaurações que Deus faz em nossa vida. A restauração tem frutos como resultado. Ela é sempre um processo frutífero, por mais dolorido que seja. É sempre fonte de alegria, de regozijo e de esperança.

Podemos nos lembrar todos os dias das restaurações que Deus tem operado em nossas vidas, assim como o povo poderia se lembrar de inimigos que se levantaram contra eles ao longo dos séculos: egípcios, assírios, filisteus, cananeus em geral, babilônios. Não faltaram oposições nem opressões ou exílios. Entretanto, a todo o tempo, Deus proveu livramento, consolo, milagres, sinais e a possibilidade de recomeçar, reconstruir e renovar a vida e a esperança. Por isso, o sofrimento ou dificuldade presente é sempre uma condição tanto de memória quanto de esperança. Sabemos o que Deus fez e cremos no que Ele fará.

Nesse momento, temos em diversas partes do mundo, servos fiéis  passando por cativeiros: missionários em prisão, mulheres em decepção por causa de um relacionamento, homens desempregados, quem sabe doenças, morte. Todos esses cativeiros são reais, mas não podemos soltar as sementes das promessas de Deus, não podemos perder jamais a alegria de ter o Reino de Deus em nós. As torrentes do Sul, podem jorrar como um despertar espiritual nos proporcionando crescimento que não alcançaríamos, de outra forma, que não através do choro de arrependimento, decepção, tristeza e outros regressos..

É TEMPO DE RESTAURAÇÃO


 


Um comentário:

pedinael disse...

maravilhoso esse comentario!!!!