2012/10/09

O PROPÓSITO DA ADORAÇÃO É A INTIMIDADE COM DEUS

Texto: JOÃO 4.21-24

Proposição: Levar a Igreja, a adorar a Deus em Espírito e em Verdade!
            Por que você adora a Deus? Qual o propósito da adoração? Pra responder essas perguntas precisamos primeiramente saber o que é adoração? Pois como podemos dizer que adoramos a Deus se não sabemos o que significa adorar.
Primeiramente quero dizer que de uma forma ou de outra a adoração esta presente em nossas vidas mais do que damos conta. O mundo nos chama às suas várias formas de adoração todos os dias. Anúncios nos chamam a gastar o nosso dinheiro (a adoração de Mamon). De várias formas, somos chamados a dar o nosso tempo aos esportes, televisão e outras diversões (a adoração do prazer). Podemos planejar as coisas de tal forma que nos tornamos o centro das nossas vidas (a adoração do eu).
O chamado para adoração no culto do Dia do Senhor é designado para nos afastar de todas as outras adorações, para que nos foquemos no Deus vivo e verdadeiro. Quando você vem adorar no domingo, você pode estar preocupado com alguma coisa no percurso de carro. Você pode se sentir estressado após levar as crianças ao banheiro, alimentá-las rapidamente, deixá-las na sala de escola bíblica, e subir (em tempo!) ao auditório. Você pode estar cansado de uma semana movimentada. Pode estar mal-humorado por inúmeras razões.
À adoração convida você a colocar todas essas coisas de lado, e entrar solene e alegremente no alto privilégio da adoração. Deus mesmo, através do seu ministro, chama você a dar-lhe a glória que é devida ao seu nome. Ouça cuidadosamente as palavras do chamado à adoração:
"Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor" (Sl. 100:4). "Adorai o SENHOR na beleza da santidade" (Sl. 29:2).  "Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque fez maravilhas" (Sl. 98:1). "Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos" (Sl. 95:6)
Adoração é atribuir honra a alguém que é digno. O dever supremo daqueles feitos à imagem de Deus é "atribuir dignidade" àquele em quem vivemos, nos movemos e temos a nossa existência (Atos 17:28). A adoração cristã tem sido corretamente definida como "a atividade da nova vida de um crente na qual, reconhecendo a plenitude da Divindade como revelada na pessoa de Jesus Cristo e seus poderosos atos redentores, busca pelo poder do Espírito Santo prestar ao Deus vivo a glória, honra e submissão que lhe é devida" (Robert Rayburn). "Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças" (Apocalipse 5:12).
Nossa adoração deve refletir a adoração do céu, na qual todos os que estão ao redor do trono de Deus dão-lhe glória. "O Pai procura a tais que assim o adorem" (João 4:23). A sua adoração pessoal, em sua família, e especialmente quando reunido como uma igreja deveria ser a experiência mais maravilhosa da sua vida. Deveria ser um antegozo de uma eternidade de adoração àquele que nos salvou e nos abençoou com imensuráveis bondades. 
Nós adoramos a Deus porque Deus nos criou para adorá-lo. Adoração está no centro da nossa existência; no coração da nossa razão de ser. Deus nos criou para ser sua imagem - uma imagem que refletiria sua glória. De fato, toda a criação foi trazida à existência para refletir a glória divina. O salmista nos diz que "os céus proclamam a glória de Deus; e o firmamento anuncia as obras das suas mãos" (Salmos 19:1). O apóstolo Paulo na oração com que ele inicia a epístola aos Efésios mostra claramente que Deus nos criou para louvá-lo.
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado (...)" (Efésios 1:3-6).
Esta oração diz muita coisa sobre a adoração dos mais antigos Cristãos. Ela mostra a consciência que os primeiros Cristãos tinham do significado último de sua adoração. Eles entendiam a si mesmos como tendo sido destinados e nomeados para viver para o louvor da glória de Deus (Efésios 1:12). Quando o Catecismo de Westminster nos ensina, "O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre", ele dá testemunho desse mesmo princípio básico; Deus nos criou para adorá-lo. Realmente, é aqui que nós devemos começar quando, como teólogos Reformados, nós perguntamos o que é adoração. Adoração deve, acima de tudo, servir à glória de Deus.
Diante dessa breve explicação agora podemos responder as perguntas inicialmente feitas. Por que você adora a Deus? Porque voc simplesmente foi criado para adora-lo, você nasceu pra isso... adorar a Deus faz parte de seu DNA...
Qual propósito da adoração? O propósito da adoração é a Intimidade com Deus, o propósito da adoração é de nos aproximar de Deus ao ponto de desfrutarmos mais intimamente de sua presença. É interessante observar a definição da palavra "intimidade", segundo o Dicionário Aurélio: "Vida íntima; vida particular"; "Que está muito dentro; Que atua no interior; Muito cordial, afetuoso; Estreitamente ligado por afeição e confiança". Ressalta-se aqui a definição que diz que o íntimo "atua no interior".
Ser íntimo de alguém requer tempo e esforço para conhecer e ser conhecido por esse alguém como você realmente é. Intimidade é conhecer o outro profundamente. É conhecer os anseios, os desejos e os segredos do coração do outro, assim é a intimidade com Deus: é conhecê-lo profundamente, atendendo aos desejos do Seu coração.
No entanto vemos por parte de muitos que se denominam cristãos atitudes completamente opostas a esse propósito divino. O apostolo Paulo nos adverte para evitarmos essas pessoas se dizem cristãs, vivem por fora como adoradores, mas no fundo em seus corações negam essa adoração. 2 Timóteo 3.5 lemos: "tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes."
Eles agem como se estivessem servindo a Deus. Mas adoram sim o sistema, a instituição, a si mesmos se se deixarem a ser transformados. Pois quando há poder na adoração, há mudança de vida de valores, de atitudes, o poder na adoração é reposta de uma vida de testemunho e discipulado, vida que prega e faz diferença. O que não acontece, pois em 1 Timóteo 6.3-5 mostra que esse tipo de pessoa só trazem problemas.
Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende. Esse tal mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas, difamações, suspeitas malignas e atritos constantes entre pessoas que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro. 
 A falta de conhecimento na palavra de Deus, a falta de foco do ensino da palavra e a falta de adoração distanciam as pessoas de uma vida de intimidade com Deus.
            Que tipo de vida em adoração você tem tido com o Pai? Tem tido um propósito, um foco, está dentro da palavra dos ensinamentos de Cristo? Que tipo de cristão você é?
No evangelho segundo João 4.23,24 o Senhor Jesus, em seu clássico diálogo com a mulher samaritana, declara: Mas vem a hora e já chegou em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Hoje, há quase dois mil anos após aquela declaração, Deus continua contando com verdadeiros adoradores. Através desse texto, Jesus nos ensinou 3 coisas sobre a adoração
             1º A essência da adoração não depende do espaço:
A essência da adoração não depende de como, onde e quando é feita, mas do conhecimento do próprio Deus (vs 21-22); Os verdadeiros adoradores são aqueles que conhecem a Deus e são conhecidos por Deus. Deus não vive numa busca desenfreada por qualquer tipo de adorador que o adore de qualquer maneira. Ele é e sempre será adorado de verdade por aqueles que verdadeiramente lhe pertencem. O verbo grego zhte/w (procurar, buscar) sugere exatamente isso. O Pai busca seus eleitos com o intuito de torná-los seus adoradores.
A verdadeira adoração é prestada a Deus somente por aqueles que nasceram do Espírito de Deus. "Aquele que é nascido da carne, é carne", disse Jesus, e, portanto, toda assim chamada adoração feita por pecadores não regenerados é carnal. Somente um coração regenerado pode cantar a nova canção (Salmo 40:3).
A verdadeira adoração surge a partir de um contínuo andar com Deus. Um homem que dificilmente pensa em Deus durante os seis dias da semana, não está apto a adorá-lo corretamente no sétimo dia. Se tal pessoa fala quanto está se "regozijando" na adoração, alguma coisa está errada com ele! Ele está se entretendo ou está recebendo aquela vaga sensação de desafio que o homem natural desfruta. Por outro lado, em meio à verdadeira adoração, tal pessoa deveria sentir quanto está afastada de Deus e sentir uma tristeza santa por sua negligência para com a glória do Senhor.
A verdadeira adoração requer preparação. Um homem não pode simplesmente achegar-se à presença de Deus sem qualquer preparação de coração e alma, e esperar, então, por uma "adoração instantânea". Davi disse: "Ao meu coração me ocorre: buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a Tua presença" (Salmo 27:8). A verdadeira adoração, no dia do Senhor, surge de uma mente preparada para Deus.
            No diálogo com aquela mulher, Jesus percebeu que pra ela, Adorar a Deus dependia de um espaço e não uma atitude do coração. John Piper, em seu livro Desejando Deus diz que: "Adoração não é apenas um ato de força de vontade que nos leva a atitudes exteriores. Sem que haja envolvimento de coração, não há adoração verdadeira. Envolver o coração significa dar vida a sentimentos, emoções e afetos. Onde os sentimentos de Deus estiverem mortos, morta também estará a adoração".
           2º A essência da Adoração é ter comunhão em espírito e em verdade (vs23,24);
Nosso Senhor ensinou à samaritana que quem conhece Deus de fato, só pode adorá-lO em espírito e em verdade. Estudiosos da Bíblia têm dado diversas interpretações para a expressão "em espírito e em verdade" de João 4.23,24. Parece razoável entendermos que ao estabelecer o modo correto de adorar a Deus, isto é, em espírito e em verdade, Jesus estava criticando o culto judaico e o culto samaritano.
Os samaritanos acreditavam que adoravam o mesmo Deus dos judeus, mas não aceitavam as mesmas Escrituras dos judeus, a não ser os cinco primeiros livros, o Pentateuco de Moisés. Como não aceitavam os demais livros da revelação divina (por acharem que eram invenções dos judeus), o culto dos samaritanos era defeituoso. Por isso Jesus disse à mulher:
"Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus" (v22).
Os samaritanos adoravam "em espírito", isto é, adoravam aquele que eles não conheciam "com alegria e verdadeiro entusiasmo". Mas e daí? Não adoravam "em verdade" porque rejeitavam 34 livros do Velho Testamento, a Bíblia de então. A revelação de Deus nas Escrituras é progressiva; portanto, é impossível conhecê-lO verdadeiramente ficando apenas com os cinco primeiros livros da Bíblia. Por outro lado, os judeus aceitavam toda Escritura. Por isso conheciam Deus e tinham tudo para adorá-lO corretamente. "Tinham tudo", mas não o faziam. Os judeus se limitavam à formalidade de um culto onde o espírito não estava presente. Faltavam emoção, vida e alegria no culto judaico.
Contudo, uma nova era estava surgindo para a adoração. Logo, logo tanto judeus como samaritanos compreenderiam que para adorar a Deus o que menos importava era o espaço físico. O que conta "não é onde se deve adorar, mas a atitude do coração e da mente, e a obediência à verdade de Deus quanto ao objeto e o método de adoração. Não é o onde, mas o como e o quê o que realmente importa". Deus quer homens e mulheres que O adorem com o espírito dos samaritanos e a verdade dos judeus.
             3º A essência da adoração é a adoração procurada por Deus (v23)
 A adoração que Deus procura é a adoração que é caracterizada pelo esquecimento de si mesmo e pela ausência de qualquer concentração no homem. O publicano permaneceu em pé, distante, abaixou sua cabeça e orou: "Ó Deus, sê misericordioso comigo, pecador". Em nossos cultos, dirigidos pelas Escrituras e dependentes de Cristo, estamos verdadeiramente adorando a Deus; não deixamos simplesmente que as coisas caminhem, mas unicamente queremos adorar; nós adoramos o Deus vivo em espírito e em verdade, sabendo que o Pai está buscando ativamente tais pessoas que O adorem! O ato de Deus achar em nós adoradores, não por uma necessidade e sim pelo fato da criatura chegar mais próximo do seu criador, e ainda de estarmos mais próximos a semelhança de seu filho Jesus Cristo.
A adoração que Deus procura é a adoração que é sempre um produto e uma perspectiva da grandeza de Deus e da nossa pequenez. O profeta Isaías vê a grandeza de Deus e clama: "Ai de mim! Estou perdido! porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!" (Isaías 6:5). João, na ilha de Patmos, vê o Senhor e nos diz: "Quando O vi, caí a seus pés, como morto" (Apocalipse 1:17). Qualquer coisa de novo que introduzimos na adoração, que não tenha como objetivo exaltar a Deus, é simplesmente uma concessão ao desejo por novidade que, caracteriza todos os homens naturais.

Porque Orar em família?

Texto Base: Josué 24.14-17/ Gn 18.19


Todos nós, como seres humanos, temos direitos e deveres. Quase sempre, há a tendência de reivindicarmos os nossos direitos sem uma disposição correspondente para o cumprimento os nossos deveres. Daí as dificuldades que as pessoas enfrentam tanto na vida pessoal quanto nas relações com a Sociedade. Na vida cristã a ênfase recai no cumprimento das ordenanças deixada por Deus que vemos claramente em suas Palavra, no entanto vemos uma clara desobediência por parte de muitos cristãos os quais se descuidaram de uma responsabilidade claramente implicada.

Quando não cumprimos essas ordenanças descobrimos o estado real de nossa mente e se torna manifesto se temos ou não um amor ardente por Deus e por Seu serviço.

Dentre os deveres da vida cristã, a oração é o mais importante. Jesus mesmo em Lucas 18.1 nos conta uma parábola sobre orar sempre sem esmorecer, por que a oração é importante? porque direciona a nossa vida nos caminhos de Deus.

Orar nem sempre é gratificante para a natureza humana, para a carne. Há coisas que nos dão mais prazer do que orar. Mas a oração é um dever. O não cumprimento desse dever causa danos irreparáveis na vida cristã.

Nossas Igrejas nunca serão melhores, enquanto os crentes não estimarem intensamente a Oração. Quando levamos a Deus a nossa súplica, aperfeiçoamos a nossa fé. (Hebreus 11.6) "Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam".

A oração não muda os propósitos de Deus com relação as nossas vidas, mas nos ajusta, nos coloca, nos alinha a eles. O tempo que passamos com o Senhor em oração pode liberar um poder capaz de transformar nossas vidas. A oração é o poder mais dinâmico que este mundo jamais conheceu.

Certamente todos nós aqui sabemos do valor da oração. É por isso que oramos. No entanto não é um exercício espiritual fácil de ser praticado. Temos os inimigos da oração: o cansaço físico, o sono, a preguiça mental, a dificuldade de concentração, os sons do mundo, as tarefas cotidianas, a falta de fé no que Deus pode fazer, etc. Não é fácil reservar tempo para oração, mas é preciso fazê-lo.

Isso se aplica evidentemente tanto à adoração pública (individual) como à adoração em família. Sem dúvida, não é de todo difícil comprovar a obrigação da piedade doméstica.

Considere primeiro o exemplo de Abraão, o pai dos fiéis e o amigo de Deus. Foi por sua piedade doméstica que recebeu uma bênção da parte do próprio Jeová: "Porque Eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo" (Gn 18.19).

O patriarca é aqui elogiado por instruir seus filhos e a seus servos na mais importante de todas as obrigações: "O caminho do Senhor", a verdade acerca de Sua gloriosa pessoa.

Note bem as palavras: "Ele há de ordenar a seus filhos"; ou seja, ele usará a autoridade que Deus lhe havia dado como pai e cabeça de sua casa para fazer valer as responsabilidades da piedade familiar.

Abraão também orava com sua família e a instruía: onde quer que armasse sua tenda, ali edificava um altar a Jeová (Gn 12.7; 13.4).

Os exemplos de outros santos homens são similares ao de Abraão. Considere a piedosa determinação de Josué, o qual declarou a Israel: "Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (24.15). Ele não permitia que nem os elevados postos que ocupava nem as prementes responsabilidades públicas que se acumulavam sobre si atraíssem sua atenção até o ponto de descuidar do bem-estar espiritual de sua família.

Temos também Davi que, quando trouxe de volta a arca de Deus para Jerusalém com alegria e ação de graças, logo após liberar-se de suas responsabilidades públicas, voltou "para abençoar a sua casa" (2Sm 6.20). Além destes eminentes exemplos, podemos citar o caso de Jó (1.5) e o de Daniel (6.10).

Limitando-nos somente a um exemplo no Novo Testamento, pensamos na história de Timóteo, que foi criado num lar piedoso. Paulo lembrou da "fé não fingida" que havia nele e, acrescentou, "a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe, Eunice" (2Tm 1.5). Há alguma surpresa, então, que o apóstolo pudesse dizer-lhe: "Desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras" (3.15)?

Por outro lado, podemos observar quão aterradoras ameaças são pronunciadas contra aqueles que fazem pouco caso dessa responsabilidade.

"Derrama a Tua indignação sobre os gentios que não Te conhecem, e sobre as gerações [famílias] que não invocam o Teu nome" (Jr 10.25)!

Perceba queridos irmãos que as famílias sem oração são aqui associadas aos pagãos que não conhecem o Senhor. Que vergonha para uma familia que se diz cristã e não oram e adoram a Deus juntas. Ora!, há muitas famílias pagãs que se reúnem para adorar a seus falsos deuses. E que vergonha é isso a milhares de cristãos professos. Observe também que Jeremias 10.25 registrou uma terrível imprecação igualmente para ambos grupos: "Derrama a Tua indignação sobre...". Quão sonoramente deveriam falar-nos essas palavras!

Não é suficiente que oremos como indivíduos, em privado, em nosso lar; é-nos requerido que honremos a Deus também em nossa família. Pelo menos uma vezes por dia – pela manhã e pela noite – toda a família deveria reunir-se para inclinar-se diante do Senhor, pais e filhos, para confessar seus pecados, para dar graças pelas misericórdias de Deus, para buscar Sua ajuda e bênção.

Não se deve permitir que nada interfira com esta obrigação: todas as outras necessidades domésticas devem ser adequadas a ela. A cabeça da família é quem deve dirigir as devoções, mas, se estiver ausente, ou seriamente enfermo ou é um incrédulo, então, a esposa deve tomar seu lugar. Em nenhuma circunstância deve-se faltar com a adoração em família. Se vamos desfrutar da bênção de Deus sobre nossa família, então, que seus membros se reúnam diariamente para o louvor e a oração. "Eu honrarei aos que Me honram", 1 Samuel 2:30 é Sua promessa.

Um antigo escritor bem disse: "Uma família sem oração é como uma casa sem teto, aberta e exposta a todas as tormentas do céu." Todas as nossas comodidades domésticas e bênçãos temporais brotam da generosidade amorosa do Senhor, e o melhor que podemos fazer em troca é reconhecer com gratidão, juntos, Sua bondade em relação a nós como família.

As desculpas para o descumprimento dessa sagrada obrigação são vãs e sem valor. Que proveito terá, quando tivermos de dar uma explicação a Deus pela mordomia de nossa família, dizer que não tivemos tempo disponível, trabalhando duro da manhã até a noite? Quanto mais foram prementes, (urgentes) nossas obrigações temporais, maior nossa necessidade de buscar socorro espiritual. Nenhum cristão pode alegar que não está qualificado para tal labor: os dons e os talentos se desenvolvem pelo uso e não pela negligência.

As vantagens e as bênçãos da adoração em família são incalculáveis.

Primeiro, a adoração em família prevenirá de muito pecado. Ela protege a alma, comunica um sentido da majestade e da autoridade de Deus, coloca verdades solenes na mente, faz com que desçam benefícios de Deus sobre o lar.

A piedade pessoal no lar é um meio de influência poderoso, para comunicar piedade aos pequenos. As crianças são principalmente criaturas de imitação, que amam copiar o que vêem em outros. "Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem conhecer a seus filhos; para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos; para que pusessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os Seus mandamentos" (Sl 78.5-7).

Queridos a espantosa decadência moral e espiritual das multidões de hoje podem ser resultado do descuido dessa irresponsabilidade por parte dos pais em negligenciar  a oração e o culto em família. A oração diária no lar é um meio de graça bendito para dissipar aquelas paixões malditas a que nossa natureza comum se encontra sujeita.

Em segundo lugar a oração em família obtém para nós a presença e a bênção do Senhor. Há uma promessa de Sua presença, a qual é peculiarmente aplicável a essa responsabilidade.  Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. Mateus 18:19-20.  Muitos têm encontrado na adoração em família essa ajuda e comunhão com Deus, a qual buscavam, com menos resultado, na oração privada.

Em terceiro lugar a oração em família mantem a espiritualidade de nosso lar.

Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

Nossa sociedade é marcada pela licenciosidade e pelo descompromisso com os valores cristãos. O mundo contemporâneo está mergulhado em profunda imoralidade. O materialismo e o consumismo do mundo contemporâneo têm levado os membros da família a se esquecerem da vida piedosa no lar.

Uma família fundamentada nos princípios da Palavra de Deus pode oferecer cura para uma sociedade espiritualmente enferma. Necessitamos profundamente do avivamento da espiritualidade no lar.

A Família cristã era o baluarte da piedade em épocas passadas, mas nesses dias maus, centenas de famílias chamadas cristãs não realizam a adoração no lar, não estabelecem restrições, nem ministram qualquer disciplina e ensino aos seus filhos. Como podemos esperar que o reino de Deus prospere, quando os discípulos de Cristo não ensinam o evangelho a seus próprios filhos. Repare três coisas neste texto: Josué 24.14-15

Primeiro, Josué não fez da adoração ou culto ao Deus vivo uma opção. No verso 14, ele ordenou Israel a temer o Senhor. No verso 15 ele enfatiza que o Senhor deseja ser adorado e cultuado voluntariamente e deliberadamente em nossas famílias.

Segundo, no verso15, Josué reforça o culto a Deus em família com seu próprio exemplo. O verso 15 demonstra que ele estava se endereçando aos cabeças dos lares. Esse verso declara que Josué irá fazer o que ele quer que todo chefe de família em Israel faça: servir ao Senhor,

  Josué sabe que ainda havia muita idolatria em Israel. Ele tinha acabado de dizer ao povo para afastar os falsos deuses (v. 14). Ele sabia que sua família iria nadar contra a correnteza em continuar servindo ao Senhor mesmo assim ele enfaticamente declara que sua família irá proceder assim de qualquer maneira.

Terceiro, a palavra servir no verso 15 é uma palavra abrangente. Ela é traduzida como adoração (culto) muitas vezes nas Escrituras. A palavra original não inclui apenas servir a Deus em todas as esferas de nossas vidas, mas também em atos especiais de culto .

Certamente todo marido temente a Deus e pastor deve dizer como Josué: "Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor". Nós buscaremos a Deus, cultuaremos a Ele e oraremos a Ele como família. Nós leremos Sua Palavra, repleta de instruções e reforçar seus ensinamentos em nossa família.

Ainda que com dificuldades, com lutas, com fraqueza, aprendamos a orar em família. Que a oração e adoração familiar seja para nós um hábito diário. Que experimentemos o poder de Deus através deste canal. Que nos identifiquemos com o Senhor Jesus, que preferia a oração às multidões (Mt. 14:22, 23), que dava o melhor do seu tempo para estar com Deus. Desliguemos o rádio, a TV, o computador, o celular, entremos no lugar secreto e mantenhamos uma comunhão com Deus. 

 

2012/09/03

O VALE DA DOR


Referência: Mateus 26.36-46

INTRODUÇÃO

1. O vale da dor é incontornável. Todos passamos por ele. Todos sofremos.

2. Jesus também teve o seu Getsêmani. O jardim do Getsêmani fica no sopé do Monte das Oliveiras, pois ali existia muitos olivais. Getsêmani significa lagar de azeite, prensa de azeite.

3. Por ser um aparato destinado a receber os frutos da oliveira, para transformá-los em óleo, produto de muitas utilidades, o dito aparato era instalado mesmo no interior do jardim das Oliveiras.

4. Foi neste lagar de azeite, onde as azeitonas eram esmagadas, que Jesus experimentou o mais intensa e cruel agonia. Ali sua vida foi moída. Ali foi esmagado sob o peso dos nossos pecados. Ali seu corpo foi golpeado. Ali suou sangue. Ali enfrentou a fúria do inferno, o silêncio do céu.

I. O PRELÚDIO DO VALE DA DOR 

1. Olhe pela janela dos quatro evangélicos e veja que noite fatídica foi aquela para Jesus.

2. Lá estava Jesus, com os doze discípulos, celebrando a Páscoa

a) Ele ensina a eles a humildade, lavou-lhes os pés;

b) Ele aponta o traidor, e este sai na escuridão daquela noite para o trair;

c) Ele lhes dá o novo mandamento;

d) Ele avisa a Pedro "Nesta noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes".

e) Ele lhes consola: "Não se turbe o vosso coração…"

f) Ele ora por eles (Jo 17).

3. Saem de noite, do Cenáculo, na noite da trama, da armadilha, dos acordos escusos, do suborno traidor, na calada da noite. O sinédrio está reunido na surdina, urdindo planos diabólicos, subornando testemunhas, comprando a consciência fraca de Judas.

4. Saem do Cenáculo apenas em 11. Judas não voltou. Descem o Monte Sião. Cruzam o Vale do Cedrom. Entram no Getsâmani. Era noite. Dos 11 que o acompanham, 8 estão ficando para trás. E parece que por ordem dele: "Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar."

5. Continua Jesus caminhando, mas agora, somente com 3. A angústia toma conta de sua alma. A morte, o salário do pecado, o acossa. "A minha alma está profundamente triste até a morte".

6. Os 3 ficam também para trás. Ele agora segue sozinho. Ajoelhou-se o Senhor do céu e da terra. Ajoelhou-se o Rei do Universo. Ajoelhou-se o Deus encarnado.

Prostrou-se com o rosto em terra – humilhou-se.

Ora intensamente, numa luta de sangrento suor.

O anjo de Deus vem consolá-lo.

Judas capitaneia a súcia, a turba maligna.

Os inimigos caem. Cristo se entrega voluntariamente.

II. AS MENSAGENS DO VALE DA DOR

1. No Vale da dor enfrentamos profunda tristeza – v. 38 

No Getsêmani da vida você terá tristeza. Sim, se Cristo passou pelo Vale da Dor, nós também passaremos. Vida Cristã é um vale de lágrimas. Temos alegria do céu, mas cruzamos também os vales da dor. Passamos por desertos esbraseantes, por ondas revoltas, por ventos contrários, por rios caudalosos, por fornalhas ardentes.

Jesus também teve tristeza e não foi só no Getsêmani:

a) Ficou triste com a morte do seu amigo Lázaro – e essa tristeza levou-o também a chorar. Quantas vezes você já ficou triste e chorou pela morte de um amigo, de um ente querido?

b) Ficou triste e chorou sobre a cidade de Jerusalém – Jesus chorou ao contemplar a impenitente cidade de Jerusalém, assassina de profetas, rebelde. Ele disse: "Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedrejas os que te foram enviados, quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus filhotes, mas tu não o quisestes". Quantas vezes você já chorou por um parente ou amigo que se recusou a crer em Cristo até a hora da morte?

c) Ficou triste no Getsêmani – Agora, entre a ramagem soturna das oliveiras, sob o clima denso da trama, e peso da cruz Jesus declara: "A minha alma está profundamente triste até a morte".

d) Por que Jesus estava triste?

1) Era porque sabia que Judas estava se aproximando com a turba assassina?

2) Era porque estava dolorosamente consciente de que Pedro o negaria?

3) Era porque sabia que o Sinédrio o condenaria?

4) Era porque sabia que Pilatos o sentenciaria.

5) Era porque sabia que o povo gritaria infrene: Crucifica-o?

6) Era porque sabia que o povo escolheria a Barrabás e o condenaria?

7) Era porque sabia que seria açoitado, cuspido e humilhado pelos soldados romanos?

8) Era porque sabia que os seus discípulos o abandonariam na hora da morte? NÃO!!!

A tristeza de Cristo era porque sua alma pura, estava recebendo toda a carga de todos os nossos pecados. Na cruz Deus escondeu o rosto do seu Filho. Ali ele foi feito pecado e maldição. Ali ele clamou: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?"

Até o sol escondeu o rosto de Jesus, e as trevas cobriram a terra.

Jesus foi traspassado, moído. Na cruz ele desceu ao Hades.

Ali ele entristeceu-se porque sorveu sozinho o cálice da ira de Deus. Só pagou o preço da nossa redenção. Sofreu só, sangrou só, só morreu!

Como você tem enfrentado o seu vale de dor, o seu Getsêmani?

2. O vale da solidão- v. 39

No Getsêmani da vida, no vale da dor, muitas vezes, você sofrerá sozinho.

Nesta hora Jesus buscou dois refúgios: a solidariedade humana e a vontade divina. Na solidão precisamos de a) Comunhão Humana; b) Comunhão com Deus. Jesus pediu a presença dos 3 discípulos com ele. Jesus não pede nada, nem quer ouvir nada deles, mas pede a presença deles. Paulo também pediu que Timóteo fosse ter com ele e levasse João Marcos. Na hora da solidão, precisamos de gente e precisamos de Deus!

a) Muita gente há havia abandonado a Jesus (Jo 6:66). Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. 
João 6:66

b) Seus discípulos o iam abandonar agora (Mt 26:56). Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram. Mateus 26:56

c) Pior de tudo, na cruz ia gritar: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" – As multidões o deixaram. Os discípulos o deixaram. Agora é desamparado pelo próprio Pai.

d) Muitas coisas disse Jesus às multidões. Quando porém, falou de um traidor, foi apenas para os 12. E únicamente para 3 desses 12 é que ele disse: "A minha alma está profundamente triste até à morte". E por fim, quando começou a suar sangue, estava completamente sozinho.

e) Quando Paulo estava no seu Getsêmani, na prisão romana, à beira do martírio, disse: "Todos me abandonaram. Na minha primeira defesa ninguém foi ao meu favor. Mas ali viu sua coroa.

f) Quando João foi exilado na Ilha de Patmos, passou pelo seu Getsêmani sozinho, mas ali Deus lhe abriu a porta do céu.

g) Quando Jó foi abandonado pela sua mulher, e acusado pelos seus amigos, pode ver a Deus face a face.

h) Como você tem enfrentado a sua solidão?

3. O vale da oração – v. 39,42,44

Quando passamos pelo Vale da dor, muitos murmuram, outros se desesperam, outros deixam de orar, outros deixam de ler a Bíblia, outros abandonam a igreja, outros se revoltam contra Deus.

Nas provas devemos aprender a orar como Jesus. Sua oração foi marcada por 5 características:

1) Humilhação – Ele, o Deus eterno, está de joelhos. Ele, o criador do universo, está com o rosto em terra, suando sangue. Como não deveríamos estar quando também atravessamos o vale da dor?

2) Intensidade (Lc 22:44) – Jesus enfrentou a maior batalha da sua vida em oração. A batalha foi tão intensa que Jesus começou a suar sangue. Foi uma oração de guerra. Ele se agonizou em oração. E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão. 
Lucas 22:44

3) Perseverança – Ele orou 3 vezes e progressivamente.

4) Vigilância (v. 41) – Jesus alertou os discípulos para vigiar e orar. Porque não vigiaram: 1) Dormiram na batalha; 2) Pedro negou Jesus; 3) Os discípulos fugiram; 4) Pedro cortou a orelha de Malco; 5) Não sabiam o que responder a Jesus? Seus olhos estavam carregados de sono, porque seus corações estavam vazios de oração.

5) Submissão (v. 39,42,44) – A oração não é que a vontade do homem seja feita no céu, mas para que a vontade de Deus seja feita na terra. Porque Jesus orou teve coragem para enfrentar a turba, a prisão, os açoites, a cruz, a morte. Sem oração você foge como os discípulos (v. 56). "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Mas se orar, o bicho foge". Muitos se desesperam quando cruzam o vale da dor, mas Cristo caiu de joelhos e orou e na oração prevaleceu. E você, tem se rendido a Deus? Tem se colocado de joelhos, dizendo: "eu me rendo Senhor, seja feita a tua vontade Senhor". Marcos 14:36 diz que Jesus começou sua oração, dizendo: "Aba, Pai". Era a palavra que uma criancinha usava para se dirigir ao seu Pai. Jesus se dirige a Deus, sabendo que ele é Pai, digno de toda confiança. O que nos livra da tentação é saber que no vale da dor: Deus é bom e ele é o nosso Pai.

4. O vale da Consolação (Lc 22:43) 

Deus nos consola nos dando livramento da prova, ou nos dando poder para vencer as provas.

a) Paulo ora 3 vezes pedindo cura do espinho na carne, mas Deus lhe diz: "A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza".

b) Tiago diz que devemos ter por motivo de toda a alegria, o passarmos por diversas tribulações (Tg 1:2-4).

c) No Getsêmani da vida, Deus o consolará: "E apareceu-lhe um anjo do céu que o confortava".

d) Jesus não encontrou pleno conforto nos seus discípulos, pois a vigília da solidariedade tinha se transformado no sono da fuga. Mas quando Jesus buscou a face do Pai, um anjo desceu do céu para confortá-lo. Porque os amigos mais solidários falharam, ele ficou solitário com o Pai e foi consolado.

e) Agora o sofredor manchado de sangue é consolado por um anjo do céu. Depois que travou a mais sangrenta batalha da história. Depois que aceitou sorver sozinho o cálice da ira de Deus. Depois que se dispôs a carregar o lenho maldito. Depois que se dispôs a se tornar maldição por nós. Depois que desafiou o inferno e seus demônios, foi consolado!

f) Deus nunca abandona os seus no vale da dor, no Getsêmani da vida. Ele é o Deus e Pai de toda consolação.

1) Os amigos de Daniel – No Getsêmani da fornalha foram consolados pelo anjo do Senhor.

2) Pedro na prisão – ia ser morto no dia seguinte, mas o anjo do Senhor o levantou, o guiou, o livrou, o consolou.

3) Paulo no naufrágio – Passou 14 dias na voragem do mar. Tempestade convulsiva. Todos haviam perdido a esperança. Mas Deus enviou seu anjo para confortar a Paulo e lhe garantiu a vitória.

4) Você tem sentido a consolação de Deus?

CONCLUSÃO 

1) Como foi que Jesus entrou no Getsêmani da sua vida? Profundamente angustiado, abatido e cheio de tristeza.

2) Como foi que saiu? Tão fortalecido e vitorioso que bastou somente uma palavra sua para fazer seus inimigos recuarem, caindo todos por terra. Jesus não foi preso, ele se entregou. Ele se deu. Ele morreu. Ele ressuscitou. Ele venceu. Ele está conosco. Ele nos consola, nos guia, nos leva para a Casa do Pai.

 Rev. Hernandes Dias Lopes

Guerra Espiritual e o dilema de Jó

 Texto:  Jó 1
Dentre os assuntos que tomaram conta da agenda evangélica nestes últimos anos, um foi o da guerra espiritual. Seminários, congressos e uma vasta literatura sobre este tema levaram a muitos pensarem sobre a origens e os mistérios que envolvem o sofrimentos da alma humana.
Na minha perspectiva teológica sobre esse assunto , eu que considero que a grande guerra espiritual que enfrentamos hoje se dá dentro da própria igreja, e tem a ver com o analfabetismo bíblico e teológico que tem levado muitos a naufragar nas trevas da ignorância, da superstição e do chamado neo-paganismo.
Os reformadores acreditavam que a grande contribuição da igreja no final da idade média era o de libertar os homens da cegueira da ignorância, e conduzi-los, pela Palavra de Deus, à luz libertadora do evangelho de Jesus Cristo.
Essa noite quero refletir sobre esse tema na perspectiva do dilema de Jó. Penso que Jó foi um dos personagens bíblicos que viveu de forma mais intensa e dramática esta realidade. Embora seja um tema vasto e cheio de incompreensões quero aborda-lo na perspectiva de transformação teológica e espiritual que Jó viveu em virtude desse confronto, ou seja, quero abordar o processo transformador que a luta espiritual desencadeou na vida de Jó e com certeza desencadeia em nossa vida. A forma como ele a enfrentou e as mudanças que ela trouxe sobre sua vida, teologia e relação com Deus e o próximo, serão o objetivo desta pequena reflexão.
A história de Jó é uma história de guerra espiritual que se dá, não apenas no íntimo, mas que também tem seus reflexos na teologia, nas estruturas e nas relações. É uma guerra onde o objetivo principal não é o de medir forças e ver quem tem mais poder, mas de nos transformar a fim de compreendermos com maior clareza os propósitos eternos de Deus.

O cenário da guerra
Os primeiros dois capítulos do livro de Jó definem o campo e os personagens deste conflito. Temos de um lado Deus que nos é apresentado como o Senhor soberano sobre tudo o que acontece na terra e no céu. As ações dos anjos e dos homens não lhe escapam aos olhos. Walter Wink afirma que "a fé no Israel primitivo, na verdade não tinha lugar para Satanás. Somente Deus era o Senhor e tudo o que acontecia, para o bem ou para o mal, era atribuído a Deus. "Eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro; diz o Senhor" . Dt 32.39
Para o Velho Testamento, Deus sempre era a causa primeira e última de tudo o que acontecia no céu e na terra; ele assume total responsabilidade sobre o bem e o mal. Este é um conceito importante que veremos na forma como Jó enfrenta seu conflito espiritual.
De outro lado, temos o próprio Satanás, que se apresenta diante de Deus junto com os "filhos de Deus". Ele nos é apresentado como um acusador, expressão usada no Novo Testamento para definir seu papel. Ele levanta suspeitas quanto às motivações de Jó em ser tão íntegro e reto diante de Deus. Suas dúvidas colocam sob suspeita o testemunho de Deus e, consequentemente, as relações entre Deus e o homem.
Ele não tem um poder próprio e não age independentemente de Deus. Suas ações, Deus assume como sendo suas próprias ações quando afirma que Satanás o havia "incitado contra ele (Jó), para o consumir sem causa" (Jó 2:3b). Satanás também reconhece isto ao dizer a Deus "estende, porém, a tua mão, toca-lhe nos ossos e na carne, e verás se não blasfema contra ti na tua face!" (Jó 2:5). Embora a maldade tenha sido proposta e executada por Satanás, ele próprio reconhece que é a mão de Deus, em última análise, a responsável pelas aflições de Jó. Satanás não é um ser autônomo, independente, com liberdade plena para agir e fazer o que lhe interessa.
Por fim temos Jó, aquele sobre quem Satanás levanta suas suspeitas e que, aos olhos de Deus, é um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desvia do mal. O alvo das acusações de Satanás é o homem em sua relação com Deus. Ele não duvida do que Deus afirma sobre seu servo Jó. Ele não duvida que Jó é íntegro, reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Sua dúvida repousa sobre as motivações, as intenções secretas da devoção de Jó.
Estas suspeitas não comprometem apenas as intenções de Jó mas, sobretudo, a aliança que Deus estabelece com seu povo. A tese levantada é a de que ninguém adora e serve a Deus por nada. Por detrás de toda a retidão e integridade, o homem esconde sua verdadeira motivação que é a recompensa que espera receber de Deus.
Satanás duvida que alguém possa amar a Deus sem esperar alguma retribuição. Se as suspeitas de Satanás forem confirmadas, ele encontra a justificação para sua própria queda. O centro da guerra espiritual se dá na arena do conflito relacional e afetivo e não no do poder.

A estratégia de Satanás
Deus aposta no poder do amor, do relacionamento que existe por causa do afeto. Este é o poder que ele dispõe para enfrentar a aposta que Satanás propõe. Por natureza, é um poder frágil, cuja força está em cativar o coração e obter deste uma resposta igualmente afetiva e amorosa.
A guerra espiritual, na perspectiva de Jó, não é uma disputa de poder entre duas forças que se digladiam buscando provar quem é maior e o mais forte. Antes, é um conflito entre Deus, que ama gratuitamente e incondicionalmente e o acusador que usa todos os recursos possíveis para provar a impossibilidade deste amor. O que está em jogo na aposta entre Deus e Satanás é a relação de Jó com seu Senhor.
Numa outra cena semelhante, a da tentação no deserto, o que está em jogo ali é também a mesma coisa. Quando Satanás se aproxima de Jesus para tentá-lo, a primeira pergunta foi: "se és Filho de Deus, manda…" A dúvida lançada não era em relação ao poder de Jesus de transformar pedras em pães ou saltar do alto do templo e ordenar aos anjos que lhe socorressem. A dúvida era em relação à voz que ele acabara de ouvir no Jordão dizendo: "este é o meu Filho amado em quem tenho o meu prazer".
A preocupação de Satanás não está no poder de Jesus para transformar pedras ou dar qualquer show que demonstre sua habilidade em manipular as forças cósmicas; sua preocupação está em levantar suspeitas, colocar sob dúvidas e, por fim, arruinar a relação única que o Filho tem com o Pai.
Durante toda a vida e missão de Jesus, sua luta espiritual foi preservar o vínculo amoroso, afetivo e obediente que ele tinha em relação ao Pai. Seu último suspiro, depois de toda a vergonha e humilhação do Calvário, foi mais uma vez afirmar seu amor ao Pai dizendo: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito". Foi esta relação de amor e afeto que venceu o pecado, que trouxe o triunfo da cruz.
A cruz é o triunfo do amor sobre o poder. A opção pelo poder é uma opção maligna. É por isto que Jó recusa o caminho tão comum e popular da guerra espiritual moderna, o do dualismo, que vê o mundo dividido entre dois grandes poderes, duas grandes forças que disputam o domínio e o controle dos homens e da história.
Para muitos cristãos que desconhecem os ensinos biblicos, o mundo está literalmente dividido entre duas grandes forças, uma do bem e outra do mal, e que precisamos urgentemente optar por um lado, sacar as armas espirituais e partir para defender o ameaçado reino do Senhor Jesus.
Jó não vê o mundo assim. Para ele, o Senhor reina. Logo após ter sido violentamente afligido pelas catástrofes provocadas por Satanás, ele não diz: "O Senhor deu e Satanás tomou, agora devo amarrar e reivindicar o que me foi tirado"; pelo contrário, sua afirmação revela que, mesmo tendo sido Satanás o autor de toda a desgraça que sobreveio a ele e sua família, ele continua colocando Deus no centro de todos os acontecimentos ao declarar: "o Senhor deu, o Senhor tomou, bendito seja o nome do Senhor".
Quando abraçamos o dualismo ou seja essa ideia que ha dois poderes guerreando no mundo, a guerra espiritual transforma-se numa disputa de poder; temos que provar quem é mais forte, mais competente. Entramos na arena criada pelo próprio Satanás e passamos a lutar com suas armas. Optamos pelo poder, pelo domínio, e caímos na grande armadilha que ele nos preparou.
Jesus, quando provocado, nunca se valeu do seu poder para se auto afirmar perante Satanás ou mesmo o mundo. Um dos ladrões que fora crucificado com ele disse-lhe: "Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também", no entanto, Jesus não precisou dar nenhuma prova do seu poder para mostrar que era de fato o Cristo de Deus, porque o seu poder fora definido na voz do Jordão. "este é o meu filho amado"
Um dos perigos que a guerra espiritual trás é o de induzir-nos a usar as mesmas armas de Satanás, as armas do poder. O mundo não está dividido entre duas grandes forças. Por isto, como afirma C. S. Lewis, não há uma guerra espiritual, mas sim, uma rebelião interna e o rebelde encontra-se sob controle.  Aleluia Gloria ao Senhor dos Exercitos
O poder que venceu o pecado foi o poder do amor, da encarnação, da entrega, da doação. Esta é a arma da nossa guerra. O que Satanás queria era mostrar que ninguém ama a Deus por nada, que ninguém busca e serve a Deus simplesmente por que Deus é Deus; que a integridade e retidão de Jó nada mais eram do que artifícios para conquistar os favores de Deus.
É importante notar que as armas de Deus não são as mesmas de Satanás. Enquanto Satanás se vale da violência, destruição, sofrimento e dor, mostrando seu arsenal poderoso, Deus se vale da aliança feita pelo seu nome. Esta compreensão dualista da guerra espiritual que tomou conta da igreja evangélica no Brasil e na América Latina tem causado outras conseqüências previsíveis como o surgimento da teologia da prosperidade e a ambição pelo poder político. Ambos são reflexos de uma mesma visão espiritual que coloca os crentes dentro da arena criada Satanás onde ele mesmo é quem distribui as armas.
Na luta pelo poder, seja ela qual for, Satanás será sempre o vencedor. As armas de Deus são outras, seu poder transforma a vida e a alma humana, nos livra das ambições do poder, nos tornam mais submissos e obedientes a ele e sua Palavra, mais comprometidos com o seu reino e sua justiça.

As transformações em Jó
Como já vimos, o drama de Jó reflete uma aposta que Deus e Satanás fizeram em relação às motivações secretas que levam-no a ser íntegro e reto. Deus aposta na resposta do amor, e Satanás na da retribuição como expressão do egoísmo. O sofrimento imposto a Jó é para provar de que lado ele vai ficar.
Os amigos entram em cena e logo mostram que sua teologia reforça o argumento de Satanás. Para eles a lógica é simples: Deus abençoa o justo e pune o pecador, portanto, se Jó esta sofrendo, é porque pecou. Sendo assim, ele deveria reconhecer seu pecado, confessá-lo, a fim de receber de volta o que lhe havia sido tirado.
Noutras palavras, Jó deveria buscar a Deus, não por causa de Deus, mas por causa dele mesmo. Ele era a razão da sua fé e o objeto do seu amor. Jó, no princípio embora adepto desta teologia da retribuição, rejeita este argumento e reafirma sua inocência. Na sua luta espiritual, ele tem uma opção em três: reconhecer que seus amigos têm razão e que Deus é justo, o que o levaria a negar sua inocência e a buscar a Deus por causa de si mesmo; reconhecer que seus amigos têm razão e que ele é inocente, o que o levaria a negar a Deus, e reconhecer que Deus é justo e que ele é inocente, o que o levaria a negar a teologia dos amigos.
Jó opta pela última. Esta opção o leva a experimentar uma profunda transformação na sua linguagem que Gustavo Gutiérrez chama de "Linguagem Profética e a Linguagem da contemplação". A linguagem profética nasce da constatação que Jó teve de que há outros inocentes como ele no mundo, que sofrem a opressão daqueles que ambicionam o poder.
Ele começa a falar para os pobres e sofredores com a linguagem de quem conhece a dor do inocente. A linguagem da contemplação nasce da revelação de Deus como Senhor livre e soberano, cujos atos e justiça não são determinados pelo homem, mas pela gratuidade do seu amor. Ao reconhecer a grandeza e majestade de Deus, Jó se curva e declara que agora seus olhos o vêem.
O propósito da guerra espiritual na experiência de Jó não foi determinada pela sua capacidade de vencer as catástrofes, nem mostrar que o poder de Deus é maior que o de Satanás. O propósito foi o de render seu coração, transformar sua teologia (uma vez que ele pensava como seus amigos) e viver um encontro com Deus que transformou sua linguagem sobre Deus.
A derrota de Satanás não foi medida pelo poder, mas pela rendição ao amor gratuito e incondicional de Deus.
A luta espiritual vivida por Jó, Jesus e Pedro, tem um elemento comum que é o silêncio de Deus. Parece-me que em todas elas Deus permite aquilo que Jesus afirma acerca de Pedro: deixar que Satanás o peneire. O Silêncio de Deus não é o silêncio da indiferença, mas o da oração e da intercessão. A resposta final deste silêncio é a afirmação de que, apesar do sofrimento imposto por Satanás, nosso coração continua sendo eternamente de Deus. A afirmação do amor que temos pelo Senhor é a resposta final de toda a luta espiritual.
Não se trata de uma disputa de poder, de demonstrar quem é mais poderoso e domina o universo; esta tentação Jesus venceu no deserto. Deus não está preocupado em demonstrar seu domínio e soberania porque ele é de fato o Senhor absoluto e soberano e isto nunca foi colocado em disputa; sua glória ele não divide com ninguém, nem mesmo com Satanás.
A razão da guerra espiritual é demonstrar a quem nosso coração pertence. Diante desta finalidade, Deus se faz silencioso na espera de nossa resposta. Em algumas situações bíblicas onde Satanás impõe o sofrimento como instrumento de desmascaramento de nossas motivações mais secretas, vemos que Deus guarda o silêncio esperando nossa resposta. Foi assim com Jó, com Pedro e com o próprio Senhor. Também foi assim com Abraão quando leva seu filho Isaque para o altar do sacrifício.
O papel de "acusador dos irmãos" mostra que Satanás desempenha um lugar importante no plano eterno de Deus: o de denunciar nossas máscaras e hipocrisias. É por isto que Jó, em momento algum de sua guerra espiritual, trata com Satanás, mas com Deus. Deus é seu advogado e justificador, é ele quem defende sua causa e é dele que Jó espera receber a absolvição.

Conclusão
A percepção da guerra espiritual como uma disputa pelo poder de domínio e controle do homem, do mundo e da história acabou levando a igreja evangélica a optar pelas mesmas armas de Satanás, e perder o sentido mais profundo e verdadeiro da luta espiritual que é o de nos transformar, transformar nossos conceitos, valores e teologias que tentam enquadrar Deus nos esquemas malignos do poder.
Nosso chamado é para subir ao Calvário, para sofrer todas as implicações do amor e do serviço, e resistir todas as investidas malignas que tentam nos afastar do caminho para Jerusalém.
A vitória espiritual é a resposta do amor incondicional e desinteressado a Deus e ao seu reino. Enquanto permanecermos íntegros nas nossas motivações e desejos; enquanto permanecermos no caminho do discipulado e da cruz; enquanto permanecermos obedientes e submissos ao Senhor e sua Palavra, permaneceremos do lado de quem é e sempre será o vencedor.                                                                            Rev. Ricardo Barbosa de Souza