2021/03/01

Manual para um viver santo

 (exposição de Romanos 12)

Queridos irmãos, amo a epístola de Romanos, especialmente esse capítulo doze por ser ensinamentos práticos.

Sou uma pessoa voltada para tarefas, me sinto bem fazendo as coisas. Uma coisa que aprendi e tenho desenvolvido a cada dia e delegar coisas aos meus liderados sem ficar interferindo.

Talvez seja por isso que gosto tanto desse capítulo, porque aqui o apóstolo Paulo nos ensina na pratica o que é ser um discípulo de Jesus.

O propósito do evangelho não é simplesmente o de nos trazer informações sobre a vida celestial que está em Jesus Cristo, mas de transformar nossos corações e modificar efetivamente todo o nosso comportamento.

A fé cristã não é um mero sistema de crenças, mas um poder, um princípio espiritual vivo e eficaz.

Se fosse possível escolher uma porção das Escrituras como manual ou guia para a vida cristã, com certeza não haveria passagem melhor que ir até os capítulos finais de Romanos.

Temos aqui a responsabilidade do crente nos vários relacionamentos da vida. Neste capítulo tentaremos fazer uma exposição de Romanos 12.

Entraremos no que se chama a parte prática da carta de Paulo aos romanos. Se a parte doutrinária desta carta é desagradável para alguns, a parte prática o será mais ainda. Aquele que despreza as misericórdias de Deus, vai se rebelar contra Seus mandamentos.

 A cristandade prática deve se firmar numa cristandade doutrinária. Não se pode separar doutrina da vida.

A conduta do homem é fruto do que ele crê. A flor de uma vida temente a Deus tem raízes profundas no solo da graça que se experimenta.

Agora Paulo procura explicar a vida da fé na prática e inculcar a seus leitores o dever da vida cristã. A justiça de Deus aceita pelo crente é uma experiência interior que deve ter expressão exterior.

A vida cristã é radicalmente consagrada a Deus, vivida não em conformidade com o mundo, mas em "transformação" no sentido de Deus. Ela é ensinada para que seja transferida para a pratica.

Paulo sabia, muito bem, que os discípulos que compunham a comunidade em Roma, viviam em uma sociedade tremendamente pecaminosa e, agora, convertidos à fé cristã, nela deveriam viver, integralmente, como novas criaturas em Cristo Jesus.

O mesmo acontece conosco hoje. Nós, discípulos do Senhor Jesus, vivemos, também, em uma sociedade corrupta e é nela que devemos testemunhar a vida cristã autêntica.

A ciência e outros aspectos da sociedade humana evoluíram, enquanto a vida moral, a ética e a conduta continuam sob as mesmas falhas, erros, pecados e maldades de todas as épocas anteriores. É nessa sociedade impiedosa que, como cristãos, precisamos expressar os valores da vida do Senhor que reside em nós.

O GRANDE APELO DE PAULO (v. 1-2).

Ele roga, ele súplica.

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

Ele não ordena como Moisés que deu a lei. O ministro crente não pode dar ordens nem obrigar; ele só pode conseguir que as coisas sejam feitas ao rogar.

O apóstolo Paulo diante de tudo que ele fez e representou a igreja do novo testamento tinha autoridade para ordenar se quisesse, mas Paulo tinha consciência de que de todo o universo do cristianismo, ele era apenas um membro do corpo cumprindo sua missão pela graças de Deus.

Liderar voluntários é algo muito difícil..

2. Paulo roga aos irmãos.

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

A exortação é ministrada aos santos. Ele não apela a pecadores, mas àqueles que tiveram uma experiência com a graça e a misericórdia de Deus. Essa carta é direcionada a mim e à você que fazemos parte da família cristã. Essa carta tem a finalidade de alcançar nossos corações.

3. Ele roga pelas misericórdias de Deus.

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

Este é o maior dos argumentos para uma vida consagrada. Paulo quer que as misericórdias de Deus sejam notadas por cada um de nós e produzam fruto para a glória de Deus. Ele súplica tomando posse daquilo que é mais caro pra todos os cristãos, as misericórdias de Deus...

O que seríamos sem a ação da misericórdia divina, o que conseguiríamos fazer sem a misericórdia de Deus nos dando força. Paulo suplica fazendo uso daquilo que nos sustenta diante de Deus...

"As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade." Lamentações 3:22,23

4. Ele roga que apresentem seus corpos a Deus.

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

O corpo do crente deve ser um sacrifício vivo em contraste com os animais mortos oferecidos sob a lei. O corpo é para ser um sacrifício santo.

Sob a lei do AT, os animais oferecidos em sacrifício tinham que ser cerimonialmente puros e fisicamente saudáveis. Sob a graça, o corpo humano deve ser moralmente puro.

Somos puros e devemos nos manter assim, porque a morte do único "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo", varreu todas as vítimas mortas do altar de Deus, para dar lugar aos próprios redimidos, como "sacrifícios vivos" para Aquele que "se fez pecado por nós";

ao passo que tudo que sai dos seus corações dos redimidos  agradecidos em louvor, e todo ato motivado pelo amor de Cristo, é em si um sacrifício a Deus de cheiro suave.

Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome. Hebreus 13:15

Santo e agradável. Como os animais, quando oferecidos sem defeito a Deus, eram considerados santos, assim também os crentes, devem lutar contra o pecado e se manter puros oferecendo a Deus como instrumento de justiça.

"Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça." Romanos 6:12-13

Queridos somos considerados por Deus, não ritualmente, mas realmente "santos", e assim agradáveis a Deus.

Um corpo impregnado de bebida alcoólica é um sacrifício imundo. Um corpo entregue a imoralidade sexual é um sacrifício imundo. Um corpo entregue aos desejos da carne é um sacrifício imundo.

O sacrifício deve ser agradável a Deus. Não é ao homem e nem mesmo à igreja que devemos agradar – é a Deus.

A consagração é primeiramente a Deus e não a uma causa ou um serviço. Pode-se consagrar a uma boa obra sem ao menos se pensar em Deus. Tudo deve ser feito como ao Senhor.

 O sacrifício do crente constitui seu "culto racional".

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

 A palavra grega para racional é "logikos" e quase sempre é traduzida como inteligente, racional, espiritual, etc. Ela é encontrada em outro lugar apenas no Novo Testamento grego (I Pedro 2:2) onde está traduzida pela frase "o leite racional", que tem a mesma raiz que "logos", significando "palavra".

 O culto do crente a Deus tem que ser regulado pela Palavra de Deus. Isto é de suma importância, pois é fácil se ocupar com o que Deus não ordenou, de um modo também não ordenado por Deus; isto mesmo, talvez até se esteja fazendo o que Deus já proibiu.

É de ficar espantado como comunidades aí tem se distanciado da verdade do evangelho pra seguir doutrinas pagãs, doutrinas judaizantes, modismos têm muitas igrejas aí fora fedendo heresias. Que benção é participar de uma igreja que prega a palavra e vive ela.

5. Ele roga que os crentes sejam diferentes.

E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:1,2

"E não vos conformeis com este mundo". Mundo aqui significa os habitantes do mundo moralmente considerado. O mundo é mau; ele jaz no maligno (I João 5:19).

O diabo é seu deus. Ele domina o mundo. O mundo é centralizado em si mesmo e controlado por Satanás.

 O crente não deve concordar nem ser igual a ele. Ele não deve se conformar com o mundo em seu modo de pensar e de agir. O crente deve pensar e agir de acordo com a Palavra de Deus.

Em outras palavras, Não siga as modas e costumes da sociedade mundana que o cerca, mas deixe seu modo de pensar ser tão mudado pelo Espírito Santo que você procure e reconheça a vontade de Deus, e ame fazer isso.

6. "Mas sede transformados".

E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:1,2

A palavra grega é "matamorfoo", e significa "mudar de aparência". É a palavra usada para a transfiguração de Cristo.

Em nosso texto, denota uma mudança moral, a ser realizada pela renovação da mente.

Mudança de mente – novos pensamentos e novos ideais – acontece na regeneração, e esta mudança de mente deve ser renovada e aprofundada.

 A transformação exterior deve começar na mente e no coração. Se a conduta do homem tiver que ser certa, seu pensar tem que ser certo. Deste modo o crente vai saber qual é "a boa, agradável e perfeita vontade de Deus", sendo capaz de demonstrá-la no seu dia-a-dia.

Os crentes são os "mostruários" de Deus. Temos que mostrar o fato e o valor de Deus na vida humana.

Que tipo de "mostruário" estou sendo para Jesus Cristo, a Quem professo confiar, amar e obedecer? Que impressão minha vida faz nos outros?

TAREFAS ESPECIAIS BASEADAS EM DONS ESPECÍFICOS (v. 3-8).

1. Faça uma estimativa justa do seu dom.

Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Romanos 12:3

Há medidas diferentes de fé – não pense que sabe tudo – não aja como se fosse o "Dr. Sabe-Tudo". Pense seriamente em você e suas habilidades. Não se envenene com o orgulho. Reconheça os dons dos outros. Seja humilde.

2. Somos muitos membros em um só corpo.

Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função,

assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, Romanos 12:4,5

Cada igreja (a assembléia local) é um corpo de Cristo e se parece com um corpo humano. Cada membro tem seu próprio dom e lugar no corpo e o que ele faz afeta todo este corpo. Cada membro da igreja deve ser querido e bem-amado pelos outros membros.

3. Cada membro deve exercer seu próprio dom. Não é um talento natural, mas um dom dado de modo soberano pelo Espírito Santo.

 Há sete destes dados abaixo.

tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé;

se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;

ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria. Romanos 12:6-8

A. Profetizar. Esta é a capacidade dada pelo Espírito de articular a verdade divina. Significa especificamente a predição de eventos futuros, mas parece ter um sentido mais amplo no Novo Testamento, inclusive o dom de explicar as Escrituras.

Tanto é predizer quanto proclamar. Temos na Bíblia toda a verdade que precisamos para nosso bem-estar espiritual.

B. Ministrar. A palavra grega significa serviço e é usada num sentido amplo. É usada em relação a Cristo, ela também refere-se ao ofício de diácono.

 Em nosso texto não parece se referir a um ofício, mas a um serviço prático na igreja, o qual não é nomeado. Cada membro tem que prestar algum serviço.

C. Ensinar. A capacidade de ensinar a Palavra de Deus é um dom do Espírito. É um dom que o pastor deve ter (I Timóteo 3:2). Um simples exortador nunca deve ser ordenado pastor.

D. Exortar. Isto significa chamar à responsabilidade e dissuadir do pecado, e requer um talento peculiar – o dom do Espírito. Não é um ofício.

Precisamos de leigos em nossas igrejas com o dom da exortação – homens que possam desafiar os irmãos à uma atividade maior; que sejam mais que "esquentadores de banco". A exortação de um leigo temente a Deus parece ter mais efeito do que a de um pastor.

E. Dar. Dar tanto é uma responsabilidade quanto é uma graça (II Coríntios 8:9). É responsabilidade de todos e graça concedida a alguns. Onde esta graça é exercida, haverá grandes presentes para o trabalho da igreja. Vamos ser grandes doadores, mas sem fanfarra nem ostentação.

F. Governar. A palavra no grego significa "ir adiante" ou "tomar a liderança". É usada para o pastor em I Timóteo 3:4 e 5:17. Como líder, o pastor deve ser zeloso e diligente. Pastorado não é lugar de preguiçoso.

G. Exercer Misericórdia. O dom de ajudar o necessitado e de perdoar o inimigo. Deve ser feito com alegria; ansiosa e sinceramente. João Gill (pastor inglês do século 18) acredita que os três últimos dons: dar, governar e exercer misericórdia se referem a três funções diferentes do ofício de diácono. Talvez sejam.

RESPONSABILIDADES GERAIS BASEADAS NOS RELACIONAMENTOS ESPIRITUAIS (V. 9-16).

O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Romanos 12:9

O amor deve ser sincero, sem hipocrisia. Amor fingido é ódio disfarçado. "Aborrecei o mal".

Não basta deixar de fazer o que é errado: é preciso odiar o pecado. "Apegai-vos ao bem".

 Nosso dever cristão não é só o lado negativo; há também um lado positivo ao seu caráter. À medida que odeia o mal, ele deve amar e se apegar ao que é bom.

Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Romanos 12:10

Devemos amar uns aos outros, como membros da mesma família. E onde estiverem envolvidas a honra e a preferência, devemos querer que outro irmão as receba. A visão do mundo é receber honra, mas os crentes devem competir uns com os outros em dar honra.

No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; Romanos 12:11

"Não sejais vagarosos no cuidado". Isto não se refere ao trabalho secular, mas ao serviço ao Senhor. Devemos ter fervor pelo trabalho de Deus.  Corpo mole no serviço ao Senhor é pecado e Ele não recebe esse tipo de serviço como aroma suave...

regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; Romanos 12:12

"Esperança … tribulação … oração": a parte principal da vida de muitos.

Talvez não possamos nos regozijar nas presentes condições, mas podemos nos regozijar na esperança de um dia melhor. E esta esperança dará paciência e perseverança no dia da aflição, porque a esperança vê um fim para ele. E, ao mesmo tempo em que esperamos e sofremos, podemos continuar orando.

compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; Romanos 12:13

Temos que aliviar as necessidades dos crentes e praticar hospitalidade. Isto implica na posse particular de bens e está muito longe do que pregam o socialismo e o comunismo. Alguns têm mais que outros.

 Aqueles que têm, devem compartilhar, voluntariamente, com o que não têm. Mas nunca se deve tolerar nem encorajar a indolência. Ver II Tessalonicenses 3:10-11 "se não quer trabalhar que não coma" para uma verdade equilibrada.

Cada lar cristão deve ser uma pousada onde membros da família da fé possam encontrar acolhida. Hebreus 13:2.

Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. Hebreus 13:2

abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Romanos 12:14

Abençoe os que o perseguem. O crente nunca deve reagir igual a eles. Não devemos lutar contra o diabo com fogo; ele sabe mais sobre essa arma do que nós. Temos que abençoar a quem nos amaldiçoa; e não reagir "dente por dente".

Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. Romanos 12:15

Compartilhe as experiências pelas quais os outros passam. Regozije-se com os que se regozijam e chore com os que choram. Eis aqui a sabedoria cristã. Cristo não chorou em Caná, nem riu no túmulo de Lázaro.

Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Romanos 12:16.

 "Sede unânimes entre vós". Seja uma pessoa fácil de se conviver. Respeitem-se mutuamente e que esta atitude alcance os mais humildes. Não seja esnobe nem exclusivista.

O mundo negligencia e rejeita quem é humilde, mas Cristo morreu por pessoas assim e devemos ter comunhão com elas no corpo de Cristo. Não se ache o maior!

GRAÇAS CRISTÃS PARA COM O MUNDO (v. 17-21).

Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; Romanos 12:17

"A ninguém torneis mal por mal". Vença o mal com o bem. Seja honesto. Os olhos do mundo estão a observá-lo, por isso, cuidado como anda! Mateus 5:16.

Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. Mateus 5:16

se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; Romanos 12:18

Faça tudo para viver em paz com todo mundo. Certifique-se que não está entre os culpados, quando a paz for destruída. Se os homens o odeiam, deixe que o odeiem por seu amor à verdade e não pelo mal que faz.

não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Romanos 12:19

Não procure se vingar. A vingança pertence a Deus. Quando um crente busca vingar-se – quando tenta descontar o que o inimigo lhe fez – ele próprio se solta das mãos do Pai Celestial.

 É como se dissesse que pode resolver o caso com o inimigo, melhor do que Deus. Não usurpe o lugar de Deus no juízo; espere e Ele vai agir! Ele resolverá tudo no tempo certo.

Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Romanos 12:20

Seja bondoso para com seu inimigo. Ajude-o, se estiver precisando. Deste modo, você vai amontoar brasas vivas sobre a cabeça dele. Este é o único castigo que poderá lhe infligir –  constrangê-lo em amor...

Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. Romanos 12:21

Seja um vencedor. "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem". Lute contra o seu inimigo com as armas da bondade. Você vence ao fazer do inimigo um amigo, deixando a vingança com Deus, a quem ela pertence. Que todos nós possamos receber graça para darem atenção a estas admoestações que repreendem a carne!


https://youtu.be/mLC3cDcxCXg

Texto: Hebreus 11

Nesta manhã iremos meditar no capítulo 11 da Epístola aos Hebreus.

O escritor neotestamentário faz uma grande exposição sobre a natureza da fé e como ela age na vida daquele que serve ao Senhor. Através desse capítulo é fácil perceber qual é a verdadeira perspectiva bíblica sobre a fé.

Ultimamente a fé está sendo anunciada como um tipo de chave infalível para uma série de conquistas e realizações na vida do homem.

Pastores e líderes fazem apelos para que as pessoas visitem suas igrejas a fim de aprenderem realmente como usar a fé. Alguns até alegam que em suas igrejas, o resultado é garantido.

Mas será que é isto mesmo? A fé é o segredo para sermos poupados dos sofrimentos desta vida? A fé é a garantia de portas abertas e grandes realizações? Será que aqueles que sofrem possuem pouca fé?

O escritor da Epístola aos Hebreus responde essas perguntas de uma forma clara e objetiva, utilizando exemplos práticos sobre como o cristão deve usar a fé.

O escritor de Hebreus dirigiu sua carta aos cristãos judeus da Diáspora (dispersão dos Judeus). Isso significa que seus destinatários viviam fora da Palestina na última metade do século primeiro. Naquela época os cristãos estavam sendo duramente perseguidos, provavelmente sob o regime de Nero (64 d.C.).

Além de toda essa perseguição, havia muita heresia sendo ensinada por falsos mestres. Algumas comunidades cristãs estavam sendo ameaçadas pela apostasia. Então muitos dos cristãos judeus eram tentados a voltar ao judaísmo.

Diante desse cenário o autor bíblico fala sobre a superioridade do Sacerdócio de Cristo. Ele apresenta uma série de exortações e encorajamentos a respeito da verdadeira fé.

Mas é no capítulo 11 que ele faz um profundo estudo sobre a fé. Ele lembra os seus leitores das histórias de grandes homens do passado, numa verdadeira galeria dos heróis da fé.

Os grandes exemplos de fé

Em Hebreus 11 encontramos uma lista de pessoas e seus exemplos de fé. O escritor neotestamentario aborda primeiramente os homens que viveram bem no início da História da humanidade. Desse período ele menciona AbelEnoque e Noé.

Depois, o escritor cita alguns exemplos da era patriarcal, tais como: AbraãoSaraIsaque e Jacó. Em seguida ele continua sua exposição falando de Moisés, e aborda de forma geral alguns exemplos dentro da história dos israelitas.

No versículo 32 o autor admite que lhe faltará tempo para considerar todas as pessoas que foram referenciais de fé no Antigo Testamento. Então ele passa a citar de forma geral vários exemplos de fé. Em cada exemplo pontuado pelo autor bíblico é possível nos lembrarmos de uma, duas ou até três pessoas que viveram tais situações.

Então ele abre sua exposição com uma clara definição descritiva acerca do que é a fé verdadeira. Ele diz: "Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos" (Hebreus 11:1).

Vejamos abaixo algumas lições que podemos aprender com essa extraordinária explanação sobre a fé presente em Hebreus 11.

A fé nos revela os planos de Deus e nos dá a certeza de suas promessas

Na pequena frase do versículo 1, o escritor de Hebreus ensina que somente a fé nos permite enxergar o futuro. Essa "certeza daquilo que esperamos" não é um tipo convite para projetarmos uma série de aspirações na certeza de que se realizarão. Pelo contrário! É por meio da fé que temos a certeza das promessas de Deus e confiamos em seu poder.

Em poucas palavras, é possível dizer que a fé nos alimenta das promessas de Deus. É através da fé que temos a prova das coisas que não vemos. A fé nos dá a certeza de que Deus cumprirá suas promessas!

Já o versículo 3 nos mostra que é pela fé que entendemos as obras e os propósitos de Deus. Nenhum homem esteve presente quando Deus criou o universo. Em um diálogo com Jó, o próprio Deus perguntou: "Onde estavas tu?". Quando Deus criou todas as coisas ninguém foi seu conselheiro. É apenas a fé que nos permite perceber planos tão elevados e sublimes.

Somente pela fé podemos nos aproximar de Deus

No versículo 6 encontramos uma verdade gloriosa e ao mesmo tempo terrível: "Sem fé é impossível agradar a Deus". Ainda no mesmo versículo aprendemos que a fé é obrigatória para nos aproximarmos de Deus.

 Não importa se somos capazes; não importa o quanto somos bondosos; não importa o nosso intelecto e nem mesmo o tamanho do reconhecimento das obras que realizamos. Se não tivermos fé, nada disso poderá agradar a Deus.

apóstolo Paulo também chegou a essa conclusão ao dizer que "tudo que não provém de fé é pecado" (Romanos 14:23).

Essa fé verdadeira se traduz em frutos, em obras que agradam a Deus.

Tiago explica claramente esse princípio ao dizer que "a fé sem obras é morta". Ele não estava ensinando que são as obras que mantém a fé viva, mas que a evidência da verdadeira fé na vida do cristão o leva às boas obras.

Se alguém diz ter tal fé, mas não possuí tais obras, certamente sua fé é falsa. Essa fé simplesmente nominal e histórica é morta e não serve para nada.

A fé nos leva a agir segundo a vontade de Deus

Entre os versículos 8 e 29 lemos sobre os exemplos dos patriarcas e de Moisés. Eles agiram conforme a vontade de Deus! Eles foram impulsionados por uma fé que os levou a desafiar qualquer raciocínio lógico.

Abraão alcançou de Deus o nascimento de seu filho Isaque, por quem havia esperado com muita fé quando já estava em sua velhice. Porém, a fé de Abrão ficou mais evidente quando ele foi ordenado por Deus a oferecer Isaque em holocausto.

Sua fé não estava apenas na obediência que ele demonstrou, mas em considerar como certo aquilo que era impossível. Abraão tinha fé que Isaque ressuscitaria caso fosse morto (Hebreus 11:19).

Sobre Moisés, humanamente falando era muito mais cômodo para ele permanecer no Egito. Lá ele vivia como príncipe e tinha tudo o que precisava. Mas Moisés preferiu ser maltratado junto com o povo de Deus. Somente a fé nos faz abrir mão dos nossos prazeres e agir segundo a vontade e as promessas de Deus.

A fé considera Cristo acima de todas as coisas

No versículo 26 vemos que a fé gera em nós uma esperança que é mais importante do que qualquer outra coisa, por mais valiosa que seja. Moisés trocou o conforto e os tesouros do Egito para sofrer o opróbrio de Cristo.

Por amor de Cristo, considerou a desonra riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a sua recompensa. Hebreus 11:26

Essa palavra nos traz conforto! Sabemos que mesmo se perdermos tudo que possuímos por amor a Cristo, isto não significa que nossa fé estará desfalecendo, ao contrário, isto significa que nossa fé estará mais viva do que nunca, nos conduzindo ao galardão que vem de Deus.

A fé nos faz vencer grandes batalhas e alcançar milagres extraordinários

A partir do versículo 30 vemos que a fé nos faz triunfar em grandes batalhas.

Foi pela fé que as muralhas de Jericó vieram ao chão.

Foi a fé verdadeira que levou Raabe, uma prostituta, a produzir boas obras e, por fim, se tornar uma das ancestrais de Jesus (Mateus 1:5).

Foi pela fé que os juízes e reis no Antigo Testamento subjugaram reinos e alcançaram promessas.

Pela fé Daniel, Sansão e Davi fecharam a boca de leões.

Foi pela fé que três homens lá na Babilônia sobreviveram ao fogo.

O versículo 35 também lembra que pela fé mulheres receberam seus mortos ressuscitados. Claramente aqui o escritor se refere aos eventos ocorridos com o profeta Elias (Reis 17:22-23), e depois com o profeta Eliseu (2 Reis 4:36-37). Através dos ministérios desses homens, pela fé, duas pessoas foram trazidas novamente à vida pelo poder de Deus.

A fé pode nos levar ao sofrimento

Se por um lado a fé nos faz vencer batalhas e até mesmo a alcançar milagres da parte de Deus, a fé também pode nos levar ao sofrimento intenso. Em alguns casos, a fé pode custar nossa própria vida.

Esse é o lado da fé que muitos pastores e pregadores não gostam de falar.

É fácil pregar que Moisés tocou no mar e ele se abriu. É fácil dizer que Elias orou e o fogo desceu do céu. Mas difícil é pregar que a mesma fé que os conduziu a essas realizações também fez com que Moisés rejeitasse todo o tesouro e status do Egito para viver andando pelo deserto, e que Elias fosse perseguido pela rainha Jezabel.

Entre os versículos 35 e 38 o escritor cita vários exemplos de situações como essas.

Ele diz que pela fé alguns foram apedrejados; perseguidos; torturados; provados; maltratados; açoitados; escarnecidos; presos; andaram errantes pelos desertos, montes e covas. Muitos até foram mortos por causa de sua fé.

O escritor bíblico indica que muitas pessoas trocaram a própria vida pela esperança de uma futura ressurreição.

Ele cita um exemplo específico de alguém que foi serrado ao meio. Embora consta na Bíblia, segundo a tradição judaica o profeta Isaías morreu dessa forma.

Alguns dizem que se você tiver fé, você terá uma vida sem problemas. Mas segundo o escritor de Hebreus, a fé também pode ser a causadora de seus maiores problemas nesta vida terrena. A fé nos leva ao sofrimento e nos mantém firmes em momentos de grandes dificuldades.

A fé verdadeira sempre se mantém firme

Nos versículos 39 e 40, o autor de Hebreus nos mostra que mesmo com todos esses exemplos de fé no Antigo Testamento, aquelas pessoas não conseguiram ver a concretização da promessa. Isso significa que embora aquelas pessoas vivessem pela fé, elas não puderam presenciar a realização da maior promessa de Deus: a vinda de Cristo.

Todos estes receberam bom testemunho por meio da fé; no entanto, nenhum deles recebeu o que havia sido prometido. Deus havia planejado algo melhor para nós, para que conosco fossem eles aperfeiçoados. Hebreus 11:39,40

Porém essas pessoas, juntamente com os crentes da Nova Aliança, os heróis da fé que alcançaram um testemunho tão maravilhoso, também são justificados em Cristo Jesus.

Juntos, todos os crentes, de todas as épocas, são aperfeiçoados em Cristo. É a fé que nos une em um só Corpo, tanto os santos da Antiga Aliança quando os da Nova Aliança.

Os crentes da Antiga Aliança viveram pela fé na promessa que haveria de vir. Já os crentes da Nova Aliança vivem pela fé no cumprimento da promessa.

O maior desejo do cristão deve ser a volta de Cristo. Por isto todos devemos esperar que Ele venha ainda em nossos dias.

Entretanto, ainda que isso não ocorra enquanto nossa geração estiver viva na terra, nós sabemos, pela fé, que Ele virá. Nesse dia nossos corpos serão ressuscitados dentre os mortos e reinaremos eternamente com Ele. 

A fé se mantém firme mesmo quando não obtemos a concretização da promessa

Ter fé não é sinônimo de perfeição

Uma coisa muito interessante que podemos notar neste capítulo 11 de Hebreus sobre a fé, é que nenhum dos heróis citados foi perfeito.

Em todos os nomes citados podemos identificar os efeitos da Queda em suas vidas. Mas mesmo com a natureza pecaminosa, claramente sabemos que o pecado não era aquilo que os caracterizava.

Aquelas pessoas tiveram imperfeições. Eram homens e mulheres como nós. Porém, constantemente a fé convidava aquelas pessoas a andar na justiça.

 Com isto aprendemos que a verdadeira fé nos conduz a um novo padrão de vida e nos leva à santificação. A verdadeira fé, embora em alguns momentos possa parecer enfraquecida, ela jamais irá definitivamente morrer.

É diante das nossas imperfeições que podemos reconhecer que a fé não é obra nossa, nem mesmo tem origem em nossa capacidade. A fé verdadeira é dom de Deus (Efésios 2:8).

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; Efésios 2:8

Conclusão do estudo sobre a fé

Algumas pessoas dizem que não aceitam servir a um Deus grande e viver uma vida terrena de privações e dificuldades. Mas em outras palavras, essas pessoas estão dizendo que não aceitam servir o único e verdadeiro Deus, o mesmo dos heróis da fé.

Quando comparamos a triste situação atual de grande parte dos cristãos com esse estudo sobre a fé em Hebreus 11, surgem algumas perguntas.

Por exemplo:

· Por que Moisés não realizou uma "campanha de libertação"  e tocou o Shofar da vitória com o povo de Israel, ao invés de ficar peregrinando quarenta anos no deserto?

· Por que Elias não fez um "desmanche espiritual" na vida de Jezabel para que ela não fosse mais uma perturbada e o deixasse em paz?

· Por que Isaías não determinou que parassem de cerrá-lo ao meio?

· Citando um exemplo no Novo Testamento, por que Paulo não orou por um copo de água e tomou para que seu espinho na carne fosse tirado?

Será que essas pessoas não serviram ao Deus verdadeiro? Será que elas não tiveram fé?

Quando olhamos para esse estudo sobre a fé do capítulo 11 de Hebreus, podemos perceber que a fé produz em nós a certeza das promessas de Deus. Sem dúvida ela nos faz confiar em Seu infinito poder. Porém a fé não muda os desígnios eternos do nosso Deus, ou seja, ela não sobrepõe sua soberana vontade.

No final de seu estudo sobre a fé no capítulo 11, o autor de Hebreus nos ensina a entender uma coisa muito importante.

Nos dias de hoje não temos mais o mar se abrindo. Não temos mais uma grande muralha sendo derrubada de forma sobrenatural. Não temos mais o sol sendo detido e o tempo ficando paralisado. Também não temos mais fogo literalmente descendo do céu e tantas outras coisas.

Mas isso não significa que não temos mais fé como antigamente. Também não significa que nosso Deus mudou, ao contrário, isso significa que nosso Deus é imutável e infalível. Os propósitos de Deus são eternos, e todas essas coisas espetaculares do passado serviram para apontar para algo infinitamente maior e superior: a obra redentora de Cristo na cruz.

Embora Deus prometa suprir nossas necessidades, o maior exercício de fé não é buscar a prosperidade ou grandes milagres. O maior exercício de fé é ter a certeza de uma nova vida através do maior milagre que pode existir: a justificação em Cristo Jesus, nosso Senhor. 

 

https://youtu.be/LGaLXaw64H0

Arrependimento

"Arrependei-vos, e crede no evangelho" (Marcos 1:15).

Queridos irmãos, semana passada falei sobre a fé acredito que você tenha sido abençoado por aquela palavra, no momento que estava preparando o sermão de domingo passado, já tinha no meu coração o sermão de hoje, por que esses dois termos se entrelaçam.

Arrependimento e fé são mutuamente abrangentes, como os dois lados de uma moeda. São graças inseparáveis; não se pode ter uma sem a outra. As duas doutrinas vão juntas de modo que entender uma vai ajudar a entender a outra.

O Novo Testamento, às vezes, usa os dois termos a fim de expressar a experiência da salvação, ao passo que em outras vezes somente um ou o outro termo é usado.

Quando lemos que o arrependimento é para a vida, a fé salvadora é implícita, e quando lemos que o crente tem vida eterna, o arrependimento é implícito.

Embora inseparáveis, o arrependimento e a fé são também graças distintas, das quais a alma do homem participa. Paulo testificou: "A conversão (a mesma palavra traduzida como arrependimento) a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (Atos 20:21).

Quando falamos sobre arrependimento queridos irmãos, acredito que o povo na época de Cristo e dos apóstolos entendiam melhor o significado desta palavra do que as pessoas hoje em dia.

A primeira mensagem de João o Batista foi sobre o arrependimento, embora ele não defina o termo:

"E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia, e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino de Deus dos céus" (Mateus 3:1-2).

Nosso Senhor Jesus Cristo começou Seu ministério ao dizer: "Arrependei-vos, e crede no evangelho" (Marcos 1:15).

Quando Cristo e os seus apóstolos pregaram o arrependimento, o significado da palavra estava fixado na mente do povo, de modo que não era necessária a sua definição.

Mas o mesmo não é verdade hoje em dia. Há tanta confusão sobre a doutrina; tanto conflito de ideias; a palavra é usada com uma variedade de significados tão grande, que o pregador sofre, a fim de saber e ensinar o que arrependimento significa verdadeiramente.

Se a pessoa não sabe o que é arrependimento, também não pode saber se já se arrependeu ou não. Muitos salvos estão confusos quanto ao assunto e ansiosamente se perguntam: Será que me arrependi?

Creio que o crente normalmente tem uma melhor opinião em relação à fé salvadora do que em relação ao "Arrependimento para a Vida".

Contudo, se a pessoa tem certeza de sua fé em Cristo, também pode ter certeza de que já se arrependeu.

DEFINIÇÃO E AMPLIAÇÃO

Etimologicamente, arrependimento significa mudar de ideia (mente). Esta palavra vem do grego: metanoeo. O substantivo grego nous significa mente. O verbo grego noeo diz o que a mente faz: ela pensa ou considera.

 Assim, a preposição grega meta, ao ser ligada a noeo expressa a ideia de mudança. Então o metanoeo (arrependimento) significa considerar o passado, relembrar e mudar de ideia (mente).

É a reflexão tardia que se opõe à premeditação. No arrependimento, o pecador tem em mente seus feitos passados diante de Deus.

A mente inclui os sentimentos tanto quanto o intelecto. Lembre ainda que o arrependimento bíblico é uma mudança de mente quanto ao pecado e em relação a Deus. A mente carnal é inimizade contra Deus.

Sendo assim, mudar a mente de inimizade por amor a Deus não é uma mudança qualquer ou pequena. É tão difícil quanto ressuscitar um morto ou criar um mundo.

Talvez alguém pergunte: Como um pecador pode se arrepender, já que um rio não pode correr acima do seu leito? A resposta é óbvia: não podemos nos arrepender se não for pela graça de Deus.

A Confissão de Fé de New Hampshire (A Confissão de Fé de New Hampshire foi redigida pelo reverendo John Newton Brown, de New Hampshire, e foi adotada pela Convenção Batista de New Hampshire. Foi amplamente aceita pelos batistas, especialmente nos estados do norte e do oeste, como uma declaração clara e concisa, Reformada e Calvinsta), diz: "O arrependimento e a fé são responsabilidades sagradas e também graças inseparáveis, operadas em nossas almas pelo Espírito regenerador de Deus".

Esta afirmação simples encontra apoio amplo nas Escrituras. Paulo escreve que "com mansidão" devemos instruir. "Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade" (II Timóteo 2:25). Veja também Atos 5:31 e 11:18.

Devemos pregar a responsabilidade de se arrepender, ao mesmo tempo em que oramos para que Deus dê o arrependimento.

A ordem divina, quando se usam arrependimento e fé é: arrependimento e fé e não vice versa.

No arrependimento, o pecador toma o lugar de pecador; na fé, ele recebe Cristo como Salvador!

No arrependimento a pessoa se vê como pecadora diante de Deus; na fé, ela vê Cristo como Salvador da ira de Deus.

No arrependimento a pessoa está cheia de tanto pecar; na fé, Cristo é precioso.

No arrependimento o pecador está desamparado; na fé, Cristo é poderoso para salvar.

No arrependimento há tristeza pelo pecado; na fé, há alegria por causa da salvação.

No arrependimento o pecador não confia nem em si; na fé, ele confia no Senhor Jesus Cristo!

Talvez você esteja se perguntando como se pode arrepender-se em relação a Deus, quem não cria primeiramente que há Deus. Esta pergunta revelava a ideia simplista sobre a fé.

A fé não é simplesmente acreditar na existência de Deus, algo que os demônios também crêem (Tiago 2:19). É lógico que se precisa acreditar primeiro que há Deus, antes de se arrepender, mas esta não é a fé que salva. Na fé salvadora há o elemento da confiança em Cristo, o qual tirou o pecado com o sacrifício de si mesmo.

Nosso Senhor Jesus disse: "Arrependei-vos, e crede no evangelho", colocando assim o arrependimento antes da fé. Urgir ( insistir) um pecador impenitente a confiar em Cristo é como pedir a uma pessoa sã a tomar um remédio ou como pedir a um ricaço para sair pedindo esmola.

Arrepender-se é o efeito de se ver como realmente se é: arruinado, culpado, perdido e no perigo do inferno. Arrepender-se é o efeito de ver o pecado como ele é.

O homem natural, moralmente falando, é cego: o pecado parece atrativo e fascinante. O homem natural tem um paladar estragado. Ele chama o doce, amargo e vice versa; confunde o bem com o mal; não entende nada sobre o que é certo e o que é errado.

É o Espírito Santo que causa o arrependimento. O arrependimento envolve dois fatos: o fato do pecado e do fato da graça.

Se um homem não fosse pecador, não precisaria se arrepender. Se Deus não fosse gracioso, não adiantaria nada tal arrependimento.

Alguém poderia perguntar; Pastor encontramos na Bíblia uma ordem de se "arrepender do pecado".

 Não literalmente, mas temos expressões equivalentes em vários lugares. Lemos em Jeremias 8:6 que "ninguém há que se arrependa de sua maldade". Em Apocalipse 2:21 vemos que Jezabel recebeu tempo "para que se arrependesse da sua prostituição". Apocalipse 9:20-21 nos diz que certos homens que não morreram por causa das pragas "não se arrependeram das obras de suas mãos".

Vemos assim que o arrependimento implica em pecado e tristeza por causa dele e uma mudança de atitude sobre ele, em relação a Deus.

Ninguém, a não ser um pecador pode se arrepender, e não há nada do que se arrepender, a não ser do pecado.

A NATUREZA DO ARREPENDIMENTO

1. O arrependimento não é obra que se faça, a fim de se salvar. Isto entraria em conflito com muitos versículos das Escrituras que ensinam a salvação sem ser por obras (Efésios 2:8-10, Tito 3:5, II Timóteo 1:9 e muitos outros).

"não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo." Tito 3:5

É o orgulho e a auto-suficiência que leva a pergunta: que bem devo fazer para obter a vida eterna?

Com certeza temos que lutar por entrar pela porta estreita, mas esta luta não é com o Salvador que está disposto a salvar e sim contra uma natureza (a pecaminosa) que quer ter espaço para se vangloriar.

Tudo em nossa natureza egoísta e autoconfiante luta contra a salvação pela graça, por meio da fé.

O arrependimento não se faz com as mãos, mas se sente na alma. Não é um ato benevolente, embora a benevolência seja fruto do arrependimento.

A afirmação de que se pode arrepender através de obras de caridade são totalmente contra o que a Bíblia ensina. Quem nunca chora seu pecado, não vai se regozijar nunca em Cristo como Salvador.

2. O arrependimento não é um exercício corporal. É interno, ao invés de externo; a atitude interior da alma e não o exercício exterior do corpo.

"O exercício físico é de pouco proveito; a piedade, porém, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida presente e da futura."         1 Timóteo 4:8

Jó sentou-se sobre cinzas ao se arrepender, mas sentar-se sobre cinzas não é arrependimento. O publicano batia no peito ao se arrepender, mas bater no peito não é arrependimento.

O sentar-se sobre cinzas e bater no peito são sinais externos de como estes homens se sentiam na alma. O pecado era uma coisa atroz para os dois. (desumano, cruel)

3. O arrependimento não é uma tristeza interna que serve como preço da salvação.

"...nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado." Hebreus 12:16,17

Não existe mérito nenhum; pelo contrário, é a falta de mérito consciente. Ao se arrepender, o pecador diz realmente: "Não trago nada nas mãos, apenas me agarro à Tua Cruz".

Arrepender-se é esvaziar-se de toda a auto-confiança, confiando apenas em Cristo como única base para a salvação.

Não há limite específico de tempo, durante o qual se arrepender, nem certo grau de tristeza a se sentir. Isto porque a tristeza não é o preço da salvação.

A pessoa se entristece ao ver sua condição como perdido. Ela se entristece por não ser salva e não a fim de se salvar. O pecador não pode ser salvo através da tristeza que sente. A tristeza revela seu interesse na salvação, mas não fará por onde merecê-la.

 Toda a tristeza que sentir não contribuirá em nada para sua cura. Mas assim que ouvir sobre sua perdição e sobre a salvação eterna em Cristo, ele deve confiar em Cristo e parar de ficar triste. Do ponto de vista do pecador, não existe necessidade nenhuma de ficar todo tempo arrasado por causa do pecado.

Um pastor (pregador) nunca deve dizer ao pecador aflito para continuar triste. Pelo contrário, deve dizer-lhe para crer no Senhor Jesus Cristo e ser salvo.

 Contudo, do ponto de vista soberano de Deus em lidar a este respeito, muitas vezes Ele permite que o pecador sofra e lute contra o pecado durante muito tempo, antes de mostrar-lhe a suficiência de Cristo como Salvador.

4. O arrependimento não é a auto-tortura do corpo.

"Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de vocês mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo." 1 Coríntios 6:19-20

Isto é confundir arrependimento com penitência, que é algo meritório. O monge faz penitências ao dormir no chão ou usar um hábito rústico que coça.

Lutero a fazia subindo "de quatro" uma escadaria em Roma. Quando Anselmo de Canterbury morreu, suas roupas estavam cheias de tapurus(bernes), aos quais mantinha, a fim de mortificar a carne. Arrependimento não é auto-flagelação.

Tal atitude geralmente é motivada pelo sentimento de culpa, remorso ou insatisfação (que leve a acreditar na necessidade de punição , neste caso por consequência de remorso ) ou então como uma forma de aliviar alguma dor.

5. O arrependimento bíblico é em relação a Deus.

"Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar." Isaías 55:7

Alguém pode se arrepender em relação aos pais. Um jovem rebelde fugido de casa, e que deixou em pedaços o coração dos pais pela vida triste em que vive, pode chegar às lágrimas ao ouvir falar do lar antigo e da tristeza dos pais já velhinhos.

 Talvez até mude de ideia em relação aos pais e volte para casa, a fim de cuidar deles no fim da vida. Porém, este não seria o arrependimento bíblico nem evangélico.

Arrependimento é um dos primeiros princípios do evangelho e é essencial para a nossa felicidade nesta vida e por toda a eternidade.

 É muito mais do que apenas reconhecer os erros. É uma mudança na mente e no coração que nos dá uma nova perspectiva sobre Deus, sobre nós mesmos e sobre o mundo.

O arrependimento inclui afastar-se do pecado e voltar-se para Deus para obter o perdão. O arrependimento é motivado pelo amor a Deus e pelo sincero desejo de obedecer aos Seus mandamentos.

6. O arrependimento para a vida inclui a fé no Senhor Jesus Cristo. Diz respeito a Cristo como Salvador e a Deus como Legislador (doador da lei).

"Pois, por meio da lei eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." Gálatas 2:19,20

Não acaba em desespero, mas sim em esperança. Judas se arrependeu e enforcou-se. Este não foi o arrependimento bíblico e uma palavra diferente, no grego, é usada para descrevê-lo.

No arrependimento bíblico percebe-se o pecado; aborrece-se o pecado e abandona-se o pecado no coração, quando a pessoa vai a Cristo para a salvação.

O crente nunca poderá, nesta vida, parar de pecar, mas em seu coração ele o quer. Alguém já chamou arrependimento de repúdio ao pecado.

No arrependimento verdadeiro há não somente o desejo de se escapar das consequências do pecado, mas também de se livrar dele, como algo que desagrada a Deus.

 O arrependimento verdadeiro é a graça permanente que habita na alma. É uma atitude que pertence à vida cristã inteira, em relação ao pecado e ao Salvador. À medida que se cresce na graça, o pecado se torna cada vez mais odioso e Cristo se torna mais e mais precioso.

A NECESSIDADE DO ARREPENDIMENTO

A necessidade do arrependimento foi enfatizada por Cristo, por João o Batista e pelos Apóstolos. Nosso Senhor Jesus Cristo pregou: "Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis" (Lucas 13:5).

Paulo pregou que Deus anuncia: "agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam" (Atos 17:30).

Vamos notar algumas razões para o arrependimento.

1. A salvação sem arrependimento encheria o céu de gente que odeia a Deus e ama o pecado. Perpetuariam a rebelião ao transferir os rebeldes da terra para o céu.

A salvação é o livramento de uma pessoa do pecado e não apenas de um ambiente pecaminoso.

A fé em Cristo sem arrependimento para com Deus faria de Cristo nada mais do que uma "escada de incêndio", nada mais do que um Libertador do inferno.

Mas Cristo é o Salvador do pecado tanto quanto do castigo pelo pecado. Um elemento no arrependimento é o ódio pelo pecado e odiar o pecado é amar a Deus.

2. A recusa em se arrepender é ainda pior do que o pecado pelo qual se deve arrepender. Pode-se dizer uma mentira, um pecado horrível, mas recusar-se a se arrepender é pior. Por que?

Porque pode-se mentir por causa do medo ou outra fraqueza da carne, mas deixar de se arrepender é justificar a mentira.

Pedro negou a Jesus por fraqueza e medo, mas não justificou a negação. Ele chorou amargamente; arrependeu-se. Não se entregou ao desespero, como Judas, mas agarrou-se ao Senhor e saiu lucrando ao ser perdoado. Sua queda o curou da vanglória e ensinou-lhe que precisava de uma lição de humildade.

Na parábola do filho pródigo temos um exemplo clássico de arrependimento. Temos o coração do pai, a provisão do pai e o arrependimento do filho que saiu de casa com um espírito de orgulho e independência, que era pecado contra o pai.

Foi caindo cada vez mais no pecado até se ver em pobreza abjeta: roupas de trapos, fome e ocupação vergonhosa. Sente vergonha de tudo isto, mas ainda não é arrependimento. Então vem uma mudança de atitude em relação ao pai. Ele volta para o pai num espírito de contrição e confissão.

 Não volta para se gabar do sucesso longe do pai, mas para confessar seu erro e necessidade.

 Não volta com uma oferta, para ser aceito pelo pai.

Não tem nada a oferecer, a não ser os trapos e uma vida destruída.

Davi manifesta o espírito do verdadeiro arrependido no Salmo 51.

Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões. Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado.
Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue.
Salmos 51:1-3

Os homens são os sujeitos do arrependimento somente nesta vida. Quando esta vida terminar, acabar-se a dispensação do evangelho e Cristo vier pela segunda vez, a porta do arrependimento e da fé se fechará.

Não haverá mais lugar para o arrependimento, nem meio de arrependimento, nem sujeitos capazes de realizá-lo.

Quanto aos santos no céu, eles não precisam de arrependimento. Quanto aos ímpios no inferno, eles estão em desespero total e são incapazes de se arrependerem para a vida…

Embora haja choro e ranger de dentes ali, não há arrependimento. Por isso, o rico que estava no inferno desejou que Lázaro fosse enviado a seus irmãos vivos, esperando que, por meio da ida de um dentre os mortos, para alertá-los sobre o lugar de tormento, eles se arrependeriam. Ele sabia que seus parentes nunca se arrependeriam ali, se não o fizessem na vida presente, antes de irem para aquele lugar.

" 'Não, pai Abraão', disse ele, 'mas se alguém dentre os mortos fosse até eles, eles se arrependeriam'. "Abraão respondeu: 'Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos' ". Lucas 16:30,31

. Portanto, o arrependimento não deve ser procrastinado.


https://youtu.be/9CRSpW8YMW0