2015/10/26

Cristianismo acima da Religião.

Texto: 1 Co 15.10

Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em vão; 

 Queridos irmãos essa noite quero falar-lhes a respeito de um tema que tem falado muito comigo que é a constante tensão que o cristão sofre entre a espiritualidade versos a religião, entre o relacionamento com a pessoa de Jesus Cristo e o relacionamento com os dogmas e ritos da religião. Estamos vivendo um espirito de época onde as pessoas estão menos interessadas no que diz respeito a religião e mais interessadas em viver o que compreendemos ser uma espiritualidade.

No sentido comum o cristianismo é uma religião, na verdade faz parte das cinco grande religiões do mundo: Judaismo, Cristianismo, Budismo, Islamismo e Hinduísmo. Mas em um sentido mais técnico e mais profundo o Cristianismo observado sob perspectiva do evangelho de Jesus é possível perceber que o cristianismo deveria estar acima de toda religião, o cristianismo deveria ser a superação da religião, da lógica da religião.

O sociólogo venezuelano Otto Maduro, em seu livro "Religião" e "Luta de Classes", define religião como "conjunto de discursos e práticas, referente a seres anteriores ou superiores ao ambiente natural e social, em relação aos quais os fiéis desenvolvem uma relação de dependência e obrigação". A definição de Otto Maduro permite também perceber a lógica inerente ao fenômeno religioso: a "relação de obrigações e benefícios" com os "seres superiores". A religião se sustenta na lógica da justiça retributiva: o fiel cumpre suas obrigações e recebe a bênção; falha no cumprimento do que lhe compete no contrato com a divindade e em troca recebe o castigo e a maldição. Essa logica é muito comum no Antigo testamento no que diz respeito ao entendimento que ele tem de religião, onde se você servir a Deus e cultua-lo terá sua colheita abundante, sua família será protegida, você será cercado de bençãos divina devido a sua obediência. No entanto se você desobedecer e deixar Deus lado, ele jogara uma praga de gafanhotos em sua colheita que será destruída, os inimigos invadiram suas terras e matara sua família, e tudo o que você possui será destruído. Se você fizer isso será abençoado, se não fizer será amaldiçoado... é uma relação de contrato. Cumpra a sua parte, que cumprirei a minha se você não cumprir sua, não preciso também cumprir com minha palavra. Essa é a logica que Otto Madura define a religião, é um conjunto de crenças e ritos referente a seres superiores aos quais temos obrigações e uma expectativa de sermos beneficiados.

E infelizmente queridos irmãos é exatamente assim que muitas pessoas enxergam o cristianismo, como um relacionamento de causa e efeito. Eu venho pra igreja porque se não irei para inferno (só pra constar você pode estar aqui dentro há muitos anos e mesmo assim ir pro inferno), eu devolvo o dizimo se não serei amaldiçoado, eu busco a Deus e ele me cura da enfermidade mortal, eu oro e jejuo e ele em contra partida me da poder e Dons... A nossa mentalidade cristã está inundada desse conceito pagão de cristandade de causa e efeito de justiça retributíva. Alias muitas igreja hoje descaradamente ensinam através da justiça retributíva um sistema sacrificial.

Para afastar a ira de Deus faça algo compensatório, sacrifício compensatório. De algo a ele em troca... Parceiro de Deus...Era exatamente o pensamentos dos fariseus hipócritas da época 'Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho'. Lucas 18:11,12

No entanto queridos irmãos Cristianismo na perspectiva das boas novas, do evangelho de Jesus Cristo é outra coisa que não tem nada haver com essa religião. Embora tenha suas doutrinas e afirmações dogmáticas, a essência do evangelho é o relacionamento com uma pessoa – Jesus Cristo –, e não com um "conjunto de crenças" racional e cartesianamente organizado: "Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17.3).

Quando colocamos a Cruz de Cristo sob esse conceito de religião, esse conceito se esvazia por completo, pois só podemos se aproximar da presença de Jesus através de seu sacrifício na cruz e não através de causa e efeito, de sacrifício retributivo. E é por isso que os ritos, as praticar litúrgicas e a sua postura cristã por mais puritana que seja, não é uma moeda de troca, para que com ela você consiga trocar por algo que quer de Deus... Porque não? Porque sabemos que o evangelho extrapola absolutamente o cerimonialismo religioso e torna obsoleto o embate a  * respeito de onde e como adorar a Deus, pois "Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade" (Jo 4.24). A adoração legítima e autêntica é a consagração da vida como "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm 12.1) 

O  cristiniamos sob a perspectiva do evangelho  Jesus Cristo é a superação da religião. Não é adesão a dogmas, mas relação mística com o Deus revelado em Jesus de Nazaré; não é celebrado em ritos, mas na dinâmica do Espírito que faz da vida toda uma festa para a glória de Deus; não se restringe à observação de regras comportamentais, mas se estabelece a partir de uma profunda transformação do ser humano, que é arrancado de si mesmo na direção de seu próximo em amor. Porque Jesus disse: Aquele que me ama, ama seu irmão.

O Cristianismo na perspectiva do evangelho de Jesus Cristo é a superação das relações de mérito (justiça retributiva) e dos sistemas sacrificiais. Jesus é "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29), e inaugura uma nova dimensão de relação entre Deus e os homens, não mais baseada no mérito e nem nos deméritos, mas na sua graça, e no seu desejo de abençoar tantos "bons e maus, justos e injustos", pois "Deus é amor" (1Jo 4.8). Aquele que se apropria do evangelho sabe que "Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós", também "nos dará juntamente com ele, pela graça, todas as coisas" (Rm 8.32), e desfruta a liberdade e a paz com Deus e a paz de Deus (Rm 5.1; 8.1), pois "o amor lança fora todo o medo" (1Jo 4.18).

Nós não nos relacionamos mais com Deus na causa e efeito, pelo menos não deveríamos mais. Não somos abençoados porque cumprimos as regras da religião, somos abençoados porque estamos em Cristo Jesus. Se formos infiéis ele ainda permanecera fiel. Essa é a diferença entre o contato e a aliança.

No contrato quando uma das partes quebra sua responsabilidade contratada automaticamente libera a outra parte de cumprir sua responsabilidade com o outro. Na aliança a infidelidade de um, não justifica aquebra e o empenho da o palavra do outro. Ele continua sendo fiel. É o que vemos na parábola do filho pródigo... a infidelidade do filho não quebrou a aliança de amor que o pai tinha com ele e a despeito de tudo que o filho havia aprontado, o pai o recebe de braços abertos... isso é aliança e é este tipo de relacionamento que Deus tem contigo... e quer ter com você. Entretanto queridos irmãos apesar dessa aliança ser firmada por Cristo, parece-me que nos dias de hoje os cristãos preferem viver um relacionamento de contrato, de causa e efeito, de uma mentalidade pagã sacrificial. E o efeito disso é o desenvolvimento de uma postura religiosa, farisaica e porque não falar hipócrita. Jesus combateu ardorosamente a hipocrisia, ele falou do Pastor e do musico do louvor que passaram sem ajudar aquele moço que havia sido assaltado e espancado e estava caído a beira do caminho, ele falou sobre os fermentos dos religiosos, ele criticou inúmeras vezes as praticas religiosas judaicas. principalmente a questão do guardar o sábado, pois ele curava no sábado e os religiosos queriam matá-lo pois ele estava infligindo uma regra, um rito, uma tradição.

E ainda hoje ele combate essas mesmas praticas na vida daqueles que tomam o seu nome, mas vivem de forma dissoluta como que se Ele não existisse ou como se ele não viesse julgar a sua igreja. Nós não somos adoradores de Deus a partir de ritos, a onde devemos adorar neste monte ou em Jerusalém? Com vela ou sem vela? E Jesus responde que devemos adora-lo em espirito e em verdade, é no coração que prestamos a verdadeira adoração. O apostolo Paulo. diz: falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, Efésios 5:19

Essa verdade os profeta já havia nos ensinado. O Senhor diz: "Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A adoração que me prestam só é feita de regras ensinadas por homens. Isaías 29.13

Deus esta dizendo que o povo se aproximava dele com uma atitude hipócrita da boca pra fora e feita através de ritos e isso não O agrada. Irmãos a muita gente carola que Deus não gosta,  (cartunista Laerte, uma personagem Deus), porque em apocalipse Ele diz que prefere o frio ou o quente, mas o morno lhe causa anciãs.

Somos hipócritas quando condenamos os outros e não olhamos para as nossas vidas cheias de pecados, somos hipócritas quando entoamos cânticos a Deus que falam de coisas que nunca quisermos realmente experimentar, somos hipócritas quando levantamos nossas mãos em adoração santa quando elas na verdade estão cheias de pecados. Somos hipócritas quando fazemos escalas de pecado em nosso meio... pecados na área sexual são punidos com rigor excessivo em nossas igrejas enquanto empurramos para baixo do tapete pecados "menores" como a maledicência, a fofoca, a falta de amor, a gula, a ganancia, a soberba, demostramos menos rigor e mais paciência e compreensão, somos Hipócritas e por sermos hipócritas somos injustos...

E é por conta disso queridos irmãos que existe um fenômeno chamando desigrejados onde muitos tem preferido ficar longe desse circo da religião, é por conta disso que muitos querem vivenciar uma espiritualidade fora da religião... porque a religião mata e neste sentido concordo com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche "Deus esta morto" esse não é o Deus que eu sirvo.

Religião sem relacionamento com Cristo produz a morte, produz o entorpecimento dos sentidos na palavra de KARL MARX – referiu-se à religião como "ópio para o povo". A religião que machuca, que frustra, que se tornou um peso.

Talvez alguém aqui se sinta assim, se pra você cristianismo significa em apenas vir a igreja, se pra você as coisas de Deus se tornou um peso, um aborrecimento, eu convido a você a fazer uma avaliação de sua vida e verificar se você esta comprometido com a religião ao invés de estar comprometido com a espiritualidade das boas novas de Cristo Jesus. Nós não fomos chamados para viver sob o peso da religião, nós fomos alcançado para viver sobe o regime da espiritualidade banhada pela Graça de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em vão; 1co15.1. Devemos nos afastar de toda proposta de graça que enfraquece uma vida comprometida com Cristo, Sua igreja e missão. Jesus continua derramando graça à Jo 1.16: "Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça."

Não anule, não transforme em vã a graça de Deus derramada em  sua vida querido irmão. Não deixe que a religiosidade assuma o comando o leme de seu barco, combata isso.. como? "Nunca lhes falte o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor." Romanos 12:11

Por confundir cristianismo com religião encontramos muitos irmãos desanimados, acomodados, frustrados, seguindo o curso da religião morta. É isso que você quer pra sua vida? É esse tipo de espiritualidade que lhe satisfaz?

O apóstolo Paulo nos orientando para que nunca nos falte ZELO. A palavra "ZELO" quer dizer dedicação ardente, paixão, cuidado, interesse. Em algumas versões diz "No zelo não sejais remissos". A palavra "REMISSO" também tem significados interessantes, ela significa: descuidado, frouxo, que tem menos intensidade; Ou seja, em outras palavras, Paulo nos diz: Não seja frouxo no seu cuidado para com Deus; Não tenha pouca intensidade em sua paixão; Seja cuidadosos para com seu interesse em Deus. O versículo então prossegue dizendo: "Sede fervorosos no Espírito, servindo ao Senhor."

Deus nestes dias vem me incomodando muito quanto a viver esse versículo, e de como tem faltado o fervor na vida das pessoas. E a falta desse fervor tira a alegria de Cristo de nosso coração, faz com que nós tiremos nossos olhos daquilo que importa, e coloquemos nosso entusiasmo em coisas relacionadas a alegria da criatura, e não a alegria do Criador. O quanto fervorosos temos sido? Qual tem sido a nossa intensidade no conhecimento pela sua verdade, que é a sua palavra?

Que possamos ser fervorosos no espírito, por dentro, pois o que queima por dentro faz a diferença por fora, quanto maior for o nosso interesse, mais liberdade para agir e falar o Senhor terá em nossos cultos. Mais ouviremos, mais provaremos dEle.


Ed René Kivitz


Áudio: https://www.mixcloud.com/1ipisjp/serm%C3%A3o-de-20092015/

 

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