2010/10/26

Salmo 23

O salmo 23 é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. A grande maioria das pessoas no mundo inteiro (crentes e até descrentes) conhece o salmo 23, como o salmo do pastor. Quem não conhece as palavras: "O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará"? Certamente você já encontrou essas palavras ou todo o conteúdo do salmo 23 sendo citados em vários lugares: adesivos em pára-brisas de carros, pára-choques de caminhões, estampas de camisas, quadros de paredes e etc. Salmo 23 também é muito conhecido por ser o salmo preferido para ser lido em velórios. Muitos conhecem e gostam das palavras do salmo 23.

Mas a pergunta a ser feita é a seguinte: Será que todos que conhecem o salmo do pastor conhecem também o Pastor do salmo? Todos podem realmente confessar as palavras deste salmo? Todos podem dizer: O SENHOR é o meu Pastor, nada me faltará? Ou afirmar com confiança: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum; porque Tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam?". Quem pode confessar estas palavras? Salmo 23 é um cântico de confiança em Deus; são palavras proferidas por um crente que conhece e confia no SENHOR. É uma confissão de fé do crente que deposita sua confiança no cuidado e na proteção de Deus.

 RELACIONAMENTO "O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará." (1)   

Não somente no Salmo 23, mas também em muitos outros lugares do Antigo Testamento encontramos a comparação do relacionamento de Deus com o seu povo como o relacionamento de um pastor com suas ovelhas "Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos..." (Is. 40.11). Tal relacionamento é evidenciado pela comunhão. Deus está sempre presente no meio do seu povo. Ele é o Deus Emanuel (Deus Conosco).

Como o Senhor esteve presente no meio do seu povo na época do Antigo testamento? Pensemos na peregrinação de Israel no deserto. Deus conduziu o seu povo e jamais o abandonou durante quarenta anos em meio ao calor e a escuridão do deserto. Durante o dia o SENHOR era com o seu povo por meio de uma nuvem que os guiava. À noite, o Senhor se apresentava numa coluna de fogo para iluminar o caminho do seu povo e guiá-lo pelo deserto. Além disso, a arca da aliança que se encontrava no tabernáculo, simbolizava presença de Deus no meio do seu povo. Israel podia caminhar seguro e confiante, pois o SENHOR, Seu Pastor, era com ele por onde quer que andasse. O SENHOR sempre cuidou do seu povo, providenciando-lhe alimento e dando-lhe proteção dos inimigos.

 

O salmista usou duas figuras para expressar sua atitude de relacionamento com Deus:

1 - A figura do pastor que concede repouso, proteção, direção e consolo para o rebanho que está sob os seus cuidados (v.1-4);

2 - A figura de um anfitrião que recebe com honra um hóspede em sua casa, oferecendo-lhe um grande banquete e ungindo-o com óleo (v.5,6).

Ambas as figuras, além de expressar o relacionamento do salmista com seu Deus evidenciam a confiança do salmista em Deus, e o cuidado e a bondade de Deus para com aqueles que lhe pertencem e nele confiam. As palavras do salmo 23 têm um profundo significado para nós que cremos em Deus. Ele é o Nosso Pastor e nós somos ovelhas do seu rebanho e como tais estamos peregrinando nas veredas deste mundo. Somos alvos do seu amor e atenção. Embora "todos nós andamos desgarrados como ovelhas" (Is53.6). o Senhor nos redimiu com seu sangue derramado e agrora somos dEle e como suas ovelhas podemos lançar mão das promessas desse salmo quando atendemos a sua voz e o seguimos. Nessa peregrinação necessitamos depositar nossa confiança Nele. Com base no Salmo 23, nós precisamos entender nossa peregrinação à luz da figura de um rebanho que está sendo conduzido por um pastor.

Este salmo foi escrito por Davi que, antes de conduzir o povo de Israel como um rei, conduzia um rebanho de ovelhas como um simples pastor. O pastoreio de ovelhas era uma atividade comum no meio do povo de Israel. Davi conhecia muito bem o trabalho de um pastor. Sua tarefa como pastor, era conduzir o rebanho de um pasto para outro a fim de providenciar alimento para as ovelhas. Ele sabia dos perigos que as ovelhas haveriam de enfrentar. Também era seu dever proteger as ovelhas dos perigos (animais ferozes). À procura de verdes pastos, as ovelhas tinham de caminhar sob a liderança do pastor. Nessa caminhada era necessário passar por caminhos pedregosos, subir montanhas e também descer por meio de vales sombrios. A região de Israel era uma região geograficamente acidentada. Havia muitas montanhas e também vales sombrios e escuros. As ovelhas eram animais sensíveis que facilmente se assustavam, principalmente quando passavam por vales escuros. Elas tinham de confiar no pastor que as conduzia.

Cada crente é uma ovelha que está peregrinando nas veredas deste mundo. Essa peregrinação nem sempre será por caminhos planos e pastos verdejantes, mas há também montanhas e vales a serem transpostos. Nenhum crente vai conseguir caminhar sozinho. Todos precisam do cuidado e da proteção de Deus para prosseguir na peregrinação. É necessário que todos os crentes peregrinos depositem toda sua confiança em Deus, principalmente diante dos perigos e males que podem encontrar na sua peregrinação.

 

PROVISÃO "NADA ME FALTARÁ" (1b)

A grande responsabilidade do pastor é procurar pastagens para o seu rebanho. Ao conduzir as ovelhas a pastor verdejantes e ao vigiá-las, ele esta atendendo suas necessidades. "nada me faltará" significa duas coisas:

1) Que não faltará nada que for necessário à realização da vontade de Deus na minha vida, na nossa vida. 2) este nada me faltará no original esta assim "o que me faltar não sentirei falta nenhuma", ou seja, que me contentarei com a provisão e o cuidado do Bom Pastor, mesmo em tempos pessoalmente difíceis, porque confio no seu amor e cuidado por mim. "Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece." (Fp 4.11-13) "Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas." (Jo 10.11)

PROVAÇÃO  "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte...". (4)

A exemplo de um rebanho de ovelhas, nós também estamos sujeitos a andar no meio de vales sombrios e escuros durante nossa peregrinação. Por essa razão precisamos confiar Naquele que nos conduz. "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte...". A expressão "vale da sombra da morte" é uma expressão muito forte. Ela aponta para trevas profundas. Poderíamos pensar, por exemplo, na grande escuridão que há no final de um poço profundo. Tal expressão também é usada na Bíblia para referir-se à morada dos mortos, que é um lugar de densas trevas e escuridão (Jó 10.21,22). Ninguém gosta de ficar num lugar muito escuro. Trevas provocam medo nas pessoas.

No entanto, não estamos livres da escuridão. Poderemos passar pelo vale da sombra da morte. O salmista reconhece isso quando diz: "ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte". No contexto do salmo 23, a expressão vale da sombra da morte é uma figura que aponta para a realidade dos terríveis perigos e males que o crente pode experimentar durante sua peregrinação nesta terra. Davi deixa bem claro que os crentes não estão isentos de perigos nesta vida. Eles podem sofrer males nesta vida. Não é pelo fato de você já ser crente e ter Deus como seu pastor que as aflições e males do tempo presente deixarão de existir na sua vida. O próprio Jesus disse que no mundo teremos aflições (Jo 16.33).

Não devemos pensar e ensinar como muitos outros aí afora estão fazendo ao afirmarem que uma vez que você se tornou crente, seus problemas acabaram e você não pode mais sofrer mal ou perigo algum. Não é isso que a Bíblia ensina. Conforme a Bíblia, estamos sujeitos a andar pelo vale da sombra da morte, a enfrentar perigos em nossa peregrinação.

Que perigos ou males poderíamos experimentar em nossa peregrinação? Podemos citar alguns exemplos gerais: fome, doenças, desemprego, outras calamidades públicas tais como seca, cheias, tempestades; problemas familiares, morte e outros males que podem nos afligir. Todos estes males e perigos constituem o vale da sombra da morte pelo qual estamos sujeitos a andar em nossa peregrinação.  Tais perigos e males são comuns a crentes e descrentes. É inevitável que eles venham para todos.  A bíblia diz em MT 5.45 "Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos."

Mas há uma grande diferença. Qual é a grande diferença? A grande diferença está na atitude de ambos diante do vale da sombra da morte pelo qual passam. O descrente, embora necessitando, não deposita a sua confiança em Deus. No meio dos perigos e males que lhe sobrevêm nesta vida, podem chegar a murmurar e blasfemar contra Deus. Também sentem um grande medo do mal que lhes acontece, pois não conhecem nem confiam em Deus, aquele que é maior que o mal e que tem poder para transformar o mal em bem em favor dos seus filhos.

 PROTEÇÃO "não temerei mal nenhum" (4b)

O crente, porém, diante do vale da sombra da morte que está passando, confessa com toda confiança: "não temerei mal nenhum"(4). Com essa confissão de fé, o crente não está negando o poder e a realidade do mal que pode lhe sobrevir, mas está afirmando com plena segurança que não há de ser abalado com o mal ou perigo que pode lhe acontecer no vale da sombra da morte. Ele não tem medo de andar pelo vale da sombra da morte nem de enfrentar o mal e o perigo que há neste vale. Os vales escuros e sombrios pelos quais o crente anda em sua peregrinação não lhe infundirão medo. Sua confissão firme e segura no meio do vale da sombra da morte é: "Não terei medo do terror da noite nem da seta que voa de dia, Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia... Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio." Sl 91.5-9

Por que o crente não teme o mal que há no vale da sombra da morte por onde ele está passando? Por que ele confessa com confiança: "não temerei mal nenhum"? por que ele sabe que Deus o protege. Em que se baseia a sua confiança na proteção divina?

PRESENÇA E FIDELIDADE DE DEUS "... porque tu estás comigo..." (4c)

Ele mesmo confessa a base para a sua confiança: "... porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam". Ele conhece a fidelidade do seu pastor por isso ele confia no SENHOR .porque Ele esta presente e o guia a todo o momento, especialmente quando ele está andando pelo vale da sombra da morte. Quando estiver sendo afligido e pressionado com os perigos e males que a sua peregrinação lhe apresenta, ele então confessará com confiança: "Não temerei mal nenhum"; ele dirá com toda segurança: "Em me vindo o temor, hei de confiar em ti. Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei" (Salmo 56.3,4). O crente não confia em si mesmo para prosseguir em sua peregrinação, mas baseia sua confiança no SENHOR que é o seu Pastor que o guia e está sempre presente na sua vida. Porque tu (SENHOR) estás comigo.

O crente não confia num Deus distante, mas num Deus que está sempre presente em sua vida. "Porque Tu (SENHOR) estás comigo". A palavra que Davi usa aqui e que foi traduzida pelo termo "comigo" transmite a idéia básica de comunhão e companheirismo; aponta para alguém que está sempre junto de outra pessoa mantendo a comunhão com ela.

Pense na figura do pastor. Assim como o pastor não abandona suas ovelhas, mas está sempre junto delas, assim também o SENHOR Deus jamais nos abandona, mas está sempre perto de nós e presente em nossas vidas, guiando-nos em nossa peregrinação. Ele é o Nosso Pastor e jamais nada nos faltará, pois ele não se esquece nem desampara a nós, suas ovelhas.

Nós somos o novo Israel de Deus, as ovelhas que pertencem ao rebanho do seu pastoreio. Nosso pastor também está presente no meio de nós. Como Deus está presente em nosso meio? Através do SENHOR Jesus Cristo. Cristo é o nosso pastor que está em nosso meio. Ele é o nosso Emanuel, o Deus conosco. Ele próprio se identificou como o nosso bom pastor. Ele conhece suas ovelhas e deu sua vida por elas. Ele viveu na terra entre os homens, esteve presente no meio dos seus discípulos. Deu sua vida por suas ovelhas, ressuscitou, foi para junto de seu Pai, mas não se esqueceu nem abandonou a sua igreja. Ele prometeu aos seus discípulos e também a nós: "Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt. 28.20).

Hoje ele está conosco guiando-nos em nossa peregrinação, não mais por meio da nuvem, da coluna de fogo, da arca da aliança, mas através do Seu Espírito e da Sua Palavra. Seu Espírito é o nosso Consolador que habita em nós e está sempre do nosso lado encorajando-nos diante das tribulações que passamos.

Sua Palavra que está conosco nos revela os seus mandamentos para que os guardemos, e também nos conforta com as suas maravilhosas promessas. Em meio à nossa peregrinação, especialmente no vale da sombra da morte, podemos confessar com toda confiança que Cristo, o nosso Bom Pastor, está sempre conosco.

 CONSOLO "a tua vara e o teu cajado me consolam." (4d)

A vara e o cajado são instrumentos importantes no trabalho de um pastor de ovelhas. A vara é uma peça de madeira bem dura que serve como instrumento de defesa. Com esta vara o pastor defendia as ovelhas de animais ferozes.

O cajado, por sua vez, é uma vara bem longa que contém uma curva em uma de suas pontas. Era usado para dirigir as ovelhas e também para puxar algumas ovelhas que tinham caído em algum buraco durante a caminhada. Era um motivo de grande consolo e alegria para as ovelhas quando o pastor as protegia de animais ferozes, fazendo uso de sua vara, e também quando as conduzia com seu cajado e as tirava do buraco quando caíam.

Cristo é o nosso pastor. Ele nos providencia tudo o que precisamos para nosso corpo e nossa alma. Ele nos defende e protege por seu poder contra todos os inimigos. Nele encontramos refúgio e consolo. nEle encontramos calmaria em meio a tempestade, nEle nossas aflições são aplainadas, aliviadas. Sua palavra e o seu Espírito nos consolam.

ESPERANÇA "Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos" (5)

Você está passando pelo vale da sombra da morte? Não fique amedrontado. Confie no Seu Pastor. Ele é contigo por onde quer que andares. Por que temer o vale da sombra da morte? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Quem poderá nos separar do seu amor e da sua presença? Os perigos e males desta vida? Nossas tribulações? O diabo? A morte? Não! Nada nem ninguém poderão separar-nos do amor e da presença do Nosso Deus.

Portanto, confessemos com confiança que o SENHOR está sempre conosco, conforme as palavras de confiança do Salmo 46: "Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações." Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam... O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio" (vs. 1-3,7).

Não importa quão escuro seja o vale no qual estamos peregrinando, não temeremos mal nenhum, pois o Nosso Pastor está sempre conosco guiando-nos em nossa peregrinação e consolando-nos com Sua Palavra e Seu Espírito Santo. O SENHOR é o nosso pastor e nada nos faltará! Ele cuida sempre de nós. Por isso, como crentes peregrinos, confiamos nele em toda nossa peregrinação, inclusive quando estivermos passando pelo vale da sombra da morte. Porque Nele temos a vitória. "Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conheceu o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade, e lhe mostrarei a minha salvação. Sl 91.14-16

 

 


 

Salvação

A salvação é um dos conceitos espirituais mais importantes no cristianismo. Salvação é um termo que genericamente se refere à libertação de um estado ou condição indesejável. O conceito de salvação eterna, salvação celestial ou salvação espiritual faz referência à salvação da alma, pela qual a alma se livraria de uma ameaça eterna (castigo eterno ou condenação eterna) que esperaria depois da morte. Na teologia, o estudo da salvação se chama soteriologia e é um conceito vitalmente importante em várias religiões. A palavra salvação, tem sua origem no grego soteria, transmitindo a idéia de cura, redenção, remédio e resgate;

A idéia de salvação é essencial. Alguns cristãos têm usado palavras como "salvo" e "salvação" com tanta freqüência e descuido, que esqueceram o que elas significam. Elas tornaram-se sons sem significado. Ou, se possuem algum significado, as palavras foram tão diluídas que "Você foi salvo?" é agora equivalente de "Você foi a igreja?". É algo que é importante, mas ainda assim casual, sujeito à reflexão relaxada. "Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;" Hb2.3

A negligencia, o descuido ou a falta de interesse, é desastroso. O crente que por negligência, desconhece a verdade e os ensinos do evangelho corre o grande perigo de ser arrastado rio abaixo além do porto seguro, onde não há mais seurança. Esse texto de Hebreus nos chama a atenção que todo cristão é tentado a tornar-se indiferente com a salvação que provem do Senhor e consequentemente com a Palavra de Deus. E por causa do descuido, do desinteresse é facil começar a prestar menos atenção nas advertência de Deus, cessando assim de perseverar contra o pecado e assim aos poucos vão desviando-se de Cristo Jesus o oautor e consumador de nossa fé.

Salvação é uma palavra séria. Ela pressupõe perigo e desespero. Você não diz brandamente a um homem que se afoga, "Ei, por que você não sai da água?" ou "Viu te avisei que era fundo !". Não, salvação é resgate. Ela implica necessidade. Eu e você precisamos dessa salvação. Ela não é algo indiferente ou uma questão de preferência. Se a pessoa não for resgatada salva vai sofrer as conseqüências do afogamento que é a morte física. Em nosso contexto, essa condição de afogamento é a culpa do homem perante Deus – isto é, não somente uma consciência culpada por ter feito algo errado, mas um veredito de culpado por estar errado e ter praticado o erro. A conseqüência do afogamento é morte espiritual, que nada mais é do que é a ira de Deus, onde o homem sofrerá alienação e rejeição de Deus nesta vida, e o fogo sem fim do inferno na vida porvir o aguarda.

Ser salvo no sentido bíblico é ser resgatado de algo terrível e repulsivo – viver como um não cristão. Mas Deus escolhe salva algumas pessoas desse lugar, e as coloca numa esfera completamente diferente. Deus extraí algumas pessoas da vida não cristã e instá-las, não numa condição neutra ou numa mera imunidade da condenação, mas numa vida e destino superior.

O que precisamos entender sobre a Salvação?

1) Que o único caminho para a salvação é Cristo.

Irmãos muitos pensam que para sermos salvos é apenas necessário que sejamos bons, piedosos, honestos e até mesmo pertencermos a uma denominação religiosa, pois se acredita que Deus está em todas as religiões. Ledo engano! É necessário saber que estávamos destinados à ira de Deus, "Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também." Ef 2.3, afastados dEle pelo pecado, mortos em nosso delitos e pecados, e, quando fomos resgatados da morte eterna por Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador através de sua morte sacrificial de maneira eficaz, cabal e definitiva. "Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)" Ef 2.4-5

Jesus é o único capaz de refazer o elo que havia sido quebrado. A salvação é manifesta mediante a Graça de Deus manifesta em Cristo Jesus "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus." Rm 3.24

Esta salvação é baseada na morte; na sua ressurreição e na sua intercessão de Cristo. A salvação do crente provém do sangue de Cristo e da sua vida ressurreta, pelos quais nós somos perdoados e reconciliados com Deus. E se Deus nos amou de tal ponto de enviar seu filho para morrer por nós quando ainda éramos inimigos, quanto mais agora que somos seus filhos

Talvez querido irmão como cristãos, vocês esteja familiarizado com a idéia que é Cristo quem adquiriu a salvação por você mediante sua morte na cruz. Que Ele agiu em seu favor, como seu campeão e representante. Que morreu em se lugar por seus pecados, para que pudesse ser livres da condenação.

Isto é uma verdade incontestável, Ele assegurou para nós a justificação perante Deus. Todavia, irmãos é preciso que nós entendamos que somente aqueles que estão ligados a Ele são salvos por ele, e esse vínculo ou relação com Cristo é manifesto em .

A Escritura define essa fé em termos definidos e inflexíveis. Ter fé em Cristo é crer que ele morreu por meus pecados – não apenas por causa dos meus pecados, mas para pagar pelos meus pecados. Eu manifesto ser um cristão somente se tiver fé nesse sentido específico. Todos os cristãos concordam com isso, e aqueles que discordam não são cristãos. Eles não são salvos – permanecem debaixo do pecado e da condenação, e seu destino é o fogo eterno do inferno.

2) A salvação é o resultado da Graça mediante a fé.

A graça de Deus é, na conhecida definição de Agostinho um dos pais da Igreja como "um favor não merecido", isto é algo que recebemos sem qualquer merecimento de nossa parte. Fala-se muito hoje na graça de Deus, mas este tema na pratica não é tão fácil assim. Pois devido ao orgulho, o ser humano tem uma grande dificuldade de receber um favor. Ainda mais no que diz respeito na vida espiritual. Cada um quer por si mesmo, pelos seus próprios esforços, por sua religiosidade conseguir a própria salvação.

No entanto querido irmãos a bíblia é clara quando ensina que somos aceitos por Deus, não por nossas obras, não por nossos méritos, não por nossos esforços, não por nossa boa vontade, não por nossa religiosidade, mas exclusivamente pela maravilhosa e misteriosa graça de Deus.

As boas obras que praticamos por nossos esforços, normalmente nos enchem de orgulho e fatalmente levam-nos a nos vangloriarmos diante de nossos semelhantes. Tais obras, para Deus são como "trapos de imundícia", pois não há mérito nenhum em nós que nos habilite a nada, diante de Deus. Somos miseráveis pecadores! "Não há um justo, nem um sequer... Não Há quem faça o bem, não há nem um só" (Romanos 3:10-12). A salvação é um dom da graça de Deus, mas somente podemos recebê-la através da fé. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." Ef 2.8.

O homem, por ter caído e ser corrupto, por seus pensamentos serem tortuosos e por estar a sua carne na esfera da lei, pensa que deve fazer algo para que seja salvo, pensa que pode fazer barganhas com Deus. Contudo, a Bíblia nos mostra que a única condição para nossa salvação através da graça de Deus é a fé. Além da fé não há outra condição.

O Novo Testamento diz-nos claramente, que quando o homem crê, ele é salvo, tem a vida eterna e é justificado. Ele diz também que o homem é justificado pela fé, ou torna-se justo por meio da fé. Uma vez que o homem crê, ele é salvo "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa." (At 16:31). Uma vez que o homem crê, tem a vida eterna "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3:36). Uma vez que o homem crê, ele é justificado. "Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão". Rm 3.30. O homem é salvo mediante a fé. Ele recebe vida eterna pela fé, e é justificado mediante a fé. Portanto, em todo o Novo Testamento, é dito que o homem é salvo, justificado, e tem vida eterna unicamente por meio da fé. Não é uma questão de quem a pessoa seja, do que ela faça ou do que possa fazer. Tudo depende do crer. Tudo depende da fé.

Nenhuma outra condição é adicionada. Esses versículos não dizem que o homem deve crer e a seguir fazer algo para receber a vida eterna. Eles não dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser justificado. Tampouco dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser salvo. A Palavra do Senhor menciona a fé de maneira clara e definida. Nada além é misturado ou vinculado à condição da fé. Portanto, a Bíblia nos mostra claramente que do ponto de vista de Deus, não há outra condição para a salvação além de crer.

Fé e graça são dois princípios inseparáveis. Graça é Deus dando algo a nós, e fé é o nosso receber algo da parte de Deus. Fé nada mais é que receber o que Deus nos deu em espírito. Isso é totalmente independente de obra. Somente dessa maneira o homem pode receber a graça de Deus. Se recorrermos a quaisquer outros meios, não seremos capazes de receber a graça de Deus.

Irmãos é oportuno falar também que essa fé não é nossa, ela vem de Deus "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." Ef 2.8 para que não haja qualquer pensamento que a fé que abre as portas para a graça de Deus é uma habilidade humana não! Ela é dada por Deus, a ação sempre é de Deus para o homem. John Stott diz um seguinte que "a salvação não é um empreendimento coorporativo entre Deus e nós, no qual Deus entra com a Graça e nós entramos com a Fé... o valor da fé não reside nela mesmo, mas inteiramente e exclusivamente em Cristo e este crucificado" ele esta dizendo que o valor não esta em nossa fé e sim naquele em que nós colocamos a nossa fé que é Cristo. O teólogo Richard Hooker diz um seguinte a respeito disso "Deus justifica o que crê, não por causa do valor de sua crença, mas por causa do valor de Cristo, em quem ele creu."

Embora a Bíblia nos mostre que é pela fé que se recebe a graça de Deus, muitas doutrinas têm surgido como resultado da má interpretação por parte do homem. O homem cria teorias baseadas em seus próprios pensamentos e em sua mente obscurecida. Elas envolvem o que ele deve fazer para que seja salvo. Assim como o homem tem criado ídolos com seu coração tortuoso e os considera deuses, da mesma forma ele tem estabelecido condições para a salvação com seu coração tortuoso e pensamentos obscurecidos.

O problema hoje é que depois de reconhecer a fé como a condição da salvação, ele adiciona algo mais à fé. A controvérsia entre Deus e o homem não é a de crer ou não crer, mas é a de crer com arrependimento, crer com as obras da lei, crer com batismo, ou crer com testemunho, como um pré-requisito para a salvação. A Palavra de Deus diz-nos que uma vez que creiamos, somos salvos. Porém, o homem hoje acrescenta a palavra com. De acordo com sua mente obscurecida, ele proclama que o homem é salvo mediante a fé com alguma coisa.

3) A salvação é comissionamento. (Chamado, incumbência)

Agora o homem redimido por Deus é chamado em primeiro lugar, a uma vida totalmente nova em que conhecemos, amamos, obedecemos e servimos a Cristo. A partir do momento em que a graça atinge o homem, ele passa a se beneficiar e beneficiar a outros, com praticas de boas obras. Essas boas obras são conseqüências e não a causa de nossa salvação. Se somos cristãos verdadeiros e em crescimento, então somos um povo santo, um povo de discernimento e conhecimento, de amor e bondade, de fé e poder, e de verdade inflexível. Esse é um aspecto integral da nossa salvação,

A graça de Cristo concedida a cada um de nós, nos comissiona ao serviço cristão. Todos somos chamados a servir, tendo Jesus como o nosso modelo e esse serviço é realizado em função de tudo o que Deus, em Cristo concedeu aos que foram salvos, Deus não somente nos salvou de algo, mas também nos chamou para algo.

"PORTANTO, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;" Hb2.1-3

Agora irmãos contemplando todo este conhecimento da grande salvação providenciada por nosso Deus, precisamos viver novidade de Vida. A revelação da graça de Deus manisfesta em Cristo crucificado por nós, precisa nos impulsionar á uma nova vida, á lugares mais altos, a arreendimento genuíno, a contrição de Coração. "Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação"

Cada um de nós precisa conscientizar-se de nossas responsabilidades no que se refere a edificação da igreja. Uma vida estacionária, sem crescimento, serviço, sem criatividades, sem ministério etc não é próprio de quem um dia, foi alcançado pela maravilhosa graça de Jesus.

Feche seus olhos, coloque sua vida na presença de Deus e peça a Deus " abre meu entendimento Senhor quero viver esta graça maravilhosa"


O Cordão de Três Dobras

Texto: Eclesiastes 4.9-12

 

A Bíblia diz em Eclesiastes 4.9-12 que "melhor é serem dois do que um", mas termina falando sobre o cordão de três dobras e revelando que é melhor serem três do que dois. Fica implícito que a conta de uma terceira dobra no cordão está mostrando que o "time" aumentou.

"Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade." (Eclesiastes 4.12)

Salomão afirma que se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão. Isto mostra que um cordão dobrado oferece maior resistência. Porém, ao acrescentar-se uma terceira dobra, ele fica ainda mais resistente! Se há benefícios em ser dois, há muito mais em ser três!

Salomão não fez esta afirmação direcionada exclusivamente ao casamento; ele fala de relacionamento de um modo geral. E, em qualquer relacionamento, a terceira dobra poderia ser mais uma pessoa. Porém, quando examinamos a revelação bíblica acerca do casamento, descobrimos que, no modelo divino, deve sempre haver a participação de uma terceira parte. E isto não fala da presença de algum filho e nem tampouco de um (abominável) triângulo amoroso! Fala da participação do Senhor no casamento.

A presença de Deus é a terceira dobra e deve ser cultivada na vida do casal. Adão e Eva não ficaram sozinhos no Éden, Deus estava diariamente com eles e, da mesma forma como idealizou com o primeiro casal, Ele quer participar do nosso casamento também!

Vemos esta questão do envolvimento de Deus na união matrimonial sob três diferentes perspectivas:

1. Deus como parte do compromisso do casal;

2. Deus como fonte de intervenção na vida do casal;

3. Deus como modelo e referência para o casal.

 

UMA DUPLA ALIANÇA

O casamento é uma aliança que os cônjuges firmam entre si e também com Deus. O Senhor, através do profeta Malaquias, referiu-se ao casamento como sendo uma aliança entre o homem e a sua mulher:

"Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança". (Malaquias 2.14)

A esposa foi chamada por Deus como "a mulher da tua aliança", o que deixa claro qual é o enfoque bíblico do casamento. Esta aliança matrimonial não é apenas uma aliança dos cônjuges entre si, mas do casal com Deus. O matrimônio, portanto, é uma dupla aliança. Malaquias diz que Deus se faz presente testemunhando a aliança do casal. O mesmo conceito também nos é apresentado no livro de Provérbios:

"Para te livrar da mulher adúltera, da estrangeira, que lisonjeia com palavras, a qual deixa o amigo da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus". (Provérbios 2.16,17)

Novamente as Escrituras condenam o abandono ao cônjuge, pois neste texto, assim como em Malaquias, a infidelidade é abordada. Nesta situação, é a mulher quem foi infiel ao amigo de sua mocidade e é chamada de alguém que se esqueceu da aliança do seu Deus. A palavra "aliança", neste versículo de Provérbios, fala não apenas da aliança entre os cônjuges, mas da aliança deles com Deus. Fala da obediência que alguém deve prestar à Lei do Senhor e também se refere ao matrimônio como uma aliança da qual Deus quer participar.

No Antigo Testamento vemos Deus, por intermédio de Moisés, seu servo, entregando a Israel dez mandamentos que se destacavam de todos os demais. Eles foram chamados de "as palavras da aliança": 

"E, ali, esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras". (Êxodo 34.28)

Um destes mandamentos mostra que preservar o casamento não é apenas uma obrigação da aliança contraída entre os cônjuges; é parte da aliança firmada com o próprio Deus: "Não adulterarás" (Êx 20.14). As ordenanças do Senhor foram escritas (incluindo a ordem de não adulterar) e o livro onde foram registradas passou a ser chamado de "o livro da aliança":

"Moisés escreveu todas as palavras do Senhor… E tomou o livro da aliança e o leu ao povo; e eles disseram: Tudo o que falou o Senhor faremos e obedeceremos. Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas palavras." (Êxodo 24.4a,7,8)

Portanto, o casamento é uma dupla aliança; é uma aliança dos cônjuges entre si, mas também é uma aliança de ambos com Deus. Logo, o Senhor está presente na aliança, no compromisso do casamento. Esta é uma das formas em que Deus pode ser a terceira dobra no relacionamento conjugal.

 

EDIFICAR COM A BÊNÇÃO DE DEUS

Outra forma como Deus pode e quer participar no casamento é podendo intervir, agir em nossas vidas e relacionamento conjugal. Não temos a capacidade de fazer este relacionamento funcionar somente por nós mesmos; aliás, temos que admitir nossa dependência de Deus para tudo, pois o Senhor Jesus Cristo mesmo declarou: "sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5). A Palavra de Deus nos ensina que precisamos aprender a edificar com a bênção de Deus, e não apenas com nossa própria força e capacidade: 

"Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." (Salmo 127.1)

"Edificar a casa" é uma linguagem bíblica para a construção do lar, não do prédio em que se mora. Provérbios 14.1 declara que "A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba". Isto não quer dizer que temos uma mulher "pedreira" e outra "demolidora", pois o texto fala do ambiente do lar e não de um edifício físico.

Há ingredientes importantes para edificação da casa (Pv 24.3), mas o essencial é cultivar diária e permanentemente a presença de Deus.

 

PARECIDOS COM DEUS

Uma outra maneira como Deus se torna parte em nosso casamento é como modelo e referência para nossas vidas. O Senhor é o padrão no qual devemos nos espelhar!

"Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados." (Efésios 5.1)

O Novo Testamento revela com clareza que o plano divino para cada um de nós é conformar-mo-nos com a imagem do Senhor Jesus Cristo:

"Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos." (Romanos 8.29)

As Escrituras declaram que fomos "predestinados" (destinados de ante-mão) para sermos conformes à imagem de Jesus! Cristo é nosso referencial de conduta; o apóstolo João declara que "aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou" (1 Jo 2.6). O apóstolo Pedro afirmou que devemos seguir os Seus passos, o que significa: caminhar como Ele caminhou (1 Pe 2.21). A transformação que experimentamos na vida cristã é progressiva (a Bíbia chama "de glória em glória) e tem endereço certo: tornar-nos semelhantes a Jesus (2 Co 3.18).

O Senhor Jesus atribuiu ao "coração duro" o grande motivo da falência do matrimônio (Mt 19.8). As promessas de Deus ao Seu povo no Antigo Testamento eram de um transplante de coração (Ez 36.26); o Senhor disse que trocaria o coração de pedra (duro, da natureza humana decaída) por um coração de carne (maleável, com a natureza divina). A nova natureza deve afetar nosso casamento. Se Deus passar a ser o modelo ao qual os cônjuges buscam se conformar, certamente se aproximarão um do outro e viverão muito melhor!

Pense em dois cônjuges cristãos manifestando as nove características do fruto do Espírito (Gl 5.22,23): "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio". Se manifestarmos a natureza de Deus, andaremos na plenitude do propósito divino para os relacionamentos. Quando o marido e a mulher vão se tornando parecidos com Deus, então eles ficam mais parecidos um com o outro.

Quero falar de apenas três (entre muitos) valores que encontramos na pessoa de Deus e que deveríamos reproduzir em nossas vidas. Certamente muitos casamentos podem ser salvos somente por praticar estes princípios:

  

Amar

Se Deus será parte de nosso casamento como modelo e referência, então temos que aprender a andar em amor, uma vez que as Escrituras nos revelam que Deus é amor (1 Jo 4.8). A revelação bíblica de que Deus é amor não foi dada apenas para que saibamos quem Deus é, mas para que nos tornemos imitadores d'Ele:

"Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." (Efésios 5.1,2)

Há diferentes palavras usadas no original grego (língua em que foram escritos os manuscritos do Novo Testamento) para amor: "eros" (que retrata o amor de expressão física, sexual), "storge" (que fala de amor familiar), "fileo" (que aponta para o amor de irmão e/ou amigo), e "ágape" (que enfoca o amor sacrificial). Quando a Bíblia fala do amor de Deus, usa a palavra "ágape"; este é o amor que devemos manifestar!

Ao escrever aos coríntios, o apóstolo Paulo ensina como é a expressão deste amor:

"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1 Coríntios 13.4-7)

Se imitarmos a Deus e manifestarmos este tipo de amor, as coisas certamente serão bem diferentes em nosso matrimônio!

 

Ceder

A grande maioria das brigas e discussões gira em torno de quem está certo, de quem tem a razão. Muitas vezes, não vale à pena ter a razão; há momentos em que a melhor coisa é ceder, quer isto seja agradável, quer não! Observe o que Jesus Cristo nos ensinou a fazer:

"Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes." (Mateus 5.39-41)

Ilustração:

Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.  Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: Se tinha tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devia ter insistido um pouco mais...  E ela diz: Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

Moral da história: Essa cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Diante disso me pergunto: 'Quero ser feliz ou ter razão?

Se seguirmos a Deus, como nosso modelo e referencial, e aos seus princípios, o casamento tem tudo para funcionar. O matrimônio não é um desafio por causa da pessoa com quem convivemos, e sim porque este convívio suscita nossa carnalidade e egoísmo e mostra quem nós somos! A dificuldade não está no cônjuge e sim em nossa inaptidão em ceder. Se amadurecermos nesta área, nossa vida conjugal definitivamente colherá os frutos.

Perdoar

Perdoar significa deixar livre, soltar, libertar, despedir, mandar embora, atribuir um favor incondicional àquele que nos feriu. É não levar em conta o mal causado; é não reter a mágoa ou ferida; é agir como se o incidente nunca houvesse acontecido.

No início do casamento, é fácil perdoar o cônjuge. Mas, depois de perdoá-lo várias vezes, começamos a pensar se não o estamos incentivando com nossa aparente tolerância. Às vezes, hesitamos em perdoar por temer que, ao fazer isso, estejamos permitindo que o mesmo erro ocorra novamente. Existe, porém, uma linha clara entre permitir e perdoar. Em outras palavras, podemos continuar a pedir ao cônjuge que mude seu modo de ser, e oramos para que isso ocorra, mas, se ele não mudar, recusamo-nos a deixar isso nos consumir e a nos tornar pessoas amargas. Perdoar não significa dar ao ofensor um passe livre para voltar a cometer os mesmos erros. O perdão não torna a outra pessoa certa; nos torna livres.

Perdoar é uma decisão que tomamos, e sabemos se perdoamos ou não. Não perdoamos alguém acidentalmente, sem perceber. Mas é possível não perdoar sem perceber. Achamos que perdoamos, mas não é verdade.

Perdoar é uma escolha que precisamos fazer todos os dias. E a escolha deve ser viver em perdão. Isso se aplica principalmente ao casamento. Além de amar seu cônjuge, a atitude mais importante que você deve tomar no casamento é perdoá-lo.

Até nos casamentos bem-sucedidos, o perdão é sempre necessário. Mesmo que duas pessoas completamente diferentes vivam juntas e em harmonia, sempre haverá decepções, mal-entendidos e mágoas. Precisamos sempre suportar um ao ouro e perdoar um ao outro. "Não fiquem irritados uns com os outros e perdoem uns aos outros, caso alguém tenha alguma queixa contra outra pessoa. Assim como o Senhor perdoou vocês, perdoem uns aos outros" (Cl 3.13).

Não podemos esperar o momento em que o cônjuge mereça ser perdoado ou nos peça perdão. A falta de perdão é assassina. Mata o casamento. Mata a saúde. Mata a alegria. E ainda nos impede de caminhar perto de Deus.

Então é preciso entender que os integrantes de uma família devem ter harmonia, buscar o amor, a compreensão e o perdão sempre. Os cônjuges precisam trabalhar em cima do perdão para que as feridas do passado possam ser cicatrizadas. Um casamento não pode subsistir sem perdão, pois invariavelmente os cônjuges irão errar uns com os outros.

A verdade é que no relacionamento familiar nós experimentamos ofensas: um amigo que nos trai, um filho ingrato, a parcialidade dos pais, uma palavra áspera, uma acusação falsa, uma data pessoal esquecida, a indiferença para conosco de alguém que nos é importante. O perdão é a possibilidade da convivência.  O perdão é um indicador de nossa compreensão do amor de Deus por nós. Todos nós perante a ofensa exercemos a escolha. Podemos perdoar ou tornar-nos ressentidos, amar ou odiar, estabelecer relacionamentos ou rompê-los. A primeira escolha leva-nos à liberdade constante, uma vida de sinceridade e opções. A segunda escolha, inevitavelmente, leva-nos a uma escravidão dentro de nós mesmos. A primeira resulta em crescimento espiritual, a segunda, em amargura.

Que possamos aprender que a melhor maneira de viver um casamento em liberdade é decidir antes ser uma pessoa que perdoa. A pressão diminui, porque não haverá necessidade de tomar essa decisão todas as vezes que alguém nos ofender e precisarmos nos livrar da decepção, da mágoa ou da própria ira, por que o perdão cura e liberta.

Pelo perdão, abrimos o caminho para Deus trazer à nossa alma, a cura e a restauração. Andar em perdão é andar em vitória. Andando em perdão, não há como o inimigo conseguir penetrar em nossa alma, ferir nosso relacionamento e macular a nossa família.

Se imitarmos nosso modelo e referencial, que é Deus, e perdoarmos como Ele perdoa – como um ato de misericórdia e não de merecimento, incondicional e sacrificialmente – levaremos nosso relacionamento a um profundo nível de cura, restauração e intervenção divina. A instrução bíblica é muito clara em relação a isto:

"Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou." (Efésios 4.32)

Concluindo, sem Deus (presente, intervindo e como nosso referencial) no casamento será impossível viver a plenitude do propósito divino para o matrimônio. Mesmo um casal que nunca se divorcie, viverá toda sua vida conjugal aquém do plano de Deus; por melhor que pareça sua relação matrimonial aos olhos humanos, ainda estará distante do que poderia e deveria viver.

 Extraido e adaptado

 

 

 


 

Tema: A Ceia do Senhor

Texto: 1 Coríntios 11.23-26

 O que é a Ceia do Senhor? Como e quando deve ser celebrada? Quem pode participar dela? Quero esclarecer um pouco desta ordenança de Jesus praticada em nossas igrejas…

A celebração da Ceia foi uma das ordenanças deixadas pelo Senhor (Mt. 26.26-30; I Co. 11.23-25). Os discípulos poderiam se envolver com outras atividades e esquecerem o principal, o valor da morte e ressurreição de Cristo. Por isso, para eles, bem como para nós hoje, a Ceia tem um significado rememorativo.

Os elementos da Ceia – o pão e o cálice – são símbolos do sacrifício do Cordeiro de Deus para a nossa salvação. O pão representa o Seu corpo (I Pe. 2.22-24) e o cálice simboliza o sangue do Senhor (Mc. 14.24). A Ceia deve ter observação contínua (Lc. 22.14-20) como o fizeram os primeiros discípulos (At. 2.42; 20.7; I Co. 11.26).  

Com base em I Co. 11.21, depreendemos que, em Corinto, a Santa Ceia não era uma refeição simbólica apenas, como acontece em nosso meio nos dias atuais, mas uma refeição de verdade. Fica claro também pelo texto que cada um dos participantes levava uma porção de comida que era compartilhada uns com os outros.

 

UMA INSTITUIÇÃO DE CRISTO

"…o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes em que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha." (1 Coríntios 11.23-6)

Observando a expressão "fazei isto", percebemos que se trata de uma ordem de Jesus. É um imperativo, e fica ainda mais evidente ser uma ordenança para a Igreja, quando Jesus repete a expressão "todas as vezes que"… mostrando que este ato deveria ser parte da nossa prática cristã.

Mas é preciso que haja atenção em relação ao significado dessa celebração, o descaso e a irrelevância dada à Ceia é pecado com graves conseqüências (I Co. 11.30).

Recomendamos, por ocasião da Ceia do Senhor:

1) sinceridade na apreciação (Lc. 22.17-19);

2) auto-exame em reconhecimento dos pecados (I Co11.27-29);

3) comunhão com os irmãos (I Co 10.16-17); e

4) esperança quanto à manifestação do Senhor, no dia que Ele vier (I Co. 11.25,26).

   

UM MEMORIAL

Lugar algum das Escrituras menciona o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico do ato ao dizer: "fazei isto em memória de mim".

A ceia do Senhor é um momento de recordação do que ele fez por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados. Quando a celebramos, estamos anunciando a morte do Senhor Jesus até que Ele volte! Os elementos são, portanto, figurativos, e não literais.

 

UM RITUAL DE ALIANÇA

Os orientais davam muito valor à alianças, e as respeitavam. Quando Jesus institui exatamente o pão e o vinho como os elementos da ceia, ele sabia exatamente o quê estava fazendo. Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue, o mais alto nível de aliança a que alguém poderia se submeter.

Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a aliança NO SEU SANGUE, estabelecendo com isso, na ceia, um ritual de aliança.

No Velho Testamento vemos Abraão indo ao encontro de Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, e levando pão e vinho. O que era isto? Um ritual de aliança. Quando ceamos, estamos reconhecendo que realmente estamos aliançados com Cristo, e que nossas vidas estão misturadas, fundidas uma na outra "Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito."                    (1 Co.6.17).

Jesus deixou bem claro aos que o seguiam que não bastava apenas simpatizar-se com ele ou segui-lo pelos milagres que operava, mas que era necessário aliança, e aliança no mais elevado e sagrado nível que os judeus conheciam: a aliança de sangue.

Muitos não compreendem isto por não conhecer os costumes da época, mas era a este tipo de aliança que Jesus se referia ao proferir estas palavras:

"Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele." (João 6.53-56)

É óbvio que Jesus não falava sobre comer a carne literalmente, mas sim sobre aliança, sobre mistura de vida; isto fica claro quando o Mestre conclui dizendo que tal pessoa permaneceria nele e ele nesta pessoa. Este texto também não fala diretamente da ceia, mas sim da nossa aliança com Cristo; embora deixe claro qual é figura da ceia: um ritual de aliança onde testemunhamos comunhão entre nós e o Senhor Jesus Cristo.

 

UM TEMPO DE COMUNHÃO

No início do Cristianismo realizava-se uma refeição ritual conhecida como a "festa ágape" Estas festas do amor tinham aparentemente uma refeição completa, com cada participante trazendo os seus próprios alimentos, e com a refeição sendo comida em uma sala comum. Eles só não festejavam no domingo porque que ficou conhecido como o Dia do Senhor, para recordar a ressurreição, a aparição de Cristo aos discípulos na estrada de Emaús.

Judas e o apóstolo Paulo se referem a isto como "a festa do amor", por meio de advertência, o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na expressão "corpo" que encontramos no ensino bíblico da ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão. A mesa é um lugar de comunhão em praticamente quase todas as culturas e épocas, e a mesa do Senhor não deixa de ter também esta característica.

 

UM ATO DE CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS

Na epístola de Paulo aos coríntios, fica claro que a Ceia do Senhor tem conseqüências espirituais; ela será sempre um momento de benção ou de maldição para os que dela participam.

 

BENÇÃO

"Porventura o cálice da benção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?" (1 Coríntios 10.16)

Observe o termo "cálice da benção". Isto não é figurado, é real. A Ceia do Senhor traz bênçãos espirituais sobre aqueles que dela participam.

Um outro termo empregado neste versículo, que nos revela algo importante, é "comunhão"; quando ceamos, estamos pela fé acionando um poderoso princípio, temos comunhão com o sangue e com o corpo de Cristo! O que isto significa? Quando derramou seu sangue, Jesus o fez para a remissão de nossos pecados, logo, ao comungarmos o sangue, estamos provando que tipo de bênçãos? A purificação, e também a proteção, pois o diabo não pode transpor o poder do sangue para nos tocar.

"Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o SENHOR." (Ex 12.23)

E o que significa ter comunhão com o corpo? O corpo de Jesus foi moído porque ele tomou sobre si nossas enfermidades, e as nossas dores carregou sobre si, e pelas suas feridas fomos sarados

"Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." (Is 53.4-5).

 A obra redentora de Cristo nos proporciona cura física, e na Ceia do Senhor é um momento onde podemos provar a benção da saúde a da cura. Muitos estavam fracos e doentes na igreja de Corinto por não discernirem o corpo do Senhor na Ceia.

Ao falar sobre comungarem com o corpo do Senhor, Paulo se referia não apenas ao corpo do Cristo crucificado por meio do qual somos sarados, mas também ao corpo ressurreto, no qual habita toda a plenitude da divindade e é fonte de vida aos que com ele comungam.

A Ceia do Senhor deve ser um momento especial de comunhão, reflexão, devoção, fé, e adoração. Tudo deve ser feito de coração e com reverência, pois é um ato de conseqüências espirituais.

 

MALDIÇÃO

A Bíblia não usa especificamente esta palavra, mas mostra que a maldição pode vir como um juízo de Deus para quem desonra a Ceia do Senhor. Depois de ter dito que ao participar da mesa do Senhor a pessoa está anunciando a morte de Jesus até que ele venha, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, traz a seguinte advertência:

"Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão porque há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo." (1 Coríntios 11.27-32)

Para muitas pessoas, a Ceia é algo que as amedronta; preferem não participar dela quando não se sentem dignas, para não serem julgadas. Mas veja que a Bíblia não nos manda deixar de tomar, e sim fazer um auto-exame antes, pois se houver necessidade de acerto devemos fazê-lo o mais depressa possível.

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." (1 Jo 1.9).

Deixar de participar da mesa do Senhor é desonrá-la também! Devemos ansiar pelo momento em que dela partilharemos, e não evitá-la. Mas há aqueles que querem fingir que estão bem, e participam sem escrúpulo algum do que é sagrado; para estes, não tardará o juízo.

Participar da mesa do Senhor tem conseqüências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é amaldiçoado. Não há meio termo; a refeição não é apenas um simbolismo; não se participa da Ceia do Senhor como se participa de uma cerimônia qualquer, pois é um momento santificado por Deus e de implicações no reino espiritual.

 

QUEM PARTICIPA

A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se, portanto, aos que já se encontram em aliança com Cristo; ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena comunhão com Deus. Há igrejas que só servem a Ceia para quem pertence ao seu rol de membros; consideramos isto um grande erro, pois a Ceia do Senhor é para quem o serve de todo coração, independentemente de tal pessoa congregar em nossa igreja local ou não; se a pessoa faz parte do Corpo de Cristo na terra, então deve participar da mesa.

Há ainda, aqueles que afirmam só poder participar da Ceia do Senhor quem já se batizou nas águas, mas não há sustentação bíblica para isto; desde o momento em que a pessoa se comprometeu com Cristo em sua decisão ela já está dentro da aliança firmada por Jesus na cruz. Entendemos que o novo convertido deva ser encaminhado para o batismo tão logo seja possível.

Os critérios básicos são: estar aliançado com Cristo, e com vida espiritual em ordem. Contudo, não proibimos ninguém de participar, apenas ensinamos o que a Bíblia diz, para que cada pessoa julgue-se a si mesma. Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado foi proibido por Jesus de participar da Ceia.

"Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze... Todavia, a mão do traidor está comigo à mesa. (Lc 22.3;21).

A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma, e não que seja examinada pelos outros. Portanto não examinamos ninguém, nem as proibimos, só instruímos. Se a pessoa insistir em participar de forma indigna colherá o juízo divino.

 

ONDE ACONTECE

Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia, onde quer que estejam reunidos os cristãos ela poderá ser feita.

No livro de Atos, lemos que o pão era partido de casa em casa (Atos 2.46), "Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração," o que nos deixa totalmente à vontade em relação a celebrá-la nas células; mas Paulo ao usar as seguintes palavras: "…quando vos reunis na igreja…" e "Se alguém tem fome coma em casa…" (1 Coríntios 11.18 e 34); revela que na cidade de Corinto a Ceia era praticada também num local maior de reunião para toda a igreja.

Portanto, como nos reunimos no templo e nas casas, à semelhança dos dias do Novo Testamento, também praticamos a Ceia do Senhor nos dois locais de reunião, sendo que a maior incidência se dá no templo quando reunimos todo o corpo local.

 

QUANDO ACONTECE

Entendemos que não há uma periodicidade definida pela Bíblia quanto à celebração da Ceia; Jesus apenas disse:

"…fazei isto, TODAS AS VEZES QUE o beberdes, em memória de mim" (1 Co 11.25b).

Esta expressão "todas as vezes que" nos dá liberdade de fazermos quando quisermos, mas sempre em memória do Senhor Jesus Cristo.

Em nossa igreja, celebramos a Ceia do Senhor mensalmente no templo, e não temos periodicidade definida nas casas.

 Conclusão

Como presbiterianos, nós somos herdeiros da linha teológica do reformador João Calvino, ele defendia a presença espiritual de Cristo na Santa Ceia. Ele sempre dizia ("sursum corda", "elevemos os corações"), ele dizia que não era Cristo quem descia para tomar forma de pão e de vinho, mas era a Igreja quem era elevada espiritualmente aos céus para participar da Ceia na presença de seu Senhor (Calvino, Breve tratado sobre a Ceia do Senhor, § 51).

Segundo a nossa teologia, não acontece qualquer transformação interna no pão e do vinho, nem é repetido o sacrifício de Cristo na cruz. Mas sim, pela operação do Espírito Santo, todos quantos, com fé, comem e bebem e são alimentados fisicamente do pão e do vinho, também comem e bebem e são alimentados espiritualmente do Corpo e do Sangue de Cristo. O sacrifício do Senhor Jesus na cruz não é repetido, mas os benefícios da sua morte em nosso lugar são atualizados, trazidos para nós no presente pela ação do Espírito Santo.

(Calvino, As Institutas, IV.17.10; Confissão de Fé de Westminster, 39.7)

Quando comemos do pão e bebemos do cálice, diz o Apóstolo Paulo, anunciamos a morte do Senhor até que ele venha (I Co. 11.26). Quando participamos da Comunhão do Corpo e do Sangue do Senhor, nos é dada uma prévia, uma amostra e uma garantia do grande banquete que nos aguarda, quando Cristo finalmente vier buscar sua Noiva, que é a Igreja "Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro." (Ap. 19.9).

Portanto, a celebração da Santa Ceia, é um testemunho visível, palpável e do mistério da nossa fé, do motivo da nossa viva esperança, de que Cristo morreu e ressuscitou, e voltará na glória do seu reino eterno.

Deus nos conceda que, como testemunhas fiéis, que testemunham da verdade, possamos comunicar ao mundo a Verdade do Evangelho, para que, vendo o mundo nossa perseverança "na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações", "com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo" (At. 2.42, 46, 47), acrescente-nos o Senhor, dia a dia, os que serão salvos.

                                         Extraido e Adaptado