2016/05/16

Espirito x Carne.

Texto: Romanos 7. 14-25

Nessa noite nós vamos falar sobre a carne versus o espírito, quem já não sentiu como apóstolo Paulo que disse o bem que eu quero fazer não faço, mas o mal que eu não quero fazer isso eu faço.

Há uma guerra incessante acontecendo na vida de todos. Não é a batalha da lei versus a graça. Esta já foi ganha por Jesus na cruz. É sim a guerra do Espírito versus carne. "Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si..." Gl5.17

O apóstolo Paulo tendo exibido a operação da lei em produzir convicção de pecado, passa agora a mostrar seu efeito sobre a mente do crente. A lei não pode assegurar sua santificação. A causa desta inabilidade não está na natureza má da lei, que é espiritual. A causa desta inabilidade está em nós. Calvino ressalta que o pecado reside em nós, e não na lei. É certo que a lei expõe, provoca e condena o pecado, mas não é responsável por nossos pecados nem por nossa morte. Ela apenas aponta para o erro. Assim, a lei não pode salvar-nos porque não podemos cumprir-la, por causa do pecado que habita em nós. A fraqueza da lei não está em si mesma, mas em nossa carne.

A carne queridos irmãos ela grita quando é afrontada, a nossa carne ao contrário do que muitos falam que a nossa carne é fraca, na verdade a nossa carne  é muito forte e ela grita, ela impõe seu desejo. É muito comum nós vermos o gritar da carne nas pessoas que estão lutando contra algum vício seja ele alcoólico ou químico. É comum essas pessoas passarem por um período de desintoxicação e é neste período que nós vemos a carne se levantando ao ponto das pessoas terem espasmos, alucinações, agressividade, tudo isso é uma resposta da carne contrária ao processo de libertação. Essa é apenas uma ilustração da guerra entre a carne e o espírito. essa guerra se trava também no campo de nossa mente, de nossas emoções etc...

Paulo não escrevera sobre uma tese impessoal, mas sobre uma experiência pessoal. Apresentara o próprio dilema, o próprio conflito, a guerra civil instalada no seu peito. Aqui a auto biografia de Paulo é a biografia de todo homem. Vemos o auto-retrato de um homem consciente da presença e do poder do pecado em sua vida. O pecado é um tirano cuja as ordens ele odeia e despreza, mas contra cujo poder luta em vão. Paulo queridos irmãos, é um homem que vive simultaneamente em dois planos, ardentemente ansioso por levar uma vida mantida no plano superior, mas tristemente ciente da força do pecado que nele habita e persiste empurra-lo para baixo, para o plano inferior.  Por um lado ele reconhece que bem nenhum habita nele Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Romanos 7:18, mas por outro, tem prazer na lei de Deus Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus 22. ele quer acertar... Ele quer viver em santidade...

Rm 7 queridos irmãos retrata a vida de alguém cuja vontade se volta para que o que é bom, e o mal que ela comete é uma violação daquilo que essa pessoa quer e prefere.  O homem de Rm7 queridos faz coisas más, no entanto as abomina. O homem não regenerado não aborrece pecado, mas o homem regenerado ele odeia o mal. Rm 7 irmãos nos traz cinco verdades que eu quero destacar sobre o crente neste contexto de espírito versus carne.

1)    Conflitos de um salvo

Todo crente passa ou passará por esse conflito sem exceção.

Sabemos que a lei é espiritual; eu, contudo, não o sou, pois fui vendido como escravo ao pecado. Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Romanos 7:14-17

Todos nós estamos inseridos neste contexto de guerra entre o espírito versus carne e Paulo destaca que esse conflito se dá em 3 aspectos:

1) O conflito entre a natureza da lei e a nossa natureza v14.

Sabemos que a lei é espiritual; eu, contudo, não o sou, pois fui vendido como escravo ao pecado.

A lei é espiritual, mas eu sou carnal, feito de carne e sangue e como tal, moralmente impotente perante as tentações. Essa é a batalha cristã entre a carne é o espírito Gl5.17.

Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Gálatas 5:17

Quando Paulo disse que ele é carnal, não está declarando que não é convertido. Essa mesma expressão foi usada para referir-se aos crentes de Coríntio, Paulo jamais insinuou que eles não fossem convertidos. Essa batalha interior não é um argumento abstrato usado pelo apostolo, mas o eco da experiência pessoal de uma alma angustiada. Duas forças antagônicas nos arrastam para direções opostas.

Na justificação fomos libertos da culpa do pecado; na santificação estamos sendo liberto do poder do pecado, mas só na glorificação seremos salvos da presença do pecado.  O que eu quero dizer com isso é que ainda lidamos contra o pecado que tenazmente nos assedia. Temos de reconhecer que os cristãos vivem na tensão entre os "já" do Reino inaugurado e o "ainda não" da consumação.       

2) Conflito entre o saber e fazer. v15

Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio.

Não compreendemos nosso modo de agir, pois não fazemos o que preferimos e sim o que detestamos. Somos seres ambíguos e contraditórios.  Há uma esquizofrenia embutida em nosso ser. Sabemos uma coisa e fazemos outra. Ovídio poeta romano escreveu a famosa máxima "eu vejo as coisas melhores e as aprovo; mas sigo as piores".

Concordo com o teólogo Charles Ederman no sentido de que não há humana criatura que não tenha consciência de que forças conflitantes do bem e do mal contendem furiosamente para asenhorar-se da alma.

Existe um conflito entre a teoria é a pratica. E acredito que essa seja umas das armadilhas de satanás em fazer-nos em belos conhecedores e péssimos praticantes.

3) O conflito entre liberdade e a escravidão v 16-17

E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim.

Não basta decidir fazer algo, é preciso fazê-lo. Intenção não equivale a realização. O pecado, gera em nós tal conflito que acabamos fazendo o que não queremos e deixando de fazer o que desejamos. Somos livres em Cristo, mas ao mesmo tempo o pecado ainda está em nós, de modo que fazemos o que não queremos. Assim, não há conflito entre a lei e o crente; o conflito  está entre a lei e aquilo que o próprio crente condena. Existe uma diferença total entre o pecado que sobrevive e o pecado que reina, entre o regenerado em conflito com o pecado e o não regenerado complacente com o pecado. Uma coisa é o fato de o pecado viver em nós; outra é o fato de vivermos em pecado.                  

2) A impotência do velho homem 18-20

Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Romanos 7:18-20

Paulo reconhece que a natureza antiga, o velho homem é impotente diante da lei. Ele reconhece isso tendo a consciência através de 3 aspectos:

A) A consciência da fraqueza 18

Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo.

Paulo confessa sua fraqueza. Ele sabe que nenhum bem habita em sua carne, uma vez que não há nele poder para fazer o bem que deseja. O velho homem não é aniquilado na conversão. Ele ainda habita nós. Embora não tenha poder legal de nos dominar, muitas vezes ele revela o quão fraco somos..

B) A consciência da contradição v 19

Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.

Somos criaturas ambíguas, paradoxais e contraditórias. Não fazemos o bem que preferimos e sim o mal que não queremos. Em cada pessoa a duas naturezas, duas tendências, dois impulsos.

C) A consciência da escravidão. V20

Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim.

Quando fazemos o que não queremos e deixamos de fazer o que desejamos, admitimos que o agente em nós operante não é nossa vontade, mas o pecado que habita em nós.

3) A guerra interior do crente v21-23

Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim. Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros. Romanos 7:21-23

O crente é uma guerra civil ambulante. Há em seu interior o novo homem, guiado pelo Espírito, que tem prazer na lei de Deus, e há também o velho homem, agarrado ao mal v21 Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim., esse homem interior, o novo homem tem prazer na lei de Deus, enquanto o pendor da carne é inimizade contra Deus, e não está sujeito á lei de Deus, nem mesmo pode estar.

a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo. Romanos 8:7

Robert Lee diz: que a consciência dessa guerra interior é uma das maiores evidências de que somos filhos de Deus.

4) O clamor de um remido.v24

24 Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?

Os crentes em Cristo são perfeitos quanto a justificação, mas sua santificação apenas começou. Esta é uma obra progressiva. Quando  creram em Cristo, sabiam um pouco da fonte de corrupção que neles há. Quando Cristo se fez conhecido como seu Salvador, o bem Amado da sua alma, a mente carnal parecia ter morrido, mas logo eles viram que não estava morta. Assim, alguns vieram a experimentar mais aflições da alma depois da sua conversão do que quando foram despertados para o sentimento de sua condição de perdidos.

"Desventurado homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte." é o clamor deles, até que sejam aperfeiçoados em santidade. No entanto, aquele que começou boa obra neles a realizará até o dia de Cristo Jesus. O grito "desventurado homem que eu sou ", portanto, não é o desabafo de dor de uma alma perdida, nem o apelo desnorteado de alguém que está sob convicção de pecado, sem esperança. É a linguagem de um homem que está ansioso e quase desmaiando, porque não vê ajuda suficientemente próxima. Paulo está clamando por uma mudança...

5) A exultação do Remido. V25

Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado. Romanos 7:25

Tanto o clamor quanto a exultação procedem da mesma pessoa: o crente convertido que lamenta sua corrupção e que anseia por uma libertação final no dia da ressurreição; ele sabe que a lei é incapaz de resgatá-lo, mas exulta em Deus por meio de Cristo como único salvador. Quando Paulo escreve sobre a natureza humana, Paulo não escolhe nem o otimismo, nem o pessimismo. Sua postura é de realismo: "Miserável homem que eu sou! Que me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7:24).

A Visão pessimista da natureza humana não vai além de adjetivo "miserável". E, mesmo assim, nem acena para a implicação de que somos "dignos de misericórdia". O pessimismo teológico é fabricação da mente humana, da lógica que se fundamenta na afirmação de que nosso corpo é essencialmente ruim. E que, por isso, nada nem ninguém pode nos salvar.

O otimismo, também criação da filosofia limitadamente humana, pretende nos ensinar que, na natureza, tudo é essencialmente bom e que, não importa o que fizermos, o bem é destinado a vencer. A teologia de Paulo, quando escreve aos Romanos, reflete o realismo da revelação ensinada pelo Espírito de Cristo. Que diz que Entregues a nós mesmos, às nossas próprias limitações humanas, nossas vivências do corpo e da alma, somos "miseráveis" – elas não conseguem realizar vida abundante, da comunhão com Deus. Ao dizer isto, Paulo anuncia, triunfantemente, o papel realizador de Cristo, que venceu por nós nossas enfermidades genéticas do pecado.

"Aceitar" a Cristo, então, é uma decisão de realismo espiritual. A história dos cristãos, através dos séculos, é o testemunho de que os humanos, mesmo os mais miseráveis, encontram em Cristo a realização de sua vitória espiritual.

O grande reformador Melanchton escreveu sobre a força do velho homem e a gloriosa libertação que temos em Cristo: " o velho Adão é muito forte para o jovem Melanchton, mas graças a Deus ele não é suficientemente forte para Cristo. Jesus Cristo, nosso Senhor, nos dará  Vitória, dia a dia e durante todos os dias.       

Que no seu dia a dia querido irmão e irmã você possa enfrentar a carne é vencê-la não cumprindo a lei, mas descansando em Cristo.

Comentário de Romanos

Hernandes Dias Lopes

 

 

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