2015/01/15

Santa Ceia

Texto: 1 Co 11.23-34

Esta é a minha biblia, eu sou o que ela diz que eu sou, eu tenho o que ela diz que eu tenho, eu posso fazer o que ela diz que eu posso fazer, hoje eu serei tocado pela palavra de Deus.

Eu Audaciosamente confesso que a minha mente está alerta o meu coração está receptivo, eu estou pronto pra receber a incorruptível, a indestrutível sempre viva semente da palavra de Deus.

Eu nunca mais serei o mesmo, nunca...nunca...nunca no nome de Jesus.

 

Poucos assuntos foram mais polêmicos do que a Ceia do Senhor. Esse assunto dividiu opiniões, igrejas e até denominações. Depois da Reforma do Século XVI cristalizaram-se quatro posições diferentes de interpretação:

a) Transubstanciação – Os elementos da Ceia se transubstanciam em corpo,  sangue, nervos, ossos e divindade de Cristo.

b) Consubstanciação – Cristo está presente fisicamente em e sob os elementos.

c) Memorial – A Ceia não passa de uma lembrança do que Cristo fez na cruz.

d) Meio de Graça – A ceia é um instrumento de edificação espiritual dado à igreja.

A Ceia do Senhor é um sacramento instituído por Jesus Cristo. Deve ser praticada pela igreja até que Cristo volte. Os elementos da Ceia, o pão e o vinho são símbolos do corpo e do sangue de Cristo.

Eles não se transubstanciam. Continuam pão e vinho. Cristo está presente na Ceia espiritualmente e não fisicamente como pensava Martinho Lutero. A Ceia do Senhor é mais do que um simples memorial, é um meio de graça.

A ceia do Senhor é o elo de ligação entre as duas vindas de Cristo. Ela é o monumento da primeira e a promessa da segunda.

O apóstolo Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios, tratou de maneira objetiva sobre a Ceia do Senhor. Jesus mesmo instituiu esse sacramento como um meio de graça para sua igreja.

Somente aqueles que foram remidos e lavados no sangue do Cordeiro e confessam o nome do Senhor Jesus devem participar desse banquete da graça. Só aqueles que discernem o que Cristo fez na cruz são chamados para participar desse sacramento.

Uma gloriosa mensagem é proclamada (1 Co 11.23-26) - A Ceia do Senhor foi instituída para que a igreja pudesse recordar continuamente o sacrifício vicário de Cristo na cruz em seu favor.

Jesus fez grandes milagres e ofereceu à igreja sublimes ensinamentos, mas instituiu um sacramento para ser memorial da sua morte.

Todas as vezes que nos assentamos ao redor da mesa da comunhão, estamos proclamando que o corpo de Cristo foi partido e dado por nós e seu sangue foi vertido como símbolo da nova aliança.

A morte de Cristo é o eixo central do evangelho. Fomos reconciliados com Deus pela morte de Cristo. É pela sua morte que temos vida. Devemos anunciar a sua morte até que ele venha em glória.

Há quatro verdades essenciais da fé cristã que devem ser destacadas, sempre que a igreja celebra a Ceia:

1. Olhando para trás – A morte de Cristo (1 Co 11:26) – "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor…". A cruz de Cristo é o centro da mensagem cristã. Não há evangelho sem a cruz de Cristo. Ele ordenou que sua igreja relembrasse não seus milagres, mas sua morte. Devemos nos lembrar porque ele morreu, como ele morreu, por quem ele morreu.

Estamos todos à sombra da cruz. A morte de Cristo na cruz é o ponto de partida da fé; sem este fato histórico não haveria cristianismo. A cruz, porém, nada é sem o crucificado. Certamente isto ensejou Paulo a declarar: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado" (1Co 2.2).

A centralidade da cruz como símbolo cristão teve sua origem no coração do próprio Jesus.   Foi por intermédio da morte de Jesus na cruz que "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo" (2Co 5.19).

É por isso que ele disse em Gálatas 6:14-15 "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura."

Paulo disse que a sua Glória estava no fato que aconteceu na cruz do Calvário. Através da morte mais maldita, da morte mais intolerável, Cristo "nos resgatou da maldição do pecado e da lei, fazendo-se Ele mesmo maldição em nosso lugar." Jesus nos resgatou e se tornou nosso substituto.

Logo após a morte de Cristo na cruz "...o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo."(Mc. 15:38). Isso significa o livre acesso a salvação. A partir desse momento foi inaugurado o período da graça. O favor de Deus se encontra disponível a todos que desejam obtê-lo.

O termo graça tem obtido uma conotação errônea por parte de muitos. Tem-se a falsa idéia de que a graça se constitui em liberdade. Ledo engano.

A graça de Deus se constitui no fato Dele ter oferecido uma oportunidade ao homem. O que era impossível se tornou possível mediante a graça. Isso não exclui, de forma alguma, a necessidade de obedecermos aos preceitos eternos do Criador.

2. Olhando para frente – A segunda vinda de Cristo (1 Co 11:26) – "… anunciais a morte do Senhor, até que ele venha". Há um momento de expectativa em toda celebração da Ceia do Senhor. A segunda vinda de Cristo é a grande esperança do cristão num mundo onde o mal tem feito tantos estragos.

Durante Seu ministério na terra, Cristo fundou sua igreja e deu-lhe esta promessa: Ele voltaria novamente buscar os salvos, isto aqueles que receberam a Cristo como Salvador e viveram de acordo com sua Palavra.

Através de nossa constante comunhão com Cristo aguardamos a qualquer momento a segunda vinda dele. Será o dia mais glorioso pois veremos ao Senhor como Ele é.

Os mortos em Cristo ressurgirão primeiro e nós, os vivos, seremos transformados. Receberemos um corpo glorioso e habitaremos para sempre com o Senhor.

Esta é a maior promessa do Novo Testamento. Leia com atenção 1 Tessalonicenses 4.16-17 e 1 Coríntios 15.50-52!

É necessário que estejamos vigilantes, pois podemos perder tudo o que gastamos a vida inteira para conquistar.

Venho sem demora. Conserva (krateo) o que tens, para que ninguém tome a tua coroa (Ap. 3:11).

A palavra grega para conservar é krateo que significa manter-se cuidadosamente e fielmente, ou seja, vigilante.  É isso que o Senhor espera de nós, zelo por nós mesmo.

A esses servos o Senhor quando vier irá servi-los a mesa. Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, os encontre vigilantes; em verdade vos afirmo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e, aproximando-se, os servirá (Lc. 12:37).

3. Olhando para dentro – O auto-exame (1 Co 11:28) – "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão e beba do cálice". Não somos juízes dos outros, devemos examinar-nos a nós mesmos. O exame dos outros leva à justiça própria.

 O exame de si mesmo leva ao verdadeiro arrependimento e fé em Deus. O exame dos outros é geralmente a nossa forma de evitar o auto-exame.

 Se examinássemos detidamente os nossos próprios pecados, não teríamos tempo para ficar apontando os pecados dos outros. Um superficial exame do nosso próprio coração é que nos torna tão críticos e intolerantes com os outros.

Segundo, auto-exame é exame de si mesmo, mas não por si mesmo. Se julgarmos a nós mesmos, não seremos julgados (1Co. 11:31). Deus mesmo e sua Palavra devem ser os examinadores (1Cr. 28:9; Sl. 26:2; Sl. 44:21).

Nossa oração deve ser aquela do Salmo 139:23,24: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno". Auto-exame é submissão ao exame que Deus faz de nós.

Não devemos fugir da Ceia por causa do pecado, mas fugir do pecado por causa da Ceia. A ordem bíblica é: examine-se e coma!

Sempre que somos chamados à Mesa da Comunhão olhamos para o passado e contemplamos a cruz. Olhamos para a frente e aguardamos a volta gloriosa de Cristo. Olhamos para dentro para examinarmo-nos a nós mesmos.

 Mas, também, Olhamos ao redor e acolhemos em amor os nossos irmãos.

4. Olhando ao redor – A comunhão (1 Co 11:33-34) – "…esperai uns pelos outros…". Somos um só corpo, um só pão. Reunimo-nos como família de Deus, irmãos em Cristo, filhos do mesmo Pai. O amor deve ser o elo que nos une.

E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos (Mt. 24:12). Esse é o perigo com o passar do tempo, o amor se torna comum. E já não damos o devido valor ao amor.

A apostasia é a marca da igreja do fim. Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, (1 Timóteo 4:1).

O amor deve ser uma constância sem prazo de validade. Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim (Jo. 13:1).

Não há realidade de vida cristã sem amor. A realidade de Jesus está no seu amor. Ele morreu por nós e irá voltar por amor a nós. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço (1 João 2:10).

Aquele que preserva o amor ele permanece na verdade e não faz ninguém tropeçar antes conduz os perdidos e cegos a luz da verdade. Só podemos edificar no amor.

O amor prova nossa origem, quem ama é nascido de Deus. Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor (ágape) procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus (1 João 4:7).

O que comprova se conhecemos a Deus ou não, é se amamos. Não é o quanto sabemos da Bíblia, quantos cursos fizemos, mas se amamos. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor (1 João 4:8).

 E se você conhece a Deus não tem como não ser afetado por seu amor. Preservar o amor é fundamento da ceia, pois assim podemos restaurar os relacionamentos quebrados e continuarmos a desenvolver nossa vida cristã de forma correta.

 Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê (1 João 4:20).

A ceia é a mesa do amor. Tudo o que nós temos é porque Deus nos amou e tudo o que teremos no reino é porque amamos os irmãos. João termina seu raciocínio sobre o amor explicando a quem devemos amar, e assim, ratificamos nossa realidade cristã, os irmãos!

Na Ceia encontramo-nos com o Senhor e com os nossos irmãos. Na Ceia os céus e a terra se tocam.

Há três perigos em relação à Ceia que precisamos evitar:

1. Participar da Ceia do Senhor indignamente (1 Co 11:27)"Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor".

A nossa dignidade é a consciência da nossa indignidade. Assentar-se à mesa do Senhor de forma leviana, irrefletida e despreparada é comer e beber juízo para si.

A participação desatenta e descuidada da Ceia do Senhor produz resultados desastrosos. Em vez de edificação vem juízo. Em vez de deleite espiritual vem disciplina.

Paulo menciona três níveis dessa disciplina: Enfraquecimento, doença e morte. Entre os crentes de Corinto havia gente fraca, enferma e alguns haviam sido ceifados pela disciplina divina. O pecado sempre produz resultados desastrosos, sobretudo, na vida dos crentes.

 Precisamos ter convicção do nosso compromisso com Cristo e com sua igreja antes de participarmos da Ceia.

2. Participar da Ceia do Senhor sem discernimento (1 Co 11:29)"Pois quem come e bebe, sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si".

O crente precisa discernir o Corpo de Cristo partido na cruz, ou seja, a obra da redenção em seu favor e também discernir o Corpo de Cristo, que é a igreja.

Não podemos assentar-nos à mesa com mágoa dos irmãos. Isso gera fraqueza, doença e morte.

3. Participar da Ceia do Senhor sem autojulgamento (1 Co 11:31,32)"Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados…".

Não podemos ser condescendentes com nós mesmos nem complacentes com os nossos pecados. Devemos julgar-nos a nós mesmos para não sermos condenados com o mundo. Precisamos agir com rigor com nós mesmos e com profundo amor e paciência com os nossos irmãos.

A Ceia do Senhor é um momento de auto-exame e arrependimento, mas também de profunda gratidão e alegria. Devemos nos aproximar da Mesa do Senhor com santa reverência e santo temor e ao mesmo tempo com profunda gratidão e imensa alegria.

Devemos celebrar essa festa não com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade (1Co 5.7,8).

Áudio: http://www.mixcloud.com/1ipisjp/serm%C3%A3o-de-071214/

 

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