O Evangelho de Mateus é o primeiro livro do Novo Testamento. Ele era o principal Evangelho utilizado pela Igreja Primitiva. Através do evangelho de Mateus, todo cristão verdadeiro é instruído a cumprir com gratidão o serviço de anunciar o Reino de Deus.
O Evangelho começa com uma genealogia que traça a linhagem de Jesus desde Abraão até José, esposo de Maria, estabelecendo sua herança messiânica. O autor, em sua narrativa, enfatiza o cumprimento das profecias do Antigo Testamento em Jesus, retratando-o como o Messias esperado e o cumprimento das promessas divinas. Através de uma série de parábolas, sermões e milagres, Jesus ensina sobre o Reino de Deus, amor ao próximo, perdão e salvação.
Um dos aspectos mais notáveis do Evangelho de Mateus é o Sermão da Montanha, onde Jesus apresenta as bem-aventuranças e ensina sobre temas centrais da ética cristã, como humildade, misericórdia e justiça. Este discurso serve como um código de conduta para os seguidores de Jesus e estabelece os princípios fundamentais do Reino de Deus. Além disso, Mateus registra uma série de milagres realizados por Jesus, incluindo curas, exorcismos e até mesmo a ressurreição de mortos. Estes milagres não apenas demonstram o poder divino de Jesus, mas também servem como sinais do Reino de Deus e evidências de sua autoridade messiânica.
O Evangelho de Mateus também aborda os desafios enfrentados por Jesus, incluindo a oposição das autoridades religiosas e políticas da época, descreve os conflitos de Jesus com os fariseus e escribas, destacando a tensão entre a mensagem de Jesus e as tradições religiosas estabelecidas.
O ponto culminante do Evangelho é a paixão, morte e ressurreição de Jesus. O autor detalha a traição de Jesus por Judas, seu julgamento injusto perante Pilatos e sua crucificação. No entanto, a morte de Jesus é seguida pela sua ressurreição, que Mateus apresenta como a prova final de sua divindade e vitória sobre o pecado e a morte.
Em suma, o Evangelho Segundo São Mateus é uma obra fundamental que oferece uma visão profunda e significativa da vida, ensinamentos e missão de Jesus Cristo. Sua narrativa não apenas preserva os eventos da vida de Jesus, mas também transmite os ensinamentos eternos que continuam a inspirar e transformar vidas até os dias de hoje.
Data / Local
É amplamente aceito que o autor do Evangelho de Mateus utilizou o Evangelho de Marcos como uma fonte para seu material. Isso parece claro quando analisamos ambos os Evangelhos. Dos 661 versículos do Evangelho de Marcos, 606 possuem paralelo no Evangelho de Mateus. É possível que Marcos tenha escrito seu livro em Roma, quando estava associado ao apóstolo Pedro. Considerando que a obra de Marcos foi utilizada como fonte para Mateus, então uma data provável para esse Evangelho ter sido escrito é por volta 64 d.C. Porém a data específica é desconhecida.
Certamente antes da destruição de Jerusalém em 70 DC
Primeiros pais – 30-40AD
Estudiosos conservadores - entre 50-70AD
Estudiosos modernos - 80-90 DC (Mt. 22: 7)
Localização da escrita
Palestina ou Síria
Antioquia da Síria
Autor
Como acontece também com os outros Evangelhos, no livro de Mateus não consta o nome do seu autor. É atribuído ao apóstolo Mateus, também conhecido como Levi. a Igreja propôs que o cobrador de impostos, a quem Jesus conhece e convida para se tornar um discípulo, poderia ter sido o escritor. (Mt 9:9-13)
Após o século 18, alguns críticos começaram a contestar a autoria do primeiro Evangelho. Eles passaram a sugerir que o verdadeiro autor foi um cristão anonimo do século 1, e que talvez este tenha utilizado alguns manuscritos originalmente escritos pelo apóstolo Mateus para compor essa obra canônica.
Um dos pontos mais discutidos entre tais críticos é a dificuldade que existe com relação ao idioma em que o Evangelho de Mateus foi escrito. Existe a possibilidade de que Mateus tenha escrito sua obra em hebraico e grego.
Seja como for, a verdade é que não existem argumentos realmente convincentes para que de fato a autoria do Evangelho de Mateus, pelo próprio Mateus, seja contestada.
Assim, o apóstolo Mateus continua sendo o autor mais aceito entre os estudiosos, desde os mais antigos até os mais modernos. Mesmo que haja alguma dificuldade em se determinar com exatidão sua autoria, nada esconde a verdade que o próprio Espírito de Deus é o principal autor desse Evangelho.
Evidência Externa : Todas as fontes mais antigas atribuem autoria a Mateus: (1)
1. O Didaquê ( ca. 110 AD ) cita Mateus mais do que qualquer outro Evangelho.
2. As cartas de Inácio e Policarpo ( ca. 110 AD ) mostram uma familiaridade com este livro.
3. Os cristãos romanos conheciam o livro por volta de 120 dC , especialmente o relato dos magos.
4. A Epístola de Barnabé ( ca. 130 AD ) cita Mateus 20:16; 22:14 com "está escrito".
5. Papias ( ca. AD 140) observa que, "Mateus compôs a logia na língua hebraica" (citado por Eusébio, Eccl . Hist. 3.39.16). Embora o significado de logia seja contestado, é razoável concluir que se refere ao Evangelho, pois concorda com o título mais antigo (acima), concorda com os usos paralelos da palavra por Papias (Guthrie, 34-35), e ambos o NT e os Pais da Igreja usaram a palavra como sinônimo para as Escrituras (Harrison, 159).
6. Irineu escreveu: "Mateus também publicou um livro do Evangelho entre os hebreus em seu próprio dialeto" ( Contra as Heresias 3.1.1).
7. Orígenes declarou: "Aprendi pela tradição que o primeiro [evangelho] foi escrito por Mateus... para os convertidos do judaísmo" (citado por Eusébio, Ecl. Hist. 6.25.4).
Evidência Interna: O texto não menciona seu autor, mas alguns detalhes incidentais apoiam a tradição de que Mateus compôs o relato:
1. O cobrador de impostos é chamado de "Mateus" (9:9), enquanto ele é chamado de "Levi" nos outros Evangelhos Sinóticos (Marcos 2:14; Lucas 5:27).
2. O autor dá informações mais específicas sobre dinheiro do que qualquer outro escritor do Evangelho. Mateus usa três palavras para dinheiro não encontradas em outras partes das Escrituras (17:24, 27; 18:24), ele observa o custo de certos itens (25:15ss.; 26:6-9), e somente este Evangelho registra o pagamento do imposto do templo (17:24-27), que é consistente com a formação do autor como cobrador de impostos.
3. Como já mencionado, o cabeçalho do Evangelho é a mais antiga testemunha conhecida de sua autoria. O nome de Mateus aparece em todos os manuscritos conhecidos deste Evangelho.
4. Entende Jesus como o cumprimento das esperanças messiânicas judaicas e muito mais. (narrativa da infância).
5. Escreve um "bios" – uma biografia de Jesus de acordo com as normas clássicas.
6. Mateus também é muito crítico dos líderes judeus: ele usa uma linguagem muito forte para criticá-los
7. Menciona sua própria história em 9: 9
Coletor de impostos (τελωνίον, telonion) - Responsável pela cobrança de impostos comerciais e de importação / alfandegários. Não deve ser confundido com um publicano ou fazendeiro fiscal.
Filho de Alfeu (Marcos 2:14) e Maria (Marcos 15:40)?
Irmão de Tiago Menor e José?
Qual o destinatário da Carta
Provavelmente o Evangelho de Mateus teve como destinatário a igreja de Antioquia. Essa era uma congregação formada por judeus e gentios (Atos 15). O molde do pensamento e as formas de expressão empregadas pelo escritor mostram que o Evangelho de Mateus foi escrito para os cristãos judeus da Palestina. Seu grande objetivo é provar que Jesus de Nazaré era o Messias prometido, e que nele as antigas profecias tinham seu cumprimento. O Evangelho está repleto de alusões àquelas passagens do Antigo Testamento nas quais Cristo é predito e prefigurado.
O único objetivo que prevalece em todo o livro é mostrar que Jesus é aquele "de quem Moisés escreveu na lei e nos profetas". O Evangelho de Mateus contém não menos do que sessenta e cinco referências ao Antigo Testamento, quarenta e três delas sendo citações verbais diretas, superando em muito as encontradas nos outros Evangelhos.
Alguns detalhes do próprio Evangelho de Mateus demonstram que havia muitos judeus entre seus destinatários originais: O Evangelho de Mateus enfatiza as promessas feitas no Antigo Testamento sobre a vinda do Messias.
A genealogia de Jesus é apresentada recuando até Abraão.
A expressão "Jesus Filho de Davi" aparece repetidamente.
A utilização do termo "Reino dos Céus" ao invés de "Reino de Deus".
Quanto à linguagem em que o Evangelho de Mateus
Quanto à linguagem em que o Evangelho de Mateus foi escrito, há muita controvérsia. Muitos sustentam, de acordo com a velha tradição, que ela foi originalmente escrita em hebraico (isto é, o dialeto aramaico ou siro-caldeu, língua dos habitantes da Palestina), e depois traduzido para o grego, seja pelo próprio Mateus ou por algum pessoa desconhecida. Apesar desta teoria ter sido sinceramente mantida por hábeis críticos, não vemos nenhum motivo para adotá-la. Desde o princípio, este Evangelho em grego foi recebido como autoridade na Igreja. Não há nada para mostrar que é uma tradução. Embora Mateus escrevesse principalmente para os judeus, em toda parte eles estavam familiarizados com a língua grega. As mesmas razões que teriam sugerido a necessidade de uma tradução para o grego teriam levado o evangelista a escrever em grego a princípio.
A principal característica do Evangelho de Mateus
A principal característica deste Evangelho pode ser expressa no lema: "Eu não vim para destruir, mas para cumprir". A principal característica do Evangelho de Mateus é que ele expõe a glória real de Cristo e mostra que ele é o verdadeiro herdeiro do trono de Davi. É o evangelho do reino. Mateus usa a expressão "reino dos céus" (trinta e duas vezes), enquanto Lucas usa a expressão "reino de Deus" (trinta e três vezes). Algumas palavras latinizadas ocorrem neste Evangelho, como kodrantes (Mateus 5:26), em Latim quadrang, e phragello (Mateus 27:26), em Latim lagello. Deve ser lembrado que Mateus era um coletor de impostos para o governo romano e, portanto, estava em contato com aqueles que usam a língua latina.
Divisão do livro
"De um total de 1071 versos, o Evangelho de Mateus tem 387 em comum com Marcos e Lucas, 130 com Marcos, 184 com Lucas, apenas 387 sendo peculiar a si mesmo"
O livro está apropriadamente dividido nestas quatro partes:
Mateus 1-2 Contendo a genealogia, o nascimento e a infância de Jesus.
Mateus 3-3:11 Os discursos e ações preparatórias de João Batista para o ministério público de Cristo.
Mateus 4:12-20:16 Os discursos e ações de Cristo na Galileia.
Mateus 20:17-28 Os sofrimentos, morte e ressurreição de nosso Senhor.
Esboço do Evangelho de Mateus
Prólogo (1:1-2:23): Contém a genealogia, o nascimento de Jesus e dados de sua infância e juventude.
A vinda do Reino dos Céus (3:1-7:29): João Batista anunciou que Jesus é o Messias que traz o Reino dos Céus. Também lemos sobre a tentação de Jesus e o grande Sermão da Montanha.
As obras do Reino dos Céus (8:1-10:42): Essa seção relata muitos milagres de Jesus, e também mostra a missão do Reino.
A natureza do Reino dos Céus (11:1-13:58): Jesus explicou a verdadeira natureza de seu reino. Ele mostrou que não se tratava de um reino conforme as expectativas populares. As parábolas de Jesus registradas no capítulo 13 mostram claramente essa verdade.
A Autoridade do Reino dos Céus (14:1-18:35): Mais uma vez os milagres realizados por Jesus apontam para sua autoridade como Messias.
As mudanças do Reino dos Céus (19:1-25:46): Nessa seção Jesus denunciou a hipocrisia dos religiosos judeus. Ele também ensinou sobre as grandes mudanças que o seu reino promove. Nessa seção também está registrado o sermão profético de Jesus.
A paixão e a ressurreição de Cristo (26:1-28:20): Essa seção relata com detalhes as aflições as quais Jesus foi submetido. Assim, Ele é apresentado como o Rei vitorioso que ressuscitou. Antes da ascensão ao céu, Jesus também comissionou os seus discípulos a pregarem o Evangelho por todo o mundo.
Curiosidades sobre o Evangelho de Mateus
Dentre os Evangelhos, o Evangelho de Mateus é o que possui mais estilo judaico.
Era o Evangelho mais utilizado pela Igreja Primitiva, principalmente para discipulados.
É o Evangelho que mais cita a frase "para que se cumprisse o que fora dito".
A palavra "reino" é encontrada cinquenta e seis vezes no Evangelho de Mateus. A expressão "Reino dos Céus" só é encontrada nesse Evangelho.
É o Evangelho que mais apresentou Jesus como Rei dos Judeus.
Os cinco sermões principais encontrados no Evangelho de Mateus (Sermão do Monte, Instruções aos Doze, As Parábolas do Reino, A Comunidade Cristã, que trata do caráter dos verdadeiros seguidores do Senhor, e o Sermão Escatológico de Jesus contém os textos mais completos entre os Evangelhos sobre o ensino de Jesus.
Embora tenha sido originalmente escrito para a igreja em Antioquia, constituída de judeus e gentios, claramente o objetivo do Evangelho de Mateus não era apenas ficar restrito aquela congregação, mas que fosse propagado também entre todos os seguidores de Cristo ao longo dos tempos.
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