2015/10/26

Série "Vivendo mais perto de Deus" (1)

 "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (Salmo 42:1, 2).

O desejo do meu coração tem sido me aproximar mais de Deus, esse foi o desejo do salmista Davi quando escreveu esse salmo e sei que esse é o desejo de muitos irmãos também. Entretanto queridos existe um conflito muito grande entre o querer e o praticar, há um abismo colossal entre o querer e fazer, eu percebo que há um disparate, no entendimento de muitos irmãos no que diz respeito a como e o que praticar. Nessa série vamos aprende como aproximarmos de Deus atraves das disciplinas espirituais e sua importância na transformação do querer em pratica.

      As disciplinas espirituais  são ferramentas que Deus deixou para que nós pudéssemos encontrá-lo, funcionam como uma ponte entre esse mundo material, físico e o mundo espiritual. Eu penso que a igreja está carente não na teoria, mas na pratica destas disciplinas.

"Passo pela vida como um transeunte a caminho da eternidade, feito à imagem de Deus, mas com essa imagem aviltada (desonrada), necessitando de que se lhe ensine a meditar, adorar, pensar." - Donald Coggan, Arcebispo de Cantuária

Como estamos carentes desses ensinos queridos irmãos, como estamos deficitários na meditação, na adoração, no jejum, na solicitude, na adoração, na confissão, enfim em todas as disciplinas Espirituais. A superficialidade é maldição de nosso tempo. É incrível como o ser humano tem se tornado superficial, raso em todos os sentidos. É por conta disso que o hedonismo tem a cada dia se propagado mais e mais, (busca pela satisfação, pelo prazer). A doutrina da satisfação instantânea é conhecida como Hedonismo, antes de tudo, um problema espiritual. A necessidade urgente hoje não é de um maior número de pessoas inteligentes, ou dotadas, mas de pessoas profundas.

E antes de eu falar especificamente sobre as disciplinas espirituais em sí. É importante entendermos o quanto é fundamental na vida do cristão as disciplinas espirituais.

1. PORTA De LIVRAMENTO da escravidão do pecado...

As Disciplinas clássicas da vida espiritual convidam-nos a sair do  viver na superfície para o viver nas profundezas. Elas nos chamam para explorar os recônditos interiores do reino espiritual.

Instam conosco, elas pedem a que sejamos a resposta a um mundo vazio. John Woolman aconselhou: "É bom que vos aprofundeis, para que possais sentir e entender os sentimentos das pessoas."

Eu creio de todo o meu coração, que Deus quer que o seu povo seja diferente, Ele quer que sejamos profundos em todos os níveis, seja relacionamentos, espiritual, familiar etc. Estamos a cada dia mais individualistas, não nos damos a conhecer as pessoas e não deixamos elas se aproximarem também. Vivemos na superficialidade dos relacionamentos com o próximo e fazemos isso com Deus também. Nós precisamos quebrar essa postura e a pratica das disciplinas espirituais nos ajudará nessa árdua tarefa. Uma coisa importante que quero que vc entenda é que as Disciplinas espirituais não são para os gigantes espirituais e, por isso, ela não está além de nosso alcance; ou para os contemplativos que devotam todo o tempo à oração e à meditação. Longe disso. Na intenção de Deus, as Disciplinas da vida espiritual são para seres humanos comuns: pessoas que têm empregos, que cuidam dos filhos, que lavam pratos e cortam grama. Na realidade, as Disciplinas são mais bem exercidas no meio de nossas atividades normais diárias. Elas possuem um  efeito transformador,  e esse  efeito é potencializado dentro das conjunturas comuns da vida humana: em nossos relacionamentos com o marido ou com a esposa, com nossos irmãos e irmãs, ou com nossos amigos e vizinhos.

Nem deveríamos pensar nas Disciplinas Espirituais são chatas, monótonas, que visa a exterminar qualquer tipo de alegria. Alegria é nota dominante de todas as Disciplinas, em certo sentido, as Disciplinas Espirituais não são difíceis. Não precisamos estar bem adiantados em questões de teologia para praticar as Disciplinas. Os recém-convertidos - até mesmo as pessoas que ainda não se entregaram a Jesus - deveriam praticá-las. A exigência fundamental para praticar as disciplinas espirituais é suspirar por Deus. É querer mais de Deus...

O salmista escreveu: "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (Salmo 42:1, 2).

Tavez esteja falando aqui para alguém que sente um profundo desejo de se aprofundar mais em Deus, sim a você!!! que tem você ouvido o chamado para um viver mais profundo, mais pleno. Talvez você se tenha cansado das más experiências e do ensino superficial na busca de Deus, mas Interiormente você tem suspirado por lançar-se em águas mais profundas. Não deixe que experiências ruins do passado lhes tire esse desejo de se achegar a Deus.

Os que têm ouvido o chamado do seu íntimo e desejam explorar o mundo das Disciplinas Espirituais, imediatamente se defrontam com duas dificuldades.

A primeira é de ordem filosófica. A base materialista em nossa época tornou-se tão penetrante que ela tem feito as pessoas duvidarem seriamente de sua capacidade de ir além do mundo físico. As pessoas acham que nunca conseguiram desfrutar de uma verdadeira comunhão com Deus.

  Muitas pessoas comuns são influenciadas pela ciência popular que é preconcebida contra o mundo não-material, essa ciência ensina que a espiritualidade é pra poucos. Isso é uma mentira deslavada. nós fomos chamados a ser seres espirituais... É difícil exengar quão saturados estamos com a mentalidade da ciência popular. A meditação, por exemplo, se de algum modo permitida, não é considerada como contato com um mundo espiritual real, mas como manipulação psicológica.

 Necessitamos de coragem para ir além do preconceito de nossa época e afirmar com  convicção que existe mais do que o mundo material, que o mundo espiritual é real e pode ser tocado por aqueles que o buscam.   

A segunda dificuldade é de ordem prática. Simplesmente não sabemos como explorar a vida interior. Mas nem sempre foi assim. No primeiro século e anteriormente, não era necessário dar instruções sobre como "praticar" as Disciplinas da vida espiritual. Isto não se verifica em nossa geração.

 Hoje existe uma ignorância abismal dos mais simples e práticos aspectos de quase todas as Disciplinas Espirituais clássicas. Aliado a essa ignorância, somos escravos de muitos hábitos pecaminosos que já estão arraigados, enraizados em nossas vidas.  Por isso que a disciplina espiritual é uma porta de livramento..

A Escravidão de Hábitos arraigados

Acostumamo-nos a pensar no pecado como atos individuais de desobediência a Deus. Isto é bem verdade até certo ponto, mas a Bíblia vai muito mais longe. Na sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo freqüentemente se refere ao pecado como uma condição que infesta a raça humana. O pecado como condição abre seu caminho através dos "membros do corpo"; atraves dos hábitos enraizados do corpo. E não há escravidão que possa comparar-se à escravidão de hábitos pecaminosos arraigados. Sabe aquele pecado, que vc luta luta luta e não consegue vencer, parece que está dentro de vc...parece que faz parte de sua própria carne. e faz porque ele virou um hábito.

Muitos cristãos tentam lutar contra o pecado confiando em sua força de vontade e determinação. Qualquer que seja nosso problema, decidimos nunca mais repeti-lo; oramos contra ele, lutamos contra ele, dispomos nossa vontade contra ele. Tudo, porém, é em vão e uma vez mais nos encontramos moralmente falidos.

Heini Arnold, escreve: "Desejamos deixar perfeitamente claro que não podemos livrar e purificar nosso próprio coração exercitando nossa própria `vontade'".

A força de vontade nunca terá êxito no trato com os hábitos profundamente arraigados do pecado.

Heini Arnold conclui: "Enquanto acharmos que podemos salvar-nos a nós mesmos por nossa própria força de vontade, a única coisa que fazemos é tornar o mal que em nós mais forte do que nunca." A força de vontade não tem defesa contra os pecados arraigados, em nossas vidas. A vontade tem a mesma deficiência da lei - ela pode lidar somente com as exterioridades. Não é suficiente para operar a transformação necessária da disposição interior. isso só quem pode fazer é Deus através da pratica das disciplinas espirituais.

2. Abrem a Porta

O desejo da necessidade de mudança dentro de nós é obra de Deus e não nossa. É preciso que haja um trabalho real interno, e Deus pode operar a partir do interior. Não podemos alcançar ou merecer esta justiça do reino de Deus; ela é uma graça concedida ao homem.

Na carta aos Romanos o apóstolo Paulo esforça-se a fim de demonstrar que a justiça é um dom de Deus. Ele emprega o termo 35 vezes nessa epístola, e cada vez que o Emprega o faz  com êxito pelo fato de que a justiça não é atingida nem atingível mediante esforço humano. Uma das mais claras afirmações é Romanos 5:17: "... os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça, reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo." Esse ensino, evidentemente, não se encontra em Romanos mas na Bíblia toda e se apresenta como uma das pedras angulares da cristã.

No momento em que captamos esta compreensão que a justiça é um dom de Deus e que a vontade e a necessidade de aproximarmos de Deus vem dele próprio, corremos o risco de um erro no sentido oposto. Somos tentados a crer que nada que possamos fazer. Se os esforços humanos terminam em falência moral (e tendo-o tentado, sabemos que é assim), e se a justiça é um dom gratuito de Deus (conforme a Bíblia o declara com clareza), então não é lógico deduzir que devemos esperar que Deus venha e nos transforme? Por estranho que pareça, a resposta é "não". A análise é correta: o esforço humano é insuficiente e a justiça é o dom de Deus. O que é falha é a conclusão, pois felizmente existe algo que podemos fazer.

Deus nos deu as Disciplinas da vida espiritual como meios de receber sua graça. As Disciplinas permitem-nos colocar-nos diante de Deus de sorte que ele possa transformar-nos.

O apóstolo Paulo disse: "O que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna" (Gálatas 6:8).

O lavrador não consegue fazer germinar o grão; tudo o que ele pode fazer é prover as condições certas para o crescimento do grão. Ele lança a semente na terra onde as forças naturais assumem o controle e fazem surgir o grão. O mesmo acontece com as Disciplinas Espirituais - elas são um meio de semear para o Espírito. As Disciplinas são o meio de Deus plantar-nos na terra; elas nos colocam onde ele possa trabalhar dentro de nós e transformar-nos.  Sozinhas, as Disciplinas Espirituais nada podem fazer; elas só podem colocar-nos no lugar onde algo possa ser feito. Elas são os meios de graça de Deus. Deus ordenou as Disciplinas da vida espiritual como meios pelos quais somos colocados onde ele pode abençoar-nos.

Neste sentido, seria próprio falar do "caminho da graça disciplinada". É "graça" porque é grátis; é "disciplinada" porque existe algo que nos cabe fazer. Em The Cost of Discipleship (O Custo do Discipulado), Dietrich Bonhoeffer deixa claro que a graça é grátis, mas não é barata. À medida que andamos neste caminho, a bênção de Deus virá sobre nós e nos reconstruirá à imagem de seu Filho Jesus Cristo. Devemos lembrar-nos sempre de que o caminho não produz a mudança; ele apenas nos coloca no lugar onde a mudança pode ocorrer. Este é o caminho da graça disciplinada.

O Caminho da Morte: Transformar as Disciplinas em Leis

As Disciplinas Espirituais visam ao nosso bem. Elas têm por finalidade trazer a abundância de Deus para nossa vida. É possível, contudo, torná-las em outro conjunto de leis que matam a alma. As Disciplinas dominadas pela lei respiram morte. Jesus ensinou que devemos ir além da justiça dos escribas e fariseus (Mateus 5:20). Eles estavam comprometidos em seguir a Deus numa forma para a qual muitos de nós não estamos preparados, mas a justiça deles consistia em controlar as aparências externas, muitas vezes incluindo a manipulação de outras pessoas.

Quando as Disciplinas se degeneram em lei, elas são usadas para manipular e controlar pessoas.  No momento em que assim procedemos, qualificamo-nos para o severo pronunciamento de Jesus contra os fariseus: "Atam fardos pesados (e difíceis de carregar) e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los" (Mateus 23:4).

Em questões assim necessitamos das palavras do apóstolo Paulo embutidas em nossas mentes: "Não tratamos da letra, mas do Espírito. É que a letra da lei conduz à morte da alma" (2 Coríntios 3:6, Phillips).

Ao entrarmos no mundo interior das Disciplinas Espirituais, sempre haverá o perigo de torná-las em lei. Mas não estamos abandonados aos nossos próprios inventos humanos. Jesus Cristo prometeu ser nosso Professor e Guia sempre presente. Sua voz não é difícil de ser ouvida. Não é difícil entender suas instruções. Se começarmos a calcificar o que deveria sempre permanecer vivo e crescente, ele nos dirá. Podemos confiar em seu ensino. Se nos desviarmos para alguma idéia errônea ou prática inaproveitável, ele nos conduzirá de volta. Se estivermos dispostos a ouvir o Instrutor Celestial, receberemos a instrução de que necessitamos. Uma coisa é certa ainda que exista uma perigo como vimos o desejo de Deus é nos transformar para que venhamos desfrutar de uma verdadeira comunhão...

Nosso mundo está faminto de pessoas verdadeiramente transformadas. Leon Tolstói observou: "Todos pensam em mudar a humanidade e ninguém pensa em mudar a si mesmo." Estejamos entre os que crêem que a transformação interior de nossa vida é um alvo digno de nosso melhor esfomesmo do nosso amor a Deus...

Mensagem extraída do livro de Richard Foster intitulado celebração das disciplinas.

 

Áudio: https://www.mixcloud.com/1ipisjp/serm%C3%A3o-de-140615/


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