Texto: ROMANOS 8.12-17
     Boa  noite irmãos, talvez uma palavra que cairia muito bem aqui no lugar de  crescimento seja a palavra amadurecimento. Amadurecer implica caminhar perseverantemente em  direção a Cristo, de tal forma que sua vida gloriosa seja vivida por nós pelo  poder do Espírito Santo
    O  caminho e a forma da maturidade cristã nunca foi muito claro, pelo menos para  mime tenho certeza que para muitos cristãos. Durante muito tempo, ser um cristão  maduro significava ser uma pessoa moralmente correta e de valores elevados e  nobres. Esta forma  de pensar teve grande  influência nos anos 60 e 70, quando a espiritualidade era associada a um modelo  de moral cristã. Naquele tempo, ser um crente maduro significava ser uma pessoa  casta, honesta, íntegra, comprometida, responsável com as próprias obrigações e  com certo grau de heroísmo em suas ações e renúncias. Reconheço que são valores  bons e altruístas e que representam, de alguma forma, o testemunho de um  cristão; mas não me parece que ser um cristão maduro seja apenas isso.
    Uma  outra forma de identificar um crente maduro tem sido pela sua capacidade de  articular bem a teologia e a doutrina cristã, principalmente se for de uma  corrente mais conservadora. O zelo pela Palavra de Deus, a firmeza das  convicções, a segurança na proclamação e defesa da fé evangélica e a lealdade  para com confissões históricas sempre foi considerado um sinal de maturidade. E  a maturidade cristã passa, de alguma forma, por este caminho; mas não acredito  que ela se restrinja somente a isso.
    Alguns  afirmam que a verdadeira maturidade cristã acontece quando tudo se transforma  em experiências concretas e pessoais por meio do poder do Espírito Santo, a  moral deixa de ser um simples moralismo para se transformar numa manifestação  viva do poder de Deus. Assim, pecadores são transformados em santos e o  conhecimento, zelo e defesa da verdade evangélica deixam de ser realidades  intelectuais e se transformam em testemunho vivo e poderoso da graça de Deus.  Concordo. Mas ainda penso que a questão vai um pouco além.
    Em  sua carta aos filipenses, Paulo nos apresenta um caminho para a maturidade  espiritual e cristã. Do ponto de vista moral e legal, Paulo poderia ser  considerado uma pessoa madura, pois cumpria os requisitos da lei e andava de  acordo com os padrões morais da sua cultura e religião. Era também zeloso,  responsável e coerente para com suas convicções e seus compromissos religiosos.  Ele mesmo se afirmava "circuncidado ao oitavo dia, da  linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei,  fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça que há na lei,  irrepreensível"
    O  que chama a atenção é que, para Paulo, tudo aquilo que temos considerado  fundamental para o caminho da santidade e do amadurecimento era considerado  como "esterco" diante do que é superior e  sublime. Para o apóstolo, o que poderia representar, mesmo que de longe, alguma  forma de esforço pessoal que pudesse trazer um certo orgulho moral ou espiritual,  era considerado como "perda" por causa da  sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus. 
    Logo,  o caminho da santidade e da maturidade não é o caminho do esforço moral, do  legalismo ou mesmo de um zelo que nos proporciona status elevado, colocando-nos  numa posição superior, inflando egos frustrados e promovendo uma forma  espiritualidade auto-indulgente e auto-suficiente.
    Neste  caminho, Paulo reconhecia duas realidades. Primeiro, precisava deixar para trás  tudo aquilo que o impedia de avançar. O autor de Hebreus também nos fala sobre  isso quando diz: "Desembaraçando-nos de todo o peso e  do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que  nos está proposta" (capítulo 12:1). O passado cria embaraços, laços e  amarras que nos impedem de caminhar. Muitos cristãos vivem como se arrastassem  bolas de chumbo amarradas aos pés. São memórias de abusos, rejeições,  abandonos, decisões malfeitas, escolhas erradas, frustrações, desilusões,  mágoas e tantos outros pesos e pecados que permanecem conosco como fantasmas.  Paulo não propõe que estas memórias e experiências sejam negadas ou varridas  para debaixo do tapete. Ele sugere que sejam deixadas para trás. Ou seja, elas  não podem determinar o presente ou o futuro precisam ser enfrentadas e tratadas  pela cruz de Cristo.
    A  segunda realidade que Paulo reconhece é a necessidade de prosseguir no caminho  tendo diante dos olhos "o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus"  ou simplesmente "o autor e consumador da fé" que é Jesus. O amadurecimento  espiritual não é fruto de algum ajuste psicológico ou sociológico, de uma boa  formação teológica ou domínio das doutrinas bíblicas; muito menos um volume de  experiências místicas na bagagem espiritual. Amadurecer implica caminhar  perseverantemente em direção a Cristo, de tal forma que sua vida gloriosa seja  vivida por nós pelo poder do Espírito Santo.
    Quando  Paulo afirma "já não sou eu quem vive, mas  Cristo vive em mim", ele  não está afirmando uma espécie de fusão de vidas ou alguma forma de anulação de  sua personalidade. O que ele declara aqui é que, pelo poder do Espírito Santo,  a comunhão com o Senhor é possível no sentido de que ele torna nosso tudo  aquilo que é dele em sua humanidade encarnada. É por isso que Paulo nos diz  que, em seu caminho em direção a santidade e ao amadurecimento cristão, ele  busca conformar-se com Cristo em sua vida, sofrimento, missão e ressurreição.
    Não  resta dúvida que os valores morais, o conhecimento teológico ou a estabilidade  emocional sejam marcos importantes no testemunho cristão, mas não devemos  confundir isto com a sublimidade do conhecimento de Cristo. Desfrutar do melhor  de Deus, não passa pela força de vontade de cada um de nós, o crescimento  espiritual do cristão acontece ao longo de uma jornada a ser trilhada, um  processo de desconstrução de uma vida vivida na carne e uma construção de uma  vida vivida na ação do Espírito Santo de Deus.
                Essa jornada pode ser entendida  através dos capítulos 6,7 e 8 de Romanos, quando são mencionados da seguinte  forma:
    Capítulo 6 – SER LIBERTO DO PECADO vs 12 "não reine, portanto o pecado em  vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; 13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e  os vossos membros, a Deus,  como instrumentos da justiça. 23 porque o salário do pecado é a morte, mas o  dom gratuito de Deus é a vida eterna em cristo Jesus, nosso senhor"  = SAÍDA DO EGITO;
    Capítulo 7 – LUTAR PARA VENCER A CARNE vs 5 "Porque, quando vivíamos  segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em  nossos membros, a fim de frutificarem para a morte.  vs 6 Agora, porém libertos da lei, estamos  mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade  de espírito e não na caducidade da letra. Vs 22 Porque, no tocante ao homem  interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus  membros , outra lei que, guerreado contra a lei da minha mente, me faz  prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros",  = DESERTO;
    Capítulo 8 – A SAÍDA, PARA QUE OS CRENTES TENHAM  VITÓRIA SOBRE A CARNE E CRESÇAM ATÉ A MATURIDADE vs 1 "Agora, pois, já nenhuma  condenação há para os que estão em Cristo. Vs 6 Porque o pendor da carne dá  para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Vs 15  Porque não recebestes o espírito de  escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o  espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. Vs 26 também o  Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos  orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis" .  = ENTRAR NA TERRA PROMETIDA.
    Então, quero mostrar a vocês três  ações do Espírito Santo que nos guiará rumo ao Amadurecimento, No texto de Rm  8.12-17.
     1º O ESPÍRITO SANTO NOS GUIA EM COMO CRUCIFICAR A CARNE Vss 12-14;
                  Para  crucificar a carne, não é suficiente para nós termos o Espírito, é preciso que  o Espírito Santo nos tenha. Para que venhamos a entender que a vida com  Cristo, não tem espaço pra uma vida de carne e Espírito, e que se queremos  realmente ser uma nova criatura em Cristo Jesus, precisamos ter esse  entendimento. Somos exortados a nos considerar mortos com relação ao  pecado.  Ser então conduzido pelo  Espírito para mortificar a carne, é o mesmo que estar morto para o pecado, ou  seja, deve-se dar um ponto final ao mesmo. 
    No  versículo 15 Paulo nos diz: que não recebemos o Espírito de Escravidão. Uma pessoas é  escrava do que ela obedece ou do que reconhece como mestre. Se obedecer os  mandamentos do pecado então o pecado é o seu mestre e ela está caminhando em direção  á morte. Agora se obedecer o mandamento da justiça, então a justiça é o seu  mestre e ela experimentará a verdadeira vida.
    Pastor  eu não consigo escolher o certo é tão difícil. Observe o versículo 13 Paulo  expões duas direções de vida e mostra suas consequências finais. Ele sabe que o  cristão enquanto ser humano têm a capacidade de escolher fazer o que não é  característico de um cristão, e isto ele chama de andar segundo a carne ele os adverte a não fazê-lo. Ele diz: "se mortificardes as obras do corpo" Paulo nos traz  aqui um ótimo resumo do processo de santificação na vida cristã.
    Precisamos  trabalhar ativamente para crescermos em santidade e Mortificarmos qualquer  pecado do nosso coração ou mente bem como em nossas palavras e ações. Contudo,  apesar do fato de nos esforçarmos ativamente, Paulo nos relembra que é somente  pelo Espirito, isto é pelo poder do Espirito Santo que teremos sucesso nesse  empreendimento.
    Existe  um limite para tudo, e o limite entre a vida conduzida por desejos e vontades e  uma conduzida pelo mover do Espírito Santo de Deus, é a mortificação da carne e  a vivificação do Espírito de Deus em nós.
                Deixarmos ser guiados pelo Espírito  de Deus, é uma demonstração da confiança do filho para com o Pai, o verso 14  diz: " Pois todos os que são guiados  pelo Espírito de Deus são filhos de Deus".    Esse caminho de santidade, ou seja, de deixar ser guiado pelo Espírito,  passa ser uma das marcas dos filhos de Deus.          
                           2º O ESPÍRITO SANTO TESTEMUNHA QUE SOMOS FILHOS  DE DEUS vss 15 e 16;
                Não é pouca coisa ser chamado filhos  e herdeiros de Deus. Talvez essa doutrina tenha sido tão diluída e abusada nos  círculos cristãos e no mundo que nós não estamos tão impressionados como  deveríamos estar: "Vejam como é grande o amor que o Pai  nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por  isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu" (1 João 3:1).
    Esta  porção fica mais clara quando lida em conjunto com Gálatas  4.4-7: Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido  de mulher, nascido debaixo da Lei, a fim de redimir os que estavam sob a Lei,  para que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vocês são filhos, Deus  enviou o Espírito de seu Filho ao coração de vocês, e ele clama: "Aba, Pai".  Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o  tornou herdeiro. 
    Somos  filhos de Deus por adoção. Na Roma paulina, a adoção de meninos era uma prática  comum, especialmente na classe superior dos senadores. O estímulo para a  prática vinha da necessidade de se ter um herdeiro masculino. No período  imperial, o tempo do apóstolo Paulo, os imperadores lançavam mão deste recurso  para garantir uma boa sucessão por meio de um filho adotado. Um dos imperadores  contemporâneos de Paulo, Tibério (reinado: 14-37 A.D.), era um adotado. Seu pai  era César Augusto, outro adotado.
    O menino  adotado geralmente era o mais velho numa família, esperando-se que fosse  saudável. O adotado recebia o nome da nova família, mas mantinha o nome da  família original no sobrenome do meio. O adotado era um privilegiado porque  desfrutava de relacionamentos com duas famílias. O filho adotivo, portanto, era  alguém escolhido  por seu pai adotivo para herdar seu nome e sua propriedade.  Não era menor que o filho gerado pelo pai; era maior.
    OS  PRIVILÉGIOS DOS FILHOS DE DEUS
    1.    Os filhos  de Deus são adotados pelo Espírito Santo, que os recebe (verso 15b). Separa-o.  Os filhos de Deus são sagrados (separados, selados).  
    2.    Os filhos  de Deus recebem do Espírito Santo no seu coração a certeza de sua filiação ao  Pai (verso 16). Contra todas as vozes, a voz do Espírito sopra no coração a  nossa condição. 
    3.             O Espírito Santo é o tabelião que lavra a  certidão de adoção. Nada pode tirar esta convicção de um filho de Deus. Está no  cartório, com selo.
    4.             Não há nenhuma condenação para os filhos de Deus  (Romanos 8.1 -- "Portanto, agora já não há condenação para os que estão em  Cristo Jesus", Este que foi condenado em nosso lugar -- verso 3)
    5.             Adotados, os filhos de Deus são habitados pelo  Espírito Santo, que luta por eles contra o domínio do pecado. (1Coríntios  6.19-29 -- "Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito  Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de  si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus  com o seu próprio corpo".)
    Uma implicação importante de ter sido  adotado na família de Deus é que nós podemos agora nos relacionar com ele como  o nosso Pai Celestial, e que nós podemos ter agora comunhão com outros cristãos  como verdadeiros membros de família. De fato, a união entre os cristãos deveria  ser tão forte quanto aquela que existe entre os membros de uma família natural.  
    Nós temos sido unidos pela vontade de  Deus, pelo sangue de Cristo e por uma fé em comum. Podemos ver a extensão do  amor de Deus para conosco além de salvar-nos do pecado e do inferno, ele também  fez de nós seus filhos e herdeiros.
                            3º O ESPÍRITO SANTO  NOS GUIA NOS SOFRIMENTOS PARA QUE NOS TORNEMOS HERDEIROS (V 17).
    E, se nós somos filhos,  somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é  certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.Romanos 8:17
    A adoção  não isenta o filho do sofrimento. O fato de alguém sofrer não o desfilia da  promessa de Deus. Ao contrário, protege-o. O sofrimento nos protege da  idolatria e nos previne contra a avareza, da soberba. Deus sofre com o estado  da criação. Seus filhos também devem sofrer com esta mesma condição, na própria  vida ou na vida dos outros. A filiação não evita o sofrimento que vem do  testemunho do evangelho. Este sofrimento faz parte da escadaria da glória.
                Além  disso o Espírito também nos guia, para sairmos de uma condição de sofrimento,  de esgotamento, muitas vezes de insatisfação, Cristo é apresentado como o herdeiro,  e nós na condição de co-herdeiros, se com Cristo sofremos, com Ele também  haveremos de desfrutar de coisas maravilhosas. A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de  um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; Efésios 3:6
                Como herdeiros de Deus, somos  levados a não nos curvar diante as adversidades, e não nos sentirmos derrotados  com as lutas, ou desesperados em dias de dor e sofrimento, mas somos motivados  a viver e passar pelos obstáculos, na certeza de que existe algo muito especial  para cada um dos filhos de Deus, que é desfrutar da glória de Cristo em nossas  vidas, porque como diz em 2 Coríntios 4 "  16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem  exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.  17 Por que a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso se  glória, acima de toda comparação, 18 não atentando nos nas coisas que se veem, mas nas que não se veem;  porque as se veem são temporais, e as que não se veem são eternas.