2014/03/31

O COMPROMISSO DE VIVER PARA CRISTO

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” Gálatas 2.19-20

A epístola aos Gálatas, intitulada corretamente por muitos como a Declaração da Independência Cristã, parece controverso quando ouvimos afirmações de que esta carta mostra também a nossa completa dependência a Deus. A nossa independência, tão pregada na epístola aos Gálatas, diz respeito à legislação mosaica e suas exigências como agente salvador ou norma de conduta cristã. Essa dependência nada mais é que um relacionamento com o nosso Deus, pois o relacionamento é a ligação entre duas pessoas. É a forma como nos tratamos e nos comunicamos. Porem muitos estão demonstrando esse relacionamento como uma dependência as leis de Deus.

Paulo teve de repreender Pedro por não estar sendo coerente com os irmãos não-judeus. Pedro afastou dos irmãos-judeus pressionado por “alguns homens mandados por Tiago” que queriam que Pedro não tomasse refeições com os não-judeus seguindo assim a lei e os costumes judaicos.

Do verso 15-21, Paulo começa a tratar da importante questão teológica de como uma pessoa é salva. Paulo deixa claro que a salvação vem somente da graça de Deus por meio da fé que a pessoa tem em Cristo Jesus. Não há nada que a pessoa possa fazer; Deus, por meio de Cristo, já fez tudo para a nossa salvação. E Paulo conclui que, se a pessoa fosse salva por obedecer à lei, então Cristo teria morrido à toa. Obras da lei podem justificar uma pessoa somente se ela guardar perfeitamente toda a lei Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. Tiago 2:10 Cristo morreu porque todos são pecadores, tanto judeus como gentios. Mas voltando à lei nega a graça de Cristo, e invalida a morte dele.

A verdadeira vida cristã, não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Para que isto me aconteça tenho que morrer. A ideia aqui é a morte do meu egoísmo. No momento que eu entreguei minha vida a Cristo e o recebi como meu Senhor e Salvador, no mundo espiritual, eu morri, para o pecado, para minha carne, para o mundo e para Satanás.

Os livros que mais se tornam best sellers nas livrarias hoje são os chamados livros de “auto-ajuda”, livros que possuem como princípio o ensino do individualismo. Ensinam que ninguém precisa de ajuda para ser bem sucedido na vida. Você não precisará de um professor ou um guia. Você substituirá as universidades, a sabedoria dos mais velhos e até a Deus.  Basta comprar e ler o livro. Por de traz deste princípio encontramos o egocentrismo, onde o indivíduo se considerá o centro de tudo e não carece de auxilio algum. Assim entendemos porque são tão bem vendidos, pois todos nos somos egocêntricos de alguma forma. O egocêntrico é aquele que ama só a si mesmo, que não se importa com os outros, conhecido comumente como, interesseiro. O egocêntrico acha que não precisa de ninguém e mesmo quando admite precisar, só admite a fim de obter favores daqueles ao seu redor. O egocentrico é o centro do mundo e o deus de sua própria vida. O egocêntrico só pensa no em receber glórias. Porem devemos nos esvaziar do nosso eu se quisermos nos encher de Cristo e dar a ele toda a glória.

Paulo no versículo 20, não estava dizendo que a sua carne física havia sido crucificada, mas que o seus pecados haviam sido crucificados com Cristo. Paulo deixa claro que não era mais as suas paixões carneis, suas vontades e desejos que imperavam em sua vida, mais sim o andar em espírito.[6] Para ele a sua vida era semelhante aos dizeres de João Batista em João 3.30: “E necessário que ele cresça e que eu diminua”. Devemos viver como pessoas crucificadas, ou seja, mortas, sem olharmos para nós mesmos, para não ressucistar o velho homem.

Sundar Singh, um grande missionário, propôs ir ao Tibete, para evangelizar seus habitantes. A viagem foi difícil, pois foi obrigado a caminhar na neve, sob os implacáveis ventos do Himalaia. Em sua companhia, viajava um tibetano que retornava a seu país. De repente, Sundar viu na neve o corpo de um homem, e percebeu que a vida ainda estava nele. Fez, então, sinal para seu companheiro, que caminhava na frente, sugerindo-lhe que o ajudasse a carregar o caído. O tibetano, porém, protestou, negando-se a prestar auxílio, dizendo:- “Se não acelerarmos o passo, o senhor e eu estaremos mortos dentro de alguns minutos.”. Sundar não deu ouvidos à sugestão do companheiro. Colocou o homem às costas e foi seguindo o mesmo caminho do tibetano. Se, antes, era difícil caminhar na neve, ainda mais agora, que tinha de carregar nos ombros o peso de um homem. Lá adiante, depois de uma boa caminhada, Sundar notou que à sua frente jazia o corpo de um homem. Era o tibetano, morto pelo rigor da friagem assassina. O missionário então entendeu, naquele instante, que também teria morrido, se não tivesse um fardo às costas. O intenso esforço físico manteve o seu corpo quente e salvou-lhe a vida. A atitude individualista e egocêntrica do tibetano matou- o, mas a generosidade do missionário salvou-o.

Um dos maiores inimigos da nossa vida crista é o nosso ego, o que significa o nosso desejo pessoal. A Bíblia chama este inimigo de carne. O Apostolo Paulo descreve esta luta interior da seguinte maneira: Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Gálatas 5.17 Na vida crista a única forma de vencer é reconhecer que já estamos crucificados com Cristo, e isto tem diversas implicações. Vou separar apenas duas: Se vc quer ter um compromisso de viver para Cristo existe implicações

II - AS CONDIÇÕES DO COMPROMISSO

1. Morto para o pecado

“Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.”  Romanos 6.11  

Notem que o Apostolo Paulo utiliza a frase: considerai-vos mortos para o pecado. Claro que qualquer cristão está vulnerável ao pecado, e pode cometê-lo. Mas isto deveria ser uma exceção a regra.  Alguém pode perguntar pastor mas como é estar morto para o pecado?

No século IV, quando a fé cristã era pregada em seu poder no Egito, um jovem irmão procurou o grande Macarius: "Pai", disse ele, "qual é o sentido de ser morto e sepultado com Cristo?" "Meu filho", respondeu Macarius, "você se lembra de nosso querido irmão que morreu e foi sepultado há pouco tempo? Vá agora à sepultura dele e conta-lhe todas as coisas maldosas que você já escutou dele e que nós estamos contentes que ele tenha morrido e agradecidos por livrarmo-nos dele, porque ele foi uma preocupação tão grande para nós e causou tanto desconforto na igreja. Vá, meu filho, e diga isso, e ouça o que ele há de responder." O jovem ficou surpreso e duvidou se realmente tinha entendido, mas Macarius só disse: "Faça como eu mandei, meu filho, e venha e me diga o que seu irmão que partiu vai lhe dizer." O moço fez como foi mandado e retornou. "Bem, e o que o nosso irmão disse?", perguntou Macarius. "Disse, pai!", ele exclamou. "Como podia dizer qualquer coisa? Ele está morto." "Vá, agora de novo, meu filho, e repita todas as palavras bondosas e lisonjeiras que você ouviu sobre ele. Diga-lhe o quanto sentimos sua falta, que grande santo ele foi, que nobre obra ele fez, como a igreja inteira dependia dele, e volte e conte-me o que ele diz." O jovem começou a entender a lição que Macarius queria lhe ensinar. Ele voltou ao túmulo e dirigiu muitos elogios ao homem morto, depois retornou a Macarius. "Ele não responde nada, pai. Ele está morto e sepultado." "Você sabe agora, meu filho", disse o velho pai, "o que é ser morto com Cristo. Louvor e censura nada são para aquele que está realmente morto e sepultado com Cristo" (Anônimo).

Muitos que se dizem cristãos estão vivendo na prática do pecado e continuam nessa prática, dando mau testemunho e sujando o cristianismo. Infelizmente muitos tem a tendência de viver uma vida dupla e satisfazer o desejo da carne.  Eu quero viver de acordo com meus planos, minha vontade, meus ideais, meus pensamentos, etc., mas ao mesmo tempo quero viver como Cristo. Esta é a razão da falta de poder, e da frieza espiritual de muitos. Precisamos dar plena liberdade para que Cristo viva sua vida poderosa em nós. Isto mudará radicalmente o nosso viver, pois viveremos na dimensão espiritual divina.mas para isso precisamos morrer para a carne, para o pecado.

O verdadeiro cristão tem nojo do pecado e um desejo interior de santidade e comunhão com Deus.  Embora o mais humilde crente esteja acima do poder do pecado, o mais alto crente não está acima da presença de pecado. O pecado só arruína onde reina. Não está destruindo onde está perturbando. Quanto mais mal recebe de nós, menos mal faz a nós (William Secker).

2. Vivo para Deus

O texto diz que devemos nos considerar mortos para o pecado e vivos para Deus. A ideia aqui é de alinhar toda a nossa vida, projetos, ideais e desejos, com a vontade de Deus. Em outras palavras tudo o que fizermos, a forma como iremos aplicar o nosso tempo, talentos e recursos, deveremos fazer para cumprir a vontade de Deus.  O verdadeiro cristão não tem outra razão para viver a não ser Cristo e sua vontade. Paulo também afirma que esta vida tem que ser vivida pela fé e não por emoções passageiras. Não podemos firmar nossa vida espiritual nas emoções, pois elas são instáveis. A única forma de viver a verdadeira vida crista é pela Fé em Deus e sua Palavra.

Precisamos crer, que o nosso eu já foi crucificado com Cristo, e também crer que Ele está vivendo em nós. Se nossas atitudes são muito diferentes das atitudes de Cristo, precisamos verificar se realmente estamos mortos. Este é o processo de santificação. Quanto mais percebermos nossas atitudes erradas, comparando-as com as atitudes de Cristo, mais nos arrependeremos, e submeteremos nossas vidas a Ele, e pela fé viveremos de vitória em vitória.

 

III – AS ATITUDES DO COMPROMISSO

Aguardo ansiosamente e espero que em nada serei envergonhado. Ao contrário, com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida, quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Filipenses1.20-21

Esta é uma frase do Apostolo Paulo, que é um dos modelos mais autênticos de vida crista. Ele fala sobre Viver para Cristo e o Lucro da Morte física.

1.              Viver para Cristo.

A transformação da vida ao receber a Cristo não se refere somente a libertação do pecado, dos vícios e da vida errada. Ela também inclui novos propósitos e novos ideais. Todo cristão deve viver para cumprir os propósitos e ideais de Deus aqui na terra.  Um exemplo clássico que temos é do próprio Senhor Jesus, quando esteve no Getsemani, suando gotas de sangue, consciente de todo o sofrimento que estava adiante, orou: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua”. Lucas 22.42 Nosso compromisso deve ser o mesmo: não mais a minha vontade, mas a vontade de Deus. Paulo também mostra este compromisso de uma forma contundente e radical: Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus. Atos 20.24

2.              Não considerar a minha vida de valor algum para mim mesmo.

Neste compromisso, os valores mudam. Claro que a vida é importante, mas quando colocada na perspectiva ministerial, ela perde o valor pessoal, e nos coloca numa situação de inteira dependência e abertura a servir ao Senhor como e onde Ele quiser.

3.              Completar o Ministério.

A Bíblia afirma que Deus nos confiou o “Ministério da Reconciliação” II Coríntios 5. 18. O nosso compromisso deve ser de completar o ministério que Deus nos entregou.

4.              O Ministério é testemunhar do evangelho.

O ministério é fazer novos discípulos de Cristo. Por isso devemos consagrar totalmente nossas vidas para servir ao Senhor, levando as pessoas a conhecê-lo como Senhor e Salvador, e ajuda-las no seu crescimento espiritual até que elas também tenham o mesmo compromisso e comecem a se multiplicar espiritualmente fazendo outros discípulos.

5.              A Morte Física é um Lucro

De acordo com a Bíblia todo aquele que recebe a Cristo como Senhor e Salvador tem vida eterna. Portanto temos certeza de salvação, de perdão, somos justificados de todos os pecados e temos vida eterna. Por isso que Paulo esta afirmando que o morrer é lucro. Cerramos os olhos aqui, e o abrimos na presença de Deus, quando morremos.

IV – CONCLUSÃO

A verdadeira vida cristã implica num compromisso muito sério, de morrer para o pecado, mundo, carne e diabo, e viver para Cristo.

Em certa feita Billy Graham foi convidado para pregar em uma igreja e já pronto para iniciar o seu sermão, foi interrompido pelo pastor que disse: Pastor Billy Graham, antes de iniciar seu sermão expulsaremos um irmão de nosso rol de membros, pois foi pego embriagado ontem a noite. Billy Graham então faz uma pergunta aquele pastor:

_Sua igreja esta cheia do Espírito Santo?

Ele respondeu meio sem graça:

_Não

Billy Graham então diz:

_Bem, então você precisará excluir todos os seus membros de sua igreja antes de excluir este irmão que foi pego embriagado, pois se os membros desta igreja não estão cheios do Espírito Santo estão cheios da natureza humana produzindo assim os frutos da carne e não do Espírito.

Concluímos então que Paulo ao dizer que: “…e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do filho de Deus…”,quer dizer que a nossa fé em Cristo torna se mais viva neste mundo por meio da nossa santificação, ou seja, por meio da nossa busca constante pelas coisas de Deus e luta contra a carne.

 

ÁUDIO: http://www.youtube.com/watch?v=vIKjNCbrps0&feature=youtu.be

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