2014/03/10

O COMPROMISSO DE VIVER PARA CRISTO

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” Gálatas 2.19-20

A epístola aos Gálatas, intitulada corretamente por muitos como a Declaração da Independência Cristã, parece controverso quando ouvimos afirmações de que esta carta mostra também a nossa completa dependência a Deus que também é uma verdade. A nossa independência, tão pregada na epístola aos Gálatas, diz respeito à legislação mosaica e suas exigências como agente salvador ou norma de conduta cristã, ou seja ela está falando de uma independência da lei.

Foi comum naquela época e me parece que nesse tempo que estamos vivendo no cristianismo ver as pessoas se relacionar com a estrutura e não com o objeto principal do cristianismo. Que é Cristo. As pessoas estão muito mais dispostas a seguir regras e condutas impostas pelela igreja do que desenvolver uma vida de intimidade com  Cristo. A nossa dependência está nele. Somente nele.

Essa dependência nada mais é que um relacionamento com o nosso Deus, pois o relacionamento é a ligação entre duas pessoas. E é através deste relacionamento que tratamos e nos comunicamos com Ele. Porem muitos estão demonstrando esse relacionamento como uma dependência as leis de Deus. Só que a lei por si só ela não salva o ser humano, mas apenas o condena.

Do verso 15-21, Paulo começa a tratar da importante questão teológica de como uma pessoa é salva. Paulo deixa claro que a salvação vem somente da graça de Deus por meio da fé que a pessoa tem em Cristo Jesus. Não há nada que a pessoa possa fazer... Deus, por meio de Cristo, já fez tudo para a nossa salvação. E Paulo conclui que, se a pessoa fosse salva por obedecer à lei mosaica, então Cristo teria morrido à toa. O sacrifício vicário seria em vão...

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; (Efésios 2:8 NVI)

Obras da lei poderia justificar uma pessoa somente se ela guardarsse perfeitamente toda a lei Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. Tiago 2:10 Cristo morreu porque todos são pecadores, tanto judeus como gentios. Todos pecaram e carecem da graça de Deus. Mas se voltarmos à lei, negamos a graça de Cristo, ela invalida a morte dele.

A verdadeira vida cristã, não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Para que isto me aconteça tenho que morrer. A ideia aqui é a morte do meu "eu" do egoísmo. No momento que eu entreguei minha vida a Cristo e o recebi como meu Senhor e Salvador, quando fiz isso, no mundo espiritual eu morri, para o pecado, para minha carne, para o mundo e para Satanás.

Os livros que mais se tornam best sellers nas livrarias hoje são os chamados livros de “auto-ajuda”, livros que possuem como princípio o ensino do individualismo. Ensinam que ninguém precisa de ajuda para ser bem sucedido na vida. Você não precisará de um professor ou um guia. Hoje as pessoas estão substituindo o conhecimento das universidades, a sabedoria dos mais velhos e até a Deus. Pelo seu auto conhecimento. Basta comprar e ler o livro.  Por de traz deste princípio encontramos o egocentrismo, onde o indivíduo se considera o centro de tudo e não carece de auxilio algum. e muito menos de Deus. Assim entendemos porque são tão vendidos, pois todos nos somos egocêntricos de alguma forma. O egocêntrico é aquele que ama só a si mesmo, que não se importa com os outros. O egocêntrico acha que não precisa de ninguém e mesmo quando admite precisar, só admite a fim de obter favores daqueles ao seu redor.  O egocentrico é o centro do mundo e o deus de sua própria vida. O egocêntrico só pensa no em receber glórias.

Porem não é isso que um viver em compromisso com Cristo nos propõe, devemos nos esvaziar do nosso eu se quisermos nos encher de Cristo e dar a ele toda a glória. Quando Paulo  disse Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim, não estava dizendo que a sua carne física havia sido crucificada, mas que o seus pecados haviam sido crucificados com Cristo. Paulo deixa claro que não era mais as suas paixões carneis, suas vontades e desejos que imperavam em sua vida, mais sim o andar em espírito.Para ele a sua vida era semelhante aos dizeres de João Batista em João 3.30: “E necessário que ele cresça e que eu diminua”. Devemos viver como pessoas crucificadas, ou seja, mortas, sem olharmos para nós mesmos, para não ressucistar o velho homem.

Sundar Singh, um grande missionário, propôs ir ao Tibete, para evangelizar seus habitantes. A viagem foi difícil, pois foi obrigado a caminhar na neve, sob os implacáveis ventos do Himalaia.

 Em sua companhia, viajava um tibetano que retornava a seu país. De repente, Sundar viu na neve o corpo de um homem, e percebeu que a vida ainda estava nele. Fez, então, sinal para seu companheiro, que caminhava na frente, sugerindo-lhe que o ajudasse a carregar o caído. O tibetano, porém, protestou, negando-se a prestar auxílio, dizendo:- “Se não acelerarmos o passo, o senhor e eu estaremos mortos dentro de alguns minutos.”

Sundar não deu ouvidos à sugestão do companheiro. Colocou o homem às costas e foi seguindo o mesmo caminho do tibetano. Se, antes, era difícil caminhar na neve, ainda mais agora, que tinha de carregar nos ombros o peso de um homem.

Lá adiante, depois de uma boa caminhada, Sundar notou que à sua frente jazia o corpo de um homem. Era o tibetano, morto pelo rigor da friagem assassina.

O missionário então entendeu, naquele instante, que também teria morrido, se não tivesse um fardo às costas. O intenso esforço físico manteve o seu corpo quente e salvou-lhe a vida. A atitude individualista e egocêntrica do tibetano matou- o, mas a generosidade do missionário salvou-o.

Um dos maiores inimigos da nossa vida crista é o nosso ego, o que significa o nosso desejo pessoal. A Bíblia chama este inimigo de carne. O Apostolo Paulo descreve esta luta interior da seguinte maneira: Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Gálatas 5.17 Na vida crista a única forma de vencer é reconhecer que já estamos crucificados com Cristo, e isto tem diversas implicações. Vou separar apenas duas:

Se vc quer ter um compromisso de viver para Cristo, existe implicações. Uma em relação ao seu compromisso com Ele e a outra diz respeito a sua atitude para com Ele.

 

 COMPROMISSO com Cristo

1. Morto para o pecado

“Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.”  Romanos 6.11  

Notem que o Apostolo Paulo utiliza a frase: considerai-vos mortos para o pecado. Claro que qualquer cristão está vulnerável ao pecado, e pode cometê-lo. O próprio apostolo Paulo sentia constantemente a fúria da sua natureza pecaminosa, ele disse "aquilo que quero fazer não consigo e aquilo que não quero acabado fazendo." Mas isto deveria ser uma exceção a regra. Cometemos pecado pois somos pecadores, não porque gostamos de pecar..

Alguém pode perguntar pastor mas como é estar morto para o pecado?

No século IV, quando a fé cristã era pregada em seu poder no Egito, um jovem irmão procurou o grande Macarius: "mestre", disse ele, "qual é o sentido de ser morto e sepultado com Cristo?"

"Meu filho", respondeu Macarius, "você se lembra de nosso querido irmão que morreu e foi sepultado há pouco tempo?

Vá agora à sepultura dele e conta-lhe todas as coisas maldosas que você já escutou dele e diga que nós estamos contentes que ele tenha morrido e agradecidos por livrarmo-nos dele, porque ele foi uma preocupação tão grande para nós e causou tanto desconforto na igreja. Vá, meu filho, e diga isso, e ouça o que ele há de responder."

O jovem ficou surpreso e duvidou se realmente tinha entendido, mas Macarius só disse: "Faça como eu mandei, meu filho, e venha e me diga o que seu irmão que partiu vai lhe dizer."

O moço fez como foi mandado e retornou. "Bem, e o que o nosso irmão disse?", perguntou Macarius. "Disse, mestre!", ele exclamou. "Como podia dizer qualquer coisa? Ele está morto."

"Vá, agora de novo, meu filho, e repita todas as palavras bondosas e lisonjeiras que você ouviu sobre ele. Diga-lhe o quanto sentimos sua falta, que grande santo ele foi, que nobre obra ele fez, como a igreja inteira dependia dele, e volte e conte-me o que ele diz."

O jovem começou a entender a lição que Macarius queria lhe ensinar. Ele voltou ao túmulo e dirigiu muitos elogios ao homem morto, depois retornou a Macarius. "Ele não responde nada, mestre. Ele está morto e sepultado."

"Você sabe agora, meu filho", disse o velho mestre, "o que é ser morto com Cristo. Louvor e censura nada são para aquele que está realmente morto e sepultado com Cristo" (Anônimo). Estar morto com Cristo significa não responder aos nossos desejos, aos estímulos mundanos...

Muitos dos cristãos modernos estão vivendo na prática do pecado, dando mau testemunho e sujando o cristianismo, vivendo de uma forma dúbia satisfazendo os desejos da carne, vivendo de acordo com seus planos, sua vontade, seus ideais, seus pensamentos, etc., mas ao mesmo tempo querem viver como Cristo. Esta é a razão da falta de poder, e da frieza espiritual de muitos.

Precisamos dar plena liberdade para que Cristo viva sua vida poderosa em nós. Isto mudará radicalmente o nosso viver, pois viveremos na dimensão espiritual, mas para isso precisamos morrer para a carne, para o pecado.

Pois quando éramos controlados pela carne, as paixões pecaminosas despertadas pela Lei atuavam em nosso corpo, de forma que dávamos fruto para a morte. Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos libertados da Lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e não segundo a velha forma da Lei escrita. (Romanos 7:5, 6 NVI)

O verdadeiro cristão tem nojo do pecado( não do pecador) e um desejo interior de santidade e comunhão com Deus.  

2. Vivo para Deus

O texto diz que devemos nos considerar mortos para o pecado e vivos para Deus. A ideia aqui é de alinhar toda a nossa vida, projetos, ideais e desejos, com a vontade de Deus. Em outras palavras tudo o que fizermos, a forma como iremos aplicar o nosso tempo, talentos e recursos, deveremos fazer para cumprir a vontade de Deus. O verdadeiro cristão não tem outra razão para viver a não ser Cristo e sua vontade.

Paulo também afirma que esta vida tem que ser vivida pela fé e não por emoções passageiras. Não podemos firmar nossa vida espiritual nas emoções, pois elas são instáveis.  A única forma de viver a verdadeira vida crista é pela Fé em Deus e atraves sua Palavra.

Precisamos crer, que o nosso eu já foi crucificado com Cristo, e também crer que Ele,  Cristo, está vivendo em nós. Se nossas atitudes são muito diferentes das atitudes de Cristo, precisamos verificar se realmente estamos mortos. Este é o processo de santificação. Quanto mais percebermos nossas atitudes erradas, comparando-as com as atitudes de Cristo, mais nos arrependeremos, e submeteremos nossas vidas a Ele, e pela fé viveremos de vitória em vitória. Esse é o primeira implicação para vivermos um compromisso com Cristo, morrermos para o pecado e estamos vivos paras as coisas de Deus. A segunda implicação diz respeito a nossa atitude para com Ele.

 AS ATITUDES DO COMPROMISSO

Aguardo ansiosamente e espero que em nada serei envergonhado. Ao contrário, com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida, quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Filipenses1.20-21

1.              Viver para Cristo.

A transformação da vida ao receber a Cristo não se refere somente a libertação do pecado, dos vícios e da vida errada. Ela também inclui novos propósitos e novos ideais. Todo cristão deve viver para cumprir os propósitos e ideais de Deus aqui na terra.

Um exemplo clássico que temos é do próprio Senhor Jesus, quando esteve no Getsemani, suando gotas de sangue, consciente de todo o sofrimento que estava adiante, orou: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua”. Lucas 22.42

Nosso compromisso deve ser o mesmo: não mais a minha vontade, mas a vontade de Deus.

Paulo também mostra este compromisso de uma forma contundente e radical: Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus. Atos 20.24

2.              Não considerar a minha vida de valor algum para mim mesmo.

Neste compromisso, os valores mudam. Claro que a vida é importante, mas quando colocada na perspectiva ministerial, ela perde o valor pessoal, e nos coloca numa situação de inteira dependência e abertura a servir ao Senhor como e onde ele quer. Somos chamdos para fazer a diferença.

A Bíblia afirma que Deus nos confiou o “Ministério da Reconciliação” II Coríntios 5. 18. O nosso compromisso deve ser de completar o ministério que Deus nos entregou. E este ministério é fazer novos discípulos de Cristo.

Por isso devemos consagrar totalmente nossas vidas para servir ao Senhor, levando as pessoas a conhecê-lo como Senhor e Salvador, e ajuda-las no seu crescimento espiritual até que elas também tenham o mesmo compromisso e comecem a se multiplicar espiritualmente fazendo outros discípulos.

Quando Paulo falar que morrer é lucro ele está apenas nos lembrando que não devemos temer nada porque de acordo com a Bíblia, todo aquele que recebe a Cristo como Senhor e Salvador tem vida eterna. Portanto temos certeza de salvação, do perdão, somos justificados de todos os pecados e temos vida eterna. Por isso que Paulo esta afirmando que o morrer é lucro. Cerramos os olhos aqui, e o abrimos na presença de Deus, quando morremos.

A verdadeira vida cristã implica num compromisso muito sério, de morrer para o pecado, mundo, carne e diabo, e viver para Cristo. E viver para Cristo é estar cheio do seu Espírito. Muitas vezes achamos que pecado é roubar, matar fazer coisas erradas apenas e esquecemos que não estarmos cheio do Espírito Santo também é um ato de rebeldia aberta a Deus. A sua palavra nos diz Enchei-vos do Espírito... É uma ordenança.

Em certa feita Billy Graham foi convidado para pregar em uma igreja e já pronto para iniciar o seu sermão, foi interrompido pelo pastor que disse:

_Pastor Billy Graham, antes de iniciar seu sermão expulsaremos um irmão de nosso rol de membros, pois foi pego embriagado ontem a noite. Billy Graham então faz uma pergunta aquele pastor:

_Sua igreja esta cheia do Espírito Santo?

Ele respondeu meio sem graça:

_Não

Billy Graham então diz:

_Bem, então você precisará excluir todos os seus membros de sua igreja antes de excluir este irmão que foi pego embriagado, pois se os membros desta igreja não estão cheios do Espírito Santo estão cheios da natureza humana produzindo assim os frutos da carne e não do Espírito.

Concluímos então que Paulo ao dizer que: “…e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do filho de Deus…”, quer dizer que a nossa fé em Cristo torna se mais viva neste mundo, por meio da nossa santificação, ou seja, por meio da nossa busca constante pelas coisas de Deus e luta contra a carne.  E se queremos realmente ter um compromisso verdadeiro de viver com Cristo precisamos dar atenção ao que foi falado essa noite.

 

ÁUDIO: http://www.youtube.com/watch?v=vIKjNCbrps0&feature=youtu.be

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