2022/12/21

RUMO À MATURIDADE

Série Maturidade

TEXTO: 2 Pedro 1: 3-11

              Estamos chegando à fase final numa série de mensagens sobre maturidade. E a pergunta que originou esta série era: qual é o critério que se usa para conhecer uma pessoa madura? E estamos sendo instruídos nos textos de I Timóteo e Tito a respeito da qualidade de um líder, porque entendemos que o líder, segundo as Escrituras, é alguém reconhecido em sua maturidade e, olhando aquelas características, vamos ter um padrão, um critério, para avaliarmos a nossa vida em relação àquilo que o Senhor espera de todos nós.

Mas vale a pena lembrar que na nossa jornada cristã, o grande alvo da nossa vida é Jesus Cristo. Todos nós, como cristãos, somos convidados a levar uma vida que tenha as marcas de Jesus Cristo. Nós fomos chamados de Cristãos porque éramos reconhecidos como seguidores de Jesus Cristo. E Paulo, quando instrui a Igreja, em Efésios, capítulo 4, versículo 11 até 12, diz:

E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado. Efésios 4: 11-12

E este era o objetivo original pelo qual Deus tinha estabelecido diferentes dons na Igreja. Que todo Cristão estivesse preparado para exercer a obra ministerial que o Senhor tem preparado para nós. E essa obra tem um objetivo final, tem um objetivo maior. E no versículo 13 nós lemos:

  até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. Efésios 4: 13

Todos nós, cristãos, estamos olhando para Jesus Cristo como modelo da nossa vida, Ele é nosso alvo final, é nEle que nós miramos, é com as características e com as virtudes dEle que nós nos comparamos. Hoje eu quero falar sobre maturidade como alvo da vida cristã. Como alguém que, como o jovem Timóteo, busca tornar-se um exemplo. E do ponto de vista de alguém que quer crescer. É deste ponto de vista que vamos falar sobre maturidade. Vamos falar de maturidade como alvo para todos nós. Estamos em processo.

O meu objetivo é mostrar que existe um plano de Deus definido para cada um de nós. Um plano que nós podemos seguir, que nós podemos trabalhar, um plano de ação, um planejamento. E, baseado no texto de II Pedro, capítulo 1, versículos de 3 a 11, pretendo tratar deste processo esperado.

1. Recursos Disponíveis

A primeira informação que precisamos saber é que existem recursos disponíveis. Tudo o que nós necessitamos para uma vida madura, o Nosso Senhor já nos deu. Observe o que Pedro fala em II Pedro, capítulo 1, versículo 3:

Em função, ou por causa do Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade... II Pedro 1:3

Tudo o que necessitamos para desfrutarmos de uma vida abundante com o Senhor, tudo o que precisamos para chegarmos a uma vida plena com Jesus Cristo, para chegarmos à salvação, o Senhor já nos deu. Se você lembra do texto de Efésios, vemos Paulo dizer:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Efésios 1:3

Tudo o que precisamos para levarmos uma vida santa, para caminharmos rumo à maturidade, o Senhor já nos deu. Você pode lembrar do texto de Gálatas, que diz: Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade,... Gálatas 5:22, e assim por diante.

Esses são os resultados da ação divina em nós. Se nós estivermos sintonizados com o Senhor, se estivermos sintonizados com o seu Espírito, o Espírito Santo de Deus pode produzir esses frutos nas nossas vidas. Todas aquelas características que descrevem uma pessoa madura, num convívio pleno de intimidade com o Senhor, o próprio Senhor vai produzir em nós. Porque ele já nos deu tudo o que precisamos, seja para a salvação, seja para a vida santa. Esses recursos estão disponíveis para nós. Nós não temos desculpas para não amadurecermos, para não crescermos diante do Senhor, porque aquilo que você necessita o Senhor pode providenciar.

Mas me chama a atenção no texto de Pedro em que ele apresenta que existem critérios para que esses recursos sejam recebidos. Uma coisa é termos recursos disponíveis, outra coisa é estarmos desfrutando destes recursos. E no texto, ele nos diz:

...nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedadepor meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. II Pedro 1:3

Nesse texto, Pedro faz um uso muito interessante da palavra "conhecimento". Antes que alguém pense que neste caso ele está falando de um grupo seleto de informações, ele está falando de um relacionamento com Aquele que nos chamou.

A palavra que descreve conhecimento também descreve um relacionamento de intimidade. É nesse sentido que ele usa esta palavra. Os recursos estão disponíveis, mas nós vamos poder desfrutar destes recursos à medida que desenvolvermos um relacionamento de intimidade com o nosso Senhor. À medida que desenvolvermos um relacionamento de proximidade com nosso Senhor, o próprio Senhor vai nos oferecer o que nós necessitamos.

Mas este não é o único critério, o texto continua e diz:

Por intermédio destas (a glória e a virtude de Cristo) ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina... II Pedro 1:4.

Através das Escrituras nós somos convidados a nos tornar participantes das características de Deus. Uma vida centrada nas Escrituras é um critério que nós vamos usar para receber as bênçãos que Deus tem para nós. Esse é o critério que Ele usa, intimidade com o Senhor, relacionamento com sua palavra. Dois critérios que nós podemos usar para termos uma vida de piedade com Deus.

Os recursos estão disponíveis, os instrumentos são conhecidos, e, portanto, nós não temos desculpas, todos nós temos acesso ao mesmo reservatório infinito de graça de Deus, e temos acesso aos mesmos instrumentos. O que diferencia as pessoas então, se diante de nós estão as mesmas bênçãos e os mesmos critérios? Talvez o que não aconteça é que alguns cristãos optam por percursos diferentes.

2. Percurso Definido

Porque existe um percurso definido para nós levarmos uma vida de piedade. Uma vez que temos consciência de que o Senhor nos deu tudo o que precisávamos, a exortação de Pedro é muito pertinente. Ele diz:

Por isso mesmo, (vocês têm tudo o que vocês necessitam, por isso mesmo)empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento, ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. II Pedro 1:5-7

Pedro está nos dizendo que existe um percurso a ser percorrido. É um percurso que nasce com a fé, mas a fé é apenas o primeiro passo na direção de uma vida madura. É um passo importante, é um passo fundamental, sem o qual nós não vamos ter acesso aos recursos de Deus, mas é só o primeiro passo. Um cristianismo marcado por uma profissão de fé apenas é um cristianismo neófito, recém-convertido e imaturo.

A fé é o primeiro passo de uma vida plena com Deus, mas não é na fé que todas estas coisas se consolidam, é um processo. E é um processo que exige empenho, apesar de tudo o que necessitamos estar disponível diante de nós, isso não significa que estas coisas vão entrar em nós. Não significa que nós vamos desfrutar. É necessário um empenho.

Pedro apresenta um plano de ação, passo a passo, de como vamos caminhar em direção à maturidade.

a. Fé

E observem: ele começa descrevendo a fé. E a fé qual ele se refere é aquela fé verdadeira, no nosso Senhor Jesus Cristo, é aquela fé que João chama de "a fé que não leva à morte", mas a fé que  reconhece… que Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16.

É essa a fé da qual ele trata. Da fé que reconhece que nós somos incapazes, por nossos próprios méritos, de chegarmos até Deus, onde temos vida com Deus. Nós não conquistamos este relacionamento com Deus por força, nós não conquistamos com religiosidade, nós recebemos de graça, do Senhor, por meio da fé. A fé naquele que enviou a Jesus Cristo, e essa é a vontade de Deus:

 que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna... João 6:40

Essa é a descrição da fé bíblica, uma fé que é centrada em Deus, uma fé que é centrada em Jesus Cristo, uma fé que é centrada no reconhecimento da falta de capacidade para uma vida plena e no reconhecimento de que nós precisamos de Jesus Cristo para nos redimir dos nossos pecados. Esse é o primeiro ponto, esse é o ponto de partida, é aqui que nasce a jornada em direção à maturidade. Não é possível falar em maturidade espiritual sem uma fé genuína e verdadeira, uma fé salvífica. 

b. Virtude

Mas o processo continua e Pedro diz que nós temos que associar a nossa fé à virtude. E é muito interessante esta palavra que Pedro usa aqui, porque é uma palavra relativamente rara no Novo Testamento. Ela descreve em todos os escritos de Pedro, sempre descreve a Jesus Cristo, é Jesus Cristo que é designado pela palavra virtude. No nosso próprio texto nós já lemos:

Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. II Pedro 1:3

Jesus Cristo, quando nos chamou para uma vida plena com Ele, Ele nos chama para uma vida plena de piedade, de virtude, com a palavra usada aqui. Essa virtude moral à qual ele se refere é uma característica de Jesus Cristo. Mais uma vez, Cristo se apresentou como modelo para nós.

Paulo dá um toque muito especial para esta palavra quando ele fala sobre aquilo que deve ocupar o nosso pensamento, ele descreve aquilo que é …excelente ou digno de louvor. Filipenses 4:8

A palavra "excelente" aqui é a palavra que descreve virtude no texto de Pedro. Em outras palavras, o que Pedro está nos dizendo é que existe uma necessidade de, como cristãos, associarmos à nossa fé uma vida de valor moral, uma vida de excelência.

Não podemos caminhar em direção à maturidade com uma vida marcada por promiscuidade, uma vida marcada por impurezas de qualquer tipo. Precisamos buscar uma vida que seja excelente diante de Deus. Que é marcada por excelência no que faz, que é marcada por excelência quando você está estudando, por excelência quando você está trabalhando. O cristão maduro, no seu ambiente de trabalho, zela por excelência, mesmo quando ele faz aquilo de que não gosta, porque ele representa o seu Senhor. Ele representa o seu Senhor!

Quando nós estamos fora da nossa Igreja, nós somos representantes do nosso Senhor, e as pessoas olham para nós e elas têm que enxergar Jesus Cristo. Uma pessoa de tal modo transformada, que no seu ambiente de trabalho zela por excelência, no cumprimento de prazos, no cumprimento de horários, no exercício do seu trabalho, porque um cristão maduro busca uma vida de excelência.

Nas questões espirituais principalmente, ele não abandona sua vida devocional, porque ele busca uma vida cheia de virtudes morais e espirituais. Quando nós pensamos no nosso processo, na nossa caminhada, na nossa jornada em direção à maturidade, nós devemos associar à nossa fé, essa excelência. E a essa excelência, a essa virtude, nós devemos associar o conhecimento.

c. Conhecimento

Se você está com sua Bíblia aberta, você vai perceber quantas vezes, nesse texto, Pedro se refere ao conhecimento. No versículo 2 ele fala que nós somos convidados ao pleno conhecimento de Deus. No versículo 3 ele fala que nós somos convidados a conviver no pleno conhecimento de Jesus Cristo, no versículo 4 ele fala sobre o conhecimento das Escrituras, no versículo 8 ele vai falar novamente sobre o conhecimento pleno e abundante de Jesus Cristo, porque conhecimento é importante no cristianismo.

É interessante como, em alguns guetos do cristianismo dos nossos dias, o cristianismo tornou-se anti-intelectualista. Mas, se você olhar por todas as Escrituras, vai encontrar este fato. Paulo, quando escreve a Tito, diz:

Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecimento da verdade... Tito 1:1

O ministério de Paulo tinha a ênfase de levar pessoas à conversão, mas de levar os convertidos ao conhecimento pleno da verdade. Existe uma verdade que nós devemos conhecer plenamente. Existe um conjunto de informações, que estão registradas nas Escrituras, que nós devemos nos aprofundar.  Observem o que Paulo sugere aos Filipenses:

Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento... Filipenses 1:9

É         fundamental que     um      cristão            que     esteja crescendo, que busca uma vida de maturidade, que ele desenvolva o seu conhecimento de Deus, o seu conhecimento da verdade, o seu conhecimento das Escrituras.

O conhecimento defendido pelas Escrituras não é um conhecimento abstrato, não é um conhecimento apenas informativo, mas é o conhecimento de Deus que nos leva a uma vida de pureza. Nós vamos ser habilitados, pela palavra do Senhor, a discernirmos as nossas escolhas boas e ruins, as nossas oportunidades boas e ruins. Nós vamos ser rápidos a perceber as ciladas que o inimigo põe perto de nós, porque nós estamos crescendo no conhecimento da palavra de Deus e esse conhecimento de Deus tem que ser aplicado à vida cristã.

Pedro usa esse mesmo termo fazendo referência à intimidade com Deus. Não é possível falar de uma vida madura que não seja marcada por intimidade com Deus. Uma vida cristã madura não é aquela vida marcada pela religiosidade do domingo, não é marcada pela religiosidade do grupo pequeno, é marcada pela intimidade com Deus. É esse o conhecimento que nós devemos associar à nossa fé, à nossa virtude, e ao conhecimento.

d. Domínio Próprio

E Pedro continua e diz que devemos associar ao nosso conhecimento o domínio próprio. Algumas pessoas pensam no domínio próprio de um modo um pouco equivocado. Eles pensam que domínio próprio é aquela qualidade que você tem, de conseguir reprimir todos os seus sentimentos ruins. Não é isso que o texto está nos ensinando. Não é isso que as Escrituras nos ensinam. As Escrituras nos dizem que o domínio próprio é um fruto do Espírito.

Paulo usa a mesma palavra sobre domínio próprio quando descreve o atleta:

Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. I Coríntios 9:25

Nós também temos um exercício de vontade. Nós também temos um exercício de empenho, e de dedicação. O que nos diferencia é que nós sabemos que isso vai acontecer à medida que nós focarmos no Senhor.

Se o nosso foco estiver em controlar todas as situações, em abafar todos os sentimentos, em reprimir, isto provavelmente não vai dar certo, e você provavelmente já fracassou tentando fazer isto. Mas se nós nos empenhamos neste relacionamento com Deus, o Senhor irá produzir isto em nós. Até porque a vida cristã é definida por Jesus Cristo do seguinte modo:

Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Mateus 16:24

A vida cristã é marcada por uma vida de abnegação, de deixarmos os desejos do nosso eu, deixarmos os desejos do nosso ego de lado, e seguirmos a Jesus Cristo. Isso é uma vida que começa a crescer para o domínio próprio. Domínio próprio que o Senhor trabalha em nós. Interessante que, ao domínio próprio, Pedro diz que nós devemos associar a perseverança.

e. Perseverança

Perseverança é, provavelmente, dessas virtudes colocadas aqui, aquela que carece de atenção, que carece de manutenção. Porque nenhuma das virtudes que Pedro apresenta aqui tem vida útil: não, hoje eu vou ter domínio próprio e amanhã eu vou investir no conhecimento, não. São todas estas coisas, por todos os momentos, em todas as ocasiões, crescendo neste relacionamento de intimidade, em direção à maturidade com o Senhor.

É nos empenharmos em levar uma vida de acordo com aquilo que o Senhor espera de nós. Interessante que, falar em perseverança, significa falar em adversidades, porque não existe um modo mais eficiente para se produzir a perseverança do que a dificuldade. Paulo diz:

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança... Romanos 5:3-4

Não dá para desenvolver uma vida cristã madura sem adversidades. Se você já ouviu alguma pregação que diz o contrário, essa pregação não vem de Deus. Não é de acordo com as Escrituras. O Senhor usa as nossas dificuldades, os nossos problemas para lapidar o nosso caráter e para nos fazer crescer na perseverança. Esse é o trabalho que Ele tem. Essa é a intenção que Ele tem conosco. Ele quer nos conduzir para uma vida plena, firme e convicta com Ele. Mas Tiago também diz:

…a perseverança deve ter ação completa... Tiago 1:4

Ela tem que ser consistente, a perseverança é, como João Crisóstomo chamou, "a rainha das virtudes". Porque é com a perseverança que nós vamos trabalhar na manutenção de todas as outras virtudes. Se nós estamos em um plano de desenvolvimento com Deus, abandonar o barco, desistir, é sinal de imaturidade. Vem a adversidade e você estremece. Vem a dificuldade e você desiste. Isso é o que não é perseverança, e isso é uma marca de imaturidade, de não perseverar em crescer com o Senhor para desenvolver as virtudes. É muito interessante como o autor de Hebreus fala sobre ela:

...desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta. Hebreus 12:1.

Somos chamados a levar uma vida marcada pela perseverança. E o cristão maduro desenvolve esta qualidade, esta virtude.

f. Piedade

Ele também fala que nós devemos associar à perseverança a piedade. E piedade às vezes soa como uma palavra equivocada, piedade dá a impressão de alguém que fica às escondidas num monte, orando o tempo todo, e você fala: "Nossa, que homem piedoso!". Ou aquele cara que você vê na televisão, que ele passa dias meditando, não come, você fala: "Nossa que homem piedoso!".

Mas a piedade, segundo as Escrituras, ela tem duas características: ela é manifesta num relacionamento que esta pessoa piedosa tem com os seus iguais. Ele ajuda o seu irmão, ele cuida do seu próximo, isso é marca da piedade para com os homens. Mas a piedade é também marcada para com Deus. Tem um texto muito interessante em Atos que descreve um homem piedoso do seguinte modo:

Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus. Atos 10:2

Essa é a marca de alguém piedoso. O homem piedoso desenvolve um relacionamento com seus irmãos de desenvolvimento. Ele é preocupado com seus irmãos, ele está atento ao sofrimento e dificuldades que eles estão passando, ele está pronto para servir estas pessoas. Essa é uma característica de uma pessoa piedosa. A marca de uma pessoa piedosa, como diz o texto, ora continuamente a Deus. Não é à toa que, quando Paulo olha para Timóteo, no ministério que ele tinha que desenvolver, ele diz: Exercita-te, pessoalmente, na piedade. I Timóteo 4:7

Eu acho muito interessante este texto quando Pedro diz:

O Senhor sabe livrar da provação os piedosos... II Pedro 2:9

O homem piedoso é guardado de um modo diferenciado por Deus. Ele é protegido por Deus. Deus o protege nas provações, ele não tira das provações, ele protege nas provações. Aquela pessoa que desenvolve este relacionamento de vida contínua com Deus, pode receber de Deus benefícios da sua graça.

g. Fraternidade

O texto também fala sobre fraternidade. E nas Escrituras esta palavra é sempre usada para descrever a vida comunitária. Um homem e uma mulher maduros, do ponto de vista das Escrituras, é alguém que procura vida em comunidade.

 Não podemos falar em maturidade isolados em casa, ou como alguns cristãos têm feito nos nossos dias, em uma vida que rejeita a Igreja, rejeita o convívio com os irmãos, e vive exclusivamente uma fé na sua casa. A definição de fraternidade, de vida em convívio, nós vamos olhar em Romanos que diz:

Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios. Romanos 12:10

A vida comunitária exige que o cristão tenha humildade suficiente para reconhecer os outros como superiores a ele mesmo. Interessante que Jesus Cristo trouxe essa vida comunitária como objetivo da vida cristã. Ele diz:

Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração... I Pedro 1:22

A vida comunitária cristã deve ser diferente de todas as outras comunidades, porque é a única que deve ser marcada por este amor cordial, por este amor fraterno, por esse amor que visa o benefício do próximo, que cresce e que se desenvolve num relacionamento de intimidade com outras pessoas.

Vida cristã solitária é uma vida carente de desenvolvimento. Vida cristã marcada por acabar o culto e sair correndo, como se tivesse algo muito mais importante a fazer do que se relacionar com pessoas, é uma postura imatura.

Porque nós somos chamados para uma vida de corpo. Nós somos chamados para uma vida de comunidade, e a maturidade tem que desenvolver estas características. E essa característica deve ser, este amor fraternal deve ser constante.

                     h. Amor

Por fim, na lista de Pedro, ele estabelece o ponto mais alto, o ponto mais nobre, ele fala sobre o amor. O amor é aquela característica pela qual Deus é definido. Deus é amor. E nós, como filhos de Deus, devemos manifestar o amor. I João, capítulo 4, versículo 19, diz que nós amamos porque Deus nos amou primeiro.

Nós somos habilitados agora que nascidos de novo, nós somos habilitados a amar outras pessoas, porque o mesmo amor que me resgatou, que me deu vida, é o mesmo amor que Deus espera que atue através de mim por outras pessoas. E não é à toa que o mandamento mais importante da Lei está relacionado com o amor:

Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Mateus 22:37

Não é à toa que o segundo mandamento, semelhante a este, é:

Ame o seu próximo como a si mesmo... Mateus 22:39-40

Porque o amor é uma manifestação. É uma característica de Deus. É uma característica que o filho de Deus deve desenvolver.

É  interessante que é no amor que toda a Lei é cumprida. Não matar, não adulterar, não cobiçar. Se eu amo os meus irmãos de verdade, eu jamais vou fazer isso com eles. Jamais vou cobiçar a mulher do meu irmão. Porque eu o amo. Jamais vou cobiçar os recursos do meu irmão, porque eu o amo. Jamais vou ter pensamentos homicidas com meus irmãos e com os outros, porque eu amo as outras pessoas como eu mesmo me amo.

Esforço

E fica a pergunta: que esforço é esse necessário para levarmos uma vida piedosa e madura diante de Deus? O texto que nós lemos começou dizendo:

Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar sua fé a virtude; à virtude o conhecimento.  II Pedro 1:5

3. Progresso Esperado

Veja como o texto continua:

Porque, se essas qualidades (todas essas listadas) existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. II Pedro 1:8

Porque uma vida inoperante e uma vida improdutiva é uma vida imatura. Mas, se essas virtudes existirem e se desenvolverem em nós, nós vamos ser produtivos e operantes no ministério! Nós vamos ver o Senhor usar as nossas vidas para resgatar outras pessoas, nós vamos ver o Senhor usar as nossas vidas para lapidar a vida de outras pessoas, nós vamos ver o Senhor usar a vida de outras pessoas para lapidar a nossa vida, porque nós vamos ser operosos e frutíferos no reino de Deus.

ALERTA NECESSÁRIO

Mas é necessário um alerta: se ao olhar para todas estas características, você se encontrou deficiente nelas, Pedro nos alerta: Todavia, se alguém não as tem, está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus antigos pecados. II Pedro 1:9

O imaturo é marcado por uma "cegueira espiritual". A cegueira espiritual é ótima para olhar para o próprio umbigo! Ela é ótima para olhar só para si mesmo! E só vê o que está perto, e só vê aquilo que gostaria de enxergar! Porque a imaturidade é marcada por egoísmo, e ela é capaz de olhar para si mesmo em auto-piedade o tempo todo.

Por isso, ...empenhem-se ainda mais... II Pedro1:10.

A vida cristã é essa dinâmica de depender de Deus e do seu Espírito e de buscar um diligente empenho para desenvolver as características cristãs esperadas em cada um de nós. Se nós negligenciarmos o nosso plano de ação, de desenvolvimento e de maturidade, nós não vamos perder a nossa salvação, mas nós vamos perder o privilégio de desfrutar, na eternidade, deste reino de Deus de uma forma diferente. Nós vamos perder privilégios eternos na presença de Deus.

CONCLUSÃO – FUTURO GARANTIDO

E, por fim, se isto está acontecendo em nossas vidas, o texto nos diz que:

Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. II Pedro 1:11

Os piedosos, os maduros, têm a oportunidade de desfrutar deste privilégio de participação do reino futuro de Deus. Porque a maturidade nesta vida faz diferença por toda a eternidade.

Essa é a rota para a maturidade. Nós já temos os recursos necessários, nós já temos um percurso definido, nós já temos um progresso esperado, já existe sobre nós esta cobrança, por isso seja diligente no exercício de sua vida cristã. Porque é deste modo que nos será amplamente suprida a entrada no reino de Deus.

Vamos orar: "Senhor Deus, nós agradecemos pela forma clara que tua Palavra nos instrui. Nós agradecemos porque ela nos convida a uma vida santa e piedosa. Que ela nos oferece o caminho, ela nos demonstra que nós temos o necessário, mas, Senhor, nos ajuda a crescermos diante de  Ti,  nos  ajuda  a  desenvolvermos  a  nossa  fé,  a confirmarmos a nossa eleição, desenvolvendo, Deus, o nosso relacionamento contigo e desenvolvendo o nosso conhecimento da Tua palavra. Senhor, conduza cada um de nós a uma vida piedosa e santa. Conduza cada um de nós a uma vida madura. Senhor, trabalha na nossa vida. Este é o nosso desejo, esta é a nossa oração. Nós oramos em nome de Jesus. Amém.

Extraído e Adaptado

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