Evangelho de Marcos é o mais breve dos quatro evangelhos, mas é rico em termos cristológicos. Assim como os outros evangelhos. O Evangelho de Marcos, o segundo livro do Novo Testamento, oferece um relato conciso e dinâmico da vida e ministério de Jesus Cristo. Este Evangelho é conhecido por sua narrativa rápida e direta, destacando a ação e os milagres de Jesus. Essa obra é repleta de detalhes vívidos e emocionantes, que proporcionam aos leitores uma visão mais profunda da vida e dos ensinamentos de Jesus.
Marcos começa seu Evangelho com o batismo de Jesus por João Batista e destaca a autoridade divina de Jesus sobre demônios, doenças e elementos naturais. O texto enfatiza a humanidade de Jesus, mostrando suas emoções e experiências terrenas. Marcos também destaca a necessidade da fé por meio de eventos como a cura do paralítico e a alimentação dos cinco mil. O Evangelho de Marcos atinge seu clímax com a crucificação e ressurreição de Jesus. A ressurreição é um elemento central, evidenciando a vitória sobre a morte e estabelecendo a base para a esperança cristã. Marcos termina com a comissão de Jesus aos discípulos para pregar o Evangelho a todas as nações. Ao enfatizar a natureza servil de Jesus e seu sacrifício redentor, o Evangelho de Marcos oferece uma visão única da pessoa de Cristo e do chamado à fé e ao discipulado.
Para Marcos o centro da cristologia é ter a imagem de Jesus como o Servo Sofredor. O verdadeiro discipulado deve imitar Jesus em seu ministério e em seu sofrimento. A simplicidade e urgência do relato o tornam uma fonte fundamental para a compreensão da mensagem cristã.
Data / Local
Quanto ao tempo em que foi escrito, o Evangelho de Marcos não nos fornece nenhuma informação definitiva. O autor não faz menção da destruição de Jerusalém, portanto, deve ter sido escrito antes desse acontecimento, acredita-se que tenha sido escrito por Marcos, discípulo de Pedro, por volta do ano 65-70 d.C. O lugar onde foi escrito era provavelmente Roma. Alguns supõem Antioquia (comp. Marcos 15:21 com Atos 11:20).
Autor
O autor do segundo livro da Bíblia era judeu de uma tribo de Levi. Filho de Maria de Jerusalém e sobrinho/primo de Barnabé - Cl 4:10. Não pertenceu ao grupo dos doze apóstolos originais. Foi convertido à fé cristã depois da morte de Jesus e batizado pelo próprio Pedro, que costumava freqüentar a casa de seus pais, juntamente com Maria mãe de Jesus e outros cristãos do "O Caminho". Assim já fazia parte de uma das primeiras famílias cristãs de Jerusalém, quando Paulo e Barnabé chegaram a Jerusalém, no ano 44, trazendo os auxílios da Igreja de Antioquia, na hoje Turquia.
Seu nome de origem era João. Depois tomou um sobrenome romano - Marcos - At 12:12. Isto se fez necessário em razão de o Império Romano estar presente em todas as regiões por onde viajara, na companhia dos apóstolos.
É a tradição atual e aparentemente bem fundada que Marcos obteve o conteúdo deste Evangelho principalmente dos discursos de Pedro. Na casa de sua mãe ele teria muitas oportunidades de obter informações dos outros apóstolos e seus apoiadores, mas ele era especialmente "o discípulo e intérprete de Pedro".
João Marcos, que foi companheiro de Paulo, Barnabé e Pedro em suas missões. Quando ainda era jovem, João Marcos acompanhou Paulo e Barnabé em uma viagem missionária, mas depois desistiu. Paulo ficou zangado com ele, mas Barnabé não desistiu de Marcos. Tempos depois, parece que Paulo perdoou Marcos. Mais tarde, João Marcos trabalhou com o apóstolo Pedro. Foi a partir das recordações de Pedro que Marcos escreveu seu livro. Como o livro não recorre muito ao Antigo Testamento e explica algumas tradições judaicas, Marcos foi provavelmente escrito para apresentar a vida de Jesus a cristãos que não eram judeus.
O autor é mencionado várias vezes no Novo Testamento, começando no livro de Atos, capítulos 12 e 13, em Colossenses 4:10 e finalmente em 2 Timóteo 4:11. Apesar de seu livro ser o segundo em nossas Bíblias, foi ele quem primeiro escreveu. Além de autor do segundo dos evangelhos sinóticos é considerado o fundador da igreja do Egito. A principal fonte de informações sobre sua vida está no livro Atos dos Apóstolos.
Sobre sua morte há um consenso entre os historiadores mais importantes que em Alexandria, na Páscoa do ano de 68, o evangelista Marcos teria sido martirizado pelos pagãos fanáticos religiosos que adoravam os deuses gregos. Os sacerdotes pagãos diziam que o sangue do galileu, como o chamavam, era um presente aos deuses.
O povo em estado de êxtase, delirando e carregando imagens nas costas, liderados por sacerdotes pagãos e idolatras, invadiram sua casa e furiosos os espancaram, o arrastaram para fora com violência para um linchamento público, depois, ainda vivo, amarraram uma corda ao pescoço do evangelista Marcos e o arrastaram pelas ruas com cavalos.
Qual o destinatário da Carta
Este Evangelho foi destinado principalmente para os romanos. Isto parece provável quando se considera que ele não faz referência à lei judaica, e que o escritor toma o cuidado de interpretar palavras que um gentio provavelmente não entenderia, como "Boanerges" (Marcos 3:17); "Talita cumi" (Marcos 5:41); "Corbã" (Marcos 7:11); "Bartimeu" (Marcos 10:46); "Aba" (Marcos 14:36); "Eloí", etc. (Marcos 15:34). Os costumes judaicos também são explicados (Marcos 7:3; 14:3, 12; 15:42). Marcos usa também certas palavras latinas que não são encontradas em nenhum dos outros Evangelhos, como "speculator" (Marcos 6:27, traduzido, "executor"), "xestes" (uma decomposição de sextarius, traduzido ,"vasilhas", Marcos 7:4, 8), "quadrans" (Marcos 12:42, traduzido, "de pouco valor"), "centurion" (Marcos 15:39,44-45). Ele só cita duas vezes o Antigo Testamento (Marcos 1:2;15:28).
A principal característica do Evangelho de Marcos
O Evangelho segundo Marcos tem um caráter que difere em certos aspectos de todos os outros. Cada Evangelho, como vimos, tem seu próprio caráter; cada um está ocupado com a Pessoa do Senhor de um ponto de vista diferente: como uma Pessoa divina, o Filho de Deus; como o Filho do homem; como o Filho de Davi, o Messias apresentado aos judeus, Emanuel. Mas Marcos está ocupado com nenhum desses títulos. É o Servo que encontramos aqui - e, em particular, Seu serviço como portador da palavra - o serviço ativo de Cristo no evangelho. A glória da Sua divina Pessoa manifesta-se, é verdade, de maneira extraordinária através do Seu serviço e, por assim dizer, apesar de Si mesmo, de modo que Ele evita as suas consequências. Mas ainda serviço é o assunto do livro. Sem dúvida, encontraremos o caráter de Seu ensinamento se desenvolvendo (e a verdade conseqüentemente sacudindo as formas judaicas sob as quais ele foi mantido), bem como o relato de Sua morte, do qual tudo dependia para o estabelecimento da fé. Mas aquilo que distingue este Evangelho é o caráter de serviço e de Servo que está ligado à vida de Jesus - a obra que Ele veio realizar pessoalmente como vivendo na terra. Por causa disso, a história do Seu nascimento não é encontrada em Marcos. Abre com o anúncio do começo do evangelho. João Batista é o arauto, o precursor daquele que trouxe essas boas novas ao homem.
As características desse evangelho são:
(1) a ausência da genealogia de nosso Senhor,
(2) a quem ele representa como vestido de poder, o "leão da tribo de Judá".
(3.) Marcos também registra com maravilhosa minuciosidade as palavras (Marcos 3:17;5:41;7:11,34;14:36), bem como a posição (Marcos 9:35) e os gestos (Marcos 3:5,34;5:32;9:36;10:16) do nosso Senhor.
(4) Ele também é cuidadoso para registrar os detalhes da pessoa (Marcos 1:29,36;3:6,22, etc.), número (Marcos 5:13;6:7, etc.), local (Marcos 2:13;4:1;7:31, etc.) e tempo (Marcos 1:35;2:1;4:35, etc.), que os outros evangelistas omitem.
(5.) A frase "e imediatamente"ocorre quase quarenta vezes neste Evangelho; enquanto no Evangelho de Lucas, que é muito mais longo, é usado apenas sete vezes, e em João apenas quatro vezes.
Divisão do livro
De um total de 662 versículos, Marcos tem 406 em comum com Mateus e Lucas, 145 com Mateus, 60 com Lucas e no máximo 51 peculiares a si mesmo.
Marcos é convencionalmente dividido em duas partes:
1. O ministério de Jesus cura e pregação na Galiléia (1.1-8.26);
2. O sofrimento de Jesus predito; Sua morte em Jerusalém; Sua ressurreição (8.27-16.8 + 16.9-20).
- Escreve para os gentios
- Sem Genealogia
- Apenas uma citação do Antigo Testamento
- O mais curto dos quatro evangelhos.
- Detalhes curtos e vívidos.
- Jesus amou o jovem e rico governante
- Homem sem nome, vestido de linho.
Os principais temas do livro pode ser dividido e 3 partes:
1. O Filho de Deus
Marcos mostra que Jesus é o Filho de Deus, com autoridade divina para curar, ensinar, fazer milagres e perdoar pecados. Jesus era mais que um homem normal. Ele foi enviado por Deus.
Às vezes, as pessoas pensam que o Evangelho de Marcos nos mostra o lado humano de Jesus, enquanto o Evangelho de João, as cartas de Paulo, Hebreus e outros livros do Novo Testamento apresentam Jesus como divino. Sem dúvida, em Marcos, Jesus é apresentado como verdadeiro homem. Jesus é o novo Adão que obedece plenamente a Deus e restaura a paz original projetada no jardim do Éden (veja Mc 1:12-13).
A humanidade de Jesus é na maioria das vezes mais fácil de ver, pois Jesus é claramente um homem que vive e se move no Mundo Antigo. Ele demonstra ira, compaixão, cansaço, fome, sofrimento e morre. Devemos afirmar e nos alegrar com a plena humanidade de Jesus, pois nosso Salvador é verdadeiramente humano, não menos do que nós.
No entanto, se pensarmos que Marcos apresenta Jesus apenas como verdadeiramente humano, estaremos subestimando de forma drástica e entendendo mal esse evangelho. É certo que, com muita frequência, esse tem sido o caso em relatos acadêmicos sobre Jesus segundo Marcos. Mas não devemos perder as indicações claras que Marcos nos dá de que Jesus é divino.
Em Marcos 1:1, a mensagem do evangelho é a mensagem de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Isso já pressupõe a divindade de Jesus, como as referências futuras que usam a linguagem "Filho de Deus" deixam claro. A próxima referência a "Filho de Deus" ocorre no batismo de Jesus, em que a voz sobrenatural celestial identifica Jesus como o Filho de Deus (Mc 1:11). No que se segue, Jesus é identificado em várias ocasiões por seres sobrenaturais como o Filho de Deus (Mc 1:24; 3:11; 5:7-10), inclusive na transfiguração, onde vemos um vislumbre da glória divina de Jesus (Mc 9:2-7). De fato, em Marcos, nenhum personagem humano não possuído por demônios confessa Jesus como o Filho de Deus até o final do evangelho, quando um centurião romano na cruz confessa Jesus como o Filho de Deus (Mc 15:39). Depois da cruz, vemos claramente em Marcos que Jesus foi de fato ressuscitado dos mortos, como Ele previu (Mc 16:1-8), e isso também aponta para a glória divina de Jesus que foi antecipada na transfiguração.
Poderíamos também listar outras maneiras de ver a divindade de Jesus em Marcos, no fato de que a promessa de que o Senhor viria ao Seu templo se aplica a Ele (Is 40:3; Mc 1:2-3), a autoridade com que Jesus perdoa pecados (Mc 2:5-6), Sua autoridade sobre a natureza (Mc 4:35-41) e Sua autoridade para ressuscitar os mortos (Mc 5:35-43). Em suma, Jesus não é apenas verdadeiramente humano em Marcos, mas também verdadeiramente divino.
2. Os milagres de Jesus
Marcos é um livro de ação. Apenas algumas das parábolas de Jesus são registradas, mas os milagres têm grande destaque. Os milagres mostram o poder real de Jesus, que muda vidas.
3. O sacrifício de Jesus
Outra característica fundamental de Marcos é a intencionalidade da morte de Jesus. Alguns argumentam que os evangelhos não têm uma teologia da expiação.
Marcos dedica vários capítulos à última semana de Jesus, em que ele preparou os discípulos para sua morte e ressurreição. Jesus sabia que iria morrer e se ofereceu voluntariamente, para pagar por nossos pecados. Sua ressurreição mostrou sua vitória sobre a morte, que é a grande esperança de todos que creem nele.
Mas Marcos refuta essa posição, pois Jesus declara abertamente o propósito de Sua morte em pelo menos duas ocasiões.
Um dos textos mais claros em que Jesus fala da intenção de sua morte é Mc 10:45: "Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos." Observe a linguagem de substituição "em resgate por muitos". Essa frase reflete a linguagem do Servo sofredor de Is 53:11-12.
Um segundo texto que demonstra a natureza substitutiva da morte de Jesus está nas palavras da instituição na última ceia (Mc 14:22-25). Aqui Jesus mostra, por meio do pão e do vinho, que Seu corpo e sangue serão dados por muitos. Isso reflete novamente a passagem do Servo sofredor de Isaías 53 e deixa claro que Jesus pretendia que Sua morte fosse um sacrifício substitutivo. Portanto, é apropriado continuar a celebrar essa refeição em memória da morte de Jesus até que Ele volte (ver 1 Co 11:23-26).
Esboço do Evangelho de Marcos
Pode ser dividido por temas:
- Como um homem de ação (Marcos 3:20;6:31).
- A humanidade de Jesus ( Marcos 3: 5),
- Suspirando ( Marcos 7:34; 8:12),
- Compaixão" ( Marcos 1:41; 6:34)
- Divindade do Filho de Deus, ( Marcos 1:11; 9: 7),
- Reconhecido pelos demônios ( Marcos 3:11; 5: 7),
- Discernido por um centurião romano ( Marcos 15:39).
- O Filho de Deus é claro ( Marcos 13:32; 14: 61-62).
- Sua missão divina de perdoar o pecado (2: 5)
- Sacrifício ( Marcos 10:45).
- Propósito divino ( Marcos 8:31;9:31; 10: 32-34; 14: 21a)
Curiosidades sobre o Evangelho de Marcos
Marcos e a jovem igreja primitiva
São Marcos desempenhou um papel crucial na jovem igreja primitiva, não apenas como evangelista, mas também como companheiro de viagem de São Paulo e São Barnabé em suas missões. Atos dos Apóstolos relata que houve um desentendimento entre Paulo e Barnabé sobre levar Marcos em uma viagem missionária, devido a uma deserção anterior de Marcos (Atos 15,36-41). No entanto, mais tarde, São Paulo reconheceu o valor de São Marcos e pediu sua presença em sua prisão em Roma, mostrando que a relação entre eles foi restaurada (2 Timóteo 4,11). Essa curiosidade destaca a humanidade dos primeiros líderes da Igreja e como eles superaram desafios e desentendimentos em sua missão de espalhar o Evangelho.
São Marcos Evangelista é uma figura complexa e multifacetada na tradição cristã. Conhecer essas curiosidades sobre sua vida, obra e legado nos ajuda a compreender melhor o contexto e as motivações por trás de seu Evangelho e a apreciar o impacto duradouro de sua contribuição para a fé cristã. Ao refletir sobre as histórias e símbolos associados a São Marcos, somos convidados a aprofundar nossa própria fé e a explorar os mistérios da vida de Jesus e sua mensagem de salvação para o mundo
Além de seu Evangelho**, Marcos também é creditado por ter escrito a primeira biografia de Pedro, um dos apóstolos mais próximos de Jesus. Essa obra, conhecida como "Primeira Epístola de Pedro", é uma demonstração do respeito e da conexão entre Marcos e Pedro. Seu trabalho como escritor não apenas preservou importantes eventos e ensinamentos, mas também contribuiu para o fortalecimento da fé cristã ao longo dos séculos.
Ao longo dos séculos, várias lendas e tradições surgiram em torno de Marcos. Uma delas é a tradição de que ele foi o fundador da Igreja Copta do Egito. Segundo essa tradição, Marcos teria pregado o evangelho no Egito e estabelecido uma comunidade cristã lá. Acredita-se também que ele tenha sido martirizado em Alexandria.
Outra lenda interessante é a associação de Marcos com o evangelho dos leões. Segundo essa lenda, quando Marcos estava pregando em Alexandria, um leão feroz apareceu e ameaçou atacá-lo. No entanto, Marcos fez o sinal da cruz sobre o leão, que se tornou dócil e se tornou seu fiel seguidor.