2015/07/20

O rugido do leão

Texto: Amós 3. 1-15

INTRODUÇÃO

Amós é um megafone de Deus. Ele é um outdoor ambulante com uma solene mensagem para a nação de Israel. Bem como para todos nós cristãos. Ele faz soar a trombeta de Deus trazendo uma mensagem dura a Israel.

Nos próximos três capítulos deste livro, Amós proclama três mensagens: explicação (3.1-15), acusação (4.1-13) e lamentação (5.1-6.14). Todas elas começam com a ordem: "Ouvi".

 O capítulo três de Amós enseja algumas lições que vamos considerar.

I. PRIVILÉGIOS IMPLICAM EM RESPONSABILIDADES (3.1,2)

Antes de Deus embocar a trombeta do juízo contra Israel, recorda-o de seus muitos privilégios. A trombeta está tocando não para estranhos, mas para o povo eleito. O leão está rugindo não nas selvas do paganismo, mas na cidade de Israel povoada pelo povo da aliança, pelo povo da adoção; é o povo remido e que tem uma intimidade singular com Deus. O juízo começa pela Casa de Deus (1Pe 4.17). Pois chegou a hora de começar o julgamento pela casa de Deus; e, se começa primeiro conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? O castigo é proporcional ao privilégio. Quanto mais próximos estivermos do Senhor, tanto maior fidelidade se requer de nós.

1. Um chamado gracioso (3.2)

De todas as famílias da terra, Deus pôs o seu coração em Israel. Deus o escolheu não por ser uma grande nação nem por ser a melhor (Dt 7.6-8). A causa da escolha divina está nele mesmo. Não fomos nós quem o escolhemos, mas foi ele quem nos escolheu (Jo 15.16). Ele nos escolheu desde os tempos eternos (2Tm 1.9), antes da fundação do mundo (Ef 1.4) e, fez isso graciosamente sem nenhum merecimento nosso.

2. Um chamado eficaz (3.1b)

Deus não só escolheu Israel, mas o remiu, o libertou e o chamou. Deus tirou o seu povo dos grilhões da escravidão, protegeu-o por meio do sangue do cordeiro, libertou-o com mão forte e poderosa e sustentou-o por sua generosa providência. O Deus que elege graciosamente é o mesmo que salva totalmente e chama eficazmente.

3. Um chamado exclusivo (3.2a)

Deus disse a Israel: "De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhei". O relacionamento íntimo de Deus com Israel foi exclusivo. Pelo fato de pertencer exclusivamente ao Senhor, Deus fez por Israel coisas que não fez por nenhuma outra nação (Rm 9.4,5).

4. Um chamado proposital (3.3)

Deus chamou Israel para uma relação de amor e comunhão. Grande é a bênção da proximidade de Deus, mas grande é, também, a responsabilidade de viver em conformidade com essa luz, essa revelação. Deus libertou esse povo para ser sua noiva amada. A eleição divina é para a salvação do pecado e não no pecado. A eleição é para a santidade e não uma licença para pecar. Intimidade implica em responsabilidade.

Deus é luz. Deus é santo. Por isso, o nosso pecado faz separação entre nós e o nosso Deus. Não há nada em comum entre Deus e o pecador. Eles estão em lados opostos como dois viajantes em diferentes direções. A intimidade só pode ser cultivada por aqueles que têm unidade de pensamento, sentimento e propósito. O pecado nos separa de Deus ou a comunhão com Deus nos separa do pecado..

5. Um chamado que implica responsabilidade (3.2b,3)

J. A. Motyer diz que o pecado é desesperadamente sério no meio do povo de Deus.

Os pagãos ficam sob a condenação por violarem a consciência; o povo de Deus deve, portanto, ficar três vezes mais, por violar a consciência, a revelação e o amor que fez dele o que é.

É conhecida a expressão de Pusey: "Quanto mais perto de sua própria luz Deus coloca alguém, mais maligna é a escolha das trevas".

A graça de Deus não é uma licença para pecar. Nós fomos eleitos pela santificação do Espírito e fé na verdade (2Ts 2.13). Nós fomos eleitos para a santidade (Ef 1.4). Israel, por viver na contramão da vontade de Deus tinha uma confiança espúria nele e uma visão supersticiosa da eleição. Eles torciam a doutrina da eleição. Pensavam que Deus se deleitava neles mesmo vivendo em seus pecados. Achavam que só lhes cabia privilégios e não responsabilidades. Mas Deus diz que vai punir Israel não apenas por causa de seus pecados, mas também por causa de seus privilégios desperdiçados.

O puritano Richard Baxter diz que os pecados do povo de Deus são mais graves, mais hipócritas e mais danosos do que os pecados do ímpio. O povo de Deus peca contra maior luz, contra maiores princípios de vida e mais íntimo relacionamento. Porque fomos privilegiados com a escolha dele.

Jesus afirmou: "Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido" (Lc 12.48). Como povo escolhido de Deus, devemos viver de modo digno da vocação com que fomos chamados (Ef 4.1).

A Escritura diz que "os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11.29). Deus não anula a eleição da graça com seu povo, por isso, disciplina-o, não para destruí-lo, mas para restaurá-lo. Por sermos filhos e não bastardos, Deus nos disciplina (Hb 12.7ss).

I. PRIVILÉGIOS IMPLICAM EM RESPONSABILIDADES (3.1,2)

II. O PECADO SEMPRE ATRAI JUÍZO

1. O pecado jamais ficará sem julgamento (3.4-6)

O profeta Amós menciona cinco parábolas, dando vários exemplos de causa e efeito para ressaltar a mensagem do juízo de Deus dirigido à pecaminosa nação de Israel.

Charles Feinberg diz que no mundo natural, na natureza, nada acontece por acidente ou acaso; de igual modo, na esfera dos negócios de Deus há sempre uma causa para cada efeito.

Em primeiro lugar, a sentença de Deus estava lavrada contra seu povo rebelde (3.4). O leão enquanto busca a sua presa fica em silêncio. Ele ruge quando está para dar o bote fatal. Israel não mais escapará. O juízo divino já foi lavrado, pois o leão já está rugindo. O leãozinho só levanta a sua voz no covil quando a presa já foi apanhada.

Há perfeito acordo entre o sentido da mensagem de Amós e a seguinte declaração do apóstolo Paulo: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6.7).

Em segundo lugar, o povo de Deus está caindo no laço do seu próprio pecado (3.5). Israel é a ave que caiu no laço ou a presa que caiu na armadilha. O povo armou um laço e caiu nele.

O homem é apanhado pelas próprias cordas do seu pecado. O que ele semeia, ele colhe. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte. Tiago 1:14,15

Em terceiro lugar, a proclamação do juízo de Deus é amedrontador (3.6). A trombeta era um instrumento que anunciava a calamidade e a guerra iminente. Quando a trombeta soava na cidade, o povo tremia de medo. A trombeta de Deus estava sendo tocada e o mal estava preste a chegar. Nada ficará de pé quando Deus visitar o seu povo em sua ira. As construções mais sólidas serão destruídas (3.15) e os homens mais valentes vão perecer (2.14-16).

Em quarto lugar, o juízo contra o pecado é acionado pela própria mão de Deus (3.6b). É Deus quem está trazendo o mal à cidade, a calamidade, a guerra, o infortúnio e o desastre iminente. O Senhor Deus é soberano, governador de tudo que acontece, do bem e do mal,

Foi Deus quem entregou Israel nas mãos da Assíria. Foi Deus quem entregou Judá nas mãos da Babilônia. O ímpio é a vara da ira de Deus para disciplinar o seu povo rebelde.

É Deus que está fazendo você passar por essa luta, por esse sofrimento, para disciplinar seu coração, sua vida...é a vara de Deus para disciplinar você...para que vc se posicione contra o pecado.

 James Wolfendale diz que o juízo sobre Israel é procedente de Deus e não de qualquer outra fonte; ele é merecido, preparado, executado e sem nenhuma possibilidade de escape.

2. O julgamento nunca vem antes do alerta divino (3.7)

Deus não apenas chamou Israel para ser o seu povo, mas também chamou profetas para falar a essa nação. Antes de Deus enviar o juízo, ele faz ouvir a voz da advertência. Antes das taças da ira serem derramadas, as trombetas começam a tocar. Antes de o juízo ser consumado, Deus revela seu propósito aos profetas e levanta-os para pregar ao povo, como eu estou fazendo aqui essa noite. Deus avisou Noé acerca do dilúvio; falou com Abraão sobre a destruição de Sodoma e Gomorra; preveniu a José com referência aos sete anos de fome, e assim fez com seus servos através dos séculos da história de Israel. Até nosso Senhor Jesus advertiu os apóstolos acerca da vindoura desolação de Jerusalém (Lc 21.20-24).

Quando um profeta proclama a Palavra de Deus, é porque Deus está prestes a fazer alguma coisa importante e deseja alertar o seu povo (3.7). Amós está proclamando o rugido do leão (3.8). A voz é de Amós, mas a palavra é de Deus.  Toda a Escritura é uma trombeta de Deus para alertar o homem que o dia do juízo chegará. Das páginas da Bíblia ecoa o rugido do leão. Aqueles que caminham desapercebidos terão que enfrentar inevitavelmente o justo juízo de Deus. Amós estava golpeando a nação com sua voz, expondo a hediondez de seus pecados, tocando, assim, em todos os pontos nevrálgicos com sua palavra profética. Ele recebeu autoridade da parte de Deus e feriu gravemente a apostasia de Israel. Israel, porém, não lhe deu ouvidos.

I. PRIVILÉGIOS IMPLICAM EM RESPONSABILIDADES (3.1,2)

II. O PECADO SEMPRE ATRAI JUÍZO (3.3-8)

III. O PECADO NUNCA FICA ESCONDIDO (3.9,10)

Os pecados de Israel são denunciados pelo profeta Amós, testemunhados pelas nações pagãs e julgados por Deus. O pecado não ficará escondido.

1. Quando o povo de Deus peca, até os pagãos se escandalizam (3.9)

Deus convocou testemunhas contra Israel. Warren Wiersbe diz que em seu tempo, o profeta Isaías chamou o céu e a terra para testemunhar contra Judá (Is 1.2), e Amós convocou as nações gentias para testemunhar contra Israel. O pecado de Israel era tão grande que assustava até as nações pagãs, pois, afinal de contas, Israel estava pecando consciente e deliberadamente.

 Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, (1Co 5.1).É lamentável quando o povo de Deus torna-se repreensível aos olhos dos ímpios.

  Aqueles que não receberam uma revelação especial estão julgando o povo  da aliança.

2. Quando o povo de Deus se entrega ao pecado, ele se torna pior do que os ímpios (3.10)

A cidade de Samaria estava cheia de tumultos e opressão (3.9). Os castelos estavam cheios de violência e devastação (3.10). Israel não sabia mais fazer o que era reto (3.10). O afastamento deliberado de Deus empurrou o povo para a degradação moral.

A impiedade desemboca na perversão (Rm 1.18). O pecado cauteriza a consciência, calcifica o coração e tira da alma toda a sensibilidade espiritual. Os israelitas estão vivendo no pecado de forma contumaz e incorrigível. Eles perderam o temor de Deus e o amor pelo próximo. Viam os pobres como alguém que deviam explorar e esmagar. Eles só buscavam a segurança e o conforto da riqueza, mesmo que essa riqueza fosse desumanamente roubada dos pobres.

I. PRIVILÉGIOS IMPLICAM EM RESPONSABILIDADES (3.1,2)

II. O PECADO SEMPRE ATRAI JUÍZO (3.3-8)

III. O PECADO NUNCA FICA ESCONDIDO (3.9,10)

IV. O PECADO NUNCA FICA SEM PUNIÇÃO (3.11-15)

J. A. Motyer alerta para o fato de esquecermo-nos de que o nosso Deus pode se tornar nosso inimigo (Is 63.10) Apesar disso, eles se revoltaram e entristeceram o seu Espírito Santo. Por isso ele se tornou inimigo deles e lutou pessoalmente contra eles. Isaías 63:10 e com toda a nossa conversa de tomar cuidado para não cair sob o poder de Satanás, ficamos cegos para a possibilidade muito mais perigosa, de perder o poder de Deus, de entristecer o Espírito Santo deliberadamente e Ele se voltar contra nós. A Bíblia diz que horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.

1. Quem não escuta a voz de Deus, terá que suportar a vara da disciplina  de Deus (3.11)

Israel desviou-se de Deus deliberadamente por  209 anos. Nesse tempo 19 reis em 8 dinastias assumiram o trono para só liderar ainda mais a nação para longe de Deus. O Senhor enviou profetas para admoestar a nação, mas a alguns taparam os ouvidos, a outros perseguiram e prenderam e a outros ainda mataram. Agora, então, Deus entrega o seu povo nas mãos do rei da Assíria para serem levados para o cativeiro. O homem que muitas vezes é corrigido e não se humilha será quebrado repentinamente sem que haja cura (Pv 29.1).

Deus se torna o maior inimigo de Israel. O mal que ele pratica contra o pobre, o fraco e o indefeso será, agora, punido inexoravelmente pelo grande juiz de toda a terra. Os tribunais que ele subornou, comprando sentenças por dinheiro não poderão livrá-lo do justo tribunal de Deus.

Deus julgou a ganância insaciável dos ricos (3.11,15). O juízo de Deus sobre Samaria poria fim ao luxo e à arrogância. As casas mais ricas estavam entrando em colapso. Os verdadeiros símbolos da riqueza e da opulência dos poderosos tornar-se-iam pó. Os ricos cheios de ganância e avareza haviam acumulado grandes fortunas. A ganância dos ricos, mancomunados com juízes corruptos, trouxe à aristocracia de Israel uma riqueza ostensiva. Enquanto o povo vivia na miséria, os ricos tinham casas de inverno, casas de verão, casas de marfim e grandes casas ou castelos. Eles se refugiavam nesses palácios ricamente adornados e fortemente protegidos pensando que o mal jamais entraria pelos portões fortemente protegidos de seus castelos. Estavam como o rico insensato da parábola de Jesus, pensando erradamente que a riqueza pudesse lhes dar segurança (Lc 12.12-21). Mas, eles não se aperceberam que ninguém peca impunemente contra Deus. O juízo pode parecer tardio, mas ele virá certamente. O dia de Israel chegou.

Assíria com seus exércitos sedentos de sangue invadiu a cidade de Samaria, saqueou-a e destruiu todos os símbolos da força e poder daquela nação pecaminosa. Isso ocorreu em 722a.c.. Os israelitas haviam explorado uns aos outros, mas seriam despojados por uma nação pagã e gentia.

Colhemos aquilo que semeamos. Eles tinham vivido apenas para os deleites do corpo. O deus deles era o prazer. Viviam movidos pelo hedonismo. Assim, Deus se afasta deles e os entrega à Assíria.

A Assíria cercou Samaria, incendiou seus palácios, destruiu suas casas, passou ao fio da espada milhares de israelitas, deportou outros tantos e trouxe para aquela terra cativos de outras nações, formando, assim um povo híbrido e mestiço; chamado samaritano (Jo 4.9,19-24). Amós deixou claro que a Assíria era apenas a vara da ira de Deus, castigando o seu povo por causa dos seus pecados.

O próprio Deus derrubou essas fortalezas, símbolos do luxo, da opulência, da riqueza e pretensa segurança da nação. A mão que jogou ao chão as casas de inverno, de verão, de marfim e as grandes casas foram as mãos dos soldados assírios, mas a mão que os dirigia nessa destruição era a mão onipotente de Deus. Isto é um alerta pra mim e pra vc nessa noite querido irmão O pecado sempre traz consigo suas consequencias e punições. E a mão de Deus é pesada sobre a aqueles que brincam de ser cristãos.

Aprendemos 4 licões importantes nesta noite através deste texto:

I. PRIVILÉGIOS IMPLICAM EM RESPONSABILIDADES (3.1,2)

II. O PECADO SEMPRE ATRAI JUÍZO (3.3-8)

III. O PECADO NUNCA FICA ESCONDIDO (3.9,10)

IV. O PECADO NUNCA FICA SEM PUNIÇÃO (3.11-15)

 

Áudio: https://www.mixcloud.com/1ipisjp/serm%C3%A3o-de-07062015/

Um comentário:

António Je. Batalha disse...

Estive a ver e ler algumas coisas, não li muito, porque espero voltar mais algumas vezes, mas deu para ver a sua dedicação e sempre a prendemos ao ler blogs como o seu.
Gostei de tudo o que vi e li.
Vim também desejar muita paz,saúde e grandes vitórias.
São os votos do Peregrino E Servo
Antonio.