2018/01/01

5 Solas

No dia 31 de outubro vamos comemorar o dia da Reforma Protestante. A reforma foi um movimento que aconteceu no século XVI, tendo como uma das figuras principais Martinho Lutero, que publicou as 95 teses em 1517, na porta do Castelo de Wittenberg.

Ele protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma no catolicismo romano. Podemos dizer que, nesse momento, houve uma quebra de paradigmas ou melhor uma quebra de um modelo ou padrão que havia sido estabelecido pela igreja católica Romana.

Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco Solas. A Reforma Protestante reconduziu a igreja aos cinco pilares do evangelho que haviam sido esquecidos e deturpados ao longo da história.

Ainda hoje, os desvios doutrinários precisam ser combatidos, e nós, como discípulos de Cristo, devemos proclamar as verdades bíblicas e permanecer nelas. Mas para isso precisamos conhecer as 5 solas...

1)    Sola Scriptura - Somente as Escrituras

Ao mesmo tempo que as autoridades da Igreja Católica Romana concordavam que a Palavra de Deus era o padrão máximo para toda a vida e doutrina, eles acreditavam que essa palavra podia ser encontrada em locais fora das Escrituras.

Roma reivindicou uma estrutura de autoridade de três partes, que incluía a Escritura, a tradição e o Magistério. O componente principal desta estrutura de autoridade era o próprio Magistério, que é o magistério oficial da Igreja Católica Romana, manifestado principalmente no papa. Porque o papa era considerado o sucessor do apóstolo Pedro, seus pronunciamentos oficiais eram considerados como as palavras do próprio Deus. Ele estava acima das Escrituras.

Foi neste ponto que os Reformadores mantiveram-se firmes. Para eles os escritos do Novo Testamento, devem ser vistos como a última parcela da revelação de Deus para o seu povo. Esses escritos, juntamente com o Antigo Testamento, são os únicos que são corretamente considerados a Palavra de Deus. Eles estavam dizendo não a tradição, ela não tem autoridade divina e muito menos a palavra do Papa.

Esta convicção de sola Scriptura é que, somente as Escrituras são a Palavra de Deus e, portanto, a única regra infalível para a vida e doutrina.

2 Timóteo 3:16- Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus.

Esse entendimento dos reformadores forneceu o combustível necessário para inflamar a Reforma. Na verdade,  essa doutrina foi considerada como a "causa formal" da Reforma.

Os pontos de vista desta doutrina são personificados no famoso discurso de Martinho Lutero na Dieta de Worms (1521), depois que ele foi convidado a retratar os seus ensinamentos:

A menos que possa ser refutado e convencido pelo testemunho da Escritura e por claros argumentos (visto que não creio no papa, nem nos concílios; é evidente que todos eles frequentemente erram e se contradizem); estou conquistado pela Santa Escritura citada por mim, minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Não posso e não me retratarei, pois é inseguro e perigoso fazer algo contra a consciência...Que Deus me ajude. Amém!

Para Lutero, as Escrituras, e somente as Escrituras, eram o árbitro máximo do que devemos acreditar, para ele a Bíblia é a única autoridade infalível.

É importante salientar que os Reformadores não se viam como se estivessem trazendo algo novo. Em vez disso, eles entendiam que estavam recuperando algo muito antigo - algo que a igreja tinha acreditado inicialmente, mas que depois havia se torcido e distorcido. Os Reformadores não eram inovadores, mas escavadores.

A doutrina da sola Scriptura nos protege de elevarmos credos e confissões ou outros documentos humanos (ou ideias) ao nível das Escrituras. Devemos estar sempre atentos para não cometermos o mesmo erro de Roma, que abraçou o que poderíamos chamar de "tradicionalismo", que tenta vincular as consciências dos cristãos a áreas que a Bíblia não vincula.

Nesse sentido, a sola Scriptura é uma guardiã da liberdade cristã. Mas o maior perigo que enfrentamos quando tratamos da sola Scriptura não é entendê-la de forma errada. O maior perigo é esquecê-la. Somos propensos a pensar nessa doutrina puramente em termos de debates do século XVI - apenas um vestígio das antigas batalhas entre católicos e protestantes, e irrelevantes para os dias de hoje.

 Mas, nos dias de hoje, a igreja protestante precisa dessa doutrina mais do que nunca. As lições da Reforma têm sido esquecidas em sua maioria e a igreja, mais uma vez, começou a confiar em autoridades supremas fora das Escrituras.

A fim de levar a igreja de volta à sola Scriptura, temos de perceber que não podemos fazer isso apenas através do ensino da doutrina em si (embora devamos fazer isso). Antes, a principal maneira para levar a igreja de volta é, de fato, pregando as Escrituras.

Somente a Palavra de Deus tem o poder de transformar e reformar nossas igrejas. Portanto, não devemos apenas falar sobre a sola Scriptura, mas devemos demonstrá-la.

 E quando assim o fizermos, devemos pregar toda a Palavra de Deus - sem escolher as partes que preferimos ou pensar no que nossas congregações querem ouvir. Devemos pregar apenas a Palavra (sola Scriptura), e devemos pregar toda a Palavra (tota Scriptura). As duas doutrinas andam lado a lado. Quando elas são unidas, no poder do Espírito Santo, podemos ter a esperança de uma nova reforma.

 A igreja deve reafirmar que só a Escritura, inerrante palavra de Deus é fonte única da revelação divina escrita, única para convencer a consciência humana. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação, para nos libertar do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. A igreja deve negar que qualquer credo, concílio ou indivíduo fora de Cristo, do Espírito Santo e da Palavra de Deus possa constranger a consciência de uma pessoa.

2)    Sola Gratia – Somente a Graça

 "Maravilhosa Graça! Quão doce o som que salvou um miserável como eu!"; Os cristãos adoram cantar sobre a graça salvadora de Deus – e com razão. João nos diz que de Jesus "todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça" (João 1:16).

Muitas das cartas do Novo Testamento começam e terminam com os escritores expressando seu desejo de que a graça de Jesus estivesse com o seu povo. As últimas palavras da Bíblia são: "A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém" (Apocalipse 22:21).

Os reformadores entenderam a importância da graça de Deus para o ensino bíblico sobre a salvação.  Os cristãos são salvos somente pela graça de Deus.

Entre os protestantes, existe uma conhecida incompreensão e uma distorção do ensino da Igreja Católica Romana sobre a graça. Às vezes é dito: "Roma ensina que somos salvos pelas obras, mas os protestantes ensinam que somos salvos pela graça". Esta declaração, mesmo sendo comum, é uma calúnia contra a Igreja Católica Romana.

Roma não ensina que alguém é salvo pelas obras à parte da graça de Deus. Ela, de fato, ensina que uma pessoa é salva pela graça de Deus. A que, então, Roma objetou no ensino dos reformadores? Onde está a linha que diferencia Roma da Reforma?

Encontra-se em uma única palavra – sola ("somente"). Os reformadores sustentavam que o pecador é salvo pela graça de Deus, o seu favor imerecido, somente.

Essa doutrina significa que nada que o pecador fizer pode trazer-lhe o mérito para obter a graça de Deus, e que o pecador não coopera com Deus, a fim de merecer a sua salvação. A salvação, do começo ao fim, é o dom soberano de Deus para os indignos e não merecedores.

Conforme Paulo escreveu aos cristãos de Corinto que estavam inclinados a vangloriar-se: "Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?" (1 Coríntios. 4:7).

Ninguém pode estar diante de Deus e dizer: "Olhe para mim e veja o que eu fiz!" Deus não é devedor de ninguém, nem mesmo em matéria de salvação. "Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense? " Romanos 11:35

Uma passagem da Escritura na qual a doutrina da salvação somente pela graça brilha é Efésios 2:1-10. Ele destaca duas vezes o fato de que "pela graça sois salvos" (2:5, 8).

Como é a graça de Deus evidente na salvação? Nós vemos a graça de Deus em evidência, Paulo diz, quando Deus faz com que o morto viva em Cristo.

Paulo não diz que estamos doentes, ele diz que, longe de Cristo, nós estamos mortos. Espiritualmente falando, somos cadáveres no chão, sem Jesus. Não podemos nos aproximar de Deus, assim como um cadáver não pode reunir forças para sair de seu túmulo. Assim é o quão ruim estamos quando estamos longe de Cristo.

Felizmente, Paulo não termina por aí. Começando no versículo 4, Paulo se volta de nós para Deus, do mal que fizemos para o bem que Deus está fazendo em Cristo. Ele destaca três coisas sobre a graça de Deus no resto desta passagem:

Primeiro, ele nos aponta para a obra de Deus nos versículos 5-6: "Deus nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos – e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar com ele nos lugares celestiais em Cristo Jesus". Deus ressuscitou Cristo dentre os mortos e o fez assentar-se à sua direita e ele nos fez algo incrível em nossa união com Cristo. Deus, Paulo disse, fez os mortos viverem. Isso é o que evoca a exclamação de Paulo: "Pela graça sois salvos" (2:5).

Em segundo lugar, Paulo nos aponta para a motivação de Deus. Por que Deus fez o morto reviver? Não foi por causa de nossas obras, Paulo diz no versículo 9, nem as obras que fizemos antes de nos tornarmos cristãos, nem as obras que temos feito depois que nos tornamos cristãos.

Caso contrário, poderíamos ter motivo para "nos gloriar" (v. 9). Em vez disso, Paulo diz, Deus nos deu vida por causa de sua "misericórdia", de seu "grande amor com que nos amou" (v. 4). Paulo sai do seu caminho para incutir em nós que o próprio amor e a misericórdia de Deus são a fonte da nossa salvação.

Em terceiro lugar, Paulo nos aponta para o propósito de Deus. Com que propósito Deus fez o morto reviver? Paulo diz no versículo 7, foi para que possamos colocar em exposição, tanto agora como na eternidade, as "riquezas imensuráveis da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus".

Nós somos salvos, sola gratia – somente pela graça de Deus. 

 A igreja deve reafirmar que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente por sua graça em Cristo. E que a obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, livrando-nos da servidão do pecado e erguendo-nos da morte espiritual para a vida espiritual.

 A igreja deve reafirmar que a salvação seja em qualquer sentido não é obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação.

 A igreja deve reafirmar que a fé não é produzida pela natureza humana não-regenerada, mas que é um dom de Deus.

 A graça de Deus em Cristo evidenciada no evangelho não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. 

Todo ser humano nasce espiritualmente morto no pecado e não é capaz de salvar-se a não ser pela graça regeneradora. Sola Gratia salva.

3)    Sola Fide – Somente pela Fé

Quando Martinho Lutero pregou suas Noventa e Cinco Teses na porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, em 1517, demorou algum tempo para que as implicações da sua ação reverberassem ao longo da história.

O fruto de seu trabalho emergiu em algumas confissões luteranas e reformadas, as quais afirmaram que os pecadores são declarados justos aos olhos de Deus, não com base em suas próprias boas obras, mas somente pela fé. Essa doutrina ficou conhecida como doutrina da Justificação pela fé.

Que claramente contrariava a igreja católica, que ensinava que essa justificação se dava pelo batismo, pela fé em Cristo, mas também pelas obras e que as pessoas podiam perder sua posição de justificação.

Os reformadores ao contrario entendiam biblicamente que os pecadores para serem justificados deveriam olhar para fora de si, ou seja não para a suas obras, mas para a obra perfeita e completa de Cristo.

O primeiro benefício da justificação é que Deus perdoa todos os nossos pecados passados, presentes e futuros.

Salmo 32: "Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto" (Salmo 32:1).  

"Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados. Romanos 4:7,  

O segundo benefício da justificação é a aceitação do pecador como justo aos olhos de Deus aos olhos de Deus nos tornamos justos isso porque a  justiça de Cristo foi imputada a nós.  Quando Deus olha pra nós ele vê a justiça de Cristo em nós.

Por justificação, um pecador é aceito como justo, não por uma parte da lei, mas por toda a lei - cada mandamento, cada jota e til. Ele é contado como aquele que guardou todas as dimensões de toda a lei.

Os teólogos citam duas passagens-chave das Escrituras para fundamentar a imputação, ou confirmação, da justiça de Cristo para o crente.

Primeiro, eles citam 2 Coríntios 5:21:"Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus".

Romanos 5:19 "Porque, como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim, pela obediência de um só homem muitos serão constituídos justos

Para Roma, a justificação do pecador é uma tentativa de alquimia doutrinária, tentando misturar as obras de Cristo com as do crente, a fim de produzir o ouro da justificação. A teologia reformada, por outro lado, refletindo o ensino das Escrituras, repousa a justificação do pecador somente sobre a obra de Cristo.

Mas SOLA FIDE é suficiente para a salvação, veja o caso do ladrão na cruz por exemplo. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.  E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. Luc. 23,42-43.

Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora PELA FÉ, e SOLA FIDE somente pela FÉ, andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus.

Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. (Romanos 8: 1).

 Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser somente Pela fé. A base não é a devoção à igreja, ou a nossa moralidade, mas a FÉ no que Deus fez por nós em Cristo, independente do que nós podemos fazer para alcançar Deus.

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou que uma instituição que reivindique ser igreja, mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.

O Evangelho de Jesus Cristo está sendo desvirtuado pelo excesso de Confiança na capacidade humana. O evangelho da auto-estima, o evangelho da saúde e da prosperidade, estão transformando o verdadeiro evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores, tal qual fez a igreja católica no passado. Esse tipo de pregação ofusca a doutrina da justificação pela fé.    

 O único meio pelo qual a perfeita obra de Cristo é recebida é pela fé somente - sola fide. Nós não temos outra embaixada de paz para encontrar abrigo da justa ira de Deus, a não ser na perfeita justiça e sofrimento de Cristo, e não há outra ponte entre o homem e Cristo, somente a fé.

4)    Solus Christus - Somente a Cristo

 Cristo é o único Salvador. Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos". Atos 4:12

A centralidade de Cristo é o fundamento da fé protestante. Martinho Lutero disse que Jesus Cristo é o "centro e a circunferência da Bíblia" — isso significa que quem ele é e o que ele fez em sua morte e ressurreição são o conteúdo fundamental da Escritura.

Ulrich Zwingli disse: "Cristo é o Cabeça de todos os crentes, os quais são o seu corpo e, sem ele, o corpo está morto".

Sem Cristo, nada podemos fazer; nele, podemos fazer todas as coisas.  O Próprio Jesus disse: pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. João 15:5. Somente Cristo pode trazer salvação. Paulo deixa claro em Romanos que a união com Cristo é o único caminho da salvação.

Nós precisamos urgentemente ouvir solus Christus em nossos dias de teologia pluralista. Muitas pessoas hoje questionam a crença de que a salvação é somente pela fé em Cristo. Eles proclamam e adoram "um  Deus sem ira, o qual trouxe homens sem pecado para um reino sem julgamento, por meio de ministrações de um Cristo sem a cruz".

No entanto para os reformadores pensavam da seguinte forma: "Cristo, e somente Cristo, está apto a ser o mediador entre Deus e o homem. Ele é o profeta, sacerdote e rei da igreja de Deus". Observemos mais detalhadamente esses três ofícios.

Cristo, o Profeta - Cristo é o Profeta que precisamos para nos instruir nas coisas de Deus, a fim de curar a nossa cegueira e ignorância. Moisés declarou em Deuteronômio 18:15 "O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás". Ele é o Filho de Deus, e Deus exige que nós o escutemos. Enquanto ele ainda estava falando, uma nuvem resplandecente os envolveu, e dela saiu uma voz, que dizia: "Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam-no! " Mateus 17:5

Como o Profeta, Jesus é o único que pode revelar o que Deus tem planejado na história "desde a fundação do mundo", e que pode ensinar e manifestar o real significado das "escrituras dos profetas"

Cristo, o Sacerdote - Cristo é também o Sacerdote que, como diz o Catecismo de Heidelberg: "pelo sacrifício de Seu corpo, nos redimiu, e faz contínua intercessão junto ao Pai por nós" A salvação está somente em Jesus Cristo, porque há duas condições que, não importa o quanto nos esforcemos, nunca poderemos satisfazer. No entanto, elas devem ser cumpridas se estamos para ser salvos.

A primeira é satisfazer a justiça de Deus pela obediência à lei. A segunda é pagar o preço de nossos pecados. Nós não podemos cumprir nenhuma dessas condições, mas Cristo as cumpriu perfeitamente.

Romanos 5:19 diz: " por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos".

Romanos 5:10 diz: "nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho". Não há outra maneira de entrar na presença de Deus a não ser por meio de Cristo somente.

O sacrifício de Jesus ocorreu apenas uma vez, mas ele ainda continua sendo nosso grande Sumo Sacerdote, aquele através do qual toda a oração e louvor são feitos aceitáveis a Deus.

Nos lugares celestiais, ele continua sendo nosso constante Intercessor. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. Romanos 8:34 e Advogado: Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. 1 João 2:1

Cristo, o Rei - Finalmente, Cristo é o Rei, que reina sobre todas as coisas. Ele reina sobre sua Igreja por meio de seu Espírito Santo. Ele soberanamente dá o arrependimento ao impenitente e concede perdão ao culpado.

Cristo é "o nosso Rei eterno que nos governa por sua Palavra e Espírito, e que defende e preserva-nos no gozo da salvação que ele adquiriu para nós" (O Catecismo de Heidelberg, P&R.31).

Como o Herdeiro real da nova criação, ele nos levará a um reino de eterna luz e amor, o nosso Rei nunca nos deixará desamparados, mas suprirá as nossas necessidades, até que, ao terminar nossa luta, sejamos chamados para o triunfo".

  A igreja deve reafirmar que sua salvação é realizada unicamente pela obra mediatória e vicária de Cristo no golgota. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só, são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.  

A igreja deve negar que o evangelho esteja sendo pregado se a obra vicária de Cristo não estiver sendo declarada, e se a fé em Cristo e em sua obra não estiver sendo pregadas.

5)    Soli Deo Gloria – Somente a Glória

Usamos a frase glória de Deus com tanta frequência que ela tende a perder sua força bíblica. Mas essa glória, como o sol, não é menos ardente - e não menos benéfica - porque as pessoas a ignoram.

A glória de Deus é a santidade de Deus colocada em exposição. O significado básico de santo é "separado do comum". Assim sendo, a santidade de Deus é a sua infinita "separação" de tudo o que é comum. É isso que O faz ser o único.

 "A glória de Deus" é uma forma de dizer que há uma realidade objetiva e absoluta para a qual apontam todas as maravilhas, respeito, veneração, louvor, honra, elogio e adoração dos seres humanos.

Nós fomos feitos para encontrar o nosso mais profundo prazer em admirar o infinitamente admirável - a glória de Deus. Essa glória não é a projeção psicológica do desejo humano insatisfeito sobre a realidade. Pelo contrário, o desejo inconsolável do ser humano é a evidência de que fomos feitos para a glória de Deus.

A glória de Deus é o objetivo de todas as coisas (1 Coríntios 10:31;Isaías 43:6-7). A grande missão da Igreja é declarar a glória de Deus entre as nações. "Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas". (Salmo 96:1-3; Ezequiel 39:21; Isaías 66:18-19).

Onde quer que na igreja se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão.

Nossos interesses substituíram os de Deus nós estamos fazendo o trabalho Dele do nosso modo, e não estamos dando a Ele a glória devida. 

A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é visível e lamentável. É essa perda que está permitindo transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-se bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando cada vez menos para muitos de nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em adorar e glorificar a Deus, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós.

A salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre por isso. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade Dele, e para sua glória somente.

Não podemos glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, e se negligenciarmos sua Lei ou o Evangelho em nossa pregação. É preciso fazer tudo com decência e ordem e para gloria de Deus.

 

Em meio à tirania da sabedoria mundana, permaneçamos na Escritura somente (Sola Scriptura).

Em meio à opressão da autoajuda, permaneçamos na Graça somente (Sola Gratia).

Em meio ao jugo da religiosidade, permaneçamos na Fé somente (Sola Fide).

Em meio à manipulação dos falsos senhores, permaneçamos em Cristo somente (Solus Christus).

Em meio à idolatria do eu, permaneçamos em Glorificar a Deus somente (Soli Deo Gloria).

 

 

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